Consta que Moisés escreveu o Gênesis (primeiro livro do Velho Testamento) no final do século VIII a.C., enquanto guiava o povo hebreu na busca pela terra que Jeová prometera a Abraão e seus descendentes. Embora dominasse os segredos das águas (pois não só abriu o Mar Vermelho como tirou água de uma pedra com seu cajado), o autor do Pentateuco só chegou (se é que chegou) a Canaã após caminhar durante 40 anos pelo deserto do Sinai. Sem falar que o conceito de "terra prometida" só fez sentido quase 3 mil anos depois, com a criação do Estado de Israel. Mas isso é outra conversa.
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Einstein teria dito que duas coisas são infinitas: o Universo e a estupidez humana. Se ainda caminhasse entre os viventes, ele certamente incluiria na lista a insanidade do governo Lula no afã de obter mais dinheiro e continuar a farra irresponsável de ações supostamente sociais. Diante do insucesso do aumento do IOF, Haddad partiu para a elevação de impostos e a tributação de investimentos como as Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio.
Para o governo, o que importa é a satisfação de seus próprios interesses, ainda que isso implique sacrificar o crescimento do Brasil. E como Lula e o PT vêm levando uma surra — merecida — nas redes sociais, já que o governo é ruim, tem um ministro da Fazenda apelidado de "Taxxad", é irresponsável por não cumprir as metas fiscais e ainda rouba dos aposentados e pensionistas do INSS, a palavra de ordem passou a ser: regular as redes sociais. A exemplo do general Costa e Silva (27.º presidente do Brasil e segundo da ditadura militar), que dizia preferir “elogios construtivos” a críticas construtivas, Lula não gosta de críticas — e tampouco da imprensa, mas aí o sentimento parece ser mútuo.
Bolsonaro, por sua vez, prestou depoimento ao STF vestido em pele de cordeiro, e se esforçou para não piorar sua situação jurídica com confrontos como os que alimentaram sua persona política. Resta saber se seus apoiadores o verão como um homem prudente, premido pelas circunstâncias, ou como um valente de fancaria — que já havia se recolhido ao silêncio, corrido para fora do país depois da derrota e que agora chama de "malucos e pobres coitados" os que o defendiam na porta dos quartéis. A triste figura modulada na arte do possível com a qual o "mito" se apresentou no tribunal não se coaduna com o arquétipo do rebelde incivilizado cultivado por ele durante anos e que tantos adeptos conquistou.
Já seu primogênito — celebrizado pelas rachadinhas, pelas mansões milionárias e pelos panetones com toque de Midas — exibe sinais de esgotamento da estratégia de manutenção fictícia da candidatura do pai, como ficou claro em entrevista em que prega que o eventual representante da extrema-direita que se eleger em 2026 conceda um indulto que ele considera difícil de passar pelo crivo das togas sem o "uso da força". Na visão do filho, a solução para evitar tumultos e risco de rupturas seria a concessão de anistia ampla como "saída honrosa" para o pai, para "Xandão" — por presumido abuso de autoridade — e para o Congresso — "por ter deixado de defender institucionalmente parlamentares". Ao reconhecer que ninguém vai encarnar o candidato disposto a fazer isso, zero um vende terrenos na Lua mediante métodos hostis à realidade madrasta.
Mas não é só: ao longo das investigações sobre a espionagem ilegal realizada por servidores da Abin, a PF identificou uma conversa na qual o deputado Alexandre Ramagem, ex-diretor do órgão, e Jair Bolsonaro discutiram supostas irregularidades cometidas por auditores da Receita Federal na elaboração de um relatório de inteligência fiscal que originou um inquérito que teve o primogênito do "mito" entre os alvos. Durante a gravação, Ramagem afirmou que "seria preciso instaurar um procedimento administrativo para anular a investigação e retirar alguns auditores de seus cargos".
O relatório da PF aponta ainda que integrantes da chamada "Abin paralela" tentaram levantar "podres e relações políticas" dos auditores da Receita. Ramagem e Bolsonaro foram indiciados na última terça-feira. Em ocasiões anteriores, eles negaram a existência de estrutura paralelas na agência e a participação em espionagens ilegais.
