Às vésperas de deixar o comando da PGR, Janot dispara
as derradeiras flechas ― como disse que faria enquanto houvesse bambu. Desta
feita, além de Temer e alguns
rançosos caciques peemedebistas, os alvos são Lula e Dilma,
denunciados por formação de quadrilha e prática de crimes contra a Petrobras entre
2002 e 2016.
Janot atirou
também contra os ex-ministros Palocci, Mantega, Edinho
Silva e Paulo Bernardo, a
senadora Gleisi Hoffman ― ré no STF, mas cuja
“capivara” não a impediu (acho que até ajudou) sua promoção à presidência
do PT ― e o folclórico mochileiro petralha João
Vaccari, já condenado na Lava-Jato em outros processos e hóspede do sistema
penal tupiniquim desde meados de 2015. Apenas Gleisi tem
direito a foro privilegiado, mas o PGR recomendou
que as denúncias contra os demais tramitem no STF ― por estarem
ligadas às irregularidades envolvendo a senadora vermelha, ou pelo menos essa é
a justificativa oficial, pois comenta-se que a verdadeira intenção do procurador-geral do PT é facilitar as coisas para os
petralhas.
Quanto a tão esperada segunda denúncia contra Temer, há que se aguardar a decisão do STF, já que a defesa do
presidente pediu a Edson Fachin “a suspensão de qualquer nova
medida de Janot”, e o ministro
preferiu submeter o recurso ao plenário da Corte. A decisão deve sair amanhã ― mesmo dia em que, paralelamente, Lula prestará depoimento ao juiz Moro pela
segunda vez, desta feita na ação que apura a compra de um terreno para a
construção da nova sede do Instituto Lula e de um apartamento
vizinho ao do deus pai da petelândia ― foi nesse processo que Palocci concedeu “uma prévia” da sua
delação premiada (clique aqui
para assistir aos trechos mais importantes do depoimento) que tirou o sono da
petralhada; se realmente fechar o acordo, o ex-ministro deverá detalhar e
comprovar a movimentação financeira de campanhas eleitorais petistas e indicar
quando e onde valores foram entregues ao partido e quem foi o responsável pela
operação.
A situação do Demiurgo
de Garanhuns ― já condenado em primeira instância a 9 anos e 6 meses de
reclusão, réu em mais cinco processos penais, alvo de mais duas denúncias e de
outras tantas investigações ― deve se agravar ainda mais se Guida Mantega, que sucedeu Palocci no ministério da Fazenda e
também negocia um acordo de colaboração, ratificar as declarações de seu
antecessor. Nos bastidores petistas, já se fala em Fernando Haddad substituir
Lula no pleito de 2018, mas não se
sabe se o ex-prefeito de Sampa fechará os olhos para o envolvimento do PT no maior escândalo de corrupção da
história deste país e defenderá o partido.
Quando questionado sobre o assunto, Haddad diz
que “não existe essa história de plano B e que o foco do PT deve
ser lutar pela revisão da sentença que o condenou Lula injustamente
e descaracterizar o depoimento de Palocci”. Nesse entretempo, a
caterva vermelha mantém sua estratégia de embalar a pré-campanha de Lula com
a narrativa de que o bandido é vítima de “perseguição política”, e que, se ele
for afastado da disputa, a eleição não terá legitimidade. Para essa corja, Palocci não
teve a mesma “estatura moral” de Dirceu, Delúbio e Vaccari ― que não “entregaram”
seus comparsas de crime ―, e construiu um discurso que agradasse ao Ministério
Público e o juiz Moro para facilitar as negociações de seu
acordo de delação.
Por ora, a estratégia da facção criminosa travestida de
partido político é manter a mobilização de apoio a Lula nas
ruas e mobilizar a militância na audiência de amanhã. A julgar pelo que se viu
em maio, isso pode não ajudar muito.
Visite minhas comunidades na Rede
.Link: