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quarta-feira, 30 de abril de 2025

WINDOWS 10 — UMA LUZ NO FIM DO TÚNEL

OS POLÍTICOS SÃO A MENTIRA LEGITIMADA PELA VOTO POPULAR.

Quatro meses depois de anunciar o lançamento do Windows 11 e informar que o Windows 10 deixaria de receber suporte em 14 de outubro de 2025, a Microsoft começou a distribuir o upgrade para a versão pronta e acabada do novo sistema para usuários que rodassem o Ten em máquinas "elegíveis" ou que se dispusessem a comprar um computador novo, que viria com o Win11 pré-instalado ou poderia ser atualizado via Windows Update pelo próprio usuário.

Naquela ocasião, a empresa estimava que todos os aparelhos compatíveis estariam rodando o Win11 em meados de 2022, mas faltou combinar com os russos: o Win10 velho de guerra continua firme e forte, com 68% da preferência dos usuários, enquanto seu sucessor contabiliza 27%, e as versões 8.1, 7, Vista e XP somam 4,5%.

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


Em 2015, a PGR denunciou Fernando Collor por surrupiar R$ 20 bilhões da BR Distribuidora. Em 2023, o STF o condenou a 8 anos e 10 meses de prisão, mas seus advogados conseguiram procrastinar o cumprimento da pena até a semana passada. 

Nesse entretempo, Gilmar Mendes (atual decano da Corte e verdadeira herança maldita de FHC) votou pela absolvição e, vencido, tentou reduzir a pena à metade. Exausto das manobras protelatórias da defesa, Alexandre de Moraes, relator da encrenca, determinou a prisão imediata do Rei Sol, que, a pedido, foi envidado para uma “hospedaria especial” em Maceió. 

Moraes submeteu seu despacho ao plenário, Gilmar esboçou um pedido de destaque, mas recuou. O placar chegou a 6 a 0 pela prisão, mas o "terrivelmente evangélico" André Mendonça divergiu e foi seguido por Gilmar, Fux e o ministro-tubaína Nunes Marques. Zanin, como costuma fazer em processos da Lava-Jato, se absteve de votar. A defesa apresentou um pedido de prisão domiciliar, que ora se encontra pendente de manifestação da PGR.

Collor foi o primeiro presidente eleito pelo voto direto após a ditadura — e o primeiro a ser penabundado do cargo por impeachment. Sua trajetória errática e politicamente camaleônica incluiu alianças com Bolsonaro e com o PT. Em 2014, pediu votos para Dilma e até usou um trecho elogioso de Gleisi Hoffmann em sua propaganda. Em 2022, perdeu a disputa pelo governo de Alagoas com pífios 14% dos votos. Após sua prisão, o PRD o expulsou, seus aliados silenciaram e os líderes da legenda o descreveram como "distante da cúpula e irrelevante nas decisões". 

Sua prisão tardia e cercada de privilégios, representa o ocaso de um personagem que simbolizou tanto o colapso precoce da Nova República quanto a persistência das velhas práticas políticas. Já se ele vai realmente cumprir a pena, bem, eu não tenho bola de cristal, mas tampouco tenho memória de galinha. Para quem nao se lembra, em 2018 o TRF-4 aumentou de 8 para 12 anos a pena de Lula no processo do triplex e determinou sua prisão. Em 2019, numa votação apertada (6 votos a 5), o STF mudou seu entendimento sobre a "prisão em segunda instância", e Lula deixou sua cela VIP em Curitiba no dia seguinte, depois de 1 anos e 5 meses gozando da hospitalidade da PF em Curitiba. 

Em 2017, depois de procrastinar sua prisão por 4 décadas, Paulo Maluf — ex-prefeito da capital paulista (1969-1971; 1993-1996), ex-governador de São Paulo (1979-1982), candidato à Presidência em 1995 e 1989, ex-secretário dos Transportes, ex-presidente da Caixa Econômica Federal, ex-vice-presidente da Associação Comercial de São Paulo, quatro vezes deputado federal, líder de cinco partidos políticos e réu em 70 processos — foi finalmente encarcerado na Papuda. Três meses depois, graças ao bom coração do eminente ministro Dias Toffoli — que foi presenteado por Lula com a suprema toga, mesmo tendo levado bomba duas vezes seguidas em concursos para juiz—, foi enviado para casa por "razões humanitárias" e permaneceu em prisão domiciliar até maio de 2023, quando teve a pena extinta com base no indulto natalino concedido por Bolsonaro.

