É PRECISO MANTER A PÓLVORA SECA PARA O CASO DE SE PRECISAR DELA.
Vimos que o sistema e os aplicativos não são carregados integralmente na memória RAM, mas divididos em páginas
ou em segmentos (pedaços do
mesmo tamanho e pedaços de tamanhos diferentes, respectivamente), ou não haveria memória que bastasse. Isso só é possível porque os sistemas
operacionais são construídos de forma modular, e cada módulo (Kernel, Escalonador, Gerenciador
de Arquivos, etc.) é carregado individual e seletivamente, conforme as
necessidades.
Toda vez que ligamos o computador, o BIOS faz o POST (autoteste
de inicialização), procura os arquivos de BOOT (conforme a sequência declarada no CMOS Setup), “carrega” o sistema na memória RAM e exibe a tradicional
tela de boas-vindas.
O BIOS é
a primeira camada de software do
computador e fica gravado numa pequena porção de memória não volátil integrada
à placa-mãe. O CMOS é um
componente de hardware composto de
um relógio permanente, uma pequena
porção de memória volátil e uma bateria, que mantém essa
memória volátil energizada, ou as informações que ela armazena se perderiam
toda vez que o computador fosse desligado. O BOOT é o processo mediante o qual o BIOS checa as informações armazenadas no CMOS e realiza o POST (autoteste de inicialização).Só
então, e se tudo estiver nos conformes, o Windows
é carregado e assume o comando da máquina.
Fazer o Setup nada
mais é que configurar os parâmetros armazenados na memória do CMOS, de modo a permitir que o BIOS reconheça e gerencie adequadamente
os componentes instalados, dê o boot e adote outros procedimentos básicos que
envolvem o funcionamento do PC. Essa configuração consiste em oferecer
respostas a uma longa sequência de perguntas num sistema de múltipla escolha,
mas a boa notícia é que ela e feita na etapa final da montagem do computador e
só é necessário refazê-la em situações específicas (após um upgrade abrangente
de hardware, por exemplo). Claro que é possível reconfigurar o Setup para resolver problemas e/ou
incrementar o desempenho do computador, mas isso só deve ser feito usuários avançados, pois
modificações indevidas ou malsucedidas podem comprometer o funcionamento da
máquina.
Observação: Boot significa bota ou botina, mas virou
sinônimo de inicialização devido à expressão “pulling oneself up by his own bootstraps” (içar a si mesmo pelos
cordões das botinas), que, por extensão, significa “fazer sozinho algo impossível de ser feito sem ajuda externa”.
Segundo alguns autores, isso vem do tempo em que os computadores usavam uma
pequena quantidade de código para carregar instruções mais complexas, e esse
processo era conhecido como bootstrapping.
Voltando à influência da RAM no desempenho global do PC,
vale relembrar uma analogia que eu faço desde que publiquei meus primeiros artigos sobre hardware na mídia impressa, lá pelo final do século passado:
Se o computador fosse
uma orquestra, o processador seria o maestro. Mas uma boa apresentação não
depende apenas de um regente competente, mas também de músicos qualificados e entrosados entre si. Bons músicos podem até suprira
as limitações de um maestro meia-boca, mas o contrário não é possível: por mais
que o regente se descabele, a incompetência da equipe fatalmente embotará o
brilho do concerto. Guardadas as devidas proporções, o mesmo se dá em
relação ao PC, que depende de uma configuração equilibrada, com componentes adequados e balanceados.
Em
outras palavras, uma CPU de
primeiríssima não será capaz de muita coisa se for assessorada por um
subsistema de memórias subdimensionado. Mas não é só. PCs
da mesma marca, modelo e idêntica configuração de hardware podem apresentar comportamentos diversos, pois o
desempenho de cada depende também da configuração do Windows, da quantidade de aplicativos instalados, da maneira como
eles são inicializados, da regularidade com que o usuário realiza manutenções
preventivo-corretivas, e por aí vai.
Máquinas de entrada de linha (leia-se
baixo custo) costumam integrar processadores chinfrins, pouca memória e módulos genéricos,
o que impacta negativamente no desempenho global do sistema. Isso sem mencionar
o software fica mais exigente a cada dia. Para se ter uma ideia, enquanto o Win95 rodava
com míseros 8 MB de RAM (isso mesmo, oito megabytes) o Windows
10 precisa de algo entre 6 e 8 GB
para rodar com folga (a Microsoft, modesta
quando lhe convém, fala em 1 GB para
as versões de 32-bit e 2 GB para as de 64-bit, mas aí não sobra quase nada para os aplicativos).
Outra analogia de que gosto muito remete à dinâmica entre o processador, a RAM e o HDD. Vamos a ela:
Imagine o PC como um escritório e o processador como
um funcionário extremamente
diligente, mas sem iniciativa própria. Durante o expediente, esse incansável
colaborador atende ligações, recebe informações, transmite instruções, elabora
cartas e relatórios, responde emails e por aí afora, tudo praticamente ao mesmo
tempo. No entanto, se algum elemento indispensável ao trabalho não estiver
sobre a mesa, o já assoberbado funcionário perderá um bocado de tempo
escarafunchando gavetas abarrotadas e estantes desarrumadas (quem mandou não
desfragmentar o HDD?). E a
situação fica ainda pior quando ele precisa abrir espaço sobre a mesa atulhada
para acomodar mais livros e pastas. Isso sem falar que terá de arrumar tudo
de novo antes de retornar à tarefa interrompida.
Se você ainda não ligou os
pontos, a escrivaninha corresponde à memória
cache, as gavetas à memória
física (RAM), as estantes à memória de massa (HDD) e a “abertura de espaço”, ao swap-file (ou arquivo de
troca, ou ainda memória virtual).
Para mais detalhes sobre cada uma dessas memórias, reveja as postagens
anteriores).
Vejo agora que esse apanhado de informações conceituais ocupou um
bocado de espaço, o que me obriga a deixar as dicas práticas para a próxima
postagem. Até lá.