sexta-feira, 11 de abril de 2025

DE VOLTA ÀS VIAGENS NO TEMPO — 16ª PARTE

ÀS VEZES, O MÍNIMO É O BASTANTE.

 

Podemos comparar o passado a um lugar distante que gostaríamos de visitar. No entanto, enquanto uma viagem à Disneylândia ou ao Coliseu depende basicamente de quanto podemos gastar, viajar para tempos idos é bem mais complicado — mesmo sendo uma possibilidade matematicamente plausível à luz da Relatividade Geral.

Einstein teorizou que a experiência do fluxo do tempo é relativa (dependendo do observador e da situação), contrariando a ideia do relógio mestre de Newton, que mantinha o tempo sincronizado em todo o universo. Já o astrofísico Paul Sutter definiu o tempo como a progressão aparente dos eventos do passado para o futuro, numa evolução que parece contínua e irreversível. Por outro lado, embora esteja provado que o tempo passa mais lentamente conforme o observador se move mais depressa — como ilustra o paradoxo dos gêmeos e comprovam diversos experimentos feitos com relógios atômicos em satélites artificiais e sondas espaciais —, faltam explicações concretas e consensuais sobre a possibilidade de voltar no tempo. 

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Pesquisa Datafolha confirmou a tendência observado pela Quaest: 53% dos entrevistados são a favor da prisão de Bolsonaro e 56% são contra a anistia aos golpistas. Apesar disso, 52% acham que o "mito" não será preso, contra 41% que ainda têm fé na Justiça. A pesquisa ouviu 3.054 pessoas em 172 municípios entre os dias 1º e 3 de abril.

A despeito da rejeição popular, Bolsonaro reuniu 44,5 mil pessoas no último domingo, na avenida Paulista, num movimento pró-anistia orquestrado pelo pastor Silas Malafaia. Na Câmara, bolsonaristas pressionam o presidente da Casa para pautar a PL da anistia e, assim, livrar Bolsonaro da prisão. No entanto, Hugo Motta tem sinalizado que não pretende atender à demanda da extrema direita. 

Dias antes, o senador Sergio Moro marcou presença no evento de lançamento da candidatura de Ronaldo Caiado à Presidência. Questionado sobre a situação jurídica de Bolsonaro, o ex-juiz da Lava-Jato e ex-ministro da Justiça do crápula golpista preferiu não comentar. Mas ao dizer que espera a união da direita centro direita em torno do nome do governador de Goiás, Moro sinaliza que descarta qualquer apoio a Bolsonaro. Pelo menos isso. 


A maioria das leis e equações usadas pelos físicos é simétrica no tempo e pode ser revertida, mas basta falar em viagens no tempo para alguém abrir a torneirinha da entropia e aguar o chope. Ken D. Olum Allen Everett, do Departamento de Física e Astronomia da Tufts University, apontaram falhas na teoria de Ronald Mallet (vide capítulo anterior), mas nem tudo são críticas. 

No livro "Como construir uma máquina do tempo", o autor de artigos científicos britânico Brian Clegg escreveu que nem todos os físicos concordam que o dispositivo planejado por Mallet possa funcionar, mas que a possibilidade é interessante o suficiente para que se promova uma tentativa experimental. 
 
Mallet continua realizando experimentos, mas deixa claro que os resultados "não são como no cinema; não acontecem depois de duas horas, ao custo do que se pagou pelo ingresso". Perguntado sobre as implicações éticas de voltar ao passado, ele cita o filme de 1994 "Timecop — O Guardião do Tempo", no qual Jean-Claude Van Damme interpreta um policial que trabalha para uma agência que regulamenta viagens no tempo, e se diz fã de Interestelar, que lida com ideias sobre como o tempo impacta pessoas no espaço diferentemente de pessoas na Terra e cujo embasamento científico foi alavancado pelo envolvimento do Nobel de física Kip Thorne.
 
Às vésperas de completar 80 anos, Mallet dificilmente conseguirá voltar até a Nova York dos anos de 1950 e reencontrar o pai, mas a magia do cinema pode lhe oferecer um vislumbre do passado. E se tanto a arte imita a vida quanto a vida imita a arte, talvez um dia as viagens no tempo se tornem tão corriqueiras quanto os voos internacionais, que eram inconcebíveis até 1909, quando Louis Blériot partiu de Les Barraques, na França, e chegou a Dover, na Inglaterra, 37 minutos depois.

