quinta-feira, 27 de setembro de 2018

O PT NÃO PRECISA DA NOSSA AJUDA PARA SER DEMONIZADO



Neste primeiro turno de 2018, a emergência no campo político-prático de pautas de teor liberal e conservador, oriundas daquilo que chamei, ao lado de muitos outros, de “nova direita” brasileira, tem suscitado, pela forma com que se dá, estresses e preocupações. Essas pautas estão diluídas entre mais de uma candidatura, de partidos diferentes, para os vários cargos da República, e isso tem estimulado alguns segmentos mais dogmáticos, intransigentes ou mesmo movidos por interesses mesquinhos não confessados, a promover verdadeiras sanhas persecutórias e difundir mentiras e ataques rasos e gratuitos dentro da própria direita.

Isso não começou agora; desde a consumação do impeachment, têm sido observados esses “efeitos de manada” para ataques conjuntos e essas retóricas seletivamente ferinas. Há grupos que efetivamente procuram infiltrar no debate do momento teorias perigosamente antiliberais, no sentido mesmo institucional do liberalismo, demonstrando desprezo pelo sistema representativo e liberdades individuais, tais como a religiosa. A título de exemplo, poderiam ser citados os desafetos que atacaram, até com expressões de baixíssimo calão, meu artigo contra a tese do “Estado católico”, em seus vídeos populares do YouTube.

Tudo isso, ressalvada a inevitabilidade das divergências internas e até a necessidade de aprendermos com elas, tem de ser veementemente condenado quando ultrapassa certos limites mínimos de civilidade. Apoio qualquer iniciativa nesse sentido. Contudo, o receio desses grupos e do impacto que possam vir a ter, que esperamos seja sempre reduzido, não nos deveria levar a, histericamente, acreditar que tudo que fizemos e pregamos nos últimos quatro ou cinco anos está perdido e que fomos tomados por fanáticos totalitários.

Essa conclusão, que alguns amigos estão adotando, me parece um grave equívoco e um erro de leitura. É incorrer por demais na narrativa social democrata de que não podemos deixar as eleições “se transformarem em um plebiscito movido pelo ódio e pelos extremos”. Estou convencido de que há quem esteja confundindo o acirramento de ânimos no período eleitoral, bem como algumas consequências esperadas de uma massificação das ideias e da demanda por uma reação às esquerdas, com uma decantação disruptiva e apocalíptica da sociedade, pela qual nós, que usamos a necessária retórica de dureza no quadro contemporâneo, seríamos tão responsáveis quanto os próceres do lulopetismo.
Não poderia discordar mais dessa linha de raciocínio. A direita não é responsável em absolutamente grau nenhum por qualquer clima de divisão exacerbada ou decantação social que se acredite estar pairando no ar. Ela é apenas uma reação tardia a uma hegemonia perturbadora que inevitavelmente não poderia subsistir para sempre

Nos anos 50, a UDN detonava o varguismo da tribuna, Carlos Lacerda sofreu atentado, manifestações de rua estavam à beira da revolução e um presidente se suicidou. Nos anos 60, vivíamos a Guerra Fria, o presidente pregava abertamente contra a Constituição no Comício da Central e terminou deposto e substituído por um regime militar. É fato que costumamos resolver nossos conflitos históricos com menos derramamento de sangue, mas não posso deixar de pensar que há certo superdimensionamento do suposto caráter inédito da “polarização” nacional que alguns vêm apontando.

A memória recente do marasmo e da briga de comadres do pós-regime militar está contaminando o juízo desses analistas que dizem que precisamos refrear o tom de beligerância, “falar mais fino” e pregar o absoluto “consenso”, a “estabilidade” e a “tranquilidade” perante o PT. É como se pecássemos em dizer o óbvio: que o PT é, sim, sem meias palavras, uma força maligna. A presença de divergências fundamentais (em português claro, a presença de uma direita) é o que parece estar realmente incomodando por demais alguns intelectuais mais santarrões.

Houvessem Churchill e Reagan, por exemplo, tratado o nazismo e o socialismo soviético como meros divergentes, contra quem não existisse um embate civilizacional e moral, e talvez os resultados que obteriam fossem bem diferentes do que aqueles que a História registra. Nossos liberais e conservadores podem e devem divergir, podem e devem denunciar radicalismos presentes em seu próprio seio, mas não deveriam agir como sociais democratas – caso contrário, para que existirmos, se não faremos diferença alguma, visto que a social democracia já predomina como fundamento mínimo das estruturas sociais, políticas e culturais brasileiras há décadas?

É preciso não perdermos o receio de proclamar: ainda estamos, e nunca deixamos de estar, em guerra contra o PT. A ascensão de Fernando Haddad nas intenções de voto, por mais que ponderemos nosso ceticismo perante as pesquisas oficiais, apenas ilustra a força do inimigo. O discurso do “ah, atenue essa retórica, somos apenas adversários!” só seria tolerável vindo de quem tivesse passado todos os últimos tempos em profunda hibernação.

Reproduzo o que disse Lacerda acerca de sua oposição a Vargas, ao afirmar, na Tribuna da Imprensa, que “a divisão não seria de opiniões e sim de concepções de vida, do Estado, da sociedade, da nação”. Permanece existindo no Brasil um conflito entre quem acredita que o país pode ser governado da cadeia, por uma organização totalitária e criminosa que o afundou para perseguir a perpetuação no poder, e quem se opõe a isso. Tal distinção vai muito além de uma mera diferença de opiniões e, portanto, por puro realismo e coerência com a situação concreta, precisa ser encarada com a firmeza e a energia devidas.

Tive que ler nos últimos dias que estamos sendo imprudentes ao “demonizar” o PT. O PT não precisa de ajuda para ser demonizado. Quem ainda acredita nisso, considerando até que votar em candidatos do PT no segundo turno é cogitável, realmente, se não estiver mergulhado em ignorância ou em lamentáveis idiossincrasias, só pode estar pensando em qualquer outra coisa que não o bem do Brasil.

Por Lucas Berlanza, publicado pelo Instituto Liberal

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COMO DEIXAR SEU SMARTPHONE MAIS SEGURO (SEXTA PARTE)


NÃO SE FIE NO QUE OS POLÍTICOS PROMETEM, MAS SIM NO QUE FIZERAM EM SUA VIDA PREGRESSA NA POLÍTICA.

Como se não bastasse o cibercrime, os índices de roubo e furto de celulares vêm crescendo escandalosamente. Supondo que você tenha seu aparelho subtraído — ou que o esqueça em local incerto e não sabido —, o Gerenciador de Dispositivos Android é uma mão na roda, pois permite não só localizar telefoninho, mas também apagar remotamente todos os dados nele armazenados.

Para se valer desse recurso, primeiro é preciso habilitá-lo no seu aparelho. Basta acessar o menu de Configurações, tocar em Google > Segurança e marcar as opções Localizar remotamente o dispositivo e Permitir bloqueio e limpeza remotos. Quando e se for preciso utilizar o Gerenciador, você só precisará acessar o site partir de um PC, tablet ou outro smartphone, logar-se com a conta do Google e fazer o bloqueio e/ou apagar os dados.

