Os resultados de quatro anos de Operação
Lava-Jato demonstram que a Polícia
Federal sabe investigar, mas o episódio atabalhoado da prisão do demiurgo de Garanhuns, que desde o final da tarde de ontem tripudia do Judiciário e dos cidadãos de bem deste país, comprava que os agentes federais não sabem prender.
A meu ver, o juiz Sérgio
Moro tem sua parcela de culpa. Na última quinta-feira, ao atender à determinação
do TRF-4 e expedir o mandado de
prisão contra o petista, o juiz levou em consideração a “dignidade do
cargo” ― do qual Lula
jamais foi digno ― e ofereceu a possibilidade de o condenado se apresentar
espontaneamente na sede da PF em
Curitiba (além de vetar o uso de algemas e preparar uma cela especial para
acomodar o sacripanta), mas não levou em conta que petista, quando alguém lhe oferece a mão, quer logo arrancar o braço.
O prazo expirou às 17 h de ontem, e o molusco continua
entocado no sindicado dos metalúrgicos do ABC, cercado de cupinchas e de um
número variável de militontos amestrados. Depois de muita expectativa, o discurso que o "grande líder" ficou de proferir acabou não acontecendo. Até porque ele diria o
quê? Afrontaria mais uma vez o Judiciário, tentando convencer a militância de
que Moro é que deveria ser preso?
Mesmo tendo sido condenado em primeira e segunda instâncias por corrupção e lavagem de
dinheiro? Mesmo sendo réu em mais duas ações criminais em Curitiba ― que estão prestes a ser julgadas ― e em outras quatro na
JF do DF? Isso foi feito durante toda a instrução processual da ação em que Lula já foi condenado ― e pelo visto não
deu certo. De mais a mais, os militontos não precisam ser convencidos de nada, pois acreditam cegamente na narrativa petista. Já o resto da população...
Enfim, durante todo o dia de ontem Lula apareceu algumas
vezes na janela e saudou os palhaços que ali se concentravam para vê-lo e
ouvi-lo. Intra muros, a cúpula do partido estimulava a rebeldia e os
advogados do petralha defendiam o bom senso ― mas, nos
bastidores, atiravam para todos os lados, com pedidos de habeas corpus ao STJ, reclamações ao STF e até mesmo uma estapafúrdia tentativa
de recorrer à ONU (como se a
organização pudesse se imiscuir em decisões internas de um país soberano).
Agora, 16 horas depois do prazo estabelecido por Moro, rejeitados os pedidos de habeas corpus e na iminência de uma
decisão do ministro Fachin sobre a
reclamação apresentada ao STF (a
defesa alega que o TRF4 não poderia
ter autorização a decretação da prisão de Lula
antes do exaurimento do prazo para a apresentação dos “embargos dos embargos”),
o haverá uma solenidade no sindicato (uma missa em homenagem à
ex-primeira dama Marisa Letícia, que,
se não tivesse falecido em fevereiro do ano passado, estaria completando 68 anos
neste sábado), ao final da qual Lula se
entregará e será encaminhado à sede da PF em Curitiba. Ou pelo menos essa é a versão atual dos fatos. Resta saber se isso vai se confirmar.
Volto mais tarde com outras informações.
ADITAMENTO - 14h20min DE SÁBADO
ADITAMENTO - 14h20min DE SÁBADO
Eu nunca vi em 60 anos de vida a imprensa transmitir ao vivo,
durante tanto tempo, uma comédia estapafúrdia como a da prisão de Lula.
Ao petista, vale lembrar, foi concedida a deferência
especial de se entregar espontaneamente, na sede da PF de Curitiba.
O prazo expirou às 5 horas da tarde de ontem, mas a palhaçada avançou noite
adentro e por toda a manhã de hoje.
A farsa burlesca atingiu o ápice com o discurso do sacripanta
de Garanhuns ― na verdade, um comício que se estendeu por quase uma hora, dirigido
a militontos e apoiadores. Em determinado momento, o criminoso pareceu passar
mal, mas logo retomou seu besteirol (ele atribuiu o súbito “mal-estar” à
ressaca monumental, digo, ao calor desta manhã de sábado).
Em sua peroração patética ― e insuportável para os cidadãos
de bem desta nação ―, Lula desafiou “procuradores
e asseclas”, o juiz federal Sérgio Moro
e os desembargadores do TRF-4 para um
debate sobre as provas que embasam investigações que resultaram na sua
condenação.
Vale lembrar que, além do processo sobre o triplex do
Guarujá, no qual o petista foi condenado por Moro a 9 anos e meio de prisão e teve a pena aumentada para 12 anos
e um mês pelo TRF-4, há mais 6 ações
penais contra ele, duas em trâmite na 13ª
Vara Federal de Curitiba e outras 4 na Justiça
Federal do DF.
Ao longo de todo o dia de ontem e da manhã de hoje, integrantes
da alta cúpula petista estimularam o petralha a não se entregar, ao passo que
seus advogados sugeriram o contrário. Nesse entretempo, o STJ negou mais um pedido de habeas corpus e, mais adiante, o
ministro Edson Fachin, do STF, asseverou que o fato de haver
recursos para serem analisados não impede o cumprimento da pena de prisão, e
destacou que o mandado não deve ser suspenso apenas porque ainda é possível
apresentar recursos no TRF-4.
Terminada a “solenidade” em homenagem à finada ex-primeira-dama
Maria Letícia, que hoje completaria
68 anos, Lula deve almoçar e descansar um pouco antes de seguir para o aeroporto de
Congonhas e de lá voar para Curitiba. Talvez para evitar confrontos
indesejáveis (a petralhada é capaz de tudo), a PF de São Paulo engoliu, submissa, todas essas afrontas, o que
foi uma vergonha.
Vamos continuar acompanhando.
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