Com João Santana e Mônica Moura
indisponíveis temporariamente, o presidente Temer encomendou a Edinho Mouco um slogan alusivo ao segundo aniversário do seu governo.
Ao buscar inspiração no bordão de Juscelino Kubitschek ― “50 ANOS E EM 5” ―, o marqueteiro chapa-branca saiu-se com o “O BRASIL VOLTOU, 20 ANOS EM 2”, sem atentar para o fato de que a quase insignificância da vírgula, perdida no meio da sentença, produziria o efeito contrário ao pretendido, ou seja, não passaria a ideia de avanço, mas de retrocesso.
O "samba do marqueteiro doido" foi mais um prego no caixão de um governo moribundo, comandado por um Zumbi que ainda fala (ou falava) em disputar a reeleição.
Ao buscar inspiração no bordão de Juscelino Kubitschek ― “50 ANOS E EM 5” ―, o marqueteiro chapa-branca saiu-se com o “O BRASIL VOLTOU, 20 ANOS EM 2”, sem atentar para o fato de que a quase insignificância da vírgula, perdida no meio da sentença, produziria o efeito contrário ao pretendido, ou seja, não passaria a ideia de avanço, mas de retrocesso.
O "samba do marqueteiro doido" foi mais um prego no caixão de um governo moribundo, comandado por um Zumbi que ainda fala (ou falava) em disputar a reeleição.
Não se nega que o país melhorou com a deposição da anta vermelha ― que no final de 2015 era uma presidente encurralada, sem autoridade, sem nexo e sem respeito. Nem tampouco que a PEC do teto dos gastos e a reforma Trabalhista foram conquistas importantes. Mas faltou a Previdência, cuja reforma foi adiada sucessivamente porque o governo não tinha (e não tem) cacife político para aprová-la, sobretudo em ano eleitoral. Sem alternativa, Temer mudou de estratégia e decretou a intervenção militar no Rio de Janeiro ― onde os moradores já não são chamados de habitantes, mas de sobreviventes ―, e a PEC da Previdência foi mandada para as calendas, para o espaço, para a ponte que partiu.
Observação: Em 2015, tínhamos também um presidente da Câmara descrito como homem de poderes sobrenaturais (que não o livraram da cassação e da cadeia), um vice-presidente decorativo e um ex-presidente que posava de gênio da política, sempre prestes a “virar o jogo” mediante conchavos milagrosos (e que hoje responde a 7 ações criminais e está cumprindo pena em Curitiba).
Depois que o vice decorativo passou a titular, a economia deu sinais de recuperação: a inflação e a taxa básica de juros recuaram, os índices de desemprego pararam de crescer e reformas importantes para o país começaram a avançar. Mas o tal ministério de notáveis se revelou uma quadrilha de corruptos, e o presidente reformista dos
primeiros meses foi abatido em seu voo de galinha por Joesley Batista. O resto é história recente.
Os “sucessos” alcançados nestes dois anos
de governo não são tão expressivos quanto a propaganda oficial quer fazer crer.
Dentre os alegados ganhos (clique aqui para conferir a lista completa), destacam-se a
retoma do crescimento do PIB, a
redução da inflação, a liberação das contas inativas do FGTS, a antecipação do
saque do PIS-PASEP, a reversão da escalada do desemprego, a Bolsa Família
com fila de espera zerada, e por aí vai. Mas os fatos são
teimosos e insistem em desautorizar versões mais tendenciosas. Senão, vejamos:
― Após terminar 2017
com alta de 1%, o PIB voltou a
apresentar retração, puxado pelo mau desempenho da indústria e do setor de
serviços;
― Depois de recuar no final de 2017, a taxa de
desocupação cresceu 1,3% no primeiro trimestre deste ano, elevando o número de desempregados a 13,7 milhões;
― A despeito dos juros
mais baixos e da melhora na oferta de crédito, a construção civil continua
patinando (a capacidade ociosa no ramo beira os 40%);
― A indústria também
apresenta retração: o fechamento do primeiro trimestre acuou queda de 0,1%,
contrariando as expectativas, que eram de 0,5% de alta;
― O setor de serviços,
que representa 70% do PIB, caiu 1,5%
no primeiro trimestre de 2018 (em comparação com o mesmo período do ano
passado);
― Até o ramo de
transportes, que costumava ter bom desempenho em períodos de crise, recuou 0,8%
no trimestre ― o pior resultado da série histórica.