Na visão de Toffoli, o turco ladrão, então com 87 anos, estava à beira do desencarne; hoje, aos 93, se ele realmente está morrendo, é de rir de quem acredita na justiça desta banânia. 


Em julho de 2015, quando deu à luz o Win10, a Microsoft previu que seu novo rebento ultrapassaria a marca de 1 bilhão de instalações em três anos. Apesar do upgrade gratuito, essa meta só foi alcançada em janeiro de 2020, quando faltavam menos de 2 anos para o lançamento oficial do Win11, que é mais exigente, em termos de hardware, e bem menos simpático que seu antecessor aos olhos dos usuários. 

Faltando menos de seis meses para o Win10 deixar de receber suporte e atualizações de segurança da Microsoft, manter o sistema em uso após o prazo final aumentará significativamente o risco de ser vítima de pragas digitais, cibercriminosos e assemelhados. 

No ambiente corporativo, máquinas desatualizadas podem facilitar ataques de ransomware, sequestro de dados, sabotagens e outros incidentes graves. E a solução vai além da simples compra de novas licenças ou realização de upgrades: é preciso avaliar a compatibilidade de hardware, a maturidade dos aplicativos que rodarão no novo sistema, as políticas de segurança e criptografia (como a exigência do TPM 2.0, por exemplo) e, principalmente, o treinamento e adaptação das equipes que usarão diariamente essas máquinas.

Sensível ao fato de que cerca de 240 milhões de computadores podem se tornar lixo eletrônico devido à incompatibilidade com o Win11, a Microsoft criou programas de suporte estendido. Mas eles custam dinheiro e são meros paliativos, já que não eliminam a necessidade da mudança sem a qual o aumento da insegurança pode minar a competitividade das empresas.

No âmbito doméstico, a solução é mais simples: quem tem um PC compatível e não migrou pode fazer o upgrade, e quem tem máquinas incompatíveis pode "forçar" a instalação do novo sistema ou migrar para o Linux, por exemplo — distribuições como o Ubuntu oferecem uma interface semelhante à do Windows, tornando o "reaprendizado" uma questão de dias ou semanas. O macOS é imbatível, mas só roda no hardware fabricado pela própria Apple, o que encarece a mudança (embora ela valha cada centavo).

Uma alternativa que a própria Microsoft oferece, ainda que discretamente, consiste em adotar uma versão do Win10 Enterprise, como a LTSC 2021, que é baseada na versão 21H2 do Windows 10 e deve receber suporte até janeiro de 2027. A IoT Enterprise LTSC 2021, também baseada na versão 21H2, se parece e funciona como o clássico sistema para desktop, embora existam diferenças pontuais em relação às edições Home ou Professional — nas versões LTSC, o usuário permanece com a versão básica (21H2, build 19044), recebendo apenas patches de segurança e estabilidade. No entanto, como não haverá novas versões importantes após a 22H2, isso não chega a ser um grande inconveniente.

Chaves de produto do Windows 10 Home ou Professional não funcionam para ativar uma edição Enterprise LTSCA adoção deve ser feita mediante um contrato de licença por volume (VLAs) para menos 5 estações de trabalho, mas é possível negociar licenças individuais com alguns revendedores. Embora existam fontes não oficiais e ferramentas de ativação circulando na Internet, seu uso viola os termos de licenciamento da Microsoft.

Migrar para uma versão Enterprise LTSC significa abrir mão da Microsoft Store, da Cortana, do OneDrive e de aplicativos pré-instalados como Weather, Mail ou Contacts. Mas o Windows Defender, o navegador Edge e acessórios clássicos, como o Bloco de Notas e o WordPad, continuam presentes. O processo de instalação é semelhante ao convencional. O sistema tenta se conectar a uma conta corporativa, mas também oferece a opção de criar uma conta local tradicional. 

A versão IoT usa o inglês americano como idioma padrão, enquanto a Enterprise LTSC oferece mais opções linguísticas. Mas ambas são soluções legítimas para quem deseja manter o Windows 10 em seu hardware atual por até sete anos após 14 de outubro.

segunda-feira, 27 de julho de 2015

NOVOS PCs COM WINDOWS 10

APRENDA A DAR SUA AUSÊNCIA PARA QUEM NÃO VALORIZA SUA PRESENÇA.

A chegada do Windows 10, prevista para depois de amanhã, não deve aquecer a demanda por novos computadores – que, aliás, registrou nova queda (de mais 10%) nos primeiros meses de 2015. Na avaliação do IDC e do Gartner Group, a reversão desse quadro só deve ocorrer no próximo ano, mas como previsões dessa natureza não passam de exercícios de futurologia, aos consumidores resta esperar para ver, e aos fabricantes e revendedores, torcer para que essa luz no fim do túnel não seja o farol do trem.

Observação: O Windows 8 jamais conseguiu ameaçar a supremacia do seu predecessor, que continua sendo o SO para PCs preferido por quase 58% dos usuários do mundo inteiro. É certo que, depois de ter sido reformulado e rebatizado como “8.1”, sua participação no mercado melhorou: nos últimos doze meses, ele cresceu de 6,7% para 16,4%, enquanto o XP caiu de 16,3% para 10,2%, estando agora no mesmo patamar do OS X. Já o malsinado Windows Vista, que jamais decolou, caiu de 3,4% para 2,1% nesse mesmo período, superando apenas as distribuições Linux, que cresceram de 1,37% para 1,77% (os dados são do StatCounter GlobalStats).

A despeito do furor que o Windows 10 vem causando entre os usuários de PCs, a evolução gratuita oferecida pela Microsoft desestimula a (recomendável) “evolução casada” de software e hardware e neutraliza o impacto do lançamento nas vendas de desktops e notebooks. Sem mencionar que, pelo menos num primeiro momento, não basta ir a uma loja de informática ou a um grande magazine para adquirir um aparelho com o novo Windows pré-instalado – isso só deverá ser possível a partir de outubro, embora alguns fabricantes estejam aceitando pedidos e prometendo entrega imediata para quem efetuar o pagamento até o próximo dia 29.

Por oportuno, volto a lembrar que maioria dos computadores eleitos pela Microsoft para a atualização não deverá ter problemas para rodar o novo sistema. Se você está na fila e receia possíveis incompatibilidades (tais como limitações de drivers ou de firmware, por exemplo), clique no ícone do GW10, na área de notificação do seu sistema, em seguida no botão com três linhas horizontais, no canto superior esquerdo da janelinha que se abrir, e então selecione em seguida a opção Verifique seu computador, no campo Acesso à atualização. Note ainda que o upgrade será liberado “em ondas” – como a gente discutiu nesta postagem, até para não congestionar (demais) os servidores da empresa de Redmond. Afinal, há cerca de UM BILHÃO de aparelhos inscritos, e cada qual deverá baixar 3GB de dados em arquivos de instalação.

Abraços a todos e até mais ler.

sexta-feira, 15 de novembro de 2024

WINDOWS 10 — UMA LUZ NO FIM DO TÚNEL?

QUEM PERSEGUE DUAS LEBRES NÃO ALCANÇA UMA DELAS E DEIXA A OUTRA ESCAPAR.
 
fim do suporte ao Windows 10 obrigará milhões de usuários a escolher entre continuar usando um sistema inseguro, forçar o upgrade numa máquina que não atende às exigências do Win11, comprar um computador novo, ou migrar para o Linux. 

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

O sucesso tem muitos pais, mas o fracasso é órfão. O desempenho medíocre do PT nas eleições municipais e a vitória de Donald Trump na disputa pela Casa Branca comprovam essa máxima. De celebrada por encarnar esperança e renovação, Kamala Harris passou a culpada pela estagnação do discurso em tempo já ultrapassado pelas demandas do eleitorado. 
A esquerda brasileira olha para o resultado das urnas como se o problema não remontasse ao primeiro governo Dilma. Num comício da campanha de Haddad à Presidência, o rapper Mano Brown apontou o afastamento do PT da "multidão que precisa ser conquistada" e levou uma tremenda vaia. O abismo estava logo ali, mas o autoengano prevaleceu — e cresceu quatro anos depois, com a volta do ex-presidiário descondenado ao Planalto. 
Lula e seus sectários não praticam autocrítica. Segundo eles, fazê-lo equivaleria a baixar a guarda e abrir passagem para os adversários. Mas retificar condutas não significa capitular. Ao contrário. É, no dizer do samba de Paulo Vanzolini, reconhecer a queda, não desanimar, sacudir a poeira e preparar a volta por cima. 
Irritado com ponderações sobre os erros da esquerda, o deputado Ivan Valente, ex-petista atualmente no PSOL, pontificou: "Isso é conversa de intelectual que nunca foi para porta de fábrica entregar panfleto". Alguém deveria lembrar ao nobre parlamentar que o conceito de "porta de fábrica" deixou de existir quando o panfleto passou a ser digital.

Observação: Comemora-se hoje o 135° aniversário do primeiro golpe militar desta republiqueta de bananas. Clique aqui para ler um breve resumo da verdadeira história da Proclamação da República.
 
Microsoft decidiu oferecer mais um ano de atualizações de segurança a quem se dispuser a desembolsar US$ 30 (lembrando que novos recursos, correções de bugs e suporte técnico não fazem parte do pacote). 

A decisão não foi tomada por solidariedade às "viúvas do Ten", mas porque elas representam mais de 60% dos usuários do Windows.

Aceitar a "gentil oferta" é uma medida paliativa, que serve apenas para emburrar o problema com a barriga até outubro de 2026. Mas por que resolver hoje um problema que pode ficar para amanhã?

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

WINDOWS 10 ― SOLUÇÃO DE PROBLEMAS -- MAIS SOBRE A MORTE DE TEORI ZAVASCKI E O FUTURO DA LAVA-JATO

MACROBIÓTICA É UM REGIME ALIMENTAR PARA QUEM TEM 77 ANOS E QUER CHEGAR AOS 78.

Desde que o Windows passou de interface gráfica baseada no DOS à condição de sistema operacional autônomo (com o lançamento do festejado WIN95, considerado como o “pulo do gato” da Microsoft ―, os usuários passaram a conviver com as incomodativas, mas necessárias, reinstalações periódicas. Aliás, uma anedota que correu o mundo na década de 90 dizia que, se a empresa de Bill Gates fabricasse automóveis, vez por outra o motor “morreria” sem nenhuma razão aparente, e o usuário teria simplesmente de aceitar o fato, descer do carro, trancá-lo, tornar a destrancar, entrar novamente, ligar o motor e seguir adiante.

Observação: Essa anedota, que vale a pena ser lida na íntegra nesta postagem, foi uma resposta jocosa da GM a Mr. Gates, que teria afirmado que os carros da Microsoft, se a empresa resolvesse produzi-los, custariam US$ 25 dólares e rodariam 1.000 milhas com um galão de gasolina.

Enfim, usar o Windows (ou “Ruíndows”, como diziam os defensores do software livre) exigia constantes reinicializações, além reinstalações completas, de tempos em tempo ― o que, exageros à parte, não deixava de ser verdade. Isso talvez não fosse um problema mais sério para os geeks de então, mas era um sério aborrecimento para usuários iniciantes, pouco familiarizados com o hardware e o software de seus PCs, que, no mais das vezes, precisavam recorrer a algum amigo experiente ou a um Computer Gay de confiança.

Mas o fato é que o processo de instalação/reinstalação do Windows vem se tornando mais intuitivo e automático a cada nova edição do sistema. Não que tenha se tornado algo rápido ou agradável, naturalmente, até porque demanda atualizações, reconfigurações e personalizações demoradas e trabalhosas, sem mencionar a reinstalação dos aplicativos e restauração dos backups de arquivos pessoais (backups esses que, espera-se, o usuário tenha tido o cuidado de criar com antecedência).

Por outro lado, se no do Windows 9X/ME a gente se dava por feliz caso tivesse de reinstalar o sistema a cada 6 meses, hoje é possível usar o computador por anos a fio sem ter de se dar a esse trabalho ― desde que sejam feitas manutenções preventivo-corretivas regulares, naturalmente. E boas ferramentas isso não faltam, conforme discutimos em várias oportunidades (como na sequência de postagens que eu publiquei há poucas semanas).

Segundo um velho ditado, melhor que saber fazer é ter o telefone de quem sabe. Todavia, convém ter em mente que o Windows 10 facilita sobremaneira a vida do usuário que se vê obrigado a reinstalá-lo. Em sendo o seu caso, abra o menu Iniciar e clique em Configurações > Atualizações e segurança > Recuperação. Na tela que se abre em seguida, repare que há duas opções: Restaurar o PC e Inicialização Avançada.

Observação: No caso de você ter migrado para o Windows 10 há menos de 30 dias, uma terceira opção lhe permite retornar ao Eight ou ao Seven, conforme a edição que você utilizava originalmente, mas isso já foge aos propósitos desta abordagem.

MAIS SOBRE A MORTE DE ZAVASCKI E O FUTURO DA LAVA-JATO

Certa vez, um padre recém-ordenado foi designado para pastorar as almas num vilarejo qualquer, cujo nome me foge à memória. No dia seguinte à sua chegada, o velho e impopular prefeito da cidadezinha esticou as canelas e, durante o serviço fúnebre, o sacerdote ― que nada sabia sobre a vida pregressa do finado ― convidou os presentes a exortar suas virtudes. Mas a resposta foi um silêncio constrangedor. O pároco insistiu:
― Como é, irmãos? Ninguém se habilita?
Ninguém se habilitou.
― Então, dona Maria ― insistiu o religioso, agora dirigindo-se diretamente à viúva.
Depois de alguma hesitação, a velha sentenciou:
― O pai dele era ainda pior.

Embora seja a única certeza que temos na vida, a morte constrange, intimida, atemoriza. Até porque não se sabe o que virá depois, caso a passagem não leve a um sono eterno e sem sonhos, como muitos acreditam. Para quem fica, no entanto, a vida segue seu curso e o show tem de continuar. A propósito, vale relembrar outra passagem interessante: em 1755, após o terremoto de Lisboa, o rei Dom José perguntou ao General Pedro D’Almeida o que se havia de fazer, e a resposta foi: “Sepultar os mortos, cuidar dos vivos e fechar os portos”.

Para muitos, falar mal dos mortos é blasfêmia, mas, hipocrisias à parte, o simples fato de alguém morrer não faz desse alguém um santo nem anula seus eventuais malfeitos. Mas deixemos de lado essa discussão e voltemos à morte trágica do ministro Teori Zavascki.

Aviões caem com frequência ― ou são derrubados, como costuma dizer quem é do ramo (a propósito, sugiro a leitura desta matéria). Mas as chances de alguém morrer num desastre aéreo são ínfimas, se comparadas com as de um acidente de transito, por exemplo. Até porque, com a possível exceção dos aeronautas, a maioria dos viventes passa muito mais tempo em terra do que no ar.

Observação: A título de ilustração, a probabilidade de um avião sofrer um acidente é de 1 em 1,2 milhão, sem mencionar que 95,7% dos passageiros que se envolvem nesse tipo de acidente sobrevivem ao episódio. Os momentos mais “perigosos” são os primeiros 3 minutos de voo que sucedem a decolagem e os oito minutos que precedem a aterrissagem (nesses dois intervalos é que acontecem 80% dos acidentes). Refinando o raciocínio à luz dessas variáveis, temos que a probabilidade de alguém morrer num acidente de avião é de 1 em 11 milhões ― contra 1 em 5 mil em acidentes terrestres (colisão de automóveis, atropelamentos, etc.); 1 para 6 em decorrência de doenças cardíacas, 1 para 7 por câncer e, pasmem, 1 para 3,7 milhões de morrer em decorrência de um ataque de tubarão. Em última análise, os mortais comuns têm mais chances de acertar a Mega-Sena do que de morrer num acidente de avião. 

Claro que é preciso haver exceções à regra ― sem as quais não haveria estatísticas ―, e uma delas foi o acidente que resultou na morte do ministro Teori Zavascki e demais ocupantes do Beechcraft que caiu a poucos quilômetros de Paraty, na tarde da última quinta-feira. Ou incidente, melhor dizendo, pois “acidente” nos leva a pensar em algo aleatório e inesperado, decorrente causas naturais, imprevisíveis ou inevitáveis; no caso em tela, diversos vetores convergentes dão margem a dúvidas ― e a indefectíveis teorias da conspiração, onde os nomes dos culpados variam, mas o objetivo é sempre o mesmo: melar a Lava-Jato.

