PEDRA QUE ROLA NÃO CRIA LIMO.
O Windows “nasceu” em novembro de 1985 como uma interface gráfica. As versões anteriores à 3.0 (1990) foram “cabeças de bacalhau” (a gente sabe que existiram, mas quase ninguém viu). O sucesso veio com o Win3.1 (1992) e o “pulo do gato”, com o Win95 — já então um sistema operacional (quase) autônomo. Mas o “divisor de águas” foi o Win10, lançado em 2015 e comercializado como serviço.
Até 2015, a Microsoft lançava novas encarnações do sistema a cada três anos (em média), e elas eram prontamente adotadas pelos usuários (não necessariamente via cópias licenciadas). Mas nem tudo foram flores: o Win98/SE foi um sucesso retumbante que o XP (2001) não só repetiu como se tornou a versão mais longeva do sistema (13 anos). O Win7 (2009), igualmente bem sucedido, continua sendo usado por muita gente, mesmo depois de seu ciclo de vida ter sido encerrado (em 2020). Já o WinME — lançado em 2000 para aproveitar o apelo comercial da virada do milênio —, o Vista (2006) e o Win8 (2012) foram fiascos monumentais.
O Win10 — que, segundo a Microsoft, seria a "versão definitiva" — foi oferecido gratuitamente para usuários do Win7 SP1 e do Win8.1 que dispusessem de “computadores compatíveis”. Sua primeira atualização (Anniversary Update) foi lançada em agosto de 2016 e a partir daí os upgrades de versão, também gratuitos, passaram a ser semestrais. A ambiciosa meta de um bilhão de instalações em três anos foi atingida com um atraso de 18 meses, mas festejada mesmo assim, com um pacote de wallpapers comemorativo.
Numa live exibida em meados do ano passado, a Microsoft confirmou o boato de que o Win11 chegaria em outubro e a migração seria gratuita para usuários do Win10 que dispusessem de computadores compatíveis. Mas seus “requisitos mínimos” (notadamente o processador de 8ª geração e o software de criptografia TPM 2.0) excluíram boa parte das máquinas com mais de 5 anos de uso. A despeito da grita geral, a Microsoft não voltou atrás (embora tenha feito algumas concessões), mas assegurou que o Win10 continuará recebendo suporte até outubro de 2025.
A pergunta de um milhão é: vale a pena fazer a migração? A resposta é: depende. Se a configuração de hardware não satisfaz as exigências do Win11, eu recomendo continuar com o Win10. E mesmo quem dispõe de um PC compatível pode ser pego no contrapé por bugs e assemelhados — como foi o caso de "intrépidos pioneiros" que acabaram recorrendo ao rollback (recurso que desfaz a atualização quando é executado até 10 dias após o upgrade) ou reinstalando o Win10 do zero.
Observação: Bugs existem desde a pré-história da computação e marcaram presença em todas as atualizações de versão do Win10. Até 2015, eu recomendava migrar para uma nova encarnação do sistema quando a Microsoft liberava o primeiro Service Pack, mas esses pacotes de atualizações e correções foram descontinuados depois que o software passou a ser comercializado como serviço. Felizmente, é possível adiar a instalação de atualizações por até 5 semanas (tempo supostamente suficiente para que bugs descobertos a posteriori sejam corrigidos).
A melhor maneira de adotar o Win11 é comprando um PC novo, que vem com o sistema pré-instalado de fábrica (ou com o Win10, mas com uma configuração de hardware que não inviabilize a evolução). Migrar a partir da versão anterior dá um trabalho danado, e nada garante que o resultado seja o esperado. É por isso que o Windows Update só descarrega os arquivos de atualização em máquinas compatíveis.
CPU de dois núcleos operando a 1GHz, 4GB de RAM, 64GB de espaço livre no disco, DirectX 12 ou posterior, driver WDDM 2.0, tela de alta definição de 9” ou superior e 8 bits por canal de cor, acesso à Internet e conta da Microsoft são exigências que a maioria das máquinas atende. Mas o mesmo não se aplica ao processador de 8ª geração ou superior, TPM 2.0 e UEFI. Na dúvida, execute o utilitário “verificação de integridade do PC”.
Ainda que esses obstáculos não sejam "intransponíveis", contorná-los é gambiarra. Em teoria, pode-se adequar o hardware de qualquer PC às exigências do Win11, mas modificações tecnicamente possíveis podem não ser viáveis à luz do custo-benefício (quando é preciso trocar a placa-mãe, por exemplo, o molho costuma custar mais caro que o peixe).
Volto a frisar que o Win10 continuará recebendo atualizações e correções até outubro de 2025, quando então a obsolescência programada terá levado a maioria dos usuários de máquinas "incompatíveis" a trocá-las por aparelhos novos. Sem mencionar que as novidades trazidas pelo o Win11 não são a quintessência das maravilhas, como eu descobri depois que um “acidente de percurso” me levou a atualizar meu notebook. Então, por que a pressa?
Continua...