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segunda-feira, 4 de agosto de 2025

DE VOLTA ÀS VIAGENS NO TEMPO — 40ª PARTE

QUANDO VOCÊ COMEÇA A ENGOLIR SAPOS, OS SAPOS ACABAM VIRANDO SUA DIETA.

As viagens no tempo são o fruto mais cobiçado da árvore da relatividade. Embora viajemos para o futuro, segundo a segundo, desde o momento em que nascemos, avançar ou retroceder como nos filmes de ficção científica exigiria uma máquina do tempo ou uma espaçonave capaz de alcançar velocidades próximas à da luz (devido à dilatação temporal). 

 

Outras maneiras seriam fruir da dilatação gravitacional do tempo proporcionada pelo horizonte de eventos de um buraco negro ou atravessar um buraco de minhoca. Em ambos os casos, alguns minutos no referencial do hipotético viajante corresponderiam a décadas, séculos ou milênios no referencial de um observador externo.


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Quem tem ao menos dois neurônios funcionando e ouviu o discurso que o ministro Alexandre de Moraes proferiu na reabertura dos trabalhos do STF não teve dificuldade em perceber que Eduardo Bolsonaro segue à risca os passos pai — passos que, ao que tudo indica, conduzem à cadeia. Sem citar o nome do deputado foragido, o magistrado referiu-se a ele como integrante de uma “organização criminosa” que atua nos EUA “de maneira covarde e traiçoeira”, promovendo “agressões espúrias e ilegais” com o objetivo de provocar uma “grave crise econômica no Brasil” — e de produzir provas contra si próprio. Disse que ele e o neto do ex-presidente Figueiredo acreditam estar lidando com milicianos, mas advertiu-os de que estão lidando com ministros da Suprema Corte brasileira e acusou-os de repetir o já conhecido “modus operandi golpista”.
Xandão deixou claro que vai “ignorar” as sanções que lhe foram impostas por Trump, que pressionar por pedidos de impeachment de ministros do STF e pela aprovação de uma anistia — inconstitucional, segundo ele — não adiará o julgamento do processo, previsto para o mês que vem. 
Ficou subentendido que Bobi Filho, atualmente investigado por coação no curso do processo penal, obstrução de investigação contra organização criminosa, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito e atentado à soberania, já pode ser considerado uma condenação criminal esperando na fila para acontecer.

Se você quiser saber quem vencerá as próximas eleições presidenciais, escolha uma dessas opções e boa viagem. Mas marcar presença na posse de Deodoro da Fonseca é mais complicado. Ainda que a relatividade não descarte a possibilidade de revisitar o passado, nem tudo o que funciona nas equações se traduz bem na prática.

Uma das apostas teóricas são as chamadas curvas fechadas do tipo tempo (CTCs) — trajetórias no espaço-tempo que, segundo certas interpretações, poderiam surgir a partir da rotação do próprio Universo. Nessas curvas, passado e futuro se unem como largada e chegada num circuito oval — como o de Indianápolis. Em tese, seria possível refazer o mesmo trajeto temporal indefinidamente, mas isso nos coloca diante de um paradoxo: percorrer uma CTC não seria o mesmo que reviver os mesmos eventos repetidas vezes? Algo parecido com o que acontece com Doctor Who no episódio Heaven Sent, quando o 12º Doutor Who fica preso num looping temporal causado pelo uso contínuo de um teletransportador? Por mais que pareça uma forma de "voltar no tempo", repetir exatamente a mesma sequência de eventos ad aeternum talvez seja mais castigo do que conquista. 

Teoria das Cordas sustenta que o Universo é composto por pequenas cordas muito finas, mas extremamente densas. Elas vibram de diferentes maneiras, dando origem a diferentes partículas e interações. Movendo-sem em direções opostas, a uma velocidade próxima à da luz, elas poderiam distorcer o espaço-tempo, criando um loop que permitiria retornar ao passado sem violar as leis da física. Mas vale destacar que ainda não existem evidências de que essas cordas cósmicas existam, nem de que as viagens no tempo por meio de loops no espaço-tempo sejam factíveis. 

 

Até aqui, falamos sobre viajar no tempo à luz da relatividade, que descreve o comportamento de grandes objetos, enquanto a mecânica quântica se aplica ao universo as partículas, como elétrons e fótons. Como as leis da física tradicional não se aplicam em escalas microscópicas, uma alteração no estado de uma partícula pode influenciar instantaneamente outra partícula "entrelaçada" em outro lugar (efeito que Einstein chamou de "ação fantasmagórica à distância"). Esse fenômeno — que já foi demonstrado várias vezes em pesquisas vencedoras do Prêmio Nobel — contraria nosso entendimento de que os eventos acontecem do passado para o presente e deste para o futuro, e nessas peculiares configurações quânticas as informações podem viajar para o futuro e retornar ao passado. 

 

O problema é que a relatividade e a mecânica quântica funcionam bem cada qual no seu quadrado, e uma teoria que as unifique em uma única estrutura matemática coerente ainda não foi desenvolvida, a despeito de décadas de esforços nesse sentido. Em nossa compreensão atual do Universo, podemos potencialmente viajar para o futuro, mas visitar o passado é outra conversa: eventos que influenciam a si mesmos geram paradoxos temporais, como o célebre paradoxo do avô, que afrontam a conjectura de proteção cronológica, e a hipótese da censura cósmica sugere que as próprias leis da física atuam para ajustar essas incongruências, preservando a causalidade no Universo. 

 

A única certeza que temos — além do fato de que o tempo se dilata, a massa dos corpos aumenta e espaço se contrai — é que não temos certeza de nada. Mas é justamente essa incerteza que instiga os cientistas a investigar incansavelmente o mundo que nos cerca. 

sábado, 19 de julho de 2025

DE VOLTA ÀS VIAGENS NO TEMPO — 37ª PARTE — CAPÍTULO ESPECIAL: LOOPS TEMPORAIS

A VIDA É FEITA DE CICLOS. QUEM NÃO APRENDE A FINALIZÁ-LOS FICA PRESO NUM LOOP INFINITO.

Dias atrás, a caminho do dentista, eu conversava com minha cara-metade sobre como o paradoxo dos gêmeos facilita a compreensão da dilatação temporal. Quando desembarcamos do Uber, agradeci a viagem ao motorista, que, para minha surpresa, agradeceu a aula de física e disse que gostaria de entender melhor a questão dos loops temporais. 

Como não era possível resumir a ópera parado em fila dupla diante do consultório, prometi enviar por mensagem o endereço do meu blog. No entanto, quando tentei localizar o post específico, constatei que havia abordado a assunto em mais de uma oportunidade, mas jamais me aprofundado — na mais detalhada, havia feito somente uma remissão ao filme Feitiço do Tempo.

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Ao pedir ao STF a condenação de Bolsonaro a 43 anos de cana, o procurador-geral sinalizou que o xadrez virá com ou sem tarifaço. A certeza de que está prestes a virar presidiário, a briga autofágica entre Tarcísio de Freitas e Eduardo Bolsonaro, o impacto direto do tarifaço de Trump sobre empresários e trabalhadores brasileiros e as medidas cautelares — uso de tornozeleira eletrônica, proibição de acessar redes sociais e de conversar com zero três, entre outras — deixaram o "mito" desnorteado. Ao perceber que se enfiou num redemoinho, ele fez o que sempre faz: criou (mais) uma realidade paralela, onde Tarcísio e Eduardo fizeram as pazes e a família não tem nada a ver com a chantagem americana. Mas a tentativa de escapar de fininho esbarra nos fatos. 
Logo após o tarifaço, Dudu Bananinha imprimiu suas digitais no cabo da arma  comemorando o “intenso diálogo” com o governo dos EUA e afirmando que a carta de Trump a Lula, condicionando a suspensão da medida à anistia do pai, “confirma o sucesso daquilo que viemos apresentando com seriedade e responsabilidade”. Desde então, o clã vem usando o tiro como moeda de troca.
Declarando-se “apaixonado” por Trump, Bolsonaro posou de negociador: “Me deem o passaporte de volta, que eu converso com ele.” A oferta soou mais como tentativa de fuga de um quase-presidiário do que como solução. Alcolumbre e Motta, percebendo o risco de afundar nessa canoa furada, reposicionam-se e se reaproximam do governo — o que, além de destravar a pauta de Lula no Congresso, bloqueia qualquer tentativa de anistiar o patriarca. 
No fim das contas, Trump virou cabo eleitoral de Lula — e está arrastando Bolsonaro e Tarcísio para o buraco.