Observação: Conspirações existem, e cada qual tem sua origem e seu propósito. As teorias conspiratórias, por seu turno, quando não são fruto de má-fé, são criadas porque nosso cérebro é vocacionado a dar sentido a situações que parecem carecer dele, e quando se apresentam como certezas incontestáveis, viram delírio. E a internet colabora, transformando-se numa máquina de fabricar e disseminar conspirações com uma competência ímpar. Uma vez que a suspeita começa a se espalhar, mais pessoas aderem, achando que ela não pode estar errada, e o viés da confirmação tende a ser estimado, e não verificado. O resultado pode ser um surto de delírio coletivo, que não deixa de ser um alento provisório para quem tem dificuldade em aceitar a existência do acaso e o fato de certas coisas na vida simplesmente não fazem sentido.  

As virtudes de Zavascki foram lembradas e exaltadas nos últimos dias, tanto por seus pares na Corte quanto por políticos do alto escalão do governo, amigos e familiares. Mesmo fora desse círculo, houve quem reagisse como se o ministro fosse um membro da família ou um amigo próximo ― sinal dos tempos e do engajamento dos brasileiros com questões relevantes da política; até pouco tempo atrás, contava-se nos dedos quem entre nós era capaz de citar de memória a composição do STF ou mesmo o nome do Ministro da Justiça ou do Procurador Geral de República.

Zavascki ascendeu ao Supremo em 2012, por indicação da anta vermelho (vade retro!), e acabou sendo o relator dos processos da Lava-Jato naquela Corte. “Sem ele, não teria havido a Lava-Jato”, disse Sergio Moro, embora, ironicamente, a primeira decisão do ministro ao assumir a relatoria do processo, em 2014, foi de encontro a uma determinação do juiz de primeira instância (Moro havia mandado prender Paulo Roberto Costa, o primeiro delator da Lava-Jato, e Teori mandou soltar). Dalí em diante, no entanto, Teori construiu a imagem de magistrado rigoroso, imparcial e célere. Autorizou a abertura de investigações contra 47 políticos de todos os matizes ideológicos, decretou a prisão do então senador Delcídio do Amaral e determinou o afastamento de Eduardo Cunha da presidência da Câmara Federal, para citar apenas algumas de suas decisões mais relevantes. Quando o PT e o PMDB ainda eram parceiros no governo, os chefes dos 3 poderes uniram forças numa ofensiva para enterrar o petrolão, arquivar o impeachment de Dilma e preservar o mandato de Cunha. A mulher sapiens se reuniu em Portugal com o então presidente do STF, Ricardo Lewandowski, e ambos chamaram Zavascki para participar da maracutaia, mas o ministro declinou do convite e, com a discrição que lhe era peculiar, salvou a Lava-Jato de um dos cercos mais ousados já tramados contra ela.

Elogios (merecido) à parte, causa estranhamento ninguém ter mencionado que Zavascki ia passar o final de semana na ilha do empresário Carlos Alberto Filgueiras ― dono da luxuosa rede de hotéis Emiliano e da malsinada aeronave. O fato de estar a bordo do avião de Filgueiras não configura crime, mas tampouco favorece o magistrado ― ou, no mínimo, coloca-o na mesma e incômoda posição de um Sérgio Cabral que voava nas asas de Cavendish ou de um Lula aninhado nos ares com a Odebrecht. Ou que, em 2015, ele tenha participado do casamento do filho de um amigo ― o advogado Eduardo Ferrão ―, onde se encontrava boa parte da elite empresarial tupiniquim enrolada na Lava-Jato. Ou ainda que, numa de suas primeiras decisões no STF, Teori tenha dado o voto de desempate que absolveu Dirceu, Genoino e Delúbio do crime de formação de quadrilha. Enfim...

