sexta-feira, 13 de abril de 2018

O QUE EU FIZ PRA MERECER ESSA POLÍCIA FEDERAL?



 Texto pulicado originalmente por Lillian Witte Fibe em seu Blog hospedado no site de Veja.

Impávida diante da pressão dos poderosos que saqueiam os cofres públicos nos governos e nos legislativos, sem medo dos bilionários que enriqueceram mamando nas tetas do contribuinte, a corporação tem dado um show atrás do outro. Show de competência, de eficiência, de inteligência, e, tanto quanto possível, longe dos holofotes.

O capítulo prisão de Lula, transmitido ao vivo e a cores, foi um teste de fogo. No último sábado, 7, a PF não poderia ter dado prova de mais civilidade: executou uma ordem judicial que parecia impossível, especialmente diante daquela parede humana no sindicato do ABC que a impedia de se mover. Não usou um cassetete. Nada. Parecia o FBI que a gente vê nos filmes.

Dias atrás, mais e mais atividades no combate ao crime. Roubo de servidores municipais ― operação na rua com 20 mandados de prisão em sete estados à caça de ladrões da aposentadoria que deveria prover a velhice de quem é cotista de 28 fundos de previdência. Lava-Jato e fundos de pensão, de novo eles. Entre os presos, Marcelo Sereno, velho conhecido do primeiro escalão do PT, de quem foi assessor tido em alta conta. Ordem do juiz Marcelo Bretas, executada em São Paulo, Rio e Brasília. Bolsa família, fraudes em Alagoas. E por aí vai.

Sério, se nós, eleitores, não reconhecermos, nas eleições de outubro, o que a Polícia Federal, o
Ministério Público e o Poder Judiciário vêm fazendo para melhorar o Brasil de nossos filhos e netos, não teremos nova chance tão cedo. Tanto criticamos quem erra, mente e rouba, que é preciso olhar para o lado ótimo do país. Desde o império, a corrupção endêmica foi quase que anestesiando nosso senso de cidadania.

Não dá mais. E fora da democracia, não tem solução.

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AINDA SOBRE A PRIVACIDADE NA WEB ― CRIPTOGRAFIA


NÃO HÁ NADA MAIS BRUTAL DO QUE OS FATOS.

Numa tradução livre, “criptografia” (termo criado a partir da fusão das palavras gregas "kryptós" e "gráphein") significa “escrita oculta” e designa uma técnica que consiste em embaralhar (ou camuflar informações) para evitar seu acesso por pessoas não autorizadas. Sua utilização ― que até não muito tempo atrás era restrita ao âmbito militar, governamental e corporativo ― vem se tornando cada vez mais comum entre os internautas, como forma de proteger dados confidenciais, privacidade e patrimônio.

No universo da computação, as técnicas mais comuns de criptografia envolvem o conceito de "chaves", que são formadas por um conjunto de bits montados a partir de algoritmos pré-definidos. Quanto mais bits, mais segura a codificação; chaves de 256 bits permitem criar um número bem maior de combinações que uma chave de apenas 64 ou 128 bits, por exemplo, mas é bom lembrar que, sempre que uma nova forma de codificação é anunciada, os crackers se empenham em quebrá-las, e não raro acabam conseguindo, ainda que isso exija mais tempo e lhes dê bem mais trabalho.

Se você armazena fotos ou dados sigilosos em seus dispositivos, não deixe de usar um aplicativo de criptografia. Há diversas opções disponíveis no mercado, tanto pagas quanto gratuitas. Entre estas últimas, sugiro o EncryptOnClick e o SafeHouse Explorer USB Disk Encryption. Os links para download que eu sugeri remetem ao site do Baixaki, que não só funciona como repositório de aplicativos, mas também publica uma resenha e uma avaliação dos programas que disponibiliza.

Criptografando seus arquivos “sensíveis”, você pode tranquilamente mandar seu aparelho para o conserto. Embora nada assegure 100% de segurança, esse procedimento dificulta o acesso aos dados a tal ponto que o técnico ou outro curioso de plantão se certamente irá se sentir desestimulado a tentar desembaralhá-los sem a respectiva senha.

Note que essa camada de blindagem não é uma muralha intransponível. Traçando uma analogia tosca, um ladrão que resolve roubar um carro pode conseguir seu intento, mesmo que haja alarmes, chaves codificadas e/ou presenciais, bloqueadores de ignição e outros requintes de proteção. Se ele apontar uma arma para a cabeça do infeliz proprietário, certamente o veículo lhe será entregue sem resistência.

Por essas e outras, em vez de manter arquivos confidencias no HDD do seu PC ou na memória interna (ou no SD Card) do seu smartphone, prefira salvá-los em pendrives ou HDD USB e guardar esses dispositivos de armazenamento externo em local seguro. Afinal, cautela e canja de galinha nunca fizeram mal a ninguém.

Era isso, pessoal. Até a próxima.

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quinta-feira, 12 de abril de 2018

O CLIMA NO STF E O IMPEACHMENT DO MINISTRO-DEUS



A sessão de ontem no STF não foi diferente das anteriores. Embora se esforçassem para disfarçar, as duas alas antagônicas deixavam transparecer a cada instante a desarmonia que reina na Corte, a exemplo da dicotomia maniqueísta que Lula e o PT institucionalizaram no país, com sua estapafúrdia cantilena do “nós contra eles”.

Gilmar Mendes ― que posa de semideus togado ―, está cada vez mais isolado. Tanto seus pares quanto a PGR vêm mantendo uma salutar distância de sua insolência, a quem restam Michel Temer e os petistas, que se aliaram estrategicamente a ele.

Com o indefectível dedo em riste, o olhar colérico e o beiço espichado como o de um botocudo, o superministro caga-regras permeou a sessão com intermináveis apartes. Parecia que seus “valiosos ensinamentos” eram uma epifania capaz de mudar os destinos da humanidade, e por isso deveriam ser sorvidos pelos demais ministros como água fresca por beduínos sedentos. Leda pretensão: seu ramerrão batido não mudou sequer a posição da ministra Rosa Weber ― e foi bom que tenha sido assim, pois uma guinada de 180° sobre a questão da prisão em segunda instância, pouco mais de um ano após o plenário estabelecer o entendimento ora em vigor, seria “apequenar o Supremo”, como vem observando a ministra Cármen Lúcia).

No final da tarde de ontem, o professor Modesto Carvalhosa protocolou um pedido de impeachment contra Mendes ― para quem não sabe, a famosa Lei do Impeachment (1079/50), que dispõe sobre os crimes de responsabilidade, seu processo de julgamento, autoridades que podem ser processadas e quem pode denunciar, explicita em seu Art. 2.º que ministros do STF podem ser processados (e condenados por crime de responsabilidade) pelo Senado Federal

Não é a primeira vez que Gilmar Mendes é alvo de um pedido de impeachment, mas eu não sei até que ponto isso produzirá efeitos práticos. Até porque nosso Congresso virou um antro de marginais (vamos ver o que muda com as eleições de Outubro, quando poderemos substituir os 513 deputados e 2/3 dos 81 senadores). Para Carvalhosa, que assina a peça com seus colegas Luís Carlos Crema e Laercio Laurelli, “é chegada a hora de impor limites, cobrar responsabilidade e exigir do ministro que exerça suas funções com respeito à Constituição”. Em post no Facebook, o jurista acrescentou que “os ministros não podem ser confundidos com pontas de lança de organizações criminosas comandadas por políticos profissionais, que Mendes tem exercido esse papel e, portanto, não pode continuar ministro do STF”.