No livro A Ordem do Tempo, o físico Carlo Rovelli, pioneiro nas pesquisas sobre gravidade quântica em loop,  sustenta que o tempo como o percebemos pode ser apenas uma ilusão resultante de nossa interação com o Universo em grande escala, e que basta remover certas suposições clássicas (como a ideia de um fluxo universal) para entender a física fundamental sem a necessidade de um tempo absoluto. 

Em outras palavras, o tempo é como um truque de mágica — real para quem assiste, mas sem existência própria nos bastidores do universo quântico. Nesse contexto teórico, o tempo deixa de ser uma variável contínua e absoluta e se torna algo que emerge das relações entre os eventos quânticos. 

Um evento quântico comum pode envolver duas partículas que se movem para frente no tempo, alteram-se mutuamente em algum momento e seguem rumo ao futuro por caminhos diferentes. Se uma delas entrar numa curva fechada do tipo tempo, ela poderá voltar e reassumir a posição que ocupava antes da interação, influenciando a própria transformação e anulando os estados paradoxais que poderiam ter consequências inaceitáveis no futuro. 
 
Continua...

quinta-feira, 10 de abril de 2025

PROTEJA SUA PRIVACIDADE

PREVENIR ACIDENTES É DEVER DE TODOS

 

A Internet é imprescindível em nosso dia a dia, mas, como toda ferramenta, o risco de "acidentes" está na maneira como ela é usada. O DNS (sigla para Domain Name System), por exemplo, permite acessar as web[ages digitando os respectivos URLs em vez dos endereços IP.


Todavia, além de não serem seguros, os parâmetros fornecidos pelos provedores de acesso (ISP) abrem espaço para um bombardeio de anúncios e põem em risco a privacidade dos internautas. Mas a boa notícia é que existem diversos provedores de DNS que bloqueiam anúncios, rastreadores e sites maliciosos e são gratuitos fáceis de usar, tanto em PCs quanto em smartphones Android, entre os quais eu destaco AdGuard DNS.


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Em seus delírios de grandeza, Lula achou que recebeu um terceiro mandato não das urnas, mas do próprio Criador, que o incumbiu de desempenhar o papel de divindade num país cada vez mais profano. Agora, mesmo com a popularidade derretendo como uma bola de neve no inferno, ele ainda lidera as pesquisas, seja num embate improvável com o golpista inelegível, numa disputa com Ronaldo Caiado (que já anunciou que concorrerá ao Planalto em 2026), num embate com Tarcísio de Freitas (candidatíssimo, mas ainda enrustido), ou em cenários rocambolescos com oponentes surreis, como Pablo Marçal, Michelle Bolsonaro, Gusttavo Lima, Felipe Neto ou outra aberração saída do laboratório da pós-política tupiniquim.
Ao nomear correligionários e aliados para cargos de direção, Lula deu azo ao ressurgimento de escândalos como o Mensalão e o Petrolão e anulou conquistas alcançadas durante o governo Temer. Ainda em janeiro de 2023, soube-se que a ministra Daniela Carneiro havia se enrolado numa esquisita relação eleitoral com milícias da Baixada Fluminense, e o ministro Juscelino Filho com o uso do dinheiro de emendas parlamentares para beneficiar fazenda da família no Maranhão. Ela deixou o comando da pasta do Turismo, mas ele continuou no cargo apesar de novos enroscos — como recebimento de diárias, uso de avião da FAB em agenda pessoal, emprego de funcionário fantasma e autorização para "despacho" informal do sogro no gabinete ministerial. O ministro devolveu diárias, mas não dirimiu dúvidas sobre outras acusações.
Lula poderia ter vetado a indicação de Juscelino, teve nova chance quando o ministro cavou uma agenda em São Paulo como pretexto para voar em jato da FAB para um leilão de equinos e perdeu mais uma oportunidade quando a PF indiciou o auxiliar por desviar verbas do antigo orçamento secreto. Embora tenha dito que afastaria o ministro quando e se viesse a denúncia, permitiu que o denunciado saísse a pedido. Um acinte.
A sobrevida de um ministro que nem deveria ter sido nomeado revelou que seu chefe não aprendeu que, com tantos erros novos por cometer, não é preciso repetir erros antigos. Contemporizar com malfeitorias uma vez é negligência, duas é reincidência, três é inconveniência e quatro é indecência. Nos dois primeiros mandatos, o petista suou a camisa para produzir escândalos como o mensalão e o petrolão. Na terceira gestão, incorporou escândalos que já chegaram prontos. Lula disse que todos têm direito à presunção de inocência, mas deveria ter notado que beira de cofre público não é melhor lugar para um ministro provar uma inocência autopresumida. Agora, ele assiste à explosão de um escândalo da era Bolsonaro dentro de seu governo — que há meses o noticiário deixou claro que era um escândalo policial esperando para acontecer.