Teorias de conspiração também à parte, causa estranheza o fato de a aeronave cuja queda resultou na morte do ministro ser relativamente nova e estar em perfeitas condições de operação. Ou que ela tenha caído a despeito de ser pilotada justamente pelo comandante que mais se destacava entre seus pares pela experiência em pousos no campo de Paraty, num pouso sob chuva moderada e sem registro de ventos fortes. Ou ainda o depoimento de uma testemunha ocular, segundo o qual “o avião foi baixando cada vez mais, até que de repente ele soltou um bolo de fumaça branca, parecia a esquadrilha da fumaça, passou por cima de nós, depois foi perdendo altitude, veio rodando pela direita, bateu com a asa direita na água e capotou”. Somando-se a isso o fato de que Zavascki estava prestes a homologar a “Delação do Fim do Mundo” ― na qual 77 ex-executivos da Odebrecht denunciam e detalham “práticas pouco republicanas” de mais de uma centena de políticos de diversos partidos, alguns, inclusive, do mais alto escalão do governo federal, além do molusco abjeto e de sua ignóbil sucessora ―, temos todos os ingredientes para uma robusta teoria da conspiração, mas também uma conjunção de fatores que levam a desconfiar de que a morte de Zavascki tenha sido meramente acidental

Quanto ao futuro da Lava-Jato, há muita especulação, mas já se vê luz no fim do túnel da esperança: a ministra Carmem Lucia já sinalizou que pretende avocar para si a responsabilidade de homologar a Delação do Fim do Mundo ainda durante o recesso (que termina no próximo dia 31). Se, depois disso, a relatoria será sorteada entre os demais ministros da Corte ou apenas entre os quatro que restaram na segunda turma com a morte de Zavascki, ainda não se sabe. Pelo regimento interno, ressalvadas as exceções previstas nos incisos “b” e “c” do artigo 38, vale o disposto pelo inciso “a”, que determina que: “em caso de aposentadoria ou morte, o relator é substituído pelo ministro nomeado para sua vaga”. E é aí que mora o perigo, porque o candidato à vaga será indicado por Michel Temer, sabatinado pela CCJ do Senado e chancelado pelo plenário da Casa. E, convenhamos, não pegaria bem um presidente cujo nome é suscitado por diversos delatores indicar o próximo relator da Lava-Jato e, pior, o “candidato” ser avalizado por políticos investigados e denunciados no âmbito da Operação. Felizmente, no último sábado, durante o sepultamento de Teori Zavascki em Porto Alegre, Temer afirmou que só deverá fazer a indicação depois que o STF definir o novo relator dos processos da Lava-Jato.

Por hoje é só. Continuaremos na próxima postagem. 

Confira minhas atualizações diárias sobre política em www.cenario-politico-tupiniquim.link.blog.br/

quarta-feira, 21 de junho de 2017

WINDOWS 10 - SUPERFETCH X DESEMPENHO

UM PODER QUE SE SERVE EM VEZ DE SERVIR É UM PODER QUE NÃO SERVE.

Conforme vimos no post anterior, da mesma forma que “uma andorinha não faz verão” um processador de ponta não é capaz de mostrar todo o seu poder de fogo se tiver a contrapartida dos subsistemas de memória (RAM e HDD). Aliás, o disco rígido é, atualmente, o maior “gargalo” de desempenho do PC, por ser um dispositivo eletromecânico milhares de vezes mais lento que a RAM (que, por sua vez, é milhares de vezes mais lenta que a).

Ao desenvolver o Windows XP, a Microsoft implementou uma inovação destinada a monitorar as aplicações que o usuário utiliza com maior frequência e mantê-las pré-carregadas num cache de memória, visando abreviar seu tempo de inicialização. O aprimoramento, que recebeu o nome de Prefetch, foi mantido nas edições posteriores do sistema, embora com o nome de Superfetch.

Em teoria, tudo muito bonito; na prática, todavia, constatou-se que o Superfetch poderia provocar o efeito inverso, notadamente a partir do Windows 7, quando o implemento se revelou um voraz consumidor de memória. Aliás, já no tempo do XP eu sugeria limpar regularmente a pasta Prefetch para melhorar o desempenho do sistema ― confira nesta postagem de 2008 ―, até porque naquela época a maioria dos PCs domésticos contava com míseras centenas de megabytes de memória.

Hoje, PCs de entrada de linha (ou de baixo custo, para ser mais claro) trazem 2GB de RAM, de modo que pode alterar o funcionamento do Superfetch pode parecer desnecessário ― ou mesmo contraproducente, já que um aplicativo iniciado a partir do disco rígido demora mais para carregar do quando é lançado a partir do cache. Ademais, a despeito de consumir memória, o Superfetch gerencia esse cache de maneira mais “inteligente”, com prioridade baixa em relação a outras aplicações. Em outras palavras, sempre que algum aplicativo em execução precisar de mais memória, a quantidade reservada anteriormente para o serviço será automaticamente disponibilizada. Isso sem mencionar que o recurso se tornou capaz de se auto desativar ao detectar um HDD de alto desempenho (ou um SSD), o que torna recomendável, nesse caso, deixar que o próprio Windows decida se utiliza ou não o Superfetch.