Segundo o Gênesis, o mundo e tudo o que nele existe foi criado em seis dias. Com base na cronologia mencionada nos "textos sagrados", os criacionistas sustentam que a criação teve início em 3761 a.C. O arcebispo irlandês James Ussher foi ainda mais preciso: em The Annals of the World (1658) ele registrou que a obra divina começou pontualmente às 9 horas de 23 de outubro de 4004 a.C., que todas as espécies surgiram ao longo de seis dias subsequentes e jamais sofreram qualquer alteração.
De acordo com o modelo cosmológico atual, o Big Bang deu início ao Universo há 13,78 bilhões de anos, e nosso sistema solar foi criado há 5 bilhões de anos. A Terra surgiu há 4,5 bilhões de anos, e o Homo sapiens evoluiu do Homo erectus há cerca de 300 mil anos. Mas isso tudo diz respeito ao passado. A pergunta que se coloca é: se um dia colonizarmos outros mundos — como Marte, que fica logo ali, a 225 milhões de quilômetros —, continuaremos sendo Homo sapiens ou estaremos plantando a semente do Homo martianus?
O corpo humano foi moldado pelas condições terrestres — gravidade estável, atmosfera rica em oxigênio, água líquida e proteção contra radiações — e cada detalhe de sua biologia funciona em sintonia com esse ambiente. Se a ideia de colonizar Marte se tornar realidade, os seres humanos que habitarão o planeta precisarão de bem mais que uma base com comida, ar e abrigo.
A questão mais complexa é como o corpo humano reagiria — e evoluiria — num ambiente com 1/3 da gravidade terrestre, atmosfera rarefeita (composta quase inteiramente por dióxido de carbono) e superfície constantemente bombardeada por radiação cósmica e solar. Mesmo com trajes espaciais e abrigos subterrâneos, seria uma luta diária para sobreviver. Ainda assim, alguns cientistas acreditam que os humanos poderiam se adaptar.
Em entrevista ao site IFLScience, o professor de biociência Scott Solomon explicou que viver no planeta vermelho por várias gerações resultaria em mudanças no corpo, nos genes e na aparência dos colonos — mudanças essas que, com o tempo, poderiam ser tão significativas que os marcianos humanos deixariam de ser Homo sapiens e se tornariam "Homo martianus".
Na Terra, estamos protegidos da radiação solar e cósmica por uma atmosfera espessa e um campo magnético que não existem em Marte, e a exposição contínua a altos níveis de radiação pode causar mutações no DNA. Vale destacar que essas mudanças podem não ser necessariamente prejudiciais, já que mutações são a base do processo de seleção natural que permite às espécies se adaptarem ao ambiente ao longo do tempo. Em Marte, a taxa de mutação genética mais alta aumentaria a diversidade dentro da população de colonos, acelerando o processo evolutivo. Além disso, doenças como o câncer podem se tornar mais comuns por causa da radiação, mas também podem pressionar o corpo a desenvolver defesas mais eficientes ao longo das gerações.
Outra possível mudança evolutiva tem a ver com a cor da pele. Um tipo específico de melanina oferece proteção maior contra os danos causados pela radiação ultravioleta, mas também deixa a pele mais escura. Com o tempo, a seleção natural favoreceria pessoas com mais eumelanina — ou com pigmentos novos, com cores e funções diferentes das que conhecemos na Terra. Assim, é possível que os "homenzinhos verdes" da ficção científica surjam por meio da evolução real. No entanto, a evolução é um processo lento, e gerar uma nova espécie num ambiente tão diferente quanto o do planeta vermelho pode levar milhares de anos.
Vale destacar que a vida fora da Terra impõe desafios sociais e éticos. Os humanos que nascerem e crescerem em Marte suportariam a gravidade terrestre ou seriam tão diferentes que não se adaptariam mais ao planetinha azul? Além disso, diferenças físicas, genéticas e até mesmo culturais poderiam dividir a humanidade em dois grupos, ensejando discussões sobre inclusão, direitos e até sobre o que significa ser humano.
Com a ciência e a tecnologia avançando rapidamente, a ideia de pessoas vivendo em Marte deixou de ser mera ficção científica. Se ela se confirmar, talvez o futuro nos apresente uma nova espécie nascida entre as estrelas. Enfim, quem viver verá.