No Windows, abra o menu Iniciar, digite Configurações de Rede na barra de pesquisa e clique em Alterar as configurações do adaptador. Em seguida, dê um clique direito na conexão de rede que você está utilizando, depois selecione Propriedades > “Protocolo de Internet Versão 4 (TCP/IPv4), clique em Propriedades > Usar os seguintes endereços de servidor DNS, digite os endereços do AdGuard DNS (94.140.14.14 e 94.140.15.15) e clique em OK para salvar as alterações.

 

No Android, acesse as configurações do smartphone, toque em Rede e internet ou em Conexões (o nome pode variar dependendo do fabricante), toque e mantenha pressionada a rede Wi-Fi à qual você está conectado, toque em Modificar rede (ou Gerenciar configurações de rede. procure por Configurações de IP ou algo similar, toque em DHCP, selecione Estático, role a tela até encontrar os campos DNS 1 e DNS 2, digite os endereços do AdGuard DNS e toque em Salvar para confirmar as alterações.

quarta-feira, 9 de abril de 2025

DE VOLTA ÀS VIAGENS NO TEMPO — 15ª PARTE

AS ROSAS CAEM, OS ESPINHOS FICAM.


Vimos que viajar no tempo é uma possibilidade teórica prevista na Teoria da Relatividade e que os efeitos da dilatação temporalilustrados magistralmente pelo Paradoxo dos Gêmeos, já foram comprovados experimentalmente

Até que a tecnologia permita acelerar uma espaçonave a uma velocidade próxima à da luz, não saberemos o que o século XXX nos reserva nem poderemos saborear um filé de brontossauro com os Flintstones na cidade pré-histórica de Bedrock. Mas talvez isso seja apenas uma questão de tempo: como vimos no oitavo capítulo, um engenheiro da NASA está desenvolvendo um motor capaz de impulsionar uma nave a 99% da velocidade da luz, e existem outras possibilidades promissoras, como motores de Alcubierre e conceitos baseados na energia do vácuo.

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A aprovação de um projeto de anistia depende da ronco das ruas. No último domingo, o ato na Paulista concebido para irradiar a força do faraó da direita foi um crepúsculo: segundo dados da USP, apenas 44,5 mil bolsonaristas atenderam ao chamamento — mais que o dobro dos 18,3 mil que se reuniram em Copacabana, mas quatro vezes menos do que os 185 mil que estiveram na avenida em fevereiro do ano passado e menos de 5% da previsão dos organizadores (1 milhão). A título de contextualização, Sampa tem 11,45 milhões de habitantes e a Grande São Paulo, 21 milhões.
Enquanto o STF constrói o sarcófago, os governadores 
Tarcísio, Caiado, Zema e Ratinho Jr. atuam embalsamadores, de olho nos votos dos devotos. Na manifestação, o faraó de fancaria acusou o Supremo de conluio com Lula em 2022, disse que há um plano para matá-lo e reafirmou que vai disputar a Presidência no ano que vem, mesmo inelegível (esquecendo de lembrar ou lembrando de esquecer que ele pode estar na cadeia em outubro de 2026). A construção da vitória da direita em 2026 é mero exercício de quiromancia. Por enquanto, sobressai o constrangimento de erguer uma alternativa supostamente democrática a partir do embalsamamento de uma múmia golpista. 
Sob reserva, líderes do Centrão na Câmara dizem que não concordam com o projeto da anistia, mas que o líder do PL está cumprindo seu papel ao tentar angariar apoios. Bolsonaro insiste que não será beneficiado, mas aliados admitem que a anistia seria a primeira etapa na construção de algum tipo de salvo-conduto, já que o ex-presidente pode pegar até 40 anos de prisão por crimes como tentativa de golpe e de abolição violenta do Estado democrático. O movimento hoje é para que o Congresso dê aval a uma proposta que enquadre os manifestantes do 8 de janeiro apenas nos crimes de dano ou depredação, o que, se aprovado, enfraqueceria a acusação de que Bolsonaro liderou os atos golpista para retomar o poder. 
Depois de três décadas defendendo a ditadura militar, o refugo da escória da humanidade deveria terminar seus dias na cadeia. Lamentavelmente, o risco de isso não acontecer num país como o Brasil é considerável. Basta lembrar que Lula foi preso em 7 de abril de 2018 e solto após míseros 580 dias, embora suas penas nos processos do tríplex e do sítio somassem 25 anos e as sentenças condenatórias tivessem transitado em julgado no STJ. Mesmo sendo septuagenário, o petista sobreviveu para subir a rampa no Palácio do Planalto pela terceira vez e ameaçar disputar a reeleição em 2026 (que Deus nos livre de mais essa desgraça).