Fato é que o Superfetch divide opiniões. Enquanto uns acham que desabilitá-lo não traz benefício algum, outros recomendam fazê-lo, notadamente em sistemas com pouca RAM (ou seja, menos de 4 GB). Na minha opinião, a tentativa é válida, até porque o ajuste é simples e fácil de desfazer. Então vamos lá: 

― Para conferir se o recurso em questão está ativo, pressione a combinação de teclas Win+R, digite services.msc na caixa do menu Executar, tecle Enter e confira o status do Superfetch na coluna respectiva (se o status for Iniciado, é porque o serviço está operante).

― Para avaliar como o sistema se comporta sem o Superfetch, dê um clique direito sobre a entrada respectiva, clique em Propriedades e, em Tipo de inicialização, selecione Desativado, pressione Aplicar, confirme em OK e reinicie o computador.

— Para retornar à configuração original, repita os mesmos passos e altere o padrão para Automático.

Era isso, pessoal. Até a próxima.

ÚLTIMAS DO CENÁRIO POLÍTICO TUPINIQUIM

A terça-feira foi quente, a despeito do frio que voltou a fazer nas regiões sul e sudeste. A Polícia Federal afirmou ter indícios de que o presidente Michel Temer cometeu crime de corrupção passivaEduardo Cunha desmentiu Joesley e disse que dono da JBS teve encontros com LulaMaluf foi condenado pela justiça francesa por lavagem de dinheiro desviado das obras do Túnel Ayrton Senna e da Avenida Águas Espraiadas.

Falando na JBS, não se nega que a delação teve aspectos inusitados, a começar pelas benesses concedidas aos irmãos Batista e outros 5 altos executivos do grupo, a quem foi garantida uma espécie de “indulto antecipado”. Agora, todavia, fala-se que o os termos do acordo podem ser revistos à luz da Lei 12.850, de agosto de 2013, segundo a qual, na homologação de uma colaboração premiada, cabe ao juiz apenas checar se o acordo atende aos “requisitos legais”, ou seja, verificar se os aspectos formais da delação foram obedecidos. A delação dos Batista, notadamente de Joesley, teve impacto ainda maior que as da Odebrecht por envolver Michel Temer ― na chamada “delação do fim do mundo”, o presidente chegou a ser citado por alguns delatores, mas não foi investigado porque a Constituição prevê que o mais alto mandatário da nação só pode ser alvo de investigações por práticas cometidas durante o mandato. Agora, no entanto, a história é bem outra, pois a gravação feita pelo delator durante o encontro que teve com Temer nos “porões” do Jaburu data de março deste ano.

Enfim, as benesses garantidas aos irmãos Batista, justificadas pelo Ministério Público por conta da relevância das informações, pressionaram o Supremo a rever o próprio acordo, mas é fundamental que essa questão seja tratada com muito cuidado, pois um eventual recuo poderá reduzir significativamente a atratividade da colaboração para corruptos e corruptores que ainda cogitam delatar. E o mesmo se aplica, mutatis mutandis, à cruzada capitaneada pelo ministro Gilmar Mendes contra as prisões preventivas prolongadas ― largamente utilizadas na Lava-Jato para estimular as delações.

Mas o ponto alto do dia ficou por conta da 1ª Turma do STF, que deveria definir a sorte de Aécio Neves, mas acabou adiando sine die tanto a decisão sobre a prisão do senador quanto seu pedido para retomar as atividades parlamentares. Isso porque o Marco Aurélio, relator do caso, disse que ainda vai se pronunciar sobre um novo pedido de Aécio para levar o processo para o plenário da Corte. Sem embrago, por 3 votos a 2, a Turma resolveu converter a prisão preventiva de Andrea Neves, irmã do tucano, e Frederico Pacheco, primo de ambos, em prisão domiciliar (eles são investigados por suposta prática de corrupção, organização criminosa e embaraço às investigações, e estavam na cadeia desde o último dia 18 de maio).

E viva o povo brasileiro.

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