A história se passa em Punxsutawney, no estado da Pensilvânia (EUA), durante as comemorações do tradicional Dia da Marmota. O protagonista é um repórter meteorológico mal-humorado que cobre a festa pela quarta vez consecutiva, se vê obrigado a pernoitar na cidadezinha devido a uma nevasca e acaba revivendo o dia da festa, a cada manhã, como se o tempo tivesse deixado de passar. Uma boa síntese, sem dúvida, mas limitada ao básico dos básicos. 

Loops temporais são conceitos físicos nos quais o tempo é fechado sobre si mesmo. Em termos técnicos, podemos associá-los à ideia de curvas temporais fechadas (CTCs), previstas como soluções matematicamente válidas da relatividade geral, mas altamente especulativas do ponto de vista físico. Nessas soluções, o espaço-tempo se curva de tal maneira que um viajante poderia, teoricamente, retornar ao próprio passado e reviver eventos. Suas causas podem ser sobrenaturais, científicas ou psicológicas, e somente quem está "consciente" se lembra dos eventos anteriores — o tempo "se reinicia" após cada ciclo, fazendo com que tudo volte ao ponto inicial — e pode usar o conhecimento acumulado para tentar mudar o resultado a cada repetição.

Do ponto de vista narrativo, os loops são usados para explorar a repetição e a transformação: ao vivenciar várias vezes a mesma sequência de eventos, o personagem adquire conhecimento e habilidade suficientes para alterar o curso das coisas — ou, pelo menos, para modificar sua própria compreensão da realidade. É como se a consciência fosse o único elemento fora da curva, ou, mais poeticamente, como se a consciência fosse a única coisa que não se dobra ao tempo.

 

Na ficção científica, o conceito também se articula com questões epistemológicas, éticas e metafísicas: se o tempo se repete infinitamente, qual o valor das escolhas? As ações ainda importam? A previsibilidade dos eventos compromete a liberdade? Longas como No Limite do Amanhã ou episódios como Cause and Effect (de Star Trek: The Next Generation), tensionam essas questões ao limite, mostrando personagens presos em loops que só conseguem romper mediante um aprendizado ou sacrifício extremo.

 

As CTCs são soluções válidas nas equações de Einstein — como no famoso "cilindro relativístico de Tipler" ou nos buracos de minhoca de Kip Thorne —, mas a existência dos loops violaria o princípio da causalidade, exigiria condições de energia negativa (não observadas empiricamente) e levantaria paradoxos temporais. Ainda assim, o físico Igor Novikov propôs a chamada "autoconsistência" como possível resolução: em um universo com CTCs, apenas eventos que não causam paradoxos podem ocorrer, como se o próprio espaço-tempo se autoajustasse.

 

Talvez o fascínio pelos loops não se limite à física ou à ficção: há quem veja neles metáforas existenciais profundas, desde os ciclos de repetição cotidianos até ideias filosóficas — como o "eterno retorno", de Nietzsche. Quiçá essa combinação entre rigor, imaginação e angústia existencial explique por que esse fenômeno continua a nos enredar, seja nas telas, nas páginas da teoria física ou em nossas próprias vidas.