No caso de você não saber onde deixou seu smartphone e não tiver outro telefone à mão para ligar para o seu número, repita os passos anteriores para acessar o Gerenciador e clique em Reproduzir som. Seu aparelho emitirá um som, no volume máximo, por cinco minutos (mesmo que esteja no modo silencioso). Mas tenha em mente que esses recursos dependem de conexão com a internet, ou seja, se o celular estiver desligado ou com o Wi-Fi ou o 3G/4G desativado, você receberá uma mensagem dando conta de que “o aparelho está fora de alcance”.

Aplicativos infectados são os grandes responsáveis por incidentes de segurança em smartphones, embora não sejam os únicos (detalhes mais adiante). Fazer o download a partir de sites confiáveis, como a própria Play Store, minimiza os riscos, mas não garante 100% de segurança. Ainda assim, sugiro acessar o menu de Configurações, tocar em Segurança e desmarcar a opção Fontes desconhecidas. Isso limitará a instalação de aplicativos à loja oficial do Google, que, conforme já discutimos nesta sequência de postagens, são menos propensos a conter malware

Observação: Se você precisar instalar um app que não esteja disponível na Play Store, mas que possa ser baixado da Amazon, por exemplo, que é considerada segura, basta seguir os mesmos passos e reverter a configuração. 

Páginas da internet falsas — ou mesmo legítimas, mas “sequestradas” — podem disparar ataques de phishing, a exemplo de emails maliciosos e links fraudulentos. A boa notícia é que o modo de navegação segura do Google Chrome também está disponível na versão mobile do navegador. Para ativá-la, abra o browser, clique nos três pontinhos no canto superior direito da tela, acesse Configurações > Privacidade e marque a opção Navegação segura. Também nesse caso não há 100% de garantia, mas os riscos de você ser pego no contrapé por um site suspeito serão bem menores.

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quarta-feira, 26 de setembro de 2018

ELEIÇÕES 2018 — PONTOS A PONDERAR



Haddad não está crescendo nas pesquisas por ser popular nem devido a quaisquer atributos pessoais. Sua vaga é de preposto (para dizer de forma gentil), e a essa condição ele parece perfeitamente adaptado (idem). Ocorre que entre os eleitores não há somente os crentes, seguidores fiéis da transmutação automática, mas também os racionais, e é a esses que o petista tem menos de duas semanas para convencer de que será um poste melhor que Dilma.

O general Villas Bôas não estava delirando nem pregando quando apontou a possibilidade de perdedores virem a contestar a legitimidade da eleição presidencial, mas fazendo apenas uma constatação, baseado em evidências de autoria civil: a palavra de ordem petista segundo a qual “eleição sem Lula é golpe”, agora em descanso (temporário?) no arquivo, a desconfiança manifestada e reiterada de Bolsonaro na eficácia das urnas eletrônicas no tocante à lisura do resultado e, mais remotamente, a auditoria pedida por Aécio Neves em 2014 logo após a derrota para a gerentona de araque.

A inquietude com assuntos de golpes e fraudes não saiu, portanto, de um cardápio elaborado pelo general, nem partiu dele, muito menos das For­ças Armadas como corporação, o plantio da suspeita na cabeça do eleitorado de que conspirações estão sempre à espreita, prontas para dar o bote. Quem as incentiva é justamente a parcela da chamada sociedade civil (aí incluídos setores importantes da imprensa) que parece referida na busca por emoções regressivas e, com isso, abre espaço para gente como o vice de Bolsonaro, general Hamilton Mourão, que defende teses completamente fora da realidade brasileira, quiçá mundial.

O perigo não reside nos militares, cujo peso das manifestações é nulo do ponto de vista prático. O risco está nas mãos dos civis e suas interações radicalizadas de posições que estão levando o Brasil a adotar a lógica da opção eleitoral por exclusão. A melhor e a mais rápida maneira de cair na armadilha da escolha entre extremos. Notadamente nestes nossos tempos que requereriam a prevalência da maré mansa sobre a guerra de extremidades em que o cenário do pior é equivocadamente tido como o melhor para o Brasil.

Em meio ao nevoeiro, o razoável, como diz a música sob o prudente ensinamento de Paulinho da Viola, é levar o barco bem devagarinho e desse modo fazê-lo chegar a um porto o mais seguro possível. Isso significa também deixar os militares postos em sossego fora dessa canoa furadíssima em que já embarcaram, na qual afundaram e cujo desastre só se loucos pretenderiam repetir.

Com Dora Kramer

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COMO DEIXAR SEU SMARTPHONE MAIS SEGURO (QUINTA PARTE)


A POLÍTICA TALVEZ SEJA A ÚNICA PROFISSÃO PARA A QUAL NÃO SE JULGA NECESSÁRIA UMA PREPARAÇÃO.

Pode parecer a mais pura exaltação do óbvio, mas manter um antivírus no smartphone é tão importante quanto no computador — há uma série de opções na Play Store, muitas delas sem custo algum (saiba mais nesta postagem).

Outra medida aparentemente banal, mas igualmente funcional, é bloquear o telefoninho. Para isso, toque em Configurações > Segurança > Bloqueio de tela e escolha uma das opções de desbloqueio — digitar uma senha, criar um número de identificação pessoal (PIN) ou ligar uma sequência de pontos. Caso seu aparelho conte com a opção de desbloqueio por leitura de impressão digital, ative-o.

Se a versão do seu Android for a Lollipop (5.0) ou posterior, uma boa ideia é ativar o Smart Lock, que oferece cinco maneiras de manter o telefone desbloqueado enquanto ele estiver com você (para tanto, é só tacar em Configurar > Segurança > Smart Lock). Vamos aos detalhes.

Detecção no bolso usa os sensores do smartphone para detectar quando ele está na sua mão ou seu bolso e mantê-lo desbloqueado. Quando você o colocar sobre a mesa, por exemplo, o bloqueio de tela volta a entrar em ação. Mas é importante ressaltar que esse recurso não é totalmente à prova de xeretas: se outra pessoa qualquer pegar o aparelho, e ele estiver desbloqueado, o desbloqueio permanecerá enquanto o telefoninho estiver nas mãos ou no bolso dessa pessoa.

A opção Lugares confiáveis utiliza o GPS para manter o desbloqueio enquanto o smartphone estiver num “lugar confiável” — como sua casa ou escritório, por exemplo. A questão é que a precisão é de aproximadamente 80 metros, ou seja, o aparelho permanecerá desbloqueado num raio de 80 metros do endereço que você indicar — na prática, isso equivale a quase um quarteirão. Enfim, se você achar que vale a pena usar esse recurso, toque em Adicionar lugar confiável e digite o endereço desejado.

