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domingo, 20 de fevereiro de 2022

RESTAURE-SE O IMPÉRIO DA MORALIDADE OU LOCUPLETEMO-NOS TODOS! (PARTE XVIII)

 

Em 1998, quando disputou a reeleição, FHC teve como principal adversário o retirante nordestino analfabeto e malandro que usou o sindicalismo como trampolim para a política, fundou uma agremiação de criminosos disfarçada de partido, sangrou os cofres públicos de 2002 a 2010. E continuou a fazê-lo até 2016, mas tirando a castanha com a mão do gato, ou melhor, do "poste" que escolheu para manter quente a poltrona tencionava voltar a ocupar em 2014. Mas nem tudo saiu como planejado: o cutruca se tornou réu em 20 processos e foi condenado em dois, por 10 magistrados de três instâncias do Judiciário, a mais de 26 anos de prisão. 

Como isto aqui é Brasil, a mais alta corte de Justiça (?!) mudou seu entendimento sobre o cumprimento antecipado da pena, permitindo ao abantesma deixar a sala VIP que lhe serviu de cela após míseros 580 dias. E como as “togas cumpanhêras” anularam suas duas condenações e todos os demais atos processuais nas quatro ações que tramitavam ou haviam tramitado na 13ª Vara Federal de Curitiba, o ex-condenado, transmutado em "ex-corrupto", recuperou os direitos políticos que haviam sido suspensos pela Lei da Ficha-Limpa.

Voltemos ao grão-tucano de plumagem vistosa, que, no último ano de seu primeiro mandato, comprou a PEC da Reeleição. Como quem parte e reparte e não fica com a melhor parte é burro ou não tem arte, FHC foi o primeiro mandatário a usufruir de sua "obra". 

Observação: Em 2014, quando criticou o estelionato eleitoral que foi a reeleição de Dilma, Fernando Henrique ouviu do bocório de Garanhuns: "Vi o ex-presidente falar com a maior desfaçatez: ‘É preciso acabar com a corrupção’. Ele devia dizer quem é que estabeleceu a maior promiscuidade entre Executivo e Congresso quando ele começou a comprar voto para ser aprovada a reeleição". Lula reclamar de corrupção em governo alheio é o mesmo que Marcola, o chefe do PCC, imputar crimes ao arquirrival Comando Vermelho, mas, de novo, isto aqui é Brasil, zil, zil, zil...

Em 2002, após três tentativas frustradas, Lula finalmente conquistou a Presidência, dando início aos 13 anos, 4 meses e 12 dias de lulopetismo corrupto que terminaram com o afastamento da estocadora de vento e a promoção do "vice decorativo" a titular. 

Na visão míope da petralhada, o país estava melhor nos tempos de Lula e Dilma — como a parelha de desqualificados fosse austera e pouco afeita a gastos desnecessários, como Aerolulas, luxuosas suítes no Copa e em hotéis estrelados do mundo inteiro, bolsas Hermès, cabeleireiros Kamura e por aí afora. O gramado do vizinho sempre parece mais verde e o osso que se roeu no passado, mais saboroso que o bife que está no prato. 

Não que haja bife no prato dos brasileiros. Enquanto nosso mandatário de fancaria comemorava com pompa e circunstância seus mil dias de governo — com o dólar nas alturas, crises hídrica e de energia elétrica, inflação galopante e combustíveis, gás de cozinha e alimentos a preços estratosféricos —, brasileiros das classes sociais menos favorecidas disputavam ossos e outros refugos que até pouco tempo atrás iam para as latas de lixo de açougues e supermercados.

Dezoito anos depois de transferir a faixa presidencial ao sultão da Petelândia, FHC finalmente concluiu que merda fede. Ou, em suas próprias palavras, que "a reeleição é dos males — talvez o mais grave — de nosso sistema político". Em seu “mea-culpa”, o barão do tucanistão reconheceu que cometeu um “erro histórico” ao patrocinar a emenda em questão, e que foi “ingênuo” por acreditar que a partir daí os governantes não fariam “o impossível” para se reeleger.

"Ingenuidade" — escreveu Dora Kramer em sua coluna, "foi acreditar na inocência do presidente que fez ele mesmo o “impossível” ao jogar o peso de sua autoridade e prestígio angariado no êxito do combate à inflação para aprovar uma emenda em causa própria, ferindo de morte sua majestade em troca de mais quatro anos no Palácio do Planalto."