O ministro Marco Aurélio morde e assopra ― embora venha mais mordendo mais que assoprando. ultimamente. Ao proferir seu infindável voto, sua excelência se travestiu de cartomante de feira e vaticinou que o placar seria de 5 a 5, como da vez anterior, ficando o desempate por conta do “Voto de Minerva” da presidente da Corte. Mas não eram precisos dons mediúnicos ou bola de cristal para alguém prever isso. Não depois que a sempre “misteriosa” ministra Rosa Weber proferiu seu voto.

Toffoli e Lewandowski fizeram o esperado, da mesma forma que o decano da Corte, que parece se deliciar com o som da própria voz. Já os ministros da outra banda ― como também era esperado ― seguiram o voto de Edson Fachin, o relator ― um dos poucos que não abusa do juridiquês empolado e ininteligível, de que alguns de seus pares parecem se valer para evidenciar seu “notável saber jurídico” ou disfarçar a falta de conteúdo, mas vamos deixar essa conversa para outra hora.

Depois de estabelecido o placar profetizado por Marco Aurélio, iniciou-se outro debate, desta feita para decidir se a Corte deveria ou não conceder “de ofício” o HC a Palocci ― o que seria possível se houvesse alguma ilegalidade na prisão do “paciente”. Alexandre de Moraes, Luiz Roberto Barroso e Luiz Fux seguiram o o voto de Fachin, pela não concessão do HC, e então a ministra Cármen Lúcia encerrou a sessão, que foi adiada para as 14h00 desta quinta-feira (aliás, acabou de começar, com a ministra Rosa Weber seguindo o voto do relator).

Aguardem, portanto, novas emoções.

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JULGAMENTO DOS HCs DE PALOCCI E MALUF NO PLENÁRIO DO STF



Depois que o PEN dispensou o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro ― o Kakay ― e os advogados novos advogados pediram prazo para tomar pé do processo, a questão da prisão em segunda instância ficou em compasso de espera. Segundo Merval Pereira publicou em sua coluna no GLOBO, o ministro Marco Aurélio, embora claramente empenhado em rediscutir a tema, parece ter resolvido se informar melhor antes de levar (ou não) à mesa a liminar que poderia suspender todas as prisões de condenados em segunda instância até que as ADCs sejam votadas. Mas essa decisão certamente não agradará os ministros garantistas, a começar pelo instável Gilmar Mendes, que defendeu enfaticamente a prisão em segunda instância quando proferir seu voto em 2016, e em maio do ano seguinte já sinalizava que passaria a descumprir a decisão do colegiado.

Observação: Pelo tom colérico com que se referiu à “mídia opressiva”, o ministro-deus age mais como um vingador em relação aos críticos do que movido pela alegada correção de injustiças. Ele fala o que quer, mas detesta ouvir o que não quer ― como bem disse seu colega Luis Roberto Barroso num momento de destempero condenável, mas imperdível, Gilmar Mendes é uma “mistura do mal com o atraso e pitadas de psicopatia”.
 
Kakay apresentou uma segunda liminar em nome de um instituto de advogados que não era parceiro na ação original, daí ela não ter sido admitida pelo ministro Marco Aurélio. Mas seria complicado votar uma liminar da qual o próprio impetrante desistiu expressamente, ainda que, legalmente, a ação seja indisponível ― isto é, deva prosseguir ativa, mesmo contra a vontade expressa do impetrante.

Fato é que o Supremo, que já pisava em ovos por ser instado a tratar do mesmo tema que dias antes decidiu com base na jurisprudência vigente (ao negar habeas corpus a Lula), ficaria numa situação ainda mais delicada ao se debruçar sobre uma liminar rejeitada pelo impetrante, que agora se diz favorável à prisão em segunda instância e renega a própria ADC.

A procuradora-geral Raquel Dodge defendeu que não seja feita nenhuma mudança na jurisprudência, muito menos baseada numa presunção que pode não se confirmar. Aliás, depois do voto de Rosa Weber no julgamento do HC de Lula, parece haver um movimento favorável à manutenção do entendimento vigente por mais algum tempo. Quando ele foi mudado, em 2009, o plenário havia sido alterado com substituição de oito ministros (havida durante a primeira gestão de Lula), e mesmo assim passaram-se anos até a questão ser revista. Agora, a única alteração na composição da Corte se deu com o ingresso de Alexandre de Moraes, que ocupou o lugar do saudoso Teori Zavascki, morto em fevereiro de 2017 num acidente tão nebuloso quanto os céus de Paraty no dia em que o avião em que ele viajava caiu. A bem da segurança jurídica, seria de se esperar que o entendimento valesse por uns cinco anos, pelo menos. Mas estamos no Brasil, e isso já diz tudo.

Voltando à sessão do Supremo (que já está em andamento neste momento), estão sendo analisados os pedidos de habeas corpus 143333 e 152707, impetrados pelas defesas de Antonio Palocci e de Paulo Maluf. Este último é mais sério porque ocasionou algo inédito no STF: após o ministro Fachin negar o pedido de HC do turco lalau e encerrar o processo, Toffoli, o reabriu e concedeu o HCpor razões humanitárias” (conforme eu comentei nesta postagem). Com isso, ele desautorizou seu colega de turma, a despeito de uma súmula do Supremo coibir essa prática. Toffoli passou a bola para o plenário, e agora vamos ver o que vai acontecer, inclusive quanto ao cabimento ou não de embargos infringentes nas turmas  que foram criadas justamente para desafogar a Corte e agilizar o julgamento dos processos. Se os ministros entenderem cabível a interposição de embargos, voltaremos à velha novela dos processos intermináveis, empurrados para as calendas por uma sucessão infindável de chicanas protelatórias.

Em suam, devem ser decididas duas questões: a do cabimento dos embargos infringentes nas turmas e a possibilidade de ministros desautorizarem outros ministros. Esta última, como dito, nos levaria a uma situação bizarra, na qual valeria aquilo que foi decidido por último, e somente até que uma nova decisão sobreviesse e anulasse a anterior, produzindo ainda mais insegurança jurídica. A conferir.

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AINDA SOBRE A PRIVACIDADE NA WEB ― PARTE IV


BRASÍLIA É O MAIOR DESASTRE QUE ESTE PAÍS JÁ PRODUZIU.