A opção Dispositivos confiáveis desbloqueia o celular quando ele está conectado a um “acessório confiável” — como um Smart Watch ou uma porta USB do carro. Para habilitá-lo, toque em Adicionar dispositivo confiável e siga as instruções na tela. Assim como nos lugares confiáveis, fique atento ao alcance: o alcance do Bluetooth pode chegar a 100 metros (em condições ideais, porque na prática ele fica em 10% disso, e olhe lá), e o aparelho ficará “aberto” dentro desta área.

Rosto de confiança: Como o nome sugere, esse recurso se vale do reconhecimento facial (com a câmera frontal do smartphone) para desbloquear o telefone, mas não funciona bem com pouca luz e pode não reconhecer seu rosto se você deixar raspar a barba, por exemplo. Além disso, os falsos positivos são comuns, ou seja, alguém parecido com você pode enganar o sistema e desbloquear o aparelho, embora não seja mais possível desbloqueá-lo exibindo uma foto dono do aparelho, como acontecia nas versões mais antigas do Android.

Voz de confiança desbloqueia seu smartphone usando sua voz como senha. Para isso, ative as opções Em qualquer tela e Voz de confiança e registre sua voz dizendo OK Google três vezes. A partir daí, basta dizer OK Google sempre que a tela estiver acesa ou o aparelho estiver carregando para desbloqueá-lo. Como nada é perfeito, esse recurso pode falhar em locais barulhentos ou ser enganado por pessoas que tenham um timbre vocal semelhante ao seu.

Por hoje é só. Até a próxima.

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terça-feira, 25 de setembro de 2018

ELEIÇÕES 2018 - A HORA DO COMPROMISSO


Instalou-se no País um clima de aflição com o futuro imediato em razão da perspectiva de que o próximo presidente da República seja eleito como resultado de um embate entre forças populistas, com tendências autoritárias. É em momentos como esse, em que a confusão suplanta a razão, que urge compreender, longe do calor dos discursos, os aspectos fundamentais dos desafios que assombram o País, pois, do contrário, a crise tende a se perpetuar, numa dinâmica que pode inviabilizar a desejada estabilidade política, econômica e social.

O primeiro aspecto diz respeito à legitimidade do pleito, colocada em dúvida desde sempre pelas forças políticas que agora aparecem nos primeiros lugares das pesquisas de intenção de voto. Enquanto Jair Bolsonaro já disse, mais de uma vez, que qualquer resultado que não seja sua vitória será prova de que houve fraude nas urnas eletrônicas, os petistas vêm há bastante tempo sustentando que uma eleição sem a presença de seu demiurgo também seria ilegítima. É perda de tempo procurar argumentos para rebater tamanha afronta à razão e à democracia, nem se poderia esperar comportamento diferente daqueles que sempre pautaram sua vida política por ideologias autoritárias.

É bastante simbólico do momento crítico que vive o País o fato de que seja imperativo rogar a todos os contendores da disputa presidencial que aceitem o resultado das urnas, seja lá qual for e por mais desagradável que pareça. A peleja cheia de rancor e ódio que ora se trava não autoriza otimismo a esse respeito, mas, a não ser que o objetivo de um e outro lado seja inviabilizar o próximo governo e prejudicar o País, o presidente eleito só terá condição de governar se contar com alguma forma de trégua política.

Ainda que esse armistício seja alcançado e a legitimidade do eleito, reconhecida por todos — como se espera e como deve ser —, a crise tenderá a se manter e até a se ampliar se o próximo presidente não puder realizar as urgentes reformas requeridas para debelar o profundo desequilíbrio fiscal do País.

São muitos os candidatos e as forças políticas que não se comprometem com a realização dessas reformas. Alguns dão a entender, ao contrário, que, no governo ou fora dele, pretendem adotar modelos perdulários de administração das contas públicas que, no passado recente, se provaram desastrosos e são em grande medida responsáveis pela atual crise. E entre os que defendem as reformas não há, até o momento, quem o faça sem apor ressalvas que, no mínimo, reduziriam o alcance das mudanças.

Mas a crise é de tal forma grave e intrincada que a omissão diante de seus efeitos fatalmente levará o governo — qualquer governo — à inviabilidade, tanto por falta de recursos para administrar como porque, com o correr de poucos meses, terá infringido as leis de controle e responsabilidade fiscal.

Assim, se não realizar imediatamente reformas que comecem a colocar as contas em ordem, o próximo governo correrá o sério risco de incidir em crime de responsabilidade logo em seu primeiro ano, o que poderia justificar mais um traumático processo de impeachment. E nada garante que seu vice, uma vez na Presidência, teria melhor destino caso insistisse em negar a necessidade das reformas. Pode-se dizer que qualquer um que ocupe a cadeira presidencial — salvo se recorrer a artifícios golpistas – terá escassas condições de governar o País e até de se manter no cargo se não se dispuser a desmontar a bomba fiscal.

Como se vê, a saúde da democracia brasileira depende radicalmente das reformas, razão pela qual é imperativo romper o atual círculo vicioso de populismo e irresponsabilidade fiscal, afrontando o risco permanente de crises institucionais e substituindo-o pelo círculo virtuoso do debate político, da construção democrática do consenso e da prosperidade econômica, com o qual todos ganham. O momento exige que, apuradas as urnas, todas as forças políticas assumam o firme compromisso de tornar o País administrável, não apenas em bases mínimas, mas garantindo a retomada do crescimento e da paz social.

(EDITORIAL DO ESTADÃO)

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“Boa tarde, pessoal! Nós tamos aqui hoje. Eu, o Fernando Pimentel e o Fernando Haddad. Dois Haddad. Aliás, dois Pimentel. Dois Haddad e um Fernando. (Dilma Rousseff, capturada pelo jornalista Celso Arnaldo neste sábado, em Minas Gerais, e internada com o seguinte recado aos enfermeiros: “quando se é incapaz de dizer ‘dois Fernandos’, já não é mais dilmês, é ‘dilmência'”.)



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GOLPE NO WHATSAPP USA BOLSONARO COMO ISCA


OS POLÍTICOS FAZEM CAMPANHA EM POESIA, MAS OS QUE SE ELEGEM GOVERNAM EM PROSA.

Interrompo a sequência que venho publicando sobre segurança no smartphone para alertar o leitor sobre um problema de... segurança. Vamos a ele.

Como sabemos, cibervigaristas valem de qualquer coisa que lhes possa servir para engabelar as vítimas. Um bom exemplo são as datas comemorativas (Natal, dia das Mães, Páscoa, etc.), mas acontecimentos episódicos, sobretudo aqueles que chamam muita atenção, também são largamente utilizados. E nada chama mais nossa atenção, no momento atual, do que as eleições presidências.

Se você receber mensagens sobre política pelo WhatsApp ou qualquer outro meio digital, não as repasse sem antes verificar a origem e a procedência das informações que elas trazem — quando nada, isso ajuda a coibir a proliferação das fake news. Mas convém ter em mente que, além de servirem para confundir os eleitores, notas chamativas sobre este ou aquele candidato podem ocultar armadilhas digitais, como é o caso de um golpe que vem sendo propagado através do WhatsApp.