Supõe-se que os buracos de minhoca se formem no fundo dos buracos negros e funcionem como atalhos cósmicos, permitindo percorrer quase instantaneamente os milhares ou milhões de anos-lua que separam dois pontos no espaços-tempo, neste ou em outro universo, no presente ou em outro momento da linha do tempo. Todavia, sua existência ainda não foi comprovada experimentalmente — até porque o buraco negro mais próximo da Terra fica a quase 1.600 anos-luz. 

Mesmo que existem, esses "túneis" tendem a ser minúsculos e instáveis (para suas paredes não colapsarem, seria preciso uma grande quantidade de matéria exótica, cuja massa negativa poderia se converter em energia negativa, mas não há evidências de que esse tipo de matéria exista no Universo. Demais disso, tampouco se sabe eles têm "entrada e saída" ou ambas as bocas "engolem" matéria.

ObservaçãoO nome "buraco de minhoca" (ou "buraco de verme", na tradução literal de "wormhole") surgiu de uma analogia usada para explicar o fenômeno: da mesma forma que um verme que perambula pela casca da maçã poderia pegar um atalho para o lado oposto abrindo caminho através do miolo da fruta, um viajante que passasse por um buraco de minhoca poderia chegar ao lado oposto do universo através de um túnel topologicamente incomum. 

Toda a matemática usada para criar buracos de minhoca teóricos se baseia na Relatividade Geral, que não consegue descrever o centro dos buracos negros nem tampouco é compatível com a física quântica. No entanto, o cientista português João Rosa propôs em um artigo publicado no arXiv que a chamada gravidade híbrida generalizada-Palatini — uma extensão da Relatividade Geral que flexibiliza as relações entre matéria/energia e espaço/tempo — permitiria a criação de buracos de minhoca atravessáveis. 

Para contornar a exigência de energia negativa, Rosa sugeriu que as entradas dos túneis fossem estruturadas em camadas, como cascas de cebola duplas e finas, feitas de matéria comum. Essa proposta ainda precisa ser amplamente debatida e testada, mas representa um passo importante na busca por soluções para a viabilidade dos buracos de minhoca.
 
Segundo o astrofísico americano Ron Malletque construiu uma respeitável carreira acadêmica estudando buracos negros e a Relatividade geral, seria possível usar o laser para formar um "feixe de luz circundante", produzir uma curvatura no espaço-tempo e, atravessar esse "túnel" e voltar ao passado ou avançar para o futuro. Mas ele reconhece que sua "máquina do tempo" ainda não foi comprovada na prática, e que existem desafios significativos a serem superados — entre os quais a necessidade de criar fontes de energia extremamente poderosas e materiais capazes de suportar as enormes forças geradas pela rotação do anel laser.

Continua...

terça-feira, 8 de abril de 2025

RASTREAMENTO CONSENTIDO VIA FIND MY DEVICE

TEMPO PERDIDO NUNCA É RECUPERADO.

Num ambiente cada vez mais hostil, podemos querer saber onde estão nossos parceiros, filhos, pais idosos, e por aí afora. O WhatsApp possibilita o compartilhamento de localização em tempo real por 15 minutos, 1 hora, 8 horas, ou até que a pessoa monitorada encerre o compartilhamento. 

O recurso permite visualizar no mapa a trajetória do contato, e pode ser usado para coordenar encontros, monitorar deslocamentos e assegurar a segurança de amigos e familiares.

Para usar a ferramenta, basta iniciar uma conversa com o contato que você deseja monitorar, clicar no clipe de papel (na barra de digitação), depois em Localização, selecionar Localização em tempo real, tocar em Continuar e definir por quanto tempo a localização deverá aparecer no chat da conversa como um quadro do Google Maps. 

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Os bolsonaristas se referem à cabeleireira Débora Rodrigues do Santos como "a mãe de família que foi condenada a 14 anos de prisão por ter usado batom para pichar a estátua da Justiça com a frase 'Perdeu, Mané'", esquecendo de lembrar (ou lembrando de esquecer) que ela é ré por ter praticados crimes como associação criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado. 

Depois que o ministro Luiz Fux apresentou um pedido de vista — quando já havia dois votos favoráveis à condenação de Débora — "Xandão" autorizou a ré a aguardar o resultado do julgamento em prisão domiciliar. 