FreeHide Folder é gratuito e oferece dupla proteção para seus arquivos, pois permite ocultá-los e/ou protegê-los por senha. Outra maneira de manter seus arquivos “sensíveis” protegidos é armazená-los “na nuvem”, usando serviços como o Google Drive, o OneDrive ou o Dropbox, dentre tantos outros.

Aliás, em meados de 2015 eu analisei diversas opções de “drives virtuais”. Vale relembrar que, se você tem uma conta no Google (e quem é que não tem, hoje em dia?), pode usar o próprio Gmail (que permite dividir o espaço oferecido pelo webmail e reservar parte dele como drive virtual), embora também seja possível utilizar apenas o armazenamento na nuvem cadastrando-se em https://drive.google.com. Aproveite o embalo para baixar também GOOGLEDRIVESYNC.EXE, que criará uma pasta do Google Drive na sua pasta de usuário, facilitando o upload de arquivos ― com isso, quando você arrastar ou recortar/copiar e colar os itens desejados nessa pasta, eles serão “clonados” automaticamente no seu disco virtual (clique aqui para mais informações).

Como o que abunda não excede, aproveito o ensejo para sugerir outras opções de armazenamento gratuitos que oferecem espaço de sobra para você armazenar seus arquivos. Quando eu fiz a avaliação, o ADRIVE e o MEGA, por exemplo, disponibilizavam até 50 GB. No DEGOOOZIBOXSHARED SURDOC, as cotas eram de 100 GB; no PROMPTFILE, o espaço era de 250 GB, e no MANKAYIA, a oferta era de espaço gratuito ilimitado.

Mesmo considerando a progressiva redução no preço dos HDDs externos (USB) e pendrives de grandes capacidades, nunca é demais contar com um backup do backup como diz um velho ditado, quem tem dois tem um, quem tem um não tem nenhum. E se sua preocupação é com a segurança, saiba que o grau de proteção dos servidores modernos é bastante elevado, sem mencionar que você pode criptografar seus arquivos pessoais antes de enviá-los para a nuvem (experimente o EncryptOnClick) e protegê-los com senhas fortes.

Não custa lembrar também que serviços online rodam diretamente do navegador, dispensam instalação (e desinstalação), são mais seguros, não ocupam espaço e consomem poucos recursos do computador, sendo capazes, em muitos casos, de substituir com vantagens os aplicativos residentes.

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quarta-feira, 11 de abril de 2018

PRIMEIRA SESSÃO PLENÁRIA DO STF COM LULA NA PRISÃO. E AGORA, JOSÉ, GILMAR, MARCO, RICARDO, CELSO...?



A primeira sessão do STF após prisão do criminoso de Garanhuns está marcada para a tarde desta quarta-feira. O ministro Marco Aurélio, que vem travando uma verdadeira queda de braço com a presidente Cármen Lúcia, pode apresentar uma questão de ordem para trazer à mesa duas Ações Declaratórias de Constitucionalidade (ADCs) que pleiteiam a suspensão de todas as prisões em 2ª instância. O PEN/PATRIOTAS, autor da ADC 43, disse que vai desistir do processo, e o ministro, que nesse caso desestirá de levantar a tal questão de ordem.

Observação: Marco Aurélio suscitou a possibilidade de a prisão de Lula provocar uma “convulsão social” ― o que não aconteceu, a despeito da atuação midiática dos apoiadores do ex-presidente petralha. Na verdade, esse barulho todo se deve mais ao fato ao “efeito Smirnoff” do que a convicções e ideologias, pois boa parte da classe política, está preocupada em salvar o próprio rabo dos efeitos que a prisão de Lula poderá desencadear. É o caso de Michel Temer e seus comparsas: na última segunda-feira, o juiz da 12.ª Vara Federal de Brasília aceitou a denúncia contra nove acusados de atuar no chamado “quadrilhão do PMDB”, que agora viraram réus. Dentre eles estão Rodrigo Rocha LouresHenrique Eduardo AlvesGeddel Vieira LimaLúcio FunaroEduardo CunhaJosé Yunes e João Batista Lima Filho, além dos ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco, que têm foro privilegiado e, portanto, deverão responder no âmbito do STF

Supremo, dividido como está, deixou de merecer a confiança da sociedade civil. E a defesa de Lula vem pressionando a Corte para votar as ADCs, apostando numa eventual mudança de posição da ministra Rosa Weber.  No entanto, mesmo alguns ministros favoráveis à prisão após o trânsito em julgado não veem com bons olhos uma mudança na jurisprudência firmada em 2016, pois fazer uma curva em "U" depois de tão pouco tempo prejudicaria ainda mais a credibilidade do Tribunal. Mas não é só. Como ponderou Merval Pereira em sua coluna de ontem, se realmente a banda podre lograr êxito em aprovar o fim da prisão em segunda instância e o fim do foro privilegiado ― que já tem maioria de oito votos no STF e foi liberado para votação depois de um pedido de vista de Dias Toffoli ―, teríamos a tempestade perfeita em prol de condenados em segunda instância que já estão cumprindo pena ― a quem só resta, por enquanto, a colaboração premiada como forma de reduzir o tempo no xadrez.

Volto a dizer que a atual composição do STF é pior de toda a nossa história, e que pelo menos 5 dos 11 ministros lambem as botas do criminoso Lula ― talvez por medo de suas ameaças, talvez por interesses inconfessáveis ―, mesmo depois de ele ter sido julgado e condenado por 1 juiz de primeira instância, 3 desembargadores do TRF-4 e 5 ministros do STJ, sem mencionar a rejeição de seu HC pelo próprio Supremo

Alguns ministros justificam sua posição estapafúrdia dizendo que é preciso respeitar a “presunção de inocência”, mas isso não convence nem a saudosa Velhinha de Taubaté (*). Trata-se de uma tentativa de fazer de palhaços os cidadãos de bem que pagam seus polpudos salários (e penduricalhos nababescos) para vê-los deixar o plenário em meio à sessão devido a compromissos previamente assumidos ― como receber uma homenagem no Rio de Janeiro ou tratar de interesses pessoais em Portugal.

É óbvio que todos são inocentes até prova em contrário, mas, em qualquer país civilizado, em determinado momento a própria sentença condenatória passa a ser a prova. Lula foi condenado pelo juiz Sérgio Moro em primeira instância e teve a pena aumentada em 1/3 pelo TRF-4 (no caso, a segunda instância de jurisdição), que decidiu que a sentença de primeira instância estava fundamentada por fatos. Querem mais o quê?

Claro que Lula ― ou qualquer outro condenado na mesma situação ― tem todo o direito de apelar aos tribunais superiores, mas desde que o faça de dentro da prisão. De outra forma, a vasta gama de recursos, embargos e demais chicanas admitidas pela legislação penal tupiniquim resultaria em impunidade por efeito da prescrição. Já vimos esse filme muitas vezes. Se o STF ceder à pressão e alterar o entendimento quanto ao cumprimento provisório da pena a partir da condenação em segunda instância, essa merda de projeto de democracia que temos vai para o espaço. E é exatamente isso que Lula e seus comparsas querem que aconteça.