Vir agora com ato de contrição — prosseguiu a jornalista em seu imperdível texto — soa a tentativa de diluir responsabilidade por algo que guarda mais relação com a forma do que com o conteúdo. O defeito não está no instrumento existente em várias democracias, mas no uso que se faz dele. Por exemplo: quando da proposta da emenda, por que não se incluiu a obrigatoriedade de o postulante ao mesmo cargo se afastar por um período determinado antes da eleição? 

A Justiça é falha na fiscalização do uso indevido do poder e os grandes partidos, tímidos na contestação aos abusos — pois receiam firmar jurisprudências que venham a lhes criar empecilhos amanhã ou depois, diz Dora, relembrando em seguida uma frase ouvida décadas atrás de Roberto Campos: “Não é a lei que precisa ser forte, é a carne que não pode ser fraca”.

É perfeitamente possível conviver com a reeleição, desde que os políticos não abusem dela e que o povo seja esclarecido e esteja preparado para votar. A propósito, em meados dos anos 1970, auge da ditadura militar, Pelé, então no auge da fama, disse que o brasileiro não sabia votar. Anos depois, numa das muitas pérolas que o notabilizaram, o então presidente João Figueiredo ponderou que "um povo que não sabia nem escovar os dentes não estava preparado para votar".

E viva o povo brasileiro!

quinta-feira, 11 de julho de 2019

BOLSONARO E A PEC DA PREVIDÊNCIA


Contrariando uma das muitas promessas que fez durante a campanha, Bolsonaro não só desistiu de propor o fim da reeleição como também resolveu disputá-la em 2022. O sucesso da empreitada depende de vários fatores e sua previsibilidade é nula, visto que muita água vai rolar até lá. Os índices de aprovação do governo, segundo as mais recentes pesquisas (detalhes no post anterior), orbitam os 30%. Com apenas um terço dos votos válidos, nenhum disputante vence eleições majoritárias (para prefeito, governador e presidente da República), onde se elege quem obtém maioria absoluta (se não no primeiro turno, fatalmente no segundo, quando então a disputa se limita aos dois candidatos mais votados no pleito anterior).

Claro que muita coisa pode mudar nos próximos 3 anos, e nada garante que seja para melhor. Mesmo assim, o presidente parece não se dar conta de que boa parte dos votos que obteve em 2018 não veio dos bolsomínions, mas dos antipetistas — e é bom lembrar que o fato de alguém ser inimigo do seu inimigo não significa necessariamente que é seu amigo.

Observação: No presidencialismo de coalizão, governar exige dividir espaço com o Congresso, que, como se sabe, não é movido a patriotismo. Mas é bom não confundir o que chamamos pejorativamente de “toma-lá-dá-cá” com a fórmula adotada por Lula, que instituiu o mensalão e o petrolão para sustentar seu nefasto projeto de eternizar o lulopetismo no poder.

Mesmo tendo passado 30 como deputado do baixo clero, o Bolsonaro presidente parece cultivar a mais profunda aversão pelo “é dando que se recebe”, e assim conta apenas com o apoio dos parlamentares do PSL — partido nanico até as últimas eleições, mas que multiplicou por 50 sua presença na Câmara e se tornou, da noite para o dia, a maior bancada da Casa. Só que os deputados pesselistas não têm atuado como base do governo. Muitos deles não demonstram o menor respeito pelas decisões da cúpula do partido e pelas demandas do Planalto, e alguns deixam claro que seu único propósito na Câmara é defender as corporações que julgam representar, em especial a dos profissionais de segurança pública.

O problema da Previdência não vem de hoje, mas, nem FHC, nem Lula, nem Dilma nem Temer tiveram peito resolvê-lo. Para além de algumas tímidas tentativas, todos ele simplesmente a coisa com a barriga, levando o déficit chegar ao ponto que chegou e o atual governo sem alternativa que não propor essa espinhosa reforma. Só que o capitão nunca se empenhou verdadeiramente em defendê-la, embora o futuro do seu governo e sua eventual reeleição dependam dela. 