A PF identificou uma interrupção nos diálogos do WhatsApp entre dezembro de 2022 e a primeira quinzena de fevereiro de 2023 — o que sugere que Débora tentou apagar provas do envolvimento de nos atos, e a PGR apontou que ela participou do acampamento golpista em frente ao Quartel General do Exército em Brasília). 

Moraes anotou em seu voto que a acusada "estava indiscutivelmente alinhada à dinâmica criminosa, como se infere do vídeo divulgado por sites jornalísticos, no qual ela vandaliza a escultura e, após, mostrando as mãos conspurcadas de batom vermelho, comemora, sorrindo em direção à multidão que invadira a Praça dos Três Poderes e outros prédios públicos". 

O caso de Débora encosta no Supremo a imagem de uma instituição cujas decisões tomadas no calor da política acabam sendo percebidas como injustas. Um ministro da corte classificou como "exacerbada" a pena proposta para a "pichadora do batom", e talvez por isso o procurador-geral tenha dado uma mãozinha para baixar a fervura, pedindo o arquivamento do inquérito sobre os cartões de vacina e que a cabeleireira aguarde a conclusão do julgamento em prisão domiciliar. 

Num ambiente altamente polarizado, afloram dilemas e contradições de uma corte que, ao combater excessos, pode acabar cometendo os seus próprios, minando a autoridade que busca preservar.

Outra opção é a guia "Pessoas" no Find My Device. Ela facilita o encontro de amigos e familiares em shoppings, hipermercados, festivais ao ar livre etc. Ao selecionar uma pessoa em sua lista de contatos, você saberá a localização da pessoa, a porcentagem de bateria do dispositivo, o tempo desde a última atualização de localização e como chegar até o local onde está o contato. 

Vale destacar que, por questões de privacidade, o aplicativo precisa ser ativado manualmente. A partir desse momento, o usuário é notificado sempre que o rastreamento estiver em funcionamento, garantindo controle total sobre quem pode acessar sua localização.

segunda-feira, 7 de abril de 2025

DE VOLTA ÀS VIAGENS NO TEMPO — 14ª PARTE

A CIÊNCIA É MUITO MAIS QUE UM CORPO DE CONHECIMENTOS. É UMA MANEIRA DE PENSAR.

Em um Universo infinito, a existência de clones não é apenas uma possibilidade, mas uma imposição matemática. Tudo o que existe é formado por partículas elementares que se combinam de maneiras diversas, criando desde uma massa amorfa de moléculas até seres vivos. 


O que entendemos por realidade é apenas uma "imagem" escolhida pelo Universo para o imenso número de partículas que o compõem, e um universo infinito com um número finito de combinações possíveis de partículas enseja a existência de "universos-espelho", com galáxias, planetas e até cópias de nós mesmos.


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Em 2022, ao conceder a Lula um inusitado terceiro mandato, a maioria apertada do eleitorado pensou ter livrado o país de uma urucubaca. Hoje, segundo a Quaest, seis em cada dez brasileiros acham o que o macróbio não deve se candidatar em 2026 e 55% dizem que não votariam nele de jeito nenhum. Se o petista ainda se mantém à frente de hipotéticos adversários, é porque Bolsonaro, mesmo tendo estrelado uma Presidência tóxica e tramado um golpe que deve mandá-lo para a cadeia, se recusa a desocupar a moita. O empate técnico do mito do pau oco com seu principal adversário nas pesquisas mostra que o problema do projeto eleitoral da esquerda é o próprio candidato. 

Convencido de que sua impopularidade se deve à falta de comunicação — o brasileiro deveria se ajoelhar no milho e pedir perdão por não valorizar o museu de novidades em que se converteu seu terceiro mandato — Lula entregou o comando da SECOM ao marqueteiro Sidônio Pereira. Ainda segundo a Quaest, metade dos brasileiros avaliam que suas aparições só pioram as coisas, 56% dizem que o Brasil está na contramão, 71% se queixam do descumprimento de promessas e 81% sustentam que o ele deveria fazer um governo diferente. Como se vê, de nada adianta trocar a roda da carroça se o problema é o burro.


Como uma grande quantidade de matéria gera uma força gravitacional igualmente imensa, capaz de curvar o próprio Universo, estamos, na prática, vivendo na superfície de uma gigantesca "bexiga" tridimensional. Porém, assim como uma formiga, ao caminhar sobre a superfície de uma esfera, só pode se mover para adiante, para trás ou lateralmente, nós estamos "presos" a uma superfície tridimensional inserida em uma esfera 4D, e viajar em linha reta inevitavelmente leva de volta ao ponto de partida — como no jogo Pac-Man, onde o personagem sai por um lado da tela e reaparece no outro, em um movimento contínuo.

