Defender o indefensável é uma tarefa quase sempre inglória, mas
o rábula encarregado da defesa do ex-presidente Lula precisa justificar seus polpudos honorários, e assim, sem o
menor constrangimento, usa e abusa do “jus
sperniandi”.
Segundo o “pai
dos burros”, espernear
significa agitar repetida e
violentamente as pernas; espernegar, pernear. No sentido figurativo, o termo é sinônimo de reclamar,
não se sujeitar a algo; tentar reverter uma situação com a qual não se concorda. No
jargão jurídico, a expressão “jus sperniandi” significa “direito de espernear”. O ser humano
esperneia desde pequenino ao sentir fome, dor ou outro desconforto qualquer.
E continua a fazê-lo por anos a fio, sempre que se sente contrariado ou quer
chamar a atenção.
Lula esperneia
quando se autodeclara “a alma viva mais honesta do Brasil”
e antecipa sua estapafúrdia candidatura, que tem como propósito mantê-lo fora da cadeia (na semana
que vem, o Circo Marambaia do Palhaço sem
Graça vai percorrer municípios fluminenses e capixabas).
Zanin e seus vassalos esperneiam
valendo-se de todo tipo de chicana para tumultuar o andamento processual e
constranger o juiz Sérgio Moro,
chegando mesmo a denunciá-lo ao Comitê de Direitos Humanos
da ONU por suposta perseguição política, e a cúpula petista
esperneia estimulando a militância a espalhar seu indefectível besteirol nas
mídias ― chegando ao requinte de publicar uma estapafúrdia cartilha
multilíngue, condenando a suposta “caçada judicial” promovida por Moro contra seu eterno presidente de
honra.
Nada disso parece ajudar o molusco parlapatão. Mesmo aparecendo em primeiro lugar nas pesquisas de
opinião pública ― aquelas das quais você, eu e 99,9% da população jamais
participaram, mas que supostamente espelham a intenção de 200% do
eleitorado ―, o pulha também é imbatível entre os nomes mais rejeitados. E nada garante que ele chegue mesmo a concorrer: se o TRF-4 mantiver a sentença de Moro no processo do tríplex (os
recursos devem ser julgados no primeiro semestre de 2018), Lula se tornará “ficha-suja” e (queira Deus que o STF não atrapalhe) hóspede compulsório do sistema prisional
tupiniquim.
Falando no TRF-4, a 8ª Turma ― responsável por apreciar os
recursos contra decisões nos processos da Lava-Jato em Curitiba ― frustrou, na
última terça-feira, mais uma manobra da defesa de Lula, ao rejeitar um mandado de segurança que se insurgia contra o bloqueio de bens determinado pelo juiz Moro no processo sobre o tríplex no Guarujá (além de sentenciar Lula a 9 anos e meio de prisão, o magistrado impôs multa de R$ 16 milhões ao petralha, a Léo Pinheiro, dono da OAS, e a Agenor Franklin Medeiros, executivo da empreiteira).
Descontado o
valor do tríplex, ficaram faltando R$
13,7 milhões, e assim o juiz mandou sequestrar os apartamentos de Lula em São Bernardo do Campo e dois veículos, além de confiscar mais R$ 10 milhões em ativos financeiros (o BC bloqueou cerca de R$ 600 mil em quatro contas bancárias e
R$ 9 milhões em investimentos no BrasilPrev (previdência privada do Banco do Brasil), dos quais R$ 7,2 milhões correspondem a um plano
empresarial da LILS ― a folclórica “empresa
de palestras” de Lula ― e R$ 1,8 milhões a um plano individual
do molusco).
O desembargador João
Pedro Gebran, relator dos processos da Lava-Jato
em Porto Alegre, havia denegado seguimento ao mandado de segurança, entendendo que o instrumento jurídico
adequado para um pedido de levantamento de constrição de bens é o incidente de restrição de coisas apreendidas,
e que o exame do pedido seria uma supressão de instância, pois o advogado deveria
tê-lo submetido à 13ª Vara Federal de Curitiba. Zanin, então, ingressou com um agravo regimental em mandado de
segurança para tentar assegurar o julgamento do pedido, mas os demais
desembargadores da 8ª Turma do TRF-4 seguiram o voto do relator e a decisão foi mantida.
O fato é que Lula
vem tomando na tarraqueta sistematicamente, tanto na primeira instância quanto
nos tribunais superiores. A conversa de alma
viva mais honesta do Brasil já não convence ninguém além da fanática
militância petista e, eventualmente, um ou outro simpatizante de outros
partidos “de esquerda”. E a negativa geral ― não sei de nada, nunca
vi nada nem soube de coisa alguma, fui traído, enganado e blá, blá, blá ―,
usada com sucesso para se desvincular de Dirceu,
Genoino, Delúbio, Vaccari e
outros mensaleiros que acabaram condenados, não livrará o rabo do molusco de
nove dedos da Lava-Jato ― que, vale lembrar, já o brindou com 7
processos (por enquanto) e uma condenação (também por enquanto; a segunda deve sair
ainda neste final de ano).
Por uma questão de espaço (ou da falta dele), o resto fica para amanhã.
E como hoje é sexta-feira:
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