De acordo com o laboratório de segurança da PSafe, os cibercriminosos enviam uma mensagem alardeando a morte do candidato Jair Bolsonaro (que continua internado no hospital Albert Einstein). Para agregar confiabilidade, o texto informa que a Globo teria confirmado o óbito do presidenciável junto à direção do hospital e — a cereja do bolo — oferece um link no qual o destinatário deverá clicar para obter mais informações. Esse link (veja na imagem que ilustra esta postagem) parece mesmo remeter ao site da emissora, mas basta clicar nele para disparar a instalação de um spyware (software espião) programado para capturar senhas bancárias, números de cartões de crédito, e por aí afora.

Faça como os jacarés, que nadam de costas quando tem piranha no rio: jamais clique em links recebidos por email, programas mensageiros e redes sociais — se não for possível resistir à curiosidade, cheque ao menos o título das supostas matérias utilizando o Google Search, o Bing ou outro buscador de sua preferência.

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segunda-feira, 24 de setembro de 2018

O PT E OS OUTROS




PT continua, não se sabe até onde. O PSDB acabou de desembarcar

O Brasil está dividido entre o PT e os demais partidos. Desde 1989, quando Lula foi para o segundo turno na primeira eleição direta pós-ditadura, o PT consegue ser majoritário na captação dos votos da esquerda. Foi assim nas duas eleições seguintes, quando Lula perdeu no primeiro turno para Fernando Henrique Cardoso mas chegou em segundo lugar, e depois nas quatro que o PT ganhou. O Brasil é PT ou não é. Nos últimos 16 anos tem sido.

No começo, quando perdia eleições, o PT ainda não havia conseguido pintar sua imagem como a do partido da inclusão social, era apenas de esquerda. Na primeira eleição, este papel coube ao caçador de marajás, e nas outras duas foi cumprido pelo criador do Real. Somente depois de Collor e FHC, o PT conseguiria somar ao seu eleitorado de esquerda aqueles que queriam e os que precisavam de um Brasil mais justo.

O PSDB, que havia conduzido com sucesso um dos mais importantes programas de distribuição de renda do mundo, não conseguiu capitalizar o Plano Real e deixou-se transformar, aos olhos dos eleitores, num partido da elite branca. Cometeu muitos erros — como o da polêmica emenda da reeleição —, que contribuíram para que a sigla que construiu a estabilidade da economia acabasse com a imagem de partido paulista.

O “nós contra eles” não foi uma invenção de Lula, existe desde a primeira eleição presidencial. O que Lula fez foi dar uma coloração de classe ao termo. O “nós” são os pobres e as minorias, e o “eles” são os ricos. Discurso simples para um eleitor majoritariamente simples. Discurso que funciona.

Embora não seja o único, claro que o PT é um partido preocupado com os mais pobres. O programa Bolsa Família foi o mais inclusivo da história do país, e o PT soube se valer dele politicamente.

Os demais partidos de esquerda viraram satélites. O PSDB, que depois de FHC perdeu quatro vezes para Lula, conseguiu atrair alguns partidos de centro, não todos. O maior deles, o MDB, ficou com o PT nas duas últimas eleições. Outros partidos de centro e de direita transitaram entre PSDB e PT ao longo dos últimos 16 anos. O PT foi mais competente. Apesar dessa miscigenação ideológica, os militantes orgânicos só enxergam o espectro de esquerda, e os eleitores não militantes só veem Luiz Inácio Lula da Silva quando miram o PT.

A campanha deste ano, ao que tudo indica agora, seguirá o mesmo roteiro, com a diferença que o PSDB perdeu seu protagonismo para Jair Bolsonaro. Dois episódios fundamentais da campanha ajudaram a impulsionar o capitão e o petista indicado por Lula. Bolsonaro foi esfaqueado enquanto era carregado nos ombros por eleitores, e Haddad recebeu a bênção de um ex-presidente preso que reconstruiu sua imagem de corrupto em mártir, injustiçado e perseguido.
É isso o que temos e com isso precisamos nos habituar. Resta saber se a habilidade política do PT será suficiente para ganhar a eleição no segundo turno. É verdade que a subida de Haddad nas pesquisas só ocorreu agora porque antes o candidato era Lula. Tem que se levar isso sempre em conta, mas é fato também que nunca, desde 2002, o PT esteve tão mal nesta fase da campanha. A corrupção ainda pode cobrar sua conta.

Nos quatro pleitos que ganhou, Lula e Dilma lideravam a corrida a esta altura da campanha. Em 2002, na pesquisa Ibope de 17 de setembro, Lula tinha 48% das intenções de voto. Em 2006, no dia 16 de setembro, Lula alcançava 42%. Na eleição de 2010, Dilma tinha 51% da preferência em 17 de setembro. Na sua reeleição, no dia 16 de setembro de 2014, a liderança de Dilma era mais apertada, com 36%, mas ainda assim quase o dobro do que Haddad tem agora.

O PT provou amplamente sua competência, tem seus principais líderes condenados e presos por corrupção, inclusive Lula, mas segue vivo na campanha. O PSDB, por sua vez, comprovou sua fama de incompetente político. Perdeu para Lula quando ele estava nas cordas do mensalão. Perdeu de Dilma quando seus sinais de fadiga já eram evidentes. E agora perde seu lugar na disputa para um novato em eleições presidenciais. E talvez perca também sua hegemonia paulista.

O PT continua, não se sabe até onde. O PSDB acabou de desembarcar.

Texto de Ascânio Seleme

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COMO DEIXAR SEU SMARTPHONE MAIS SEGURO (QUARTA PARTE)


QUEM É QUE QUER FLORES DEPOIS DE MORTO?

Já vimos que o EULAlyzer é uma mão na roda na hora de instalar aplicativos no computador, mas ele só roda no Windows, e como os maiores responsáveis por incidentes de segurança nos smartphones — depois dos maus hábitos dos usuários, naturalmente — são os apps maliciosos, a boa notícia é que o Google lançou o Play Protect, que monitora em tempo real a segurança dos telefoninhos baseados no sistema Android (clique aqui para mais informações) e aponta os programinhas potencialmente perigosos. 

Se o seu sistema está atualizado, você já tem o GPP. Para conferir, acesse as configurações do aparelho (tocando no ícone da engrenagem), rode a tela até encontrar a opção Google, toque nela, em seguida em Segurança e depois em Verificar apps (a opção Melhorar det. de apps nocivos vem desativada por padrão, mas eu sugiro ativá-la, de modo a contar com uma camada adicional de segurança).  

Observação: Apps confiáveis costumam ser atualizados periodicamente, a fim de corrigir possíveis falhas de segurança e erros. Se você deparar com um programinha que não é atualizado há anos, não faça o download (para conferir a data, basta, na página do app na Play Store, clicar na opção “Ler mais” e rolar a tela seguinte até o final).