 

No fim das contas, talvez o verdadeiro loop não seja o do tempo físico, mas o das nossas escolhas — repetições obstinadas, disfarçadas de progresso, que invariavelmente conduzem à autossabotagem. Segundo o Gênesis, Deus criou o mundo e tudo que nele existe em seis dias, viu que "tudo era bom" e descansou no sétimo. Mas mal sabia Ele que sua cria se dedicaria, sete dias por semana, vinte e quatro horas por dia, a arquitetar o colapso e tornar o caos não uma exceção, mas a regra.

 

Espero que isso satisfaça a curiosidade do motorista cujo comentário me deu o tema desta postagem) e interesse aos leitores que têm acompanhado esta longa sequência sobre viagens no tempo.

sábado, 28 de junho de 2025

DE VOLTA ÀS VIAGENS NO TEMPO — 32ª PARTE — CAPÍTULO ESPECIAL: BURACOS DE MINHOCA


PERGUNTAR O QUE HAVIA ANTES DO BIG BANG É COMO PERGUNTAR O QUE HÁ AO NORTE DO POLO NORTE.

Nas histórias de Monteiro Lobato, uma pitada de "pó de pirlimpimpim" teletransporta os personagens de um lugar para outro. Nos filmes de ficção científica, uma pitada de criatividade relativística faz naves atravessarem galáxias numa fração de segundo, heróis sumirem num piscar de olhos e paradoxos temporais transbordarem de cada diálogo. 


Os roteiristas costumam retratar os buracos negros como portais para outras dimensões, embora os "verdadeiros atalhos cósmicos" sejam os buracos de minhoca — fenômenos ainda não comprovados experimentalmente que surgem devido à curvatura do espaço-tempo resultante da atração gravitacional de estrelas supermassivas e colapsam quase instantaneamente, antes mesmo que a luz tenha tempo de atravessá-los.
 
Observação: Para entender melhor esse conceito, pegue uma folha de papel A4, faça uma marca na margem superior e outra na margem inferior, dobre a folha ao meio e veja que, assim, as duas marcas podem ser trespassadas por um grampo ou alfinete. Da mesma forma, uma espaçonave que adentrasse um hipotético buraco de minhoca atravessável seria impulsionada em direção à saída com a velocidade da luz e desembocaria em outra galáxia — neste ou em outro universo, no presente ou em outro ponto da linha do tempo.


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


Na noite de quarta-feira, o desgoverno Lula foi pego de surpresa pela derrubada do decreto que aumentava as alíquotas do IOF. Ato contínuo, Gleisi Hoffmann, Lindbergh Farias e Fernando Haddad recorreram ao argumento — tão ridículo quanto eles próprios — de que Lula busca apenas fazer "justiça tributária". Não colou, a não ser, talvez, para uma militância de nicho: segundo levantamento da consultoria Bites, feito a pedido d’O Globo, a tentativa de emplacar a expressão “Congresso inimigo do povo” nas redes sociais teve repercussão pífia. Por outro lado, no mesmo dia em que as duas Casas derrubaram o decreto que aumentava a carga tributária, o Senado sacramentou o projeto da Câmara que eleva o número de deputados federais de 513 para 531 a partir das próximas eleições. 
Resumo da ópera: não há anjos no céu de Brasília. O Congresso pode até ser inimigo do povo — mas Lula, que conduz o país ao caos fiscal enquanto finge se preocupar com os mais pobres, não é muito diferente.

Diferentemente dos buracos negros — que já foram fotografados —, os buracos de minhoca ainda não foram avistados. Sua existência é baseada na Relatividade Geral, embora a mecânica quântica e a Teoria das Cordas também ofereçam perspectivas. Diversos físicos renomados acreditam que, se esses "túneis cósmicos" forem tão comuns quanto os buracos negros e apresentarem entradas com raios entre 100 e 10 milhões de quilômetros, detectá-los é apenas uma questão de tempo.