Essa corja de sevandijas, que somou a tudo que havia de mais maligno na vida pública nacional até seu amado líder chegar à presidência da República os novos vícios novos trazidos pelo PT ao governo, produziu o Brasil de Lula, que hoje agoniza melancolicamente, mas ainda luta para sobreviver. Um país da impunidade, onde se quer assegurar a criminosos ricos e poderosos, que dispõem de dinheiro ilimitado para pagar advogados caríssimos, o direito de cometerem crimes e não cumprirem as penas a que foram condenados. Tudo isso com o apoio de uma corte suprema formada por 11 indivíduos que, sem jamais terem recebido um único voto na vida, governam 200 milhões de pessoas e, entre outras manifestações de onipotência, concedem a si próprios o poder de estabelecer que um cidadão, por ser do seu agrado político, tem direitos maiores e diferentes dos demais

Observação: A coisa fica ainda pior quando oito desses onze ministros foram nomeados por uma presidente deposta por 70% dos votos do Congresso Nacional e por um presidente ora condenado a mais de doze anos de cadeia, que finalmente foi preso, mas não se sabe se e até quando continuará nessa situação.

Por essas e outras, por mais nauseante que seja, é imperativo acompanhar atentamente a sessão de hoje no STF. E se você tem fé, não custa rezar; se não ajudar, atrapalhar é que não vai.

(*Velhinha de Taubaté ― Personagem de Luiz Fernando Veríssimo (criado durante o governo do General Figueiredo), famosa por sua incrível ingenuidade e capacidade de acreditar piamente em tudo que lhe era dito pelos presidentes militares.

ATUALIZAÇÃO: Diante da informação de que Marco Aurélio teria aceitado o pedido de adiamento apresentado pelos novos advogados do PENKakay foi dispensado, mas não desistiu da batalha porque quer continuar mamando nas tetas da corrupção (nada engorda mais a conta bancária de criminalistas estrelados do que os honorários milionários pagos pelos investigados da Lava-Jato) ―, a questão da prisão em segunda instância não deve voltar à mesa na sessão de hoje do STF, que assim poderá se dedicar a discutir os pedidos de habeas corpus de Maluf e Palocci, para variar. Mesmo que uma ADC não possa ser sustada, a liminar pode, e o fato de o ministro demonstrar interesse conhecer as razões que levaram o impetrante a desistir cria um fato novo nesse processo, segundo Merval Pereira. Mas isso já é assunto para uma próxima postagem.  

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AINDA SOBRE A PRIVACIDADE NA WEB ― PARTE III


ALGO SÓ É IMPOSSÍVEL ATÉ QUE ALGUÉM DUVIDE E ACABE PROVANDO O CONTRÁRIO.

Prosseguindo de onde paramos no capítulo anterior, podemos proteger arquivos “sensíveis” no Windows 10 (e nas encarnações anteriores do sistema) através do recurso Pastas Compactadas. Vale salientar, no entanto, que essa função costuma “desaparecer” quando instalamos um aplicativo dedicado, como o popular WinZip, que assume as funções de compactador/descompactador padrão do sistema.

Enfim, o recurso em questão, além de manipular arquivos compactados, funciona de certa forma como ferramenta de segurança, pois permite manter os arquivos confidenciais longe de olhos curiosos. Para tanto: 
  
1.   Dê um clique direito num ponto vazio do Desktop, selecione Novo > Pasta;
2.   Recolha para dentro da nova pasta todos os documentos que você deseja proteger.
3.   Dê um clique direito sobre a pasta e selecione Enviar para... > Pasta compactada.
4.   Abra a pasta compactada, clique no menu Arquivo, clique em Adicionar Senha, defina uma senha, confirme e clique em OK.

Feito isso, o conteúdo dessa pasta só poderá ser acessado por quem souber a senha. Ainda assim, conforme a importância dos arquivos que você tenciona proteger, não deixe de fazer um backup em mídia externa (HD USB, pendrive, etc.) ― não só para o caso de você não se lembrar da senha, mas também para prevenir uma possível exclusão acidental da pasta.

Vale lembrar também que o ZIP é apenas um dos muitos formatos para compressão de arquivos ― e não necessariamente o melhor ―, e que o 7-Zip (gratuito e de código aberto) lida tanto com arquivos .ZIP (e outros formatos como RAR, ARJ, CAB, BZ27z, etc.). Se preferir, faça o download a partir do site do Baixaki, que oferece mais informações e dá dicas importantes sobre o uso do programa.

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terça-feira, 10 de abril de 2018

DORIA DEIXA A PREFEITURA PARA CONCORRER AO GOVERNO DO ESTADO E BRUNO COVAS ASSUME O CARGO. E QUEM DIABOS É BRUNO COVAS?



Na última sexta-feira, em meio à pantomima midiática da prisão do demiurgo de Garanhuns, Geraldo Alckmin e João Dória deixaram seus cargos para concorrer à presidência da República e ao governo do estado, respectivamente. 

Observação: Alckmin, conhecido como picolé de chuchu por sua notória “insipidez”, deixou o Palácio dos Bandeirantes depois de ocupá-lo por 7 anos e 3 meses consecutivos. Não foi a primeira vez. Também de olho na presidência, ele passou o bastão para o vice, Cláudio Lembo em 2006, mas obteve somente 39,17% dos votos válidos no segundo turno e acabou derrotado por Lula, que se reelegeu com 60,83% dos votos.

Mesmo sendo novato na política, Doria enfrentou bravamente a hostilidade da mídia ― que por vezes chegava a ser cômica. Sua vitória foi durante muito tempo dada como impossível pelas “pesquisas eleitorais”, e todo santo dia sua candidatura “entrava em crise”. Mesmo assim, o tucano obteve mais 3 milhões de votos já no primeiro turno ― fato inédito em São Paulo desde a redemocratização do país ―, e deixou no chinelo o “poste” de Lula, devido em grande parte a imagem de gestor que vendeu à população paulistana durante a campanha ― população essa que desejava desesperadamente alguém como ele, ou, pelo menos, parecido com a propaganda que ele fazia de si próprio.

A gestão começou bem ― com o sucesso do Corujão da Saúde, do Empreenda Fácil e do Agenda Fácil, dentre outros projetos ―, mas decaiu depois de poucos meses, quando o Doria já não escondia sua frustração com a burocracia e a deixava evidente que tinha planos mais ambiciosos ― como concorrer à presidência da República, embora Alckmin, seu padrinho político, fosse a escolha natural do PSDB depois que Aécio Neves, delatado por Joesley Batista, só não acabou na cadeia devido ao foro privilegiado, e só não teve o mandato cassado porque o Conselho de Ética do Senado é uma piada.