Baixar aplicativos somente de fontes confiáveis é fundamental, mas não garante 100% de segurança. O Google assegura que todos os programinhas disponíveis em sua loja virtual passam por testes de segurança rigorosos, e que o Play Protect verifica bilhões de programinhas diariamente para garantir que tudo esteja em ordem. Pode até ser, mas cá entre nós, dessa enxurrada de programas que chegam à Play Store todos os dias, quantos são realmente úteis para nós? Por que, por exemplo, baixar um app de lanterna se seu telefoninho já lhe oferece esse recurso?

Crackers, cibercriminosos, estelionatários digitais e assemelhados são rápidos no gatilho, e até que o Google perceba e tome providências para inibir sua ação, uma porção de gente já terá sido prejudicada. E mais: assim que um app ou jogo faz sucesso na Play Store, logo surgem as “imitações”, que podem até ser inofensivas, mas o risco de você instalar um clone ou uma cópia “craqueada” que tenha objetivos sub-reptícios é considerável, e depois não adianta dizer que pobre não tem sorte.  

Amanhã tem mais.

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domingo, 23 de setembro de 2018

ELEIÇÕES 2018 - O ABRAÇO DOS AFOGADOS




Para concluir o raciocínio que eu vinha desenvolvendo nas últimas postagens:

A exatos 14 dias do primeiro turno, o que se tem é uma “quase certeza” de que Jair Messias Bolsonaro está escalado para o segundo tempo, mas não se sabe se o jogo será contra Ciro, Haddad, Alckmin ou Marina.

Em tese, o tucano seria o adversário mais provável, mas na prática a teoria é outra. Tanto assim que FHC sugeriu uma união entre os partidos de centro em torno de Alckmin, para evitar uma vitória de Bolsonaro ou de Haddad. Mas foi em vão: ao contrário do que o grão-mestre do tucanato esperava (ou imaginava, ou achava que haveria uma chance, por menor que fosse), ninguém se mostrou minimamente interessado em abdicar da própria candidatura para apoiar a campanha moribunda de um candidato que foi derrotado por Lula em 2006 e a quem sobra vontade, mas faltam atitude, firmeza e competitividade.

No sábado 22, o ex-presidente usou o Twitter para dizer que sua carta foi direcionada “aos eleitores e eleitoras, não aos candidatos ou aos partidos”, e que há meses defende a criação do que chama de centro popular e progressista. “Anda há tempo para deter a marcha da insensatez; como nas Diretas-já, não é o partidarismo, nem muito menos o personalismo, que devolverá rumo ao desenvolvimento social e econômico”, ponderou o tucano dos tucanos — que, aos 87 anos, deveria vestir seu pijama de bolinhas e assistir às patacoadas de seu contemporâneo Sílvio Santos, que só continua à frente do programa homônimo porque é o dono da emissora.

Ciro, terceiro colocado nas pesquisas, disse ser mais fácil “boi voar de costas” do que o chamado centro se unir no primeiro turno. “O FHC não percebe que ele já passou. A minha sugestão para ele, que ele merece, é que troque aquele pijama de bolinhas que está meio estranho por um pijama de estrelinhas”. Marina afirmou que o PSDB passa pelos mesmos problemas do PT e que “fazer um discurso para que haja uma união e dizer que o figurino cabe no candidato do seu partido talvez não seja a melhor forma de falar em nome do Brasil”.

Devido à teimosia de Alckmin, os tucanos perderam a oportunidade de ter um candidato com postura mais combativa, como João Doria, ou mesmo Tasso Jereissati. Aécio, que teve mais de 51 milhões de votos em 2014 (quando perdeu para Dilma por uma diferença de míseros 3,28%), teria sido a escolha natural, mas se tornou personae non grata com a delação de Joesley Batista.

ObservaçãoÉ curioso que um heptarréu condenado e preso fosse campeão absoluto de intenções de voto até a farsa da sua candidatura ser desmontada pelo TSE, enquanto Aécio, que se tornou réu por corrupção passiva e obstrução da justiça em abril deste ano e sequer foi cassado (embora devesse tê-lo sido, mas isso já é outra conversa) se tornou personae no grata a tal ponto que resolveu desistir de disputar a reeleição para concorrer a uma vaga de deputado federal. Quando mais não seja, isso é a prova provada de como funciona a cabeça da militância petista (se é que petista tem cabeça).

Fato é que a famigerada propaganda eleitoral obrigatória vem sendo veiculada desde o início deste mês sem surtir o efeito esperado por Alckmin. Por ser o candidato com maior tempo de exposição no rádio e na TV, o tucano foi considerado o presidenciável mais vivo de 2018, mas revelou-se um vivo tão morto que o eleitorado cativo do PSDB lhe enviou coroas de flores, migrando maciçamente para Bolsonaro. E o grão-mestre do tucanato, com sua carta da última quinta-feira, como que jogou a derradeira pá de terra sobre o esquife do correligionário.

“Ante a dramaticidade do quadro atual”, ponderou FHC, “ou se busca a coesão política, com coragem para falar o que já se sabe e a sensatez para juntar os mais capazes para evitar que o barco naufrague, ou o remendo eleitoral da escolha de um salvador da Pátria ou de um demagogo, mesmo que bem intencionado, nos levará ao aprofundamento da crise econômica, social e política.” 

Na visão de Josias de Souza, tudo faria muito sentido não fosse um singelo detalhe: a raiva do eleitor. Em 2018, os caciques continuam fazendo política com os pés no mundo da Lua. Promovem os mesmos cambalachos de sempre. Em órbita, não se deram conta de que uma parcela considerável da população já não parece disposta a fazer o papel de gado. De repente, a grama da enfermaria do Einstein e da cadeia de Curitiba pareceram mais verdes.

Até o momento, as pesquisas apontam Bolsonaro como franco-favorito, mesmo sem ele ter participado de qualquer ato de campanha desde o dia 7 e de seu tempo na TV mal dar para um piscar de olhos. Paralelamente, o pau-mandado de Lula, que até recentemente não passava de um ilustre desconhecido, já domina as intenções de voto no nordeste. Mas aqui vale lembrar que as características culturais e socioeconômicas do povo nordestino dão mais peso à TV do que às redes sociais, sem falar que o dublê de pai dos pobres e criminoso condenado é tão cultuado por lá quanto o padim Ciço. Enfim, a cada minuto nasce um otário neste mundo, e os que nascem no Brasil vêm com título eleitoral e estrelinha do PT enfiada no rabo.  

Segundo O Globo, a campanha de ataques vai se acirrar na reta final, e a julgar pelo que se viu até aqui o capitão gancho pode sobreviver a novas críticas, embora os tucanos insistam em dizer que ele apenas está capitalizando o voto antipetista. A Alckmin resta concentrar seu poder de fogo contra Bolsonaro e Haddad e rezar para ganhar uns votos e roubar outros. 