 
O buraco negro mais próximo — GAIA BH1 — fica a cerca de 1,5 mil anos-luz de distância da Terra. Isso significa que, movendo-se a 99% da velocidade da luz, uma nave levaria mais de 1.500 anos para chegar até ele. A dilatação temporal tornaria a viagem praticamente instantânea pelo referencial dos astronautas, mas a tecnologia de que dispomos está longe de permitir a construção de uma nave tão veloz. E ainda que assim não fosse, os intensos gradientes de maré próximos ao horizonte de eventos do buraco negro comprimiriam a nave e seus ocupantes horizontalmente e os esticariam verticalmente, num processo conhecido como espaguetificação.
 
Supondo que a espaçonave fosse indestrutível, os astronautas perceberiam o tempo passar normalmente e cruzariam o horizonte de eventos em um tempo finito — que, para um observador externo, tenderia ao infinito. Mas não notariam qualquer mudança abrupta ao atravessar essa fronteira, conforme previsto pelo princípio da equivalência de Einstein.
 
Acredita-se que os buracos de minhoca surgem e desaparecem tão rapidamente que nem a luz é capaz de atravessá-los. Para evitar que suas paredes colapsem sobre si mesmas e formem um buraco negro, seria preciso que uma forma exótica de matéria exercesse pressão negativa. Alguns efeitos quânticos — como o Efeito Casimir e o Princípio da Incerteza de Heisenberg — geram energia negativa em escalas microscópicas, mas extrapolar esse fenômeno para o nível macroscópico e acumular energia suficiente para manter a passagem aberta continua sendo um desafio teórico e tecnológico monstruoso.
 
Observação: Energia negativa e matéria exótica não são sinônimos. A energia negativa é um tipo específico de efeito quântico, enquanto o termo "matéria exótica" se refere, de forma mais ampla, a qualquer substância que provoque repulsão gravitacional. Assim, toda energia negativa é matéria exótica, mas nem toda matéria exótica depende exclusivamente de energia negativa. Já o termo "singularidade gravitacional" remete a pontos onde as leis tradicionais da física não se aplicam. No centro dos buracos negros, por exemplo, ela possui densidade infinita, distorcendo o espaço-tempo de tal forma que, para escapar, seria necessário superar a velocidade da luz — o que é impossível segundo a relatividade.


Continua...

quinta-feira, 22 de maio de 2025

META AI

DURANTE MILHÕES DE ANOS, A HUMANIDADE VIVEU EXATAMENTE COMO OS ANIMAIS. ENTÃO ACONTECEU ALGUMA COISA QUE DESENCADEOU O PODER DA IMAGINAÇÃO.

Meta AI foi lançada oficialmente em outubro de 2023 e integrada aos principais aplicativos da empresa (como WhatsApp, Instagram, Facebook e Messenger). Ela oferece desde sugestões para o jantar a respostas para perguntas de alta indagação científica, e é capaz de criar conteúdo visual, mas ainda comete erros e "alucinações" na geração de imagens e textos. 


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Ao tentar adiar o início dos depoimentos das testemunhas, os advogados de Bolsonaro e de outros réus do chamado "núcleo crucial" da trama golpista tentaram adiar o início dos depoimentos das testemunhas, mas Moraes manteve o cronograma — no total serão ouvidas 82 testemunhas até o dia 2 de junho — e passou uma carraspana no ex-comandante do Exército Freire Gomes: "Ou o senhor falseou a verdade na Polícia Federal ou está falseando a verdade aqui". 