Depois de cruzar a Praça dos Três Poderes e entregar a proposta ao presidente da Câmara, Bolsonaro pôs-se a repetir que havia feito sua parte e que “a bola estava com o Congresso”, afastou-se das negociações e se dedicou a fomentar picuinhas, hostilizar Rodrigo Maia — de quem podermos não gostar, mas cujo empenho temos de reconhecer —, fritar ministros e promover enfrentamentos tanto desnecessários quanto indesejáveis. Instado a ajudar na articulação para reinserir Estados e municípios, o presidente não moveu uma palha, mas bastou ser chamado de "traidor" por policiais para se apressar a trabalhar pela concessão de aposentadoria especialíssima à corporação amiga e, para desassossego de Paulo Guedes e da equipe econômica, vem se empenhando em levar o esforço às últimas consequências. Porém, ao intervir para tentar garantir aos policiais federais e à Polícia Rodoviária regras mais brandas, fora da emenda principal, ele contribui para a obstrução da votação e coloca em risco a própria economia de que seu governo tanto necessita para dar início à Nova Previdência.

A oposição — magote de esquerdistas e boçais insensíveis ao fato de que, mesmo não sendo uma panaceia, a aprovação da reforma é a única alternativa para a Economia deixar a UTI com vida — tem feito diabo para obstruir a tramitação, e ainda que não some nem 150 votos, faz um barulho danado. Alguns dizem que a oposição está cumprindo seu papel, mas, convenhamos, fazer oposição responsável é uma coisa e agir como essa cáfila vermelha age é outra bem diferente. E como se isso já não bastasse, o capitão, antipetista e antiesquerdista, ajuda “o inimigo” ao se tornar um grande estorvo para a tramitação da PEC — cuja aprovação, volto a frisar, definirá o sucesso do seu governo e quiçá sua reeleição.

Bolsonaro monta uma armadilha para si mesmo, pois cada emenda apresentada abre espaço para discussões que consomem tempo valioso, pondo em risco a votação final — inclusive dos destaques — antes do próximo dia 18, quando o Congresso entra em recesso. E não faltam oportunista que se aproveitem da sua iniciativa para incluir outros agentes de segurança no pacote da PF, como guardas penitenciários e municipais, bem como retirar os professores da reforma. Esse seria o pior dos mundos, pois desidrataria ainda mais a reforma.

Paralelamente, os governadores insistem na inclusão de servidores de Estados e Municípios, o que não conta com o apoio da maioria dos deputados e pode reduzir a economia de R$ 1 trilhão prevista para os próximos 10 anos — montante inferior ao desejado por Paulo Guedes, mas, mesmo assim, ainda aceitável. É por isso que Rodrigo Maia quer deixar essa questão fora do bojo da reforma e tratar dela mais adiante, de preferência numa emenda constitucional cuja tramitação começaria no Senado.

Aos trancos e barrancos, a coisa vai caminhado. A despeito da tramitação conturbada — afora a exigência do pedaço fisiológico do Congresso, que condiciona o voto à liberação de verbas orçamentárias, há o desejo dos partidos de oposição de obstruir as sessões, esticando a corda até o último instante — o texto-base aprovado na Comissão Especial da Câmara foi chancelado no plenário, em primeiro turno, por 379 votos a 131. Há 18 destaques para serem apreciados, mas Rodrigo Maia — indiscutivelmente o pai biológico da criança — está confiante de que a aprovação em segundo turno aconteça ainda esta semana, ficando para depois do recesso apenas o escrutínio do Senado. A impressão que se tem é de que a maioria dos deputados ou se conscientizou da necessidade da emenda, ou votará a favor para não ser responsabilizada pelo agravamento da crise econômica. 

Oposição é necessária e faz bem à democracia, mas a oposição brasileira frequenta o debate previdenciário sem demonstrar sua utilidade. Há espaço no Congresso para o surgimento de uma nova oposição, menos venenosa e mais propositiva, mas ainda não surgiu força capaz de ocupar o vazio.

Bolsonaro é, ao mesmo tempo, o grande estorvo e o maior beneficiário da reforma cujos impactos na Economia o capitalizarão politicamente, embora o verdadeiro pai da criança seja o Presidente da Câmara. Mesmo assim, o estorvo poderá jactar-se de ser a mãe, e de ter parido o filho sem recorrer ao toma-lá-dá-cá, ainda que isso não seja exatamente verdade: emendas parlamentares e outras bondades para garantir votos no plenário da Câmara vêm sendo distribuídas a toque de caixa nos últimos dias.