Observação: Como bem observou J.R. Guzzo, a mídia brasileira, incluindo a paulistana, tem um instinto infalível para ficar do lado errado da opinião pública, sempre parecendo querer exatamente o que a população claramente não quer. Gosta, por exemplo, da “cracolândia”, dos “moradores de rua”, mendigos e afins, quando o paulistano não gosta de nada disso. Tanto é que, nas eleições de 2016, a população estava exasperada com uma prefeitura e um prefeito que insistiam em governar a cidade na contramão do seu entendimento. A gestão do poste número 2 de Lula (se considerarmos Dilma o poste número 1) foi um filme-catástrofe do começo ao fim, com Haddad e sua equipe de “cientistas sociais”, urbanistas alternativos, arquitetos sem obras e militantes de “movimentos sociais” querendo fazer uma revolução socialista queimando pneus nas ruas e recebendo verbas da prefeitura, o que resultou numa tempestade perfeita em matéria de decisões ruins.

Para encurtar a conversa, o prefeito-gestor exerceu por 15 meses o mandato de 4 anos para o qual foi eleito, mas nunca o quis de verdade ― talvez quisesse ser presidente da República, governador do estado, provedor da Santa Casa ou qualquer coisa, menos prefeito de São Paulo. E não poderia mesmo resolver os problemas da maior e mais importante metrópole do país, com um PIB equivalente ao de Portugal, se desde o começo mirou o Palácio Anchieta como trampolim para voos mais ambiciosos.

O que São Paulo precisa é de um mínimo de coerência de seus gestores. Mas como esperar coerência administrativa de um prefeito assume o cargo já pensando em deixá-lo? Como acreditar que pessoas assim se interessam pela cidade, pelo estado ou pelo país que foram eleitos para governar? Se alguém quer construir uma carreira na política, que ao menos respeite o mandato para o qual foi eleito. Aliás, se a legislação eleitoral tornasse inelegível por pelo menos 10 anos quem deixa o mandato precocemente, talvez esses arrivistas, que planejam pular de cargo em cargo para subir na vida, não se sentissem tão à vontade para trair seus eleitores.

Para o mal dos nossos pecados, ninguém sabe quem é o que pensa o vice de Doria. Sabe-se apenas que ele é neto de Mário Covas ― que foi prefeito, senador e governador de São Paulo de janeiro de 1995 a janeiro de 2001, quando se afastou do cargo devido ao câncer que resultou na sua morte em março daquele ano ―, que se formou em Direito pela USP e em economia pela PUC, e que sua estreia na vida pública se deu em 2004, quando disputou (mas não ganhou) o cargo de vice-prefeito de Santos (no litoral paulista). Em 2006, ele se elegeu deputado estadual com 122 mil votos, e em 2104, depois de ter aberto mão de concorrer à prefeitura de Sampa (para dar lugar a José Serra, segundo ele, mas fala-se que o real motivo seria o fato de não ter denunciado uma tentativa de suborno), conseguiu uma cadeira na Câmara Federal.

Promovido a prefeito da maior cidade da América Latina aos 38 anos (completados em 7 de abril, dia da sua posse), Bruno Covas parece entender tanto de São Paulo quanto eu entendo de missa. O que ele representa com perfeição ― e uma vez mais na política tupiniquim ― é a praga do vice (para quem não se lembra, Tancredo nos deu Sarney, Collor nos deu Itamar, Dilma nos deu Temer e agora Doria nos dá Bruno Covas). Em recente entrevista à Vejinha (Veja São Paulo), o atual prefeito, que até o ano passado pesava mais de 100 quilos e agora está com apenas 84 (compatíveis com seu 1,84 m), disse ser fã de rock, acordar antes das 6 da matina para fazer musculação na academia, estar divorciado há quatro anos e curtir baladas. Mas afirmou também que a vida de solteiro é coisa do passado, já que "se casaria com a cidade" no dia 7, quando passaria a ocupar o gabinete mais importante do Palácio Anchieta.

Observação: Sete meses depois da posse como vice, em 2017, Covas viajou de férias com 3 amigos para a Croácia, onde curtiu praias, piscinas e o agito do verão europeu, raspou a cabeça e deixou crescer a barba. Em outubro, durante uma esticada em Paris (desta vez em “missão oficial”, embora tenha participado de apenas dois eventos), depois de se indispor com Doria por conta da demissão de Fábio Lepique, seu adjunto na pasta das regionais, ele foi substituído pelo advogado Cláudio Carvalho e assumiu a recém-criada Casa Civil.

O novo prefeito afirma que sua experiência no legislativo e traquejo político o qualificam para administrar uma cidade como São Paulo. E o que teremos oportunidade de conferir a partir desta semana. Boa sorte a ele, e melhor sorte a nós.     

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AINDA SOBRE A PRIVACIDADE NA WEB ― CONTINUAÇÃO


ONDE TODOS MANDAM, NINGUÉM OBEDECE E TUDO FENECE.

Conforme eu mencionei no capítulo anterior, a popularização dos smartphones e das redes domésticas wireless aposentou o velho “computador da família”, mas ainda tem gente que compartilha o PC de casa com a mulher, o marido e/ou filhos.

Em sendo o seu caso, não deixe de usar a política de contas de usuários e senhas que a Microsoft introduziu no Windows ME, na virada do século, e vem aprimorando ao longo das encarnações subsequentes do sistema. Com esse recurso, usuários cadastrados acessam seus arquivos e configurações personalizadas (plano de fundo, proteção de tela, e por aí afora) como se cada qual tivesse sua própria máquina ― ou seja, somente o hardware é compartilhado.

Embora esse não seja o mote desta postagem, volto a frisar a importância de se criar uma conta de usuário com poderes limitados para usar no dia-a-dia, mesmo que você não compartilhe seu PC com outros usuários. Isso facilita a solução de desconfigurações acidentais ou infecções virais, já que basta fazer o logon com sua conta de administrador, excluir o perfil comprometido, criar outra conta limitada e tocar a vida adiante. (A propósito, não deixe de conferir minhas matérias sobre política de contas de usuário do Windows, criptografia e senhas).

Voltando à vaca fria, evite manter arquivos confidenciais, fotos “comprometedoras” e que tais na memória interna de seu smartphone ou tablet. Por serem “portáteis de verdade”, esses dispositivos estão mais sujeitos a perdas ou furtos do que seus “irmãos maiores”.  Aliás, armazenar esse tipo de conteúdo no HDD do PC de casa também pode não ser a melhor solução, sobretudo para quem compartilha a máquina com familiares (ainda que eventualmente). E mesmo que apenas você use o aparelhos, tenha em mente que máquinas pedem manutenção. Se for preciso deixar a sua numa assistência técnica, seus arquivos confidenciais poderão ser bisbilhotados ― daí eu recomendar enfaticamente a criação de backups desse conteúdo em mídias externas (HDs USB, pendrives ou mesmo CDs/DVDs) e o subsequente apagamento dos arquivos originais.

Se você achar que isso excesso de zelo (para não dizer paranoia), procure ao menos ocultar suas pastas/arquivos pessoais/confidenciais dos olhos de curiosos ocasionais. Veja a seguir como se faz isso no Windows 10 (se você ainda usa o Seven, acesse esta postagem).

