A carta de Lula
para Gleisi Hoffmann é fruto de
desespero. Confira o que ele escreveu (ou alguém escreveu por ele):
Querida Gleisi,
Estou acompanhando na imprensa o debate da minha
candidatura, ou Plano B ou apoiar outro candidato. Sei quanto você está sendo
atacada. Por isso resolvi dar uma declaração sobre o assunto.
Quem quer que eu não seja candidato eu sei, inclusive, as
razões políticas, pois são concorrentes. Outros acham que fui condenado em 2.ª instância, então sou culpado e estou no limbo da Lei da Ficha Suja.
Os meus acusadores sabem que sou inocente. Procuradores,
juiz, TRF-4, eu sou inocente. Os meus advogados sabem que eu sou inocente. A
maioria do povo sabe que eu sou inocente.
Se eu aceitar a ideia de não ser candidato, estarei
assumindo que cometi um crime. Não cometi nenhum crime.
Por isso sou candidato até que a verdade apareça e que a
mídia, juízes e procuradores mostrem o crime que cometi ou parem de mentir.
O povo merece respeito. O povo tem que ter seus direitos
e uma vida digna. Por isso queremos uma sociedade sem privilégios para ninguém,
mas com direitos para todos.
Aliás, uma reclamação recorrente do sevandija vermelho,
segundo matéria publicada na revista Veja
da semana passada, é que “A Gleisi prometeu parar o Brasil, mas não
cumpriu. Ela foi incompetente” (claro que ele não diz em público,
apenas confidencia a interlocutores mais chegados).
O demiurgo de Garanhuns ― que, vale lembrar, não é um preso político, mas sim um
político preso ― tenta se manter no centro do debate eleitoral, embora o PT já tenha se convencido de que ele
não vai sair tão cedo da cadeia. Deu na Folha
de S. Paulo:
A mais recente derrota
de Lula no Supremo marca o início de
um “inverno rigoroso”, nas palavras de um dirigente do PT. O ex-presidente completou 32 dias na prisão com caminhos
jurídicos cada vez mais escassos, mobilização enfraquecida e uma pressão
crescente pela ativação de um plano B para a eleição. Seus principais aliados
mantinham alguma esperança de que ele fosse solto três ou quatro semanas depois
de ser levado para a cadeia. Acreditavam que a prisão cumpriria um papel
simbólico nesse período e ele poderia voltar às ruas fortalecido. Esse tempo
passou e o voto de Gilmar Mendes,
que formou maioria no Supremo contra um pedido de liberdade do petista, na última
quarta-feira (9), fechou a porta. Sua defesa ainda mira o STJ, mas estima que o julgamento de recursos na corte levará meses.
O PT agora enfrenta uma encruzilhada com o discurso de manutenção da
candidatura de Lula à Presidência.
Se o partido sustenta que o processo contra seu líder tem o objetivo de tirá-lo
da eleição, fica cada vez mais frágil a crença de que ele poderá participar da
disputa. O receio de alguns integrantes da cúpula da legenda é que o tempo
esfrie o poder de transferência de votos de Lula para o candidato escolhido para substituí-lo. Eles buscam
preservar esse potencial ao se esforçar para mantê-lo em evidência, interditando
qualquer debate sobre o lançamento de nomes alternativos.
Nessa linha, as
cobranças internas pela abertura de negociações com Ciro
Gomes ficam sufocadas. As pontes entre os dois lados continuam
rompidas, e a direção petista só admite apoiar o ex-ministro no segundo turno
—caso ele chegue lá e o PT esteja
eliminado.
Desde que Lula foi preso, em 7 de abril, a tímida
militância que foi às ruas em sua defesa minguou. Aliados também reclamam que
as emissoras de TV reduziram a cobertura do caso, “congelando” a exposição do
ex-presidente. Foi difícil preservar a temperatura nesse primeiro mês, e ainda
faltam 150 dias para a eleição.
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