― Os endividados no
Brasil somam, hoje, um recorde de 61,2 milhões, segundo a SERASA ― a principal razão é a inadimplência no cartão de crédito.
Como desgraça pouca é bobagem, Temer deve ser alvo de uma terceira denúncia. E desta vez a balela
de revanchismo não cola mais ― se é que algum
dia colou ―, pois Raquel Dodge foi
escolhida pelo próprio presidente para substituir Janot no comando da PGR.
José Yunes, ex-assessor e amigo de Temer há mais de 40 anos, e o coronel PM reformado João Batista Lima Filho,
que está mais para laranja do que
para lima, respondem a ação penal por participar da organização criminosa que
atuava na CEF e em outros órgãos
públicos. Eles foram presos no dia 29 de março por ordem do ministro-relator do
caso, Luís Roberto Barroso (e
libertados na madrugada do dia 1º de abril, depois de prestarem depoimento).
O ex-assessor
presidencial Rodrigo Rocha Loures ― o “homem da mala” ― virou réu no final do ano passado e acabou em cana. Geddel Vieira Lima, unha e carne com o
presidente, também foi parar na cadeia depois que a PF encontrou R$ 51 milhões
em dinheiro vivo no apartamento que ele usava como “bunker” ― semanas atrás, o gorducho virou réu no STF
por lavagem de dinheiro e associação criminosa, juntamente com o irmão, o deputado Lúcio Vieira Lima, e a mamãe metralha,
dona Marluce.
Uma das filhas de Temer afirmou, em depoimento, que não guardou os recibos da obra de R$ 700 mil realizada em sua casa, que não se lembra do nome das empresas contratadas e que, a mando de seu pai, procurou o coronel Lima (sempre ele), para acompanhar a reforma.
Uma das filhas de Temer afirmou, em depoimento, que não guardou os recibos da obra de R$ 700 mil realizada em sua casa, que não se lembra do nome das empresas contratadas e que, a mando de seu pai, procurou o coronel Lima (sempre ele), para acompanhar a reforma.
Observação: O coronel Lima é uma espécie de faz tudo de Temer há 4 décadas, e há quase 2 anos evita prestar depoimento. “Muito
doente”, o militar reformado entrou de cadeira de rodas na carceragem
da PF e se negou a falar, mas saiu de lá andando normalmente ― e debaixo de
chuva.
O depoimento da filhota Maristela pode não ter incriminado o papai Michel, mas não afastou as suspeitas que
pesam sobre ele. É por isso, mas não só, que o emedebista desistiu de se candidatar à reeleição (aliás, com míseros 7% de aprovação popular, concorrer seria uma temeridade).
Falando em eleições, a cinco meses do pleito o cenário continua nebuloso: sobram candidatos, mas falta estímulo para o eleitorado (mais de 40% dos pesquisados se dizem indecisos ou propensos a votar em branco ou anular o voto). A polarização da política resultou na descrença generalizada em relação aos políticos e abriu espaço para “outsiders”, que o eleitor vê como tábua de salvação e se agarra a ela, mas afunda na primeira onda.
Mais detalhes na próxima postagem.
Falando em eleições, a cinco meses do pleito o cenário continua nebuloso: sobram candidatos, mas falta estímulo para o eleitorado (mais de 40% dos pesquisados se dizem indecisos ou propensos a votar em branco ou anular o voto). A polarização da política resultou na descrença generalizada em relação aos políticos e abriu espaço para “outsiders”, que o eleitor vê como tábua de salvação e se agarra a ela, mas afunda na primeira onda.
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