― Pressione as teclas Win+E e, na janela do Explorer, selecione os arquivos/pastas que você deseja ocultar;
― Clique no menu Exibir e na opção Ocultar itens selecionados;
― Na janelinha que se abre em seguida, marque a opção Aplicar as alterações aos itens selecionados, subpastas e arquivos, e então clique em OK.

Observação: Se e quando você quiser tornar visíveis as pastas que ocultou, volte ao menu Exibir que comandou a ocultação dos arquivos e pastas, marque a caixa de verificação ao lado da opção itens ocultos. Com isso, as pastas/arquivos em questão ficarão “transparentes”; selecione as que você deseja exibir e torne a clicar em Ocultar itens selecionados, o que agora produzirá o efeito inverso, ou seja, permitirá a visualização dos itens que você havia escondido (certifique-se de que a opção Aplicar as alterações aos itens selecionados, subpastas e arquivos esteja marcada).

Tenha em mente que qualquer pessoa com acesso ao computador (e que seja um usuário intermediário ou avançado) poderá visualizar suas pastas/arquivos ocultos. Então, se houver algum item realmente confidencial, o melhor é protegê-lo também por senha, o que pode ser feito com o freeware Lock-a-Folder. Se preferir, use o compactador/descompactador de arquivos WinRAR, que, dentre outras funções, também permite criar pastas compactadas protegidas por senha (mais detalhes neste vídeo).

Até a próxima.

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segunda-feira, 9 de abril de 2018

LULA, SEUS QUEIXUMES E OUTRAS ABERRAÇÕES DO CENÁRIO POLÍTICO




O criminoso de Garanhuns é réu em 7 ações penais (ou em dez, segundo ele próprio afirmou no discurso do último sábado). Foi condenado em primeira instância 9 anos e meio de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro (no caso envolvendo o tríplex no Guarujá, a que ele se referiu no mesmo discurso como “meu apartamento”), teve a pena aumentada para 12 anos e 1 mês na segunda instância e, depois de ver naufragarem seus pedidos de habeas corpus, foi alvo de um mandado expedido pelo juiz Sérgio Moro por determinação do TRF-4. E o que acontece?

Acontece que o farsante tripudiou da PF (ou passou a mão na bunda dos policiais, como bem definiu um jornalista da Jovem Pan News), limpou o rabo com a ordem de prisão (como disse outro jornalista de não me lembro qual emissora), cagou na cabeça da Justiça (como estou dizendo eu) e, do alto de sua empáfia, estabeleceu quando e onde se entregaria, não sem antes protagonizar um dramalhão de deixar mortos de inveja os melhores novelistas mexicanos. O prazo de 24 horas que lhe foi concedido por deferência ao cargo que ele um dia ocupou expirou às 17 horas da última sexta-feira. Mesmo assim, o ex-presidente permaneceu entocado na sede do sindicato dos metalúrgicos do ABC, juntamente com um bando de comparsas que o estimulavam a esticar a corda ao máximo (na esperança de que alguma instância do Judiciário relaxasse a prisão iminente do criminoso condenado).

A pantomima seguiu noite adentro. Na manhã de sábado, após a celebração de uma bizarra missa negra ― supostamente em homenagem ao 68º aniversário natalício da ex-primeira dama vermelha, falecida em fevereiro do ano passado ―, escancarou-se a agonia da seita do inferno, cujo sumo pontífice está fadado a discursar nos próximos anos somente para pecadores juramentados reunidos no pátio da cadeia. Como bem salientou Augusto Nunes, a exploração de cadáver juntou no mesmo palanque um Lula quebrado, os medonhos requebros de DilmaGleisi Hoffmann e seu sorriso de Miss Simpatia da população carcerária e outras abjeções. Nenhum dos presentes, incluindo os padres, seria capaz de recitar a segunda parte do credo. Deus deve ser mesmo brasileiro. Só isso explica o motivo de a pequena multidão não ter sido fulminada por algum dos raios bíblicos que, em outros séculos, dizimavam concentrações de pecadores irrecuperáveis.

O demiurgo discursou para os militontos como se realmente precisasse convencê-los, a despeito de essa patuleia ser incapaz de vislumbrar um único ato espúrio na sua “prodigiosa biografia” ― como também é incapaz de encontrar o próprio rabo usando as duas mãos e uma lanterna. Já para as pessoas racionais que tiveram paciência para ouvir o ramerrão do petista com um mínimo de atenção, o amontoado de mentiras que permeou sua conversa mole para boi dormir foi um verdadeiro insulto, sobretudo quando ele reafirmou seu orgulho de ser o único presidente do Brasil sem um diploma universitário ― esquecendo-se de que divide essa “honra” com Café Filho. Ou quando disse que o Brasil foi “o último país a ter uma universidade” ― na verdade, a Escola de Cirurgia da Bahia, criada em 1808, passou formalmente à condição de universidade em 1937, enquanto que a primeira universidade de Angola data de 1962, a da Etiópia, de 1950, e a da Arábia Saudita, de 1956.

O molusco parlapatão também vomitou seu inconformismo com o Power Point canhestro de Deltan Dallagnol, que, segundo ele, teria dito que o Partido dos Trabalhadores é uma organização criminosa criada para roubar o Brasil. Na verdade, o que Dallagnol disse foi: “O que nós vemos é um partido político, o PT, buscando arrecadar recursos para se perpetuar no poder” e “Não se julga aqui a adequação de sua [do PT] posição de mundo, de sua ideologia, mas se avalia se a agremiação se envolveu, por meio de seus diversos prepostos, em crimes específicos”.

Em momento algum Dallagnol proferiu a frase que lhe foi atribuída, como também jamais disse ― nem ele nem qualquer outro procurador da Lava-Jato ― que “não precisava de provas [para denunciar Lula] porque tinha convicções”. Isso é mais uma balela em defesa da tese abilolada de que o petralha teria sido condenado sem provas. A frase atribuída ao procurador é na verdade uma interpretação de outras que foram ditas na entrevista coletiva que sucedeu a apresentação da denúncia contra Lula (assista aos vídeos que acompanham esta reportagem para conferir o conteúdo na íntegra). A propósito, a denúncia do MPF não citou o PT como uma organização criminosa; na ocasião, foi dito apenas que existia uma organização criminosa da qual Lula seria o chefe e que incluía diretores da Petrobras e políticos de diversos partidos.

Lula desafiou procuradores e seus asseclas, o juiz federal Sérgio Moro e os desembargadores do TRF-4 para um debate sobre as provasque embasaram as investigações que levaram à sua condenação. Rosnou que o MPF e a PF mentiram ao atribuírem a ele o tríplex no condomínio Solaris, pivô de sua sentença a 12 anos e um mês de prisão, que não os perdoa por darem à sociedade a ideia de que ele, Lula, é ladrão, e por permitirem que fossem feitos “pixulecos no Brasil inteiro, que passou a chamá-lo e a seus cúmplices de “petralhas”.