Como dizia Ulysses Guimarães, “em política, quem prepara a refeição nem sempre come o melhor bocado”.

domingo, 14 de janeiro de 2018

AINDA SOBRE A NOMEAÇÃO DE CRISTIANE BRASIL PARA O MINISTÉRIO DO TRABALHO




A substituição da Rainha Bruxa do Castelo do Inferno pelo Vampiro Furta-cor Peemedebista (que curiosamente declinou de morar no Alvorada porque tem medo de assombração) foi uma lufada de ar puro após 13 anos, 4 meses e 12 dias de clausura lulopetista. No entanto, se no início os ventos benfazejos da esperança levavam a crer que o governo estava no rumo certo, o prometido ministério de notáveis se revelou uma notável confraria de corruptos antes mesmo de Dracutemer completar um mês no cargo ― aliás, ministro de Temer não tem currículo, tem folha-corrida. Mas o castelo de cartas ruiu um ano depois, quando Lauro Jardim revelou uma conversa fortuita entre o presidente e certo moedor de carne criminoso com vocação para delator ― e burro a ponto de delatar a si mesmo, mas isso já é outra história ―, abrindo a Caixa de Pandora de onde saltaram duas denúncias criminais contra Temer. Com isso, em vez de entrar para a história como “o cara que recolocou o Brasil nos trilhos do crescimento”, sua insolência será lembrada como o primeiro presidente da Banânia denunciado no exercício do cargo (por corrupção, organização criminosa e obstrução da Justiça).

Observação: Nada mal para um país que, depois da redemocratização, elegeu 4 presidentes pelo voto popular, dos quais 2 foram depostos e um é hepta-réu na Justiça Penal ― e ainda se arroga o direito de concorrer à presidência nas próximas eleições, mas isso também é outra história.

Temer despiu de vez o manto da moralidade quando recorreu à compra e venda de votos para sepultar as denúncias contra ele, numa versão fisiologista recentemente ampliada para a chantagem explícita contra governadores para tentar aprovar a reforma da Previdência ― prejudicada justamente por atos do presidente que resultaram nas denúncias. Isso lhe salvou o mandato, mas não contribuiu em nada para sua já combalida popularidade. A quase totalidade do país o rejeita, e suas chances de se candidatar à reeleição ― conforme ele próprio andou insinuando ― ou de atuar como cabo eleitoral “substancioso” ― para usar a palavra dele em momento de otimismo delirante ― são próximas de zero.

Moralmente, o governo Temer está morto. E foi o próprio Michel Temer, com seu “presidencialismo de cooptação”, que cavou sua sepultura ao se tornar refém do Congresso. Seu “capital político” se esgotou com a compra de votos para barrar a investigação no Supremo ― que, segundo ele, “seria o terreno onde surgiriam as provas de sua inocência”. Mas nem mesmo uma raposa velha como ele é capaz de tirar leite de pedra.

Na última semana, a substituição de Ronaldo Nogueira ― que se demitiu do Ministério do Trabalho no último dia 27 ― por Cristiane Brasil Francisco cravou mais um prego no caixão presidencial. A escolhida não só e filha de Roberto Jefferson Monteiro Francisco ― que foi condenado a sete anos e 14 dias de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, mas teve a pena reduzida por delatar o esquema de pagamento de propina envolvendo parlamentares da base aliada para dar sustentação ao governo do ex-presidente Lula, vulgarmente conhecido como “escândalo do mensalão” ―, como também já foi condenada na Justiça trabalhista. Isso levou o juiz da 4ª Vara Federal de Niterói a suspender sua nomeação e a cerimônia de posse, que classificou como “um desrespeito à moralidade administrativa”.  

O governo e a própria deputada apelaram, mas, na noite da última quarta-feira, o TRF-2 rejeitou os pedidos. Na sexta, a AGU protocolou um novo recurso no TRF-2, desta feita para definir qual vara da Justiça Federal deve analisar os apelos contrários à posse da pretensa futura ministra ― como mais de uma ação foi ajuizada contra a nomeação da deputada, o governo argumenta que, conforme a lei das ações populares, deve ser levada em conta apenas a decisão tomada primeiro, caso em que, segundo a AGU, valeria o entendimento da 1ª Vara Federal de Teresópolis, tomada às 16h36 do último dia 8 e favorável à posse de Cristiane Brasil, e não a decisão da 4ª Vara Federal de Niterói, que a barrou, proferida às 20h11 do mesmo dia. Assim, por uma dessas ironias do destino, a filhota de Jefferson, que se licenciou do cargo de deputada federal para assumir a pasta do Trabalho, encontra-se momentaneamente sem trabalho.

