UM PODER QUE
SE SERVE EM VEZ DE SERVIR É UM PODER QUE NÃO SERVE.
Conforme vimos no post anterior, da mesma forma que “uma
andorinha não faz verão” um processador de ponta não é capaz de mostrar todo o
seu poder de fogo se tiver a contrapartida dos subsistemas de memória (RAM e HDD). Aliás, o disco rígido é, atualmente, o maior “gargalo” de desempenho
do PC, por ser um dispositivo eletromecânico milhares de vezes mais lento que a
RAM (que, por sua vez, é milhares de
vezes mais lenta que a).
Ao desenvolver o
Windows
XP, a
Microsoft implementou uma
inovação destinada a monitorar as aplicações que o usuário utiliza com maior
frequência e mantê-las pré-carregadas num
cache de memória, visando abreviar
seu tempo de inicialização. O aprimoramento, que recebeu o nome de
Prefetch, foi mantido nas edições
posteriores do sistema, embora com o nome de
Superfetch.
Em teoria, tudo muito bonito; na prática, todavia,
constatou-se que o
Superfetch
poderia provocar o efeito inverso, notadamente a partir do
Windows 7, quando o implemento se revelou um voraz consumidor de
memória. Aliás, já no tempo do
XP eu
sugeria limpar regularmente a pasta
Prefetch
para melhorar o desempenho do sistema ― confira
nesta postagem de 2008 ―, até
porque naquela época a maioria dos
PCs domésticos
contava com míseras
centenas de
megabytes de memória.
Hoje, PCs de entrada
de linha (ou de baixo custo,
para ser mais claro) trazem 2GB de RAM, de modo que pode alterar o
funcionamento do Superfetch pode
parecer desnecessário ― ou mesmo contraproducente, já que um aplicativo
iniciado a partir do disco rígido demora mais para carregar do quando é lançado a partir do cache. Ademais, a
despeito de consumir memória, o Superfetch gerencia esse cache de
maneira mais “inteligente”, com prioridade baixa em relação a outras
aplicações. Em outras palavras, sempre que algum aplicativo em execução
precisar de mais memória, a quantidade reservada anteriormente para o serviço
será automaticamente disponibilizada. Isso sem mencionar que o recurso se tornou capaz de se auto desativar
ao detectar um HDD de alto
desempenho (ou um SSD), o que torna
recomendável, nesse caso, deixar que o próprio Windows decida se utiliza ou não o Superfetch.
Fato é que o Superfetch divide opiniões. Enquanto
uns acham que desabilitá-lo não traz benefício algum, outros recomendam fazê-lo,
notadamente em sistemas com pouca RAM
(ou seja, menos de 4 GB). Na
minha opinião, a tentativa é válida, até porque o ajuste é simples e fácil de
desfazer. Então vamos lá:
― Para conferir se o recurso em questão está ativo,
pressione a combinação de teclas Win+R, digite services.msc na
caixa do menu Executar, tecle Enter e confira o status do Superfetch
na coluna respectiva (se o status for Iniciado, é porque o serviço
está operante).
― Para avaliar como o sistema se comporta sem o Superfetch, dê um clique direito sobre
a entrada respectiva, clique em Propriedades e, em Tipo de
inicialização, selecione Desativado, pressione Aplicar,
confirme em OK e reinicie o computador.
— Para retornar à configuração original, repita os mesmos
passos e altere o padrão para Automático.
Era isso, pessoal. Até a próxima.
ÚLTIMAS DO CENÁRIO POLÍTICO TUPINIQUIM
A terça-feira foi quente, a despeito do frio que voltou
a fazer nas regiões sul e sudeste. A Polícia Federal afirmou ter indícios de que
o presidente
Michel Temer cometeu
crime de corrupção passiva;
Eduardo Cunha
desmentiu
Joesley e disse que dono
da
JBS teve encontros com
Lula;
Maluf foi condenado pela
justiça francesa por lavagem de dinheiro desviado das obras do
Túnel Ayrton Senna e da
Avenida Águas Espraiadas.
Falando na JBS, não
se nega que a delação teve aspectos inusitados, a
começar pelas benesses concedidas aos irmãos Batista e outros 5 altos executivos do grupo, a quem foi garantida uma
espécie de “indulto antecipado”. Agora, todavia, fala-se que o os termos do
acordo podem ser revistos à luz da Lei 12.850, de agosto de 2013, segundo a qual, na homologação de uma colaboração premiada, cabe ao juiz apenas checar
se o acordo atende aos “requisitos legais”, ou seja, verificar se os aspectos
formais da delação foram obedecidos. A delação dos Batista,
notadamente de Joesley, teve impacto
ainda maior que as da Odebrecht por
envolver Michel Temer ― na chamada
“delação do fim do mundo”, o presidente chegou a ser citado por alguns
delatores, mas não foi investigado porque a Constituição prevê que o mais alto
mandatário da nação só pode ser alvo de investigações por práticas cometidas
durante o mandato. Agora, no entanto, a história é bem outra, pois a gravação
feita pelo delator durante o encontro que teve com Temer nos “porões” do Jaburu data de março deste ano.
Enfim, as benesses garantidas aos irmãos
Batista, justificadas pelo
Ministério Público por conta da
relevância das informações, pressionaram o Supremo a rever o próprio acordo,
mas é fundamental que essa questão seja tratada com muito cuidado, pois um
eventual recuo poderá reduzir significativamente a atratividade da colaboração
para corruptos e corruptores que ainda cogitam delatar. E o mesmo se aplica,
mutatis mutandis, à cruzada capitaneada
pelo ministro
Gilmar Mendes contra
as prisões preventivas prolongadas ― largamente utilizadas na
Lava-Jato para estimular as delações.
Mas o ponto alto do dia ficou por conta da
1ª Turma do STF, que deveria definir a sorte de
Aécio Neves, mas acabou adiando
sine die tanto a decisão sobre a prisão do senador quanto seu pedido para retomar as atividades parlamentares. Isso porque o
Marco Aurélio, relator do caso, disse
que ainda vai se pronunciar sobre um
novo
pedido de Aécio para levar o processo para o plenário da Corte. Sem embrago,
por
3 votos a 2, a Turma resolveu converter a prisão preventiva de
Andrea Neves, irmã do tucano, e
Frederico Pacheco, primo de ambos, em prisão
domiciliar (eles são investigados por suposta prática de corrupção, organização criminosa e
embaraço às investigações, e estavam na cadeia desde o último dia 18 de maio).
E viva o povo brasileiro.