Conforme eu disse nesta postagem, o vice-líder do
governo na Câmara e comandante da tropa de choque presidencial Carlos Marun comemorou a palhaçada da última quarta-feira ―
não me ocorre outro termo para designar a votação da segunda denúncia contra Temer ― com a dancinha
da impunidade, numa paródia mal-ajambrada de Tudo Está no Seu Lugar, de Benito di Paula, que o deputado cantou e dançou com a graça de um hipopótamo
bailarino (não deixem de clicar nos links e conferir os vídeos). O amigo do Charlie Brown não gostou nem um pouco
da história. Em entrevista à FOLHA,
ele disse “estar muito puto” com o que classificou de “desrespeito”, chamou Marun de “babaca” e disse que “o cara
merecia processo”.
Como uma cara de pau de Jacarandá-da-Bahia, o ex-presidente
petralha, hepta-réu e condenado a 9 anos
e seis meses de xilindró vem rodando o país em caravana, muito antes do
prazo oficial de campanha, pedindo votos aos trouxas. Infelizmente, idiotas
brotam como ervas-daninhas e, no Brasil, eles vêm com título eleitoral como
equipamento padrão. Em 2014, o demiurgo
de Garanhuns exortou a população menos esclarecida a “votar numa ideia, num bom programa, numa boa chapa, não numa pessoa”.
Boa parte desses anormais votou na chapa formada pela deplorável nefelibata da
mandioca e seu vice ― ora denunciado (duplamente) por corrupção, formação de
quadrilha e obstrução da Justiça.
Falando no vampiro do Planalto, o marqueteiro Elsinho Mouco afirma que conseguirá
elevar de 3% para 50% a popularidade de Michel
Temer. Depois, certamente dará uma palestra mostrando ser possível enxugar
gelo com toalha quente e pintar peidos de verde-amarelo.
O publicitário aposta
nas ruas vazias (cooptação de movimentos), na melhora dos indicadores
econômicos (obra de Henrique Meirelles) e na parceria com o
Congresso (obtida com a uma imoral compra de votos), e sua campanha já tem um
novo slogan: “Agora, é Avançar.” Mas
não seria melhor usar o bom e velho “Tem que manter isso aí, viu!”, que
está inarredavelmente associado a Michel
Temer?
Observação: Dizem que Mouco teve uma epifania: um anjo lhe apareceu em sonho e garantiu
que haverá uma adesão natural à figura
do presidente quando “for totalmente revelada a armação” que ele vem sofrendo.
Nem imagino o que esse sujeito possa ter bebido ou cheirado antes de dormir,
mas isso se parece mais com uma edição revista e atualizada da falácia do
“golpe” que depôs Dilma Anta Rousseff.
A Justiça não pode fazer ouvidos moucos (desculpem, não
resisti ao trocadilho) a um levantamento feito pela FOLHA, segundo o qual os pagamentos do governo federal à agência de
publicidade Calia Y2 Propaganda e
Marketing, que pertence a um irmão de Elsinho
Mouco, cresceram 82% na gestão de Michel
Temer. Foram R$ 102 milhões entre 31 de agosto do ano passado ― quando Temer foi efetivado na presidência, e 31
de agosto deste ano. Durante todo o (des)governo de Dilma (de janeiro de 2011 a maio de 2016), a média mensal de
despesas com a Calia foi de R$ 3,3
milhões, contra cerca de R$ 6,5 milhões no governo Temer (os valores foram atualizados pela inflação). Só neste ano,
os desembolsos de janeiro a agosto alcançam R$ 64 milhões, mais do que em
qualquer ano de administração da petista.
Elsinho Mouco fez
as campanhas eleitorais de Temer e
presta serviços ao PMDB há pelo
menos 15 anos. Com o impeachment, passou a ser responsável pela imagem do
presidente e cunhou o slogan Ordem e
Progresso ― que remonta aos primórdios da República ― e o Bora, Temer ― que se contrapõe ao Fora Temer. Em agosto, assumiu o cargo
de diretor na agência Isobar (antiga
Click), que cuida da estratégia
oficial para redes sociais, e passou a receber indiretamente do governo, além de
ocupar uma sala dentro do Palácio do
Planalto.
É mole?