Observação: Cristiane foi processada por dois ex-motoristas, que alegaram ter trabalhado para ela sem registro em carteira. O GLOBO revelou no último sábado que o dinheiro usado para pagar as parcelas da dívida trabalhista que a deputada tem com um dos reclamantes saiu da conta bancária de uma funcionária lotada em seu gabinete na Câmara. Ela afirmou que reembolsava a funcionária, mas não apresentou os respectivos comprovantes.

Para Temer, a nomeação de Cristiane garante o apoio da bancada petebista ― uma das mais fiéis ao Planalto ― na votação da PEC da Previdência, embora nada garanta que ela ocorrerá mesmo no próximo mês: se o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, insistir em pautá-la somente quando houver 308 votos favoráveis, talvez ela só ocorra em 2019, quando Temer já terá deixado o cargo ― ou sido reempossado, pois estamos no Brasil, onde o passado é imprevisível e nada é impossível, por mais absurdo que pareça.

Jefferson disse que a nomeação da filha resgata sua imagem conspurcada pelo mensalão. Cristiane, que encerra neste ano seu primeiro mandato, é autora de uma PEC que visa restringir a reeleição de presidente, governadores e prefeitos a um único período subsequente. Além disso, ela apresentou um projeto para banir minissaias e decotes mais ousados dos corredores e salões da Câmara, votou favoravelmente ao impeachment da anta vermelha (“em homenagem a seu pai”) e apoiou o governo em questões importantes ― como a PEC dos gastos e a reforma trabalhista ―, bem como votou a favor do sepultamento das denúncias contra Temer (nem poderia ser diferente). Ao se licenciar do mandato parlamentar, ela cedeu sua cadeira ao suplente Nelson Nahin, que é irmão do ex-governador Anthony Garotinho e acusado de participar de uma rede de exploração sexual de crianças em adolescentes em Campos de Goytacazes. Como se vê, tudo gente do mais alto gabarito.

As sucessivas derrotas na Justiça desgastam ainda mais a imagem do presidente, mas ele não quer desagradar o PTB de Roberto Jefferson por razões fáceis de entender. Difícil de compreender por que Cristiane não abre mão do cargo de ministra, a despeito de toda essa celeuma. Aliás, presume-se que novos podres virão à tona, e no fim das contas os benefícios podem não compensar toda essa exposição. 

O que move Cristiane não é o foro privilegiado, que, como deputada, ela já tem. Tampouco me parece que seja o salário, visto que, atualmente, um deputado federal ganha R$ 33.763,00) por mês ― mais que um Ministro de Estado, cujo salário é de R$ 30.934,70. Será apenas uma questão de ego, ou será que tem dente de coelho nesse angu? Responda quem souber.   

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quarta-feira, 16 de setembro de 2020

