segunda-feira, 6 de novembro de 2017

LUIZ FUX E O VOO DE GALINHA DO CANDIDATO LULA



QUE BANDIDO NÃO SE ENCHE DE FÉ COM UM MINISTRO COMO GILMAR MENDES?

A pergunta não é minha, mas do jornalista J.R. Guzzo, que a colocou em mais uma coluna magistral, publicada na revista Veja desta semana. Mas não há mal que sempre dure nem bem que nunca termine: o ministro Gilmar, que sucedeu seu colega Dias Toffoli na presidência do TSE em 2016, passará o bastão para o ministro Luiz Fux em fevereiro do ano que vem.  

Em entrevista concedida à FOLHA e publicada no último domingo, Fux disse que a decisão do STF sobre o Congresso ter a palavra final quanto à aplicação de medidas cautelares contra parlamentares ― como no caso do senador tucano Aécio Neves ― já está produzindo “efeitos deletérios”. Segundo ele, a questão ainda voltará a ser debatida na Corte, já que é “sensível” e a votação foi “muito dividida. Disse ainda o ministro que “há uma sombra, uma nuvem de informações” de que o Supremo poderá revisar a decisão de permitir a prisão de um condenado que já foi julgado em segunda instância, o que também alimentaria o descrédito do Judiciário

Ao ser questionado sobre a possibilidade de Lula ser candidato a presidente em 2018, mesmo se condenado em segunda instância, Fux respondeu: Pode um candidato denunciado concorrer, ser eleito, à luz dos valores republicanos, do princípio da moralidade das eleições, previstos na Constituição? Eu não estou concluindo. Mas são perguntas que vão se colocar.

As palavras do ministro vão ao encontro do que eu venho dizendo desde sempre, mas não me custa repetir: se o próprio Supremo afastou Renan Calheiros da linha sucessória presidencial, no final do ano passado, porque o cangaceiro das Alagoas se tornou réu por peculato, como conceber que um hepta-réu ― já condenado em um processo e prestes a ser sentenciado numa segunda ação ―, concorra à presidência da Banânia?

A despeito do que ladra a patuleia desvairada e seus incorrigíveis defensores, não tem o menor cabimento deixar que o destino do Demiurgo de Garanhuns seja selado nas urnas, pois a tarefa de julgar bandidos cabe à Justiça, não aos eleitores.

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