 
Se a energia escura produz o efeito oposto ao da massa, uma imensa quantidade dessa energia esticaria o Universo, e essa curvatura negativa lhe daria o formato de uma batata Pringles quadridimensional (embora difícil de imaginar, o conceito é válido para os matemáticos). Por outro lado, se considerarmos que a quantidade de massa e de energia escura são equivalentes, uma anula a outra, resultando em um Universo plano, como uma folha de papel. 
 
Num Universo plano, infinito e ilimitado, uma viagem em linha reta não terminaria no ponto onde começou, mas numa borda cósmica além da qual não haveria nada, ou, mais provavelmente, em infinitos "universos-espelho", com clones da Terra e habitantes que são cópias de nós mesmos. 
 
Como o Universo vem se expandindo desde o Big Bang — ou melhor, as galáxias estão se afastando umas das outras —, se pudéssemos voltar no tempo, veríamos as galáxias se aproximando até se fundirem, em um Universo cada vez menor, mas ainda assim infinito, produzindo um novo pico de densidade como o que originou o Big Bang.
 
Entretanto, por mais fascinante que a hipótese de um Universo infinito e multiversal possa ser, a  possibilidade de explorar esses "universos-espelho" ou de viajar no tempo esbarra na velocidade da luz, que a física moderna define com limite universal e instransponível. Sem a ajuda da dilatação temporal, usar um buraco de minhoca como atalho para alcançar pontos remotos do cosmos se torna impossível. Afinal, a expansão do Universo pode ser ilimitada, mas nossas viagens através dele — no tempo ou no espaço — estão condenadas a seguir as regras impostas pela imutabilidade dessa velocidade.
 
Mas não há nada como o tempo para passar, e como disse Arthur C. Clarke, "a única maneira de descobrir os limites do possível é ir além deles, rumo ao impossível".

domingo, 6 de abril de 2025

MEDALHÕES DE FILÉ MIGNON AO CREME DE PALMITO

COMER SEM CULPA É A ARTE DE NÃO SUBIR NA BALANÇA DEPOIS DE SE DELICIAR COM UMA SOBREMESA.


Palmito como o que era servido nos bufês das churrascarias virou mosca branca de olhos azuis. Já o industrializado, vendido em conserva nos supermercados, ou é duro, ou tem gosto de isopor.


Diversas espécies de palmeiras produzem palmito, sendo as mais comuns o açaizeiro, a pupunha e a juçara. A extração da parte comestível envolve o corte do caule da palmeira e a remoção da casca externa, manualmente ou com o auxílio de maquinário especializado. Após a extração, o palmito propriamente dito é cozido e envasado em latas ou vidros, juntamente com uma solução salina que ajuda a manter a textura e o sabor por mais tempo.


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Às vésperas de mais um ato político de Bolsonaro na Paulista, o Centrão enfiou no congelador a proposta de anistia, levando o capetão a desconfiar de que tem aliado torcendo pela sua prisão. Nessa versão, a popularidade de Lula no vermelho estimula tecelões do Centrão a apressar a costura de um projeto conservador unificado para 2026. Para a direita, mais vale um Bolsonaro preso em 2025 do que um inelegível voando sobre a campanha de 2026 como um estorvo para a articulação de um Plano B. Em 2021, o "mito" disse que havia três alternativas para seu futuro: estar "preso", "morto" ou obter a "vitória". Não morreu nem foi reeleito, mas sua premonição sobre a prisão deve se confirmar — tudo indica que uma sentença condenatória sairá até o final do ano. Meses atrás, o ex-presidiário mensaleiro e dono do PL, Valdemar Costa Neto, vaticinou: "Se for preso, Bolsonaro elege um poste de dentro da cadeia." É nisso que aposta o Centrão, e para tanto ameaça condicionar o avanço da proposta de anistia no Congresso a um compromisso de Bolsonaro de desistir da ideia de forçar o TSE a indeferir sua candidatura em agosto de 2026, quando lançaria o filho Eduardo Bolsonaro. Tenta-se convencer o "mico" que sonho de um indulto seria mais palpável se ele apoiasse Tarcísio de Freitas até março, tornando sua desincompatibilização do governo de São Paulo uma opção menos arriscada. A conferir.


Embora combine com salada de folhas, o palmito vai bem com carnes (no filé à cubana, por exemplo, o tolete é empanado e frito em gordura quente, como um bife à milanesa). Mas a receita de hoje leva palmito picado, que custa mais barato — daí ele ser usado também no recheio de tortas e empadinhas. 