DE VOLTA A RENÚNCIA DE JÂNIO, SUAS CONSEQUÊNCIAS E OUTRAS CURIOSIDADES — PARTE 7

No último dia 7 de agosto, uma revelação constrangedora ganhou o noticiário: a primeira-dama Michelle Bolsonaro recebeu em sua conta bancária 27 depósitos de Fabrício Queiroz, operador da primeira-família, e da mulher dele, Márcia Aguiar. Juntos, Queiroz e a mulher brindaram Michelle com R$ 89 mil reais entre 2011 e 2016. O presidente da República reagiu à notícia com o silêncio. Vem tratando a encrenca na base do deixa pra lá.... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/colunas/josias-de-souza/2020/08/11/queiroz-leva-bolsonaro-a-criar-o-deixapralaismo.htm?cmpid=copiaecola
No último dia 7 de agosto, uma revelação constrangedora ganhou o noticiário: a primeira-dama Michelle Bolsonaro recebeu em sua conta bancária 27 depósitos de Fabrício Queiroz, operador da primeira-família, e da mulher dele, Márcia Aguiar. Juntos, Queiroz e a mulher brindaram Michelle com R$ 89 mil reais entre 2011 e 2016. O presidente da República reagiu à notícia com o silêncio. Vem tratando a encrenca na base do deixa pra lá.... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/colunas/josias-de-souza/2020/08/11/queiroz-leva-bolsonaro-a-criar-o-deixapralaismo.htm?cmpid=copiaecola
No último dia 7 de agosto, uma revelação constrangedora ganhou o noticiário: a primeira-dama Michelle Bolsonaro recebeu em sua conta bancária 27 depósitos de Fabrício Queiroz, operador da primeira-família, e da mulher dele, Márcia Aguiar. Juntos, Queiroz e a mulher brindaram Michelle com R$ 89 mil reais entre 2011 e 2016. O presidente da República reagiu à notícia com o silêncio. Vem tratando a encrenca na base do deixa pra lá.... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/colunas/josias-de-souza/2020/08/11/queiroz-leva-bolsonaro-a-criar-o-deixapralaismo.htm?cmpid=copiaecola
No último dia 7 de agosto, uma revelação constrangedora ganhou o noticiário: a primeira-dama Michelle Bolsonaro recebeu em sua conta bancária 27 depósitos de Fabrício Queiroz, operador da primeira-família, e da mulher dele, Márcia Aguiar. Juntos, Queiroz e a mulher brindaram Michelle com R$ 89 mil reais entre 2011 e 2016. O presidente da República reagiu à notícia com o silêncio. Vem tratando a encrenca na base do deixa pra lá.... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/colunas/josias-de-souza/2020/08/11/queiroz-leva-bolsonaro-a-criar-o-deixapralaismo.htm?cmpid=copiaecola
No último dia 7 de agosto, uma revelação constrangedora ganhou o noticiário: a primeira-dama Michelle Bolsonaro recebeu em sua conta bancária 27 depósitos de Fabrício Queiroz, operador da primeira-família, e da mulher dele, Márcia Aguiar. Juntos, Queiroz e a mulher brindaram Michelle com R$ 89 mil reais entre 2011 e 2016. O presidente da República reagiu à notícia com o silêncio. Vem tratando a encrenca na base do deixa pra lá.... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/colunas/josias-de-souza/2020/08/11/queiroz-leva-bolsonaro-a-criar-o-deixapralaismo.htm?cmpid=copiaecola

A aprovação da PEC da reeleição, no primeiro mandato do ex-presidente Fernando Henrique, foi o tema central da postagem anterior e serviu de gancho para eu retomar a novela sobre a renúncia de Jânio Quadros e suas consequências, cujos primeiros capítulos foram ao ar nos dias 15, 16, 17 e 24 de abril e 3 e 7 de maio, a partir de quando um sem-número de estultices do capitão-cloroquina me levaram a... enfim, passados quatro meses, o “mea culpa” de FHC forneceu-me a oportunidade de engatar pelo menos mais dois episódios do seriado. Dito isso, passemos sem mais delongas ao primeiro deles.
 
A título de contextualização, no sexto capítulo desta eu discorri brevemente sobre a gestão de Itamar Franco, que assumiu interinamente a presidência da República em virtude do afastamento de Fernando Collor, e foi efetivado no posto depois que o caçador de marajás de araque foi definitivamente expelido do Palácio do Planalto e inabilitado para o exercício de cargos públicos pelos oito anos seguintes, a despeito de ter renunciado horas antes de o Senado dar início do julgamento de seu impeachment.

O objetivo da renúncia era "dar os anéis para não perder os dedos", ou seja, o caçador de marajás Xing Ling sabia que sua condenação eram favas contadas, e que não seria possível cassar o mandato de quem dele já abrira mão. Assim, o processo perderia o objeto, mas, estranhamente, ele foi condenado por 76 votos a 3 e inabilitado para o exercício de qualquer cargo público por oito anos. 
 
Também curiosamente, 23 anos e 8 meses depois, por ocasião do segundo processo de impeachment presidencial da Nova República, o Senado expeliu Dilma do cargo, mas permitiu que ela preservasse seus direitos políticos.
 
À luz do art.52 da Constituição de 1988, "nos casos previstos nos incisos I (processo contra presidente da República) e II (processo contra STF), funcionará como Presidente o do STF, limitando-se a condenação, que somente será proferida por dois terços dos votos do Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis" (o grifo é meu). 
 
