sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

AS TEORIAS DA CONSPIRAÇÃO E OS HOMENS DE PRETO

POLÍTICOS FABRICAM O MAL ASSIM COMO PRODUZEM, MUCO, FEZES E OUTRAS SECREÇÕES.

Batizados de "fake news" em 2017, os boatos digitais se multiplicaram com a popularização das redes sociais e propiciaram o surgimento das famosas "lendas urbanas também chamadas de "teorias da conspiração" —, que são versões alternativas (verdadeiras ou não) de fatos mal explicados e tendem a surgir mais frequentemente em períodos de ansiedade generalizada, incerteza ou sofrimento. 

Conspirações envolvendo complôs que visam negar a existência dos OVNIs, dos Illuminati e dos reptilianos, por exemplo, são tão comuns quanto a crença de que a alunissagem da Apollo 11 foi uma farsa e os discos de grandes estrelas da música, quando tocados ao contrário, contêm mensagens subliminares diabólicas. 

A política tupiniquim se tornou um terreno fértil para teorias conspiratórias. Entre as mais conhecidas estão o suposto assassinato de Getúlio Vargas (1954), as mortes de PC Farias (1996), Toninho do PT (2001), Celso Daniel (2002) e Marielle Franco (2018), os acidentes mal explicados em que morreram Juscelino Kubitschek (1976), Ulysses Guimarães (1992), Eduardo Campos (2014), Teori Zavascki (2017) e as "queimas de arquivo" que exterminaram Gustavo Bebianno (2020) e Adriano da Nóbrega (2020).
 
Fontes que não existem, imagens distorcidas, vídeos editados, nomes falsos, enfim, nada disso interessa aos teóricos da conspiração. A capacidade de sobrevivência de suas teorias é auxiliada pela desconfiança em fontes oficiais — como os governos e a imprensa tradicional —, e as diferenças de pontos de vista, de um ou de outro lado, passam a ser consideradas com profunda suspeita. Na contemporaneidade, somam-se a isso a disseminação de notícias falsas e uma tendência a tirar conclusões precipitadas sem checar informações.
 
Encarar um evento acidental como planejado leva as pessoas a manter um senso de controle sobre uma realidade confusa e imprevisível. Se houver alguém para culpar, será possível restaurar algum tipo de equilíbrio ao universo, punir os culpados pela má-conduta
 e impedi-los de nos prejudicar novamente. Essa ilusão de controle aumenta o otimismo no futuro e ajuda a enfrentar novas situações sem perder o equilíbrio emocional.
 
Quanto aos Homens de Preto... Bem, a lenda urbana que inspirou os filmes começou em 1957, quando o escritor Gray Barker publicou o livro They Knew Too Much About Flying Saucers, sobre o suposto caso real de um civil perturbado por homens vestidos de preto após avistar um disco voador. Considerando que este preâmbulo ficou mais longo do que eu pretendia, a continuação vai ficar para o próximo capítulo.