Mas esse nunca foi o estilo do picolé de chuchu. E cães velhos não aprendem truques novos.

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sábado, 22 de setembro de 2018

FHC PEDE UNIÃO CONTRA EXTREMISTAS (ou: DESGRAÇA POUCA É BOBAGEM)



Enquanto o circo eleitoral avança a pleno vapor, a crise política se agrava e o sistema político-jurídico edificado pela Constituição de 1988 agoniza. À corrupção, somam-se a desorganização da estrutura estatal, seu controle por inimigos da sociedade de bem e uma elite absolutamente descolada das necessidades nacionais. Por conta de uma irresponsabilidade nunca antes vista na história deste país, as instituições se esfacelam, e ao invés de se buscar o caminho da serenidade, do equilíbrio, da solução das contradições por meio do debate franco, aberto e democrático, aposta-se no quanto pior melhor. Assim, a duas semanas do primeiro turno das eleições, a impressão que se tem é a de estarmos diante do embate final entre o Bem e o Mal. Quem é quem nesse “nós contra eles”, no entanto, varia conforme as convicções e as preferências de cada um. 

Seguidores fanáticos desse ou daquele candidato, partido ou ideologia trocam acusações e impropérios (quando não socos e pontapés). O cidadão comum, que tem a vida por ganhar e mais com que se preocupar, é diuturnamente bombardeado com pesquisas que apontam algo diferente a cada instante, opiniões tendenciosas de analistas, jornalistas e outros palpiteiros de plantão e uma enxurrada de promessas eleitoreiras que os candidatos declamam em verso e prosa no horário eleitoral obrigatório, como se estivesse tratando com débeis mentais (às vezes estão, mesmo, mas isso já é outra conversa)  

Cansada da velha política, parte dos brasileiros passou a apoiar os extremistas extremados em detrimento dos candidatos “de centro”, como Amoedo, Meirelles e Álvaro Dias. O Capitão Caverna parece ter lugar garantido no segundo turno, mas ainda não se sabe quem irá enfrentá-lo — os oponentes mais prováveis são Ciro e Haddad, mas estamos no Brasil, onde até o passado é imprevisível.

O PSDB, tradicional arquirrival do PT, é tão imprestável na oposição quanto uma bicicleta para um perneta. Depois que o sucesso do Plano Real garantiu a vitória de Fernando Henrique sobre Lula, em 1994 (no primeiro turno, com 34 314 961 de votos contra 17 122 127 do petista), o partido “criou fama e deitou na cama”. Mas a mediocridade da segunda gestão de FHC favoreceu tanto a vitória Lula sobre José Serra, em 2002, e Geraldo Alckmin, em 2006, quanto a eleição de Dilma em 2010 e sua reeleição em 2014 (com a derrota de Serra Aécio, respectivamente, para uma fraude, uma gerentona de araque que faliu as duas lojinhas tipo 1,99 em 1995, quando o câmbio favorecia enormemente a revenda de badulaques importados).

Observação: Os tucanos ficaram ainda mais desmoralizados quando Joesley Batista desmascarou Temer e Aécio. Com o espaço de manobra reduzido, eles optaram por permanecer no barco, mas sem forças para assumir o leme, dividiram-se entre “cabeças pretas” e “cabeças brancas”, viraram as costas para a opinião pública e deixaram que se fechasse a janela de oportunidade que lhes permitiria resgatar a imagem de alternativa lógica para quem não aguenta mais a corrupção do PT e do PMDB.

Em 2016, o PSDB contribuiu para o impeachment da anta vermelha e apoiou a ideia de se ter um governo de transição que, mantendo de pé uma “pinguela” reformista, atravessasse a pior fase da crise e entregasse o país em melhores condições a quem assumisse o poder em 2018. Mas não moveu uma palha sequer para influenciar ou direcionar esse governo, que se deixou impregnar pelos interesses escusos do Congresso e pela preocupação em esvaziar a Lava-Jato e recompor oligarquias e práticas clientelistas, trocando a grande política pela pequena política. Um governo de perfil “parlamentar”, mas com uma base pouco confiável, sem grandeza e sem projeto, que se refletiu na composição ministerial, gerou turbulências e explodiu com as delações da JBS.

Ao longo do tempo, a incompetência do tucanato cresceu exponencialmente, como comprova a escolha (infeliz) de Geraldo Alckmin para disputar (novamente) a presidência. Na trilogia “O PODEROSO CHEFÃO”, Michel Corleone afastou Tom Hagen do cargo de consiglieri porque Hagen não era talhado para exercer tais funções em tempo de guerra. Mutatis mutandis, a analogia se aplica ao picolé de chuchu, que seria uma escolha até aceitável se o eleitorado não estivesse tão polarizado. E com a notória indecisão que os leva a mijar no corredor quando a casa tem mais de um banheiro, os tucanos perderam a oportunidade de substituir o azarão por Tasso Jereissati, João Doria ou alguém com mais chances de vitória. Agora é tarde, Inês é morta e não adianta chorar sobre o leite derramado.

Com uma campanha morna, um discurso pusilânime, e sem saber explorar sua galáxia de tempo no rádio e na TV, Alckmin não decolou — e dificilmente decolará, considerando que faltam duas para o primeiro turno. Para piorar, os caciques do “centrão” desconhecem o significado da palavra ideologia e farejam derrota a léguas. Muitos já se mostram mais preocupados com a eleição de governadores e congressistas em seus estados — de olho em sua própria sobrevivência política — do que em apoiar um presidenciável eleitoralmente moribundo (alguns já nem se dão ao trabalho de esconder a possibilidade de virar a casaca e apoiar o Capitão Gancho ou o pau-mandado do presidiário de Curitiba).

Não há, entre as 35 agremiações política regularmente inscritas na Justiça Eleitoral, um partido mais covarde e vaidoso que o PSDB. Que o diga o PT. Ao longo do período em que a ORCRIM ficou encastelada no poder, saqueando os cofres públicos e aparelhando o sistema para perpetuar uma perversa dinastia, o país não pôde contar com os tucanos. Em seus melhores momentos, a oposição foi tímida; nos piores — e esses se repetiram durante a maior parte do tempo —, ela simplesmente inexistiu. 

Agora, quando faltam 15 dias para o apito final, FHC, em carta, pede união contra candidatos radicais para evitar agravamento da crise. Mas isso já é assunto para a próxima postagem.

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sexta-feira, 21 de setembro de 2018

ELEIÇÕES — O DEUS NOS ACUDA DAS DERRADEIRAS SEMANAS



Quarta-feira, 19 de setembro. A 18 dias do primeiro turno das eleições mais conturbadas da nossa história, analistas, jornalistas e outros “istas”, baseados em recente pesquisa do Ibope, profetizam que o pleito terá dois turnos (palpite que qualquer cartomante de botequim daria sem pestanejar, mesmo num país onde até passado é imprevisível), que o Capitão Caverna enfrentará, no segundo tempo, o preposto do Criminoso de Garanhuns e que os demais postulantes podem ir fazendo as malas, pois logo voltarão para o buraco de onde jamais deveriam ter saído.

