sábado, 6 de outubro de 2018

FALTANDO 17 HORAS PARA O INÍCIO DO PRIMEIRO TURNO...



Amanhã, por motivos óbvios, não postarei sobre política aqui no Blog, mas resolvi publicar uma segunda postagem neste sábado, véspera do primeiro turno das eleições 2018.

Falando em obviedades, George Orwell — cujo verdadeiro nome era Eric Arthur Blair (clique aqui para saber mais sobre esse prócer da literatura inglesa) — disse que “algumas vezes o primeiro dever dos homens inteligentes é reafirmar o óbvio”. E o óbvio a ser reafirmado é que o perigo autoritário está na eleição do poste lulista, por mais improvável que ela pareça neste momento.

A operação para abafar o autoritarismo de Lula, PT et caterva, afirma Mario Sabino em mais um brilhante artigo publicado na revista digital Crusoé, sustenta-se na gritar sobre um elogio de Jair Bolsonaro ao regime militar de 1964 (ou “movimento”, como prefere o petista Dias Toffoli) e suas declarações idiotas ou abjetas a respeito de minorias.

Discutir 1964, hoje, faz tanto sentido quando discutir 1910 em 1964 ou 2018 em 2072. Quanto às minorias, vale lembrar que Lula foi acusado de ser racista pela mãe de sua filha, em 1989, exibe comportamentos sexistas e, até que o politicamente correto se impusesse, fazia piadas sobre “veados” em público. Presidentes com compostura e desprovidos de preconceitos são recomendáveis, mas a falta de tais atributos não implica que tenham poder para perseguir minorias no Brasil, porque isso atentaria contra a Constituição e o ordenamento jurídico e causaria a repulsa imediata da sociedade.

É a mais rematada estupidez acreditar que Bolsonaro vá criar milícias para bater em gays e humilhar negros, ou que venha a legalizar a tortura de presos ou diminuir ainda mais os salários das mulheres. A obviedade é que, sob a batuta dos governos corruptos e incompetentes do PT, a criminalidade explodiu — e se continuou a bater em gays, humilhar negros, torturar presos e a pagar salários menores a mulheres.

Outra obviedade é que, em matéria de política pública, a prioridade para maioria e minorias é diminuir drasticamente o número de homicídios, assaltos e furtos no país — e não vitimizar os criminosos e criminalizar as vítimas. Alguém precisa calcular o valor do que é roubado de pobres a cada dia — estimo que seja, ao longo de um ano, o equivalente a um terço do PIB do Paraguai. Essa, sim, é uma abordagem social do problema. A proteção da vida e do patrimônio de todos os cidadãos está na base dos direitos adquiridos e daqueles a serem conquistados em quaisquer campos.

Ditas essas obviedades, passemos ao autoritarismo do plano de governo do PT. O texto está disponível na internet, mas pouca gente o leu, e nunca a falta do hábito de leitura dos brasileiros foi tão perigosa. Portanto, leia. O condenado José Dirceu causou espanto ao afirmar que se deveria tirar o poder de investigação do Ministério Público e todos os poderes do Supremo Tribunal Federal, mas consta do plano de governo “impedir abusos” do Judiciário.

Os petistas também explicitam a intenção de amordaçar a imprensa por meio do que chamam de “novo marco regulatório” nas comunicações. Na economia, o projeto é destruir qualquer possibilidade de diminuir o tamanho do Estado sustentado pelos pagadores de impostos. Pelo contrário, desejam aumentá-lo com “desprivatizações” e, assim, gastar mais o nosso dinheiro. Até o tabelamento de juros está previsto, de forma oblíqua, dentro da proposta geral de repetir tudo aquilo que já mostrou dar muito errado.

O general Mourão, vice de Bolsonaro, sugeriu uma nova Constituição sem Assembleia Constituinte, feita por “notáveis” e aprovada por plebiscito. Foi massacrado com razão. Lula e seu bando de seguidores querem, no papel, fragilizar as instituições com plebiscitos, assembleísmos e a criação de mais conselhos ideológicos. O plano de governo do PT fala “em reforma política com participação popular” e a “elaboração de um amplo roteiro de debates sobre os grandes temas nacionais e sobre o formato da Constituinte”. Ou seja, o PT quer uma nova Constituição. Eu também, mas não a deles, que pretende promover a apropriação indébita e completa das estruturas institucionais. O autoritarismo petista só não foi adiante entre 2003 e 2016 porque houve resistência de parte da imprensa e dos cidadãos — e, não menos importante, a roubalheira da tigrada revolucionária foi descoberta a tempo de impedir a concretização do projeto de o partido perpetuar-se no poder, fraudando eleições com dinheiro sujo. Mas, se o poste Haddad for eleito, Lula se sentirá legitimado a tentar colocá-lo em prática de novo. Solto, na condição de ministro ou eminência parda, o seu primeiro objetivo será vingar-se de todos os que investigaram, denunciaram e condenaram os crimes que cometeu — e tratar de anular a possibilidade de que a Justiça volte a funcionar contra ele e a sua turma.

No plano de governo, o PT não tem vergonha de mentir que o impeachment de Dilma, autora de uma gigantesca fraude fiscal para maquiar contas públicas, foi “o golpe de 2016”, seguido da “perseguição judicial” a Lula, daí a necessidade de “refundação democrática”. Mostra de que a organização assumiu abertamente a vigarice de que a democracia é um valor estratégico, como sempre pensou a esquerda da esquerda petista, e não um valor universal. José Dirceu foi didático nesse sentido, ao afirmar que, reinstalados no Planalto, eles tomarão o poder. Esqueçam, portanto, o “Lulinha Paz e Amor”. Se os eleitores colocarem seu fantoche no Planalto, os petistas virão com força contra quem se opuser, já que a única forma de sobreviverem é matando a democracia. Para isso, terão a cumplicidade de oportunistas que a eles se aliaram na gatunagem dos mandatos passados. A vanguarda e a retaguarda do atraso se unirão, com consequências imprevisíveis.

Karl Marx, o sapo barbudo alemão que continua a ser usado para doutrinação nas escolas e universidades nacionais, escreveu que “a história se repete primeiro como tragédia e, depois, como farsa”. A tentativa de Lula fugir para a presidência da República por interposta pessoa inverte a frase. Ele é uma farsa que poderá se repetir como tragédia. Ulule-se, pois, a obviedade.

Votem com sabedoria. Se isso for pedir demais, façam-no, ao menos, de forma consciente. Tenham em mente que situações desesperadoras pedem medidas extremas, e que é preciso primeiro apagar o incêndio para depois cuidar do rescaldo.

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