A pantomima de quase uma hora (cuja transcrição você pode acessar a partir deste link) começou com uma longa saudação a políticos, sindicalistas e artistas que estavam no carro de som. O parlapatão incorrigível chegou mesmo a desejar sucesso a alguns políticos que já se declararam candidatos na eleição de 2018 ― se não foi efeito do marafo, certamente foi uma “revelação divina” de que sua trajetória política está próxima do final. Relembrou episódios das greves de 1979 e 1980 para dizer que “mais importante do que vencer é consolidar visões políticas”, e daí partiu para um impiedoso ataque à imprensa, no qual criticou emissoras de televisão, jornais, revistas e rádios do interior, chegando a citar nominalmente as redes Bandeirantes, Record e Globo, o jornal “O Globo” e a revista “Veja” (talvez porque ninguém tenha lido para ele os editorias de Época e IstoÉ). Na sequência, voltou a se declarar inocente e a criticar duramente o Ministério Público e o Judiciário, reafirmou que não está acima da Justiça, mas que acredita “numa Justiça justa, que decide com base na prova concreta”, reforçando a ideia de que tanto os procuradores do MPF quanto os juízes não promoveram julgamentos técnicos, mas sim politizados e destinados a agradar a opinião pública. Como se não bastasse, defendeu a “regulamentação da mídia” (logo ele, que combateu o regime militar) e exortou suas milícias paramilitares a espalhar o terror pelo país.

O besteirol foi encerrado depois que o demiurgo disse que se entregaria, mas que ninguém seria capaz de prender suas ideias. “Eu vou lá [para a prisão] com a crença de que vão descobrir o que tenho dito todo dia. Eles não sabem que o problema deste país não se chama Lula, chama-se vocês, a consciência do povo. Não adianta tentar evitar que eu ande por este país. Porque tem milhões de Boulos, de Manuelas e Dilmas para andar por mim. [...] Meu coração baterá pelo coração de vocês. São milhões de corações...

Depois de incitar os militontos a fazerem protestos e ocupações pelo país, tomar as ruas e queimar pneus para defender seu legado, Lula reafirmou que provará sua inocência ― o que me parece um tanto falacioso, pois o sevandija já foi condenado por nada menos que 9 magistrados (sem contar os que rejeitaram seu pedido de habeas corpus ao STF) e é réu em outras 6 ações criminais (que estão em diferentes fases processais), isso sem mencionar as investigações em curso, que podem virar denúncias e resultar em mais processos contra ele.

O PT de Lula deixou a roupagem “paz & amor” ― conferida por Duda Mendonça, que aboliu o lema “A luta continua, companheiros” porque luta lembra baderna ― para se tornar um partido não mais de greve e piquete, mas de confundir o Estado consigo próprio, de hegemonia absoluta conquistada na força, de adoração absoluta e incondicional ao líder. É preciso ter em mente que o que ocorreu neste final de semana, mais do que a prisão de um ex-presidente da República, foi a prisão de um criminoso julgado e condenado por ter cometido ilegalidades durante e após o exercício do cargo.

Em suma, Lula é falso como uma nota de R$ 3.

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AINDA SOBRE PRIVACIDADE NA WEB


O SEGREDO DA CRIATIVIDADE É VOCÊ ESCONDER BEM AS SUAS FONTES.

O mau uso de informações dos dados de usuários do Facebook acendeu a luz vermelha para aqueles que se preocupam com sua privacidade. A questão é saber com o que vale a pena se preocupar, pois o acesso a informações pessoais só é danoso quando se reverte em objetivos espúrios. 

Há quem dica que se está fazendo uma tempestade em copo d’água, que os assim chamados “nativos digitais”, que convivem desde sempre com a tecnologia, veem a questão da privacidade de outra forma, já que seus valores não são os mesmos de quem nasceu e cresceu nos anos 60 e 70, por exemplo. Seja como for, é preciso vigilância. Sempre. 

Isto posto, vejamos algumas dicas (velhas, batidas, mas ainda eficazes) cuja observância pode evitar dores de cabeça:

― Restrinja o acesso a informações de seu perfil em redes sociais (e não só no Facebook). Se achar indispensável publicar fotos, crie álbuns privados e conceda acesso apenas a amigos mais próximos.

― Jamais exponha sua intimidade. Selfies e fotos “calientes” podem causar constrangimentos se e quando forem visualizadas (ou, pior, compartilhadas) por pessoas inescrupulosas. Evite também publicar fotos suas em carros de luxo, hotéis suntuosos ou qualquer outra coisa que exponham sua situação financeira e despertem o interesse dos amigos do alheio.

― Não compartilhe (via WhatsApp ou redes sociais) os locais que você costuma frequentar, sozinho ou com parentes e amigos. Se for o caso, divulgue fotos e outras informações depois de já ter deixado o lugar.

― Use senhas seguras (mais detalhes nesta postagem), altere-as de tempos em tempos e não reutilize a mesma senha para múltiplos logins (Windows, webmail, netbanking, etc.). Se achar difícil memorizar suas senhas, recorra a um gerenciador  como o Avast Passwords, que cria senhas complexas e as sincroniza e em todos os seus dispositivos (WindowsAndroid e Mac, etc.), além de informar se alguma delas senhas vazou na internet. (Saiba mais sobre gerenciadores de senhas nesta postagem).

― Aquelas recomendações sobre tomar cuidado ao abrir anexos e clicar em links que chegam através de emails, programas de troca de mensagens e redes sociais já criaram barba, mas continuam valendo. Demais disso, suspeite de mensagens e perfis de contatos desconhecidos; afinal, elas podem ser iscas para levá-lo a infectar seu sistema com spywares ou outras pragas.

― Não use computadores públicos e/ou de terceiros. Com a popularização dos smartphones, não faz mais sentido recorrer a dispositivos alheios para ler emails, fazer compras em lojas virtuais ou transações bancárias online. Evite.

― Se você compartilha seu PC com outras pessoas (cônjuge, filhos, etc.), use a política de contas e senhas do Windows   política de contas de usuário e senhas do Windows. Ao navegar na Web, desmarque a opção “salvar senhas automaticamente” e faça o logoff após acessar sites que exigem identificação do usuário. E lembre-se: Computadores de escolas, cibercafés e lanhouses são utilizados por muitas pessoas durante períodos curtos, e a qualquer momento pode surgir um usuário que, ao perceber que algum serviço já está logado, altera dados e insere informações caluniosas sobre a vítima, que só se dará conta do problema muito mais tarde.

Amanhã a gente continua. Até lá.