Quinta-feira, 20 de setembro. A 17 dias do primeiro turno das eleições mais conturbadas da nossa história, o Datafolha anuncia que Bolsonaro puxa a fila dos presidenciáveis, com confortáveis 28% das intenções de voto (mesmo hospitalizado e sem participar de nenhuma atividade de campanha desde o último dia 6, quando foi esfaqueado em Juiz de Fora). Em segundo vem Haddad, com 16%, mas o cangaceiro de festim (Ciro Gomes é paulista de Pindamonhangaba) é o único com cacife para derrotar todos os rivais no segundo turno, e vencerá Bolsonaro por 6 pontos percentuais (nos demais cenários, o Capitão Gancho empataria com Haddad, Alckmin e Marina).

Observação: O Datafolha entrevistou 8.601 eleitores de 323 municípios. O Brasil tem 147,3 milhões de eleitores espalhados por cerca de 5600 municípios, mas a margem de erro, segundo o instituto, é de míseros dois pontos.

Ainda segundo a pesquisa, 40 % do eleitores podem mudar o voto. Desses, 15% indicam Ciro como segunda opção, 13% apontam Marina, 12% optam por Haddad, 12% por Alckmin e 11% por Bolsonaro. Os eleitores de Ciro, Alckmin e Marina são os menos decididos — mais da metade admite escolher outro candidato e muitos têm trocado de camisa nas últimas semanas. Aliás, perguntados se sabem o número de seu candidato, 42% desses representantes do esclarecidíssmo eleitorado tupiniquim não souberam dizer o número certo.

O crescimento significativo do lambe-botas do criminoso de Garanhuns, cujas intenções de voto mais que dobraram depois de sua unção, leva-nos a antever (e temer) o pior dos cenários. Mas se o esbirro lulista representa a volta do presidiário ao Planalto, seu oposto também é uma aposta de risco, não só por seu inescondível despreparo (embora seja Paulo Guedes quem ditará as regras se Bolsonaro for eleito), mas também porque seu vice representa uma ameaça real à democracia.

Os números não mentem, mas podem estar errados ou ser manipulados — ou mesmo apontar um resultado baseado em respostas inverídicas. A esta altura do campeonato, tudo é possível, até mesmo a fatura ser quitada já no próximo dia 7, embora eu tenha cá minhas dúvidas. Bolsonaro sonha com essa benção, pois abreviaria uma campanha da qual sua saúde o impede de participar. Demais disso, o segundo turno é uma eleição à parte, e não se sabe até que ponto os acordos costurados entre os candidatos remanescentes e os defenestrados no primeiro escrutínio teriam serventia, pois entendimentos entre cúpulas partidárias não necessariamente influenciam eleitores indecisos ou propensos a votar em branco ou anular o voto.

O que há de claro em tudo isso é que nada está claro. O que se vê é o capacho vermelho posar de “candidato da civilidade” (embora preste contas a um criminoso condenado), visando se contrapor ao “barbarismo” de Bolsonaro, enquanto os partidos do centrão — integrados por políticos sem ideologia nem vergonha na cara, que se vendem como putas nas zonas do mais baixo meretrício, mas capazes de farejar derrota como tubarões farejam sangue a milhas de distância — se mostram mais preocupados com as eleições em seus próprios estados do que em apoiar o picolé de chuchu tucano.

O acordo com o centrão garantiu a Alckmin um latifúndio de tempo na propaganda eleitoral obrigatória, mas não lhe ensinou a explorar essa vantagem. O tucano acreditava que, como por milagre, sua insípida campanha decolaria a partir do último dia primeiro. Mas não decolou. Lamentavelmente, o PSDB é um cemitério de egos, e ainda que Alckmin seja a pior escolha, pelo menos neste momento, já não há tempo de substituí-lo por Doria, que certamente seria mais competitivo.

Alckmin aposta agora em uma “última onda” para voltar a crescer e chegar ao segundo turno. “Nós temos 30% de indecisos na pesquisa espontânea (quando os candidatos não são apresentados ao eleitor). A campanha está em aberta e está por onda. Já tivemos a onda Marina, a onda Ciro, a onda Haddad. Ela pode vir por ondas, mas é a última onda que vai valer”. Da sua ótica, Haddad, e não Bolsonaro, quem está garantido no segundo turno, já parte dos 28% de intenções de voto contabilizadas pelo extremista de direita não são de eleitores que querem vê-lo na Presidência, mas sim de votantes que querem impedir o retorno do PT. E é esse o eleitor que o tucano pretende reconquistar. Resta-lhe explicar como irá fazê-lo, já que tem pouco mais de duas semanas para realizar esse prodígio de magia.

Se nada mudar até amanhã, falaremos mais um pouco de Alckmin e seu imprestável partido.

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COMO DEIXAR SEU SMARTPHONE MAIS SEGURO (TERCEIRA PARTE)


NÃO IMPORTA O LADO PELO QUAL VOCÊ ABRE A CAIXA DO REMÉDIO, A BULA SEMPRE ESTARÁ LÁ PARA ATRAPALHAR.

A curiosidade matou o gato, diz um velho ditado, mas a satisfação (da curiosidade) o ressuscitou, diz outro, embora menos popular. Seja como for, quem insiste em clicar em links apenas por achá-los interessantes pode se dar mal — e o mesmo vale para quem abre anexos de email sem checar a procedência e a natureza dos arquivos e clica em SIM, ACEITO, SUBMIT, YES ou seja lá o que for que dispare a instalação de aplicativos sem antes saber o que está realmente aceitando ou com o que está concordando.

No caso dos smartphones, é fundamental ficar atento às permissões que os apps solicitam — se você instalar um gravador de voz, por exemplo, por que diabos ele pediria permissão para acessar sua conta de email, seus grupos do WhatsApp ou algo parecido? Aliás, jamais conceda permissões de administrador para um aplicativo, ou você muito provavelmente terá problemas para desinstalá-lo.

Aplicativos que se autoconcedem permissões de administrador costumam ser mal-intencionados. Se não for possível defenestrá-los da maneira convencional, reinicie o smartphone no modo seguro, toque em Configurações e, no campo Segurança, selecione Administradores do dispositivo. Escarafunche a lista dos apps com status de administrador, marque a caixa de verificação ao lado do item que você quer remover e, na tela seguinte, toque em Desativar. Ao final, abra o menu Aplicativos, desinstale o programinha e reinicie o aparelho no modo normal.