Você vai precisar de:

— 1/2 cebola picada;

— 2 colheres (sopa) de farinha de trigo;

— 3 colheres de sopa de manteiga;

— 500 ml de leite;

— 1 xícara de palmito picado;

— 3 colheres (sopa) de parmesão ralado;

— Sal, pimenta do reino, noz moscada e creme de leite a gosto.

Derreta duas colheres de sopa de manteiga em fogo baixo e adicione a cebola e a farinha de trigo e vá mexendo. Quando a mistura adquirir uma coloração acastanhada, adicione o leite (sem parar de mexer).

Sempre mexendo, tempere com sal e noz-moscada, acrescente o palmito, o parmesão e o creme de leite Quando obtiver a consistência desejada, pare de mexer e desligue o fogo.

Tempere os medalhões de filé com sal e pimenta, aqueça o restante da manteiga, sele a carne por todos os lados (o ideal é que os medalhões fiquem tostados por fora e vermelhos por dentro), transfira para uma travessa e sirva com o creme de palmito.

Dica: Reaquecer o creme é opcional, mas não deixa de ser uma boa ideia.

Bom apetite.

sábado, 5 de abril de 2025

SOBRE O "SENTIDO HORÁRIO" DOS PONTEIROS DOS RELÓGIO

NÃO EXISTE TEMPO ABSOLUTO ÚNICO; CADA INDIVÍDUO TEM SUA PRÓPRIA MEDIDA DE TEMPO, QUE DEPENDE DE ONDE ELE SE ENCONTRA E DE COMO ELE ESTÁ SE MOVENDO.

Quando pensamos em tempo, costumamos imaginar uma linha que se estende do passado para o futuro. No entanto, como eu mencionei várias vezes na sequência sobre viagens no tempo, a "flecha do tempo" (ou "seta termodinâmica do tempo") aponta do passado para o futuro porque a tendência do Universo para a entropia sugere que o tempo flua nesse sentido. Mas nem as equações de Einstein definem um sentido único para ela, nem as leis da física embasam tal interpretação.


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A avaliação geral é de que a denúncia da PGR contra Bolsonaro é robusta, embora a divergência de Fux do voto do relator sugira que a condenação possa não ser unânime. Mas mesmo que o STF tenha o entendimento de que decisões das Turmas possam ser levados ao plenário se dois ministros defenderem absolvição, nada indica haja um clima de divergência ou que alguém mais entenda que o processo deva ir ao plenário. O próprio Fux compôs a unanimidade que transformou em ação penal a denúncia da PGR e enalteceu a qualidade do voto ácido de Moraes, que "não deixou pedra sobre pedra". Não são, salvo melhor juízo, palavras de quem pretende inocentar culpados.

Bolsonaro e seus apoiadores continuarão tentando obter apoio popular, constranger o STF, tumultuar a instrução processual, visando procrastinar a sentença condenatória. No entanto, aínda que o acordo de delação de Cid fosse anulado, o prejuízo seria do delator, já que as provas obtidas a partir da colaboração permaneceriam válidas. Além disso, salta aos olhos que, não fossem alguns militares e políticos cientes de seus deveres e tementes à lei, talvez estivéssemos sob um regime de exceção ou em plena guerra civil. 

Reduzir a participação de Débora Santos à pichação da estátua da Justiça é negar óbvio, uma vez que a moça estava ciente do objetivo golpista de seus atos contra o Estado Democrático de Direito — se isso justifica ou não uma pena de 14 anos de prisão é outra conversa. 

O próprio Bolsonaro, encalacrado até o pescoço por provas materiais e testemunhais, o "mito" insiste que tudo não passa de narrativa, de "pesca probatória" dos "ditadores" que o perseguem.

Para desmontar essa falácia, bastaria perguntar ao ex-presidente se ele foi ou não ameaçado de prisão pelo então comandante do Exército, General Marco Antônio Freire Gomes, e se foi, por quê?


Num evento organizado pela revista New Scientist, o físico italiano Carlo Rovelli esticou uma corda de uma ponta a outra do palco, pendurou uma caneta no meio e disse: "É aqui que estamos; à direita fica o futuro e à esquerda, o passado. O tempo é uma sequência de momentos que podemos ordenar, que tem uma direção preferida e que podemos medir com relógios". E acrescentou: "Quase tudo que eu falei está errado. É como se eu dissesse que a Terra é plana."