Em outras palavras, a Lei não separa a inabilitação da perda do cargo. No entanto, como dizia o velho Maquiavel, "aos amigos, tudo; aos inimigos, a lei". Uma maracutaia urdida a toque de caixa pelos então presidentes do Congresso e do STF (Renan Calheiros e Ricardo Lewandowski, respectivamente) “fatiou” o julgamento da ex-presidanta, dissociando a perda do cargo da cassação dos direitos políticos. Assim, a despeito de a deposição da calamidade em forma de gente ter sido confirmada por 61 votos a 20, somente 42 dos 81 senadores votaram pela cassação de seus direitos políticos (faltaram, portanto, 7 votos para que a maioria qualificada de 3/5 fosse alcançada). 
 
Coube ao eleitorado mineiro terminar nas urnas o que o Congresso começou (isso comprova a teoria de que até um burro cego consegue eventualmente encontrar a cenoura). A despeito das expectativas da mídia “cumpanhêra” e dos institutos de pesquisa, que davam como líquida e certa a vitória do egum mal despachado na disputa por uma vaga no Senado em 2018, a petista amargou um vergonhoso quarto lugar.

Retomando o fio da meada, Itamar Franco governou o Brasil de outubro de 1992 a dezembro de 1994. Governou é modo de dizer; a certa altura, ele nomeou o pomposo grão duque tucano seu ministro da Fazenda e “primeiro-ministro informal” da República do Pão de Queijo, tornando-se ele próprio um presidente meramente decorativo. Há quem diga só assim ele escaparia da degola, mas há também quem considere Itamar o melhor dos mandatários que tivemos desde a redemocratização — como é o caso do historiador e professor Marco Antonio Villa. Como se vê, "melhor" é um conceito relativo e não significa necessariamente "bom". Sobretudo na política, onde o "melhor candidato" costuma ser o "menos pior".

Fernando Henrique Cardoso nasceu no Rio de Janeiro, mas radicou-se em São Paulo e se formou em Sociologia pela USP. Perseguido pela ditadura, exilou-se no Chile e na França, mas voltou ao Brasil em 1968 e ingressou na vida pública dez anos depois, como suplente do senador Franco Montoro. Disputou a prefeitura de São Paulo em 1985, quando perdeu para Jânio Quadros (contra todas as expectativas e pesquisas de opinião pública, que davam sua vitória como certa, tanto assim que ele se deixou fotografar aboletado na cadeira de prefeito — que Jânio desinfetou quando tomou posse do cargo). 
 
No ano seguinte, FHC se reelegeu senador e exerceu o mandato parlamentar até ser convidado por Itamar Franco para assumir o Ministério da Fazenda. Assessorado por uma equipe de notáveis, gestou e pariu o Plano Real, que garantiu lhe garantiu vitória no primeiro turno das eleições presidenciais de 1994 (com 54,24% dos votos válidos contra 27,07% de Lula). 
 
Em 1997, picado pela famigerada mosca azul (que inocula nas pessoas doses concentradas de ambição e de poder), o tucano enviou à Câmara Federal a PEC que instituiu “a reeleição de presidente e vice-presidente da República apenas uma vez para um mandato subsequente e sem restrição para um pleito não-consecutivo”. Fiel seguidor do catecismo de Geraldo Vandré — segundo o qual quem sabe faz a hora, não espera acontecer — disputou a reeleição e, como na vez anterior, derrotou Lula logo no primeiro turno.

O governo tucano se notabilizou pela manutenção da estabilidade econômica, privatização de empresas estatais, criação das agências regulatórias, mudança da legislação que rege o funcionalismo público e introdução de programas de transferência de renda como o Bolsa Escola (que mais adiante Lula rebatizaria de Bolsa-Família e venderia a sua claque de jegues amestrados como obra sua e da imprestável organização criminosa que o petralha chama de partido). Enfim, durante a gestão de FHC, o Brasil registrou crescimento de 19,39% do PIB (média de 2,42% ao ano) e 6,99% da renda per capita (média de 0,87% ao ano). Ao final, quando transferiu a faixa e o cargo para o criminoso que lhe sucedeu, a inflação era de apenas 12,53% ao ano.

Continua no próximo capítulo.