Observação: Para acessar o Modo Seguro, mantenha pressionado o botão físico de liga/desliga o aparelho até que seja exibida a caixa de diálogo com a opção “Desligar”. Mantenha o dedo sobre até que a opção “Reiniciar no modo de segurança” apareça, toque em “OK” para confirmar e aguarde a reinicialização do sistema (se esse roteiro não funcionar no seu aparelho, consulte o manual do usuário ou recorra ao Google para saber como proceder no seu caso específico). Quando o Android reiniciar, os dizeres “Modo Seguro” serão exibidos no canto inferior esquerdo da tela e os apps de terceiros serão impedidos de rodar (da mesma forma que eventuais programinhas maliciosos). Aí é só seguir a dica do parágrafo anterior para desinstalar o app enxerido e reiniciar o aparelho no modo normal.

Voltando às permissões, cerca de 80% dos apps têm acesso a contas, contatos, mensagens, chamadas e arquivos armazenados porque o usuário permitiu isso lá atrás, quando instalou os programinhas sem ler os respectivos contratos e/ou autorizou todas as permissões solicitadas. No caso do Windows, ler o EULA (aquele famigerado contrato que a gente aceita quando instala um software qualquer) dos aplicativos é um porre, mas o EULAlyzer é uma mão na roda. 

Em linhas gerais, o EULA regulamenta o que o usuário pode ou não fazer, bem como resguarda os direitos do desenvolvedor (propriedade intelectual). Como esses contratos costumam ser muito extensos, a gente geralmente não lê todas as cláusulas (e eu estou sendo otimista, pois a maioria dos usuários simplesmente clica no botão que aceita o contrato e segue adiante com a instalação). Depois de instalar o EULAlyzer, basta você seguir as instruções do desenvolvedor para visualizar um relatório rápido e conciso do conteúdo potencialmente perigoso. Pena que só rode no Windows.

Continuamos na próxima postagem.

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quinta-feira, 20 de setembro de 2018

HADDAD NEGA QUE DARÁ INDULTO A LULA SE FOR ELEITO




Conforme eu comentei en passant no post anterior, o alter ego do deus pai da Petelândia afirmou pela primeira vez, durante uma entrevista concedida ao G1 na última terça-feira, que não dará indulto a Lula se for eleito presidente.

Questionado pelos jornalistas da bancada, que citaram uma declaração do petralha Fernando Pimentel (governador de Minas Gerais e candidato à reeleição, que disse ter certeza que Haddad assinará o indulto no primeiro dia de mandato), o “laranjão” respondeu que “Lula está trabalhando para provar que é inocente e que não quer favor, quer que os tribunais brasileiros e os fóruns internacionais (?!) reconheçam que ele foi vítima de um erro judiciário”.

Questionado se isso, então, significava que ele não daria o indulto, Haddad afirmou que “isso não está em pauta”, que “Lula tem sido considerado, desde o primeiro julgamento, como condenado, mas que acredita na absolvição”. “E se não for?”, insistiram os jornalistas, lembrando que há apenas duas hipóteses, ser ou não inocentado. Haddad: “Eu, como cidadão, vou me manter na campanha pela liberdade do presidente. Porque, eu li o processo, eu considero...” Milton Jung, jornalista da CBN: “Isso o senhor disse claramente. A pergunta objetiva é o seguinte...” Haddad: “Não. Não. A resposta é não.” Jung: “Não ao quê?” Haddad: “Não ao indulto.”

Perguntado sobre o motivo de Dilma não aparecer na campanha, o capacho vermelho disse que “o Lula era o nosso candidato a presidente.” A jornalista Débora Freitas pergunta então por que o programa eleitoral passa direto da época do Lula para a do Temer. “Porque houve um golpe… Ninguém vai poder me acusar de esconder aliado, porque nunca fiz isso. Nunca escondi apoiador, por mais problemático que seja… Isso é prática de político tradicional. Eu faço tudo às claras. Quando vou a Minas, ando com a Dilma para cima e para baixo. Tenho um milhão de fotos e vídeos com a Dilma.”

Lula, sempre é bom lembrar, além da ação já julgada, sobre o tríplex no Guarujá, que originou sua condenação a 12 anos e 1 mês de prisão, é réu em mais 6 processos, dois dos quais sob a pena do juiz Sérgio Moro, que determinou, na última sexta-feira, a abertura de prazo para as manifestações finais no caso que trata do suposto esquema de corrupção envolvendo contratos entre a Odebrecht e a Petrobras. Tudo somado e subtraído, estima-se que sentença só será proferida em novembro — ou seja, após o segundo turno das eleições, até porque condenar Lula agora, em plena disputa eleitoral, acirraria ainda mais os ânimos e daria ainda mais munição para a petralhada vitimizar seu bandido favorito.

No processo do tríplex, Moro deu a sentença 22 dias após as alegações finais, mas não existe um prazo a ser respeitado, ficando a critério do juiz o julgamento e a publicação do decisum. Além dos processos do tríplex e do terreno comprado pela Odebrecht para instalar um uma nova sede do Instituto, há ainda a ação referente ao folclórico sítio em Atibaia (SP), que se encontra em fase de instrução (devido ao período eleitoral, o depoimento do molusco foi remarcado para 14 de novembro).

Sem a promessa do indulto (a não ser que Ciro Gomes se eleja, o que não é provável), as chances de Lula ser solto se concentram em Dias Toffoli. O PT acredita que o ministro-cumpanhêro conseguirá, sem grande alarde, construir uma “solução intermediária” para, finalmente, reverter a decisão da corte que autoriza a prisão de condenados em segunda instância. Toffoli, que já advogou para o PT e trabalhou no governo Lula, tem dito que pretende tratar do assunto apenas no ano que vem, mas defende que a prisão ocorra depois da confirmação da condenação pelo STJ.

Falando no STJ, ministro João Otávio de Noronha, que assumiu a presidência da Corte no final do mês passado, disse em entrevista ao Estado que vê com ressalvas uma eventual mudança de entendimento do STF sobre a possibilidade de prisão após condenação em segunda instância. “A jurisprudência está pacificada, não pode o Supremo mudar isso todo mês”, afirmou o magistrado. 

Noronha disse ainda que: “o STJ não faz mera revisão das decisões”, que “não basta perder para recorrer, é preciso demonstrar violação da lei federal” e — mais importante — que “no recurso especial não há reexame da prova”. Destaco esse ponto porque o STJ deve julgar daqui a algumas semanas o recurso especial interposto pela defesa de Lula contra a decisão do TRF-4 no caso do tríplex. Em junho passado, a vice-presidente do TRF-4, desembargadora Maria de Fátima Freitas Labarrère, denegou seguimento ao recurso extraordinário de Lula (ao STF), mas liberou a subida do recurso especial (ao STJ). 

No último dia 14, a PGR pediu ao STJ que rejeite o apelo. Em seu parecer, a subprocuradora-geral da República Áurea Pierre contesta a argumentação da defesa e diz que o recurso não deveria sequer ser julgado, já que a decisão que manteve a condenação não contrariou lei federal nem deu interpretação diversa de qualquer outro tribunal sobre o tema, sendo descabida sua revisão.

Vamos esperar para ver que bicho dá.
  
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