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domingo, 8 de abril de 2018

E LULA LÁ - FINALMENTE


Tudo em que Lula encosta a mão, já há muito tempo, fica estragado na hora. Neste seu momento de desgraça, quando não podia mais evitar a prisão e sua única saída era tentar manter a cabeça erguida, fez o contrário – baixou a cabeça e acabou entrando na cadeia como um homem pequeno. Teve a oportunidade plena de fazer alguma coisa mais decente. Foi ajudado pela gentileza extrema da Polícia Federal e demais autoridades encarregadas de cumprir a ordem judicial, que lhe deram todo o tempo do mundo para preparar uma apresentação às autoridades que tivesse um pouco mais de compostura. Foi tratado com uma paciência que não está à disposição de nenhum outro brasileiro. Teve o privilégio de uma “negociação” sem pé nem cabeça para se entregar, como se o cumprimento da ordem dependesse da sua concordância. Mas acabou, apenas, estragando tudo. Conseguiu tornar a sua biografia, que já está para lá de ruim, ainda pior – este capítulo da sua ida para o xadrez, condenado a doze anos por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, concorre, certamente, para ser um dos piores da sua triste passagem pela política brasileira.
O PT, a esquerda em geral e o próprio Lula imaginavam, talvez, uma despedida com mais cara de cinema, ou pelo menos de novela de televisão. O problema, como sempre acontece, é que esses planos bonitos exigem coragem para ser colocados em prática. E onde encontrar coragem, na hora de enfrentar a dureza? Nada de Salvador Allende e de sua heroica resistência até a morte, no Palácio de La Moneda em Santiago do Chile, onde enfrentou à bala a tropa do exército chileno que veio prendê-lo. Allende? Imaginem. O que o brasileiro viu pela televisão, durante as vinte e tantas horas de tumulto que se seguiram ao prazo concedido para o ex-presidente se apresentar à prisão, foi um homem confuso, vacilante, amedrontado, tentando pequenas espertezas – nada que lembrasse um líder em modo de “resistência”. Uma hora parecia querer uma coisa. Dali dez minutos estava querendo o contrário. Sua “trincheira” durante as horas que antecederam a prisão, o prédio do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, não era uma trincheira de verdade. Entravam engradados de cerveja, sacos de carvão e carne para churrasco. E que trincheira é esta, que só resiste porque a tropa do outro lado não aparece? Lula, mais uma vez, ficou fingindo que queria briga – mas amarelou, como sempre, na hora em que teria mesmo de ir para o pau.
O único gesto do ex-presidente e o seu entorno foi aproveitar a moleza da polícia encarregada de prendê-lo para dar a impressão de que ele se “recusava” a ser preso. Não se recusava coisa nenhuma – só ficou entocado dentro do prédio porque a Polícia Federal não foi buscá-lo. Que valentia existe nisso? O que houve de verdade, na vida real, foi o arrasta-pé de um político assustado, sem ação e obcecado com a própria pele, escondendo-se atrás da moita para ver se a confusão passa e ele pode sair ao céu aberto. As últimas horas que Lula passou em seu esconderijo, antes de tomar o avião que enfim o levou já preso para Curitiba, deixaram claro, também, que nem ele e nem toda a estrutura do seu partido tinham a menor noção do que estavam fazendo. Não tinham um plano, A, B ou C. Não tinham uma única ideia a respeito do que fazer. Não tinham nada. Até a última hora, na verdade, não imaginavam que fosse expedida, realmente, uma ordem de prisão contra ele; não conseguiam acreditar, simplesmente, no que estava acontecendo. Lula e o PT contavam, isto sim, com os escritórios de advocacia milionários que iriam salvá-lo no STF. Contavam com um Marco Aurélio, Lewandowski ou Gilmar Mendes para dar um golpe de última hora no tapetão. Contavam com qualquer coisa – menos a ordem de prisão que acabou por levá-lo ao xadrez da Laja-Jato. Na hora que a realidade teve de ser encarada, entraram em parafuso.
O final desta comédia foi uma tristeza. Durante um dia inteiro, e a maior parte do dia seguinte, um bolinho de gente ficou em volta do sindicato — era o apoio popular que foi possível juntar. Às vezes, nas imagens aéreas da televisão, parecia uma concentração mais encorpada. Mas assim que o helicóptero se afastava um pouco ficava claro que a mobilização do povo brasileiro para defender Lula era só aquele bolinho mesmo – em Mauá, por exemplo, a quinze minutos dali, não havia um único manifestante à vista. Nem em Santo André, ou São Caetano, ou no resto do Brasil. A população estava trabalhando. No carro de som, falando para si próprios, sucediam-se dinossauros velhos e novos, de Luisa Erundina a Manoela D’Ávila, gritando coisas desconexas. Ninguém, ali, tinha qualquer relação com o mundo do trabalho. Nem na plateia, formada por sindicalistas, desocupados ou professores que faltaram ao serviço, com a coragem de quem não pode ser demitido do emprego. Dentro do prédio Lula limitou-se a não resolver nada, cercado por um cardume de puxa-sacos e mediocridades. Não havia, na hora máxima, ninguém de valor, mérito ou boa reputação em torno dele – só os serviçais de sempre, gente que sabe gritar, sacudir bandeira vermelha e atrapalhar o trânsito, mas não é capaz de ter uma única ideia ou fazer uma sugestão que preste. Como o nosso grande líder de massas pode acabar cercado, numa hora dessas, por figuras como Gleisi Hoffmann e Eduardo Suplicy? Muita coisa, positivamente, deu muito errado.
O heroísmo da “resistência” de Lula acabou limitado à agressão de um infeliz que despertou a ira dos “militantes” e foi surrado até acabar no hospital com traumatismo craniano. Ou à depredação no prédio da ministra Cármen Lúcia em Belo Horizonte, mais pichações aqui e ali. Quanto ao próprio Lula, o que deu para verificar é que a soma total de suas ações no momento de ir para a cadeia resumiu-se a empurrar as coisas com a barriga até a hora de entregar os pontos — depois de fingir que “não estava conseguindo” se render por causa de um tumulto barato encenado pela turma que cercava o sindicato. Esperou escurecer para não ser preso à noite, no dia seguinte inventou uma espécie de missa, um discurso que não acabava mais, um almoço “com parentes” e, por fim, armou a farsa do tal bloqueio dos portões de saída por parte dos seus “apoiadores”, o que o “impediria” de se entregar. Chegou ao limite extremo da irresponsabilidade, mais uma vez – e só quando não deu para continuar fazendo a polícia de idiota, como fez durante dois dias seguidos, embarcou no camburão da PF, e depois, no avião rumo à Curitiba. No tal discurso, com frases mal copiadas de Martin Luther King, chegou a dizer que é a favor – isso mesmo, a favor – da Lava-Jato, depois de passar os últimos dois anos fazendo os ataques mais enfurecidos contra a operação anti-corrupção. Agora, na hora de ir para a cadeia, diz que é contra a roubalheira, e que só está preso por causa “da imprensa” – o que, além de falso, é mais uma demonstração de que está cuspindo no prato no qual tem comido há anos. Afirmou, enfim, que estava indo para a “prisão deles”. Mentira. Não é prisão deles. É do Brasil inteiro e do sistema legal que ainda existe por aqui.
A história está cheia de políticos que crescem com a própria prisão. Não foi o caso de Lula.

(Texto de J.R. GUZZO)




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