 

Não se sabe exatamente onde fica a fronteira entre um tempo que não tem preferência de rumo e um tempo que nunca flui para o passado. Os princípios da termodinâmica, formulados no século XIX com base em máquinas a vapor, não se aplicam ao Universo, onde o que define a passagem do tempo é a expansão do cosmos em todas as direções. Mas o assunto deste post não tem a ver com a seta do tempo propriamente dita, e sim com os ponteiros dos relógios, que se movimentam sempre da esquerda para a direita. E a pergunta que se coloca é: por quê? 


A resposta simples é que se trata de uma convenção, e o princípio filosófico conhecido como Navalha de Occam sugere que, em havendo diversas hipóteses formuladas sobre as mesmas evidências, a mais simples deve ser a correta. No entanto, o assim chamado "sentido horário" não é ditado pelas leis da física ou da matemática, nem tampouco pela nossa percepção do tempo. A explicação mais simples é que a origem desse movimento remonta aos antigos relógios de sol. 


Os instrumentos criados pelos antigos egípcios para medir a passagem do tempo eram baseados na sombra produzida pela luz solar em uma haste. Mais adiante, modelos que usavam a água — como as clepsidras — e areia — como as ampulhetas — foram largamente utilizados por diversas civilizações antigas, mas isso é outra conversa.

 

Acredita-se que o primeiro relógio mecânico foi idealizado pelo Papa Silvestre II, no século IX da nossa era, e que o primeiro "relógio-pulseira" foi encomendado pela irmã do imperador Napoleão Bonaparte ao relojoeiro Abraham-Louis Bréguet (embora alguns historiadores atribuam sua criação a Antoni Patek e Adrien Philippe, fundadores da conceituada marca Patek-Phillipe). Já o primeiro modelo masculino teria sido criado por Louis Cartier a pedido do inventor mineiro Alberto Santos Dumont (na verdade, o que o joalheiro fez foi adaptar uma correia de couro ao maior relógio de pulso feminino de sua coleção). 

 

No final dos anos 1960, o mecanismo da maioria dos relógios de pulso continha uma mola — para gerar energia —, uma espécie de massa oscilatória — para oferecer referência de tempo —, dois ou três ponteiros, um mostrador enumerado e diversas engrenagens. Tempos depois, a Bulova substituiu a roda de balanço por um transistor oscilador que, alimentado por uma bateria, mantinha um diapasão vibrando a algumas centenas de hertz, e mais adiante o cristal de quartzo — cujas propriedades já eram conhecidas e usadas para proporcionar a frequência exata em aparelhos de rádio e computadores — substituiu o diapasão, agregando maior precisão ao mecanismo. Mas isso também é outra conversa.

 

Os ponteiros dos relógios se movem da esquerda para a direita porque foram inspirados nos relógios de sol, e estes foram criados por civilizações que habitavam o hemisfério norte, onde as sombras projetadas pela luz solar se movem da esquerda para a direita ao longo do dia. Em última análise, o sentido dos ponteiros é uma questão cultural — se os relógios tivessem surgido no hemisfério sul, o sentido horário seria o que hoje chamamos de sentido anti-horário. 

 

Com exceção de Vênus e Urano, os planetas do Sistema Solar giram no sentido "anti-horário". O movimento de rotação da Terra se dá de oeste para leste, o que é essencial para a alternância entre dias e noites, além de influenciar marés, circulação dos ventos e diversos outros processos naturais. Cada rotação completa leva aproximadamente 24 horas, e cada translação — volta completa que o planeta dá em torno do Sol —, 365 dias e 6 horas (esse acréscimo gradual de tempo resulta em um dia extra a cada quatro anos, nos assim chamados "anos bissextos").


Observação: Na Roma Antiga, o dia 24 de fevereiro era chamado de "sexto die ante calendas martias" (sexto dia antes das calendas de março). Quando Júlio César reformou o calendário para resolver problemas de desalinhamento com as estações, ficou decidido que a cada quatro anos seria adicionado um dia extra após esse "sexto dia",  ou "bis sexto die" (literalmente "o sexto dia repetido" ou "duas vezes o sexto dia"), daí o termo "bissexto". 

 

A Terra dá uma volta competa em torno do próprio eixo em 23 horas, 56 minutos e 4 segundos, mas também se move em torno do Sol, e a posição do Sol mo céu varia conforme a estação do ano. Assim, estabeleceu-se que a duração dia solar médio em 24 horas. Todavia, as variações que a Terra sofre devido a fatores como a interação gravitacional com a Lua e o Sol e a distribuição de massas no planeta exigem que um ajuste de segundos bissextos seja feito de tempos em tempos, para manter a sincronia entre os relógios atômicos e a rotação real da Terra.