Fazer previsões, tudo mundo faz. Acertar é que são elas.
Eu,
particularmente, não levo a sério aqueles videntes
que, entra ano, sai ano, preveem a morte de “um artista famoso”, mas sem dar
nomes aos bois. E o mesmo vale para horoscopistas que recomendam aos nascidos
sob o signo tal “cuidar melhor da saúde”, “evitar investimentos arriscados” ou
“aguardar novidades no campo sentimental”.
Mesmo com todo o avanço tecnológico ocorrido no século XX, a maioria das previsões “sérias” ― como as publicadas no Livro da Juventude de 1968 ― deram com os burros n’água. Bill
Gates, gênio da tecnologia e um dos homens mais ricos do mundo, errou
redondamente ao afirmar, nos anos 80, que 640 kilobytes seriam memória mais que suficiente para um PC
(hoje em dia, qualquer modelo de entrada de linha traz pelo menos 2 gigabytes de RAM).
Visão, mesmo, tinha Leonardo da Vinci, que no século XV idealizou o helicóptero (engenhoca
que se tornaria realidade 500 anos depois). Ou Júlio Verne, que no
livro “Da Terra à Lua”, escrito em 1865,
antecipou a missão Apollo 11 ―
errando por míseras 20 milhas o local do lançamento ―, e em 20.000
Léguas Submarinas, escrito 4 anos depois, idealizou o Nautilus,
antecipando com espantosa exatidão os submarinos nucleares que começariam a ser construídos dali a 100 anos.
Se você está se perguntando a que vem isso, a explicação é a
seguinte: no dia 27 do mês passado, o jornalista José Carlos Marques (diretor editorial da Ed. Três) publicou em IstoÉ a previsão (furada, ao que tudo
indica) de que Lula seria solto dali a
10 dias (para conferir, clique aqui).
Eu também receava que o trio
assombro togado aprontasse mais uma das suas, mas o horizonte se desanuviou
quando o ministro Dias Toffoli
seguiu o voto do relator (Edson Fachin),
e mais ainda depois que Gilmar Mendes
negou o pedido da defesa (“em homenagem à colegialidade”) e Lewandowski seguiu a manada.
Até agora (são 17h30 de quinta-feira), o ministro Celso
de Mello não se pronunciou, e o prazo pare ele proferir seu voto expira às 23h59. Mesmo não querendo fazer previsões, acho que o decano não
deverá mijar fora do penico, mas cabeça de juiz e barriga de criança...
Ainda que a maioria tenha sido
estabelecida com voto de Gilmar Mendes,
seria bom que o recurso fosse negado por unanimidade, ou que Mello não inventasse de pedir vista ou
destaque, pois aí o julgamento deixaria o âmbito virtual e a questão teria de
ser discutida presencialmente. Haja coração!
Atualização: Celso
de Mello, que juntou seu voto ao
dos colegas na noite de ontem, também seguiu o relator (em respeito ao
princípio da colegialidade) e negou o recurso da defesa de Lula. Com isso, a decisão da 2.ª turma foi unânime. Nesse entretempo,
o ministro Edson Fachin negou seguimento a um novo
recurso contra a prisão do sevandija de Garanhuns ― na verdade um recurso “requentado”,
pois se insurge contra o primeiro habeas corpus preventivo de Lula, que foi negado em março, por
unanimidade, pela 5.ª Turma do STJ (embora
tenha enviado pelo ministro Humberto
Martins, do STJ, no último dia
19, somente ontem que o recurso foi protocolado no STF). Outro HC com teor similar foi negado pelo Supremo (por 6 votos a 5) no início do mês passado. Resta saber até quando os advogados
do petralha continuarão abusando da nossa paciência.
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