A POLÍTICA É
COMO O ESGOTO. FEDE. MAS A GENTE SÓ SENTE O MAU CHEIRO QUANDO TIRA A TAMPA.
Depois de 21 anos de ditadura militar, Tancredo Neves foi eleito indiretamente primeiro presidente civil da Nova República, mas, por uma trapaça do destino, o político mineiro baixou ao hospital horas antes de tomar posse (e foi sepultado 41 dias e 7 cirurgias depois), de modo que quem despresidiu o Brasil de 15 de março de 1985 até 15 de março de 1990 foi o oligarca maranhense José Sarney, cujo nome dispensa maiores apresentações.
Sucedeu ao macróbio literato o pseudo caçador de marajás — que
entrou para a história como o primeiro presidente eleito pelo voto popular da "Nova República" e o primeiro a ser defenestrado por um processo de impeachment. Uma das poucas coisas o "Rei Sol" fez de bom durante sua funesta gestão foi pôr fim à reserva de mercado instituída pelos militares e liberar as importações. Com isso. nossas “carroças” se beneficiaram de recursos
tecnológicos que já eram largamente utilizados em países desenvolvidos, entre os quais a injeção
eletrônica de combustível, que substituiu o jurássico carburador e, mais
adiante, tornou possível o advento dos motores “Flex”, capazes de funcionar tanto com gasolina quanto com álcool ou a mistura desses combustíveis (em
qualquer proporção).
Foi também graças à tecnologia embarcada que a transmissão automatizada surgiu como
alternativa ao câmbio automático (desenvolvido
nos anos 1930, mas visto com desconfiança pelos motoristas tupiniquins até não muito tempo atrás, sobretudo pelo custo elevado de manutenção, escassez de mão
de obra especializada e expressivo aumento no consumo de combustível).
Para
quem não sabe, a principal diferença entre essas duas tecnologias é que, no câmbio automático, um conversor de torque faz o papel
da embreagem, e um sofisticado mecanismo de apoio produz as relações de transmissão que são repassadas às rodas motrizes. Já o câmbio automatizado — que
se popularizou aqui por estas bandas a partir de 2007 — utiliza os mesmos componentes da versão manual, mas desobriga o motorista de acionar a embreagem e mudar as marchas porque um sistema robotizado se encarrega dessa tarefa (para saber mais, sugiro a leitura desta
matéria).
Observação: A transmissão automática é preferível à automatizada que equipa os veículos de preço "intermediário" fabricados
no Brasil. Como dito, ambas dispensam o pedal da embreagem e dão
descanso à perna esquerda do motorista —o que é uma benção quando se enfrenta o
anda-e-para do trânsito caótico das nossas cidades.
Se você ainda reluta em comprar um carro automático ou
automatizado, está mais que na hora de rever seus conceitos. A adaptação é
rápida, e quem gosta de conforto dificilmente volta (voluntariamente) ao câmbio manual. Basicamente, tudo que o motorista precisa fazer é ligar o
motor, posicionar a alavanca em “D”
(drive) e acelerar, pois o sistema se encarrega de selecionar as marchas mais
adequadas a cada situação.
Em tese, a vida útil do câmbio automático é superior à do manual, já que o mecanismo sofre menos com os maus hábitos do
motorista. Mas é importante não descuidar da manutenção e evitar mudar
a alavanca para a posição R (Ré) enquanto o veículo não estiver totalmente imobilizado. Outro mau hábito — muito
comum entre os norte-americanos, que tradicionalmente preferem o câmbio
automático ao manual — é colocar a alavanca em P (Park) e não acionar o freio de
estacionamento. Nessa situação, o “peso” do carro fica “apoiado” na trava do
câmbio, que não foi projetada para esse fim. O correto, portanto, é acionar o freio de estacionamento e só então colocar alavanca em P, garantindo a imobilização sem forçar o sistema de transmissão.
Outro erro comum é colocar a
alavanca na posição N (Neutro) ao
parar no semáforo, até porque a transmissão foi projetada para ser mantida em D — assim,
quando o farol abrir, basta soltar o pedal do freio e acelerar. Os modelos mais modernos simulam o neutro (isto é, desconectam o motor do
câmbio) depois de 5 segundos, mesmo que a alavanca fique em D. Assim, mudar de D para N e de novo para D no anda-e-para do trânsito não só descaracteriza os propósitos da
transmissão automática como contribui para o desgaste dos componentes.
Continua...