Baptista Júnior, ex-chefe da Aeronáutica, afirmou à PF que Freire Gomes ameaçou prender Bolsonaro e que Garnier ofereceu apoio. Mesmo após levar um sabão de Moraes, continuou soando como se desejasse salvar o amigo Garnier da guilhotina: "Ele disse que estava com o presidente, a intenção do que ele quis dizer com isso não me cabe". Baptista Júnior e Freire Gomes testemunharam as mesmas conversas golpistas de Bolsonaro. A menos que um deles apresente um atestado provando que sofre de amnésia, pode-se intuir que alguém está torturando a verdade.  

Por enquanto, não surgiu nas defesas orais e escritas dos encrencados um mísero argumento capaz de rebater as evidências colecionadas pela PF. Bolsonaro se diz vítima de "perseguição política", quando na verdade é perseguido pelas provas reunidas a partir da delação do seu ex-ajudante de ordens e corroboradas por um general e um brigadeiro que comandavam o Exército e a Aeronáutica. Quer dizer: o aglomerado que Bolsonaro chamava de "Minhas Forças Armadas" tornou-se fornecedor de chaves de cadeias. 

Xandão trabalha com um cronograma não declarado que prevê a prolação das sentenças entre os meses de setembro e outubro, e até aqui, para desassossego dos réus, é acompanhado em suas decisões pela unanimidade da 1ª Turma.


Para iniciar uma conversa com o assistente da Meta, toque no círculo azul e roxo (ele aparece tanto na aba de conversas individuais quanto em grupos), pergunte ou solicite alguma coisa, como "sugira uma receita de strogonoff" ou "crie uma imagem de um pôr do sol na praia". Em grupos, digitando @MetaAI, a assistente responde diretamente na conversa, de modo que todos os participantes possam interagi com ela.


Use o comando "imagine" para descrever cenários — como “um gato lendo jornal” ou “uma nave espacial atravessando um buraco de minhoca” — e receba as imagens solicitadas, que podem ser aprimoradas caso não correspondam exatamente ao que você imaginava. Para obter melhores resultados, seja o mais específico possível nas suas descrições e pedidos.

Com mais de 120 milhões de usuários de WhatsApp no Brasil, segundo estimativas recentes, a MetaAI tem potencial para alcançar uma audiência massiva. Empresas e pequenos empreendedores já vêm explorando o recurso para criar conteúdo promocional ou esclarecer dúvidas de clientes, o que indica que a ferramenta pode transformar até mesmo a comunicação comercial dentro do WhatsApp.

A competição com outras inteligências artificiais, como o ChatGPT, da OpenAI, e o Gemini, do Google, representa um desafio — mas também uma oportunidade para a Meta se destacar. Afinal, sua integração ao WhatsApp é apenas o começo de uma transformação mais ampla. Assim como os smartphones, as assistentes virtuais tendem a se integrar ao nosso cotidiano, e os avanços tecnológicos prometem novas funcionalidades, ampliando ainda mais as possibilidades de interação com a inteligência artificial.

segunda-feira, 12 de maio de 2025

DE VOLTA ÀS VIAGENS NO TEMPO — 27ª PARTE

NUNCA TENHA CERTEZA DE NADA. A SABEDORIA COMEÇA COM A DÚVIDA.

 

As viagens no tempo são matematicamente viáveis, a Teoria da Relatividade permite em princípio, a possibilidade de retornar ao passado, o conceito de tempo negativo deixou de ser mera especulação depois que pesquisadores da Universidade de Toronto demonstraram sua existência física de forma tangível, mas, mesmo assim, muitos cientistas rejeitam a ideia. 

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Lula fundou o PT em 1980 — a pretexto de "fazer política sem roubar nem deixar roubar" — disputou e perdeu o governo de São Paulo em 1982, elegeu-se deputado constituinte em 1986 e se recusou a assinar a Constituição Cidadã de 1988. Perdeu a Presidência para Collor em 1989 e para FHC em 1994 e 1998, mas venceu Alckmin em 2002 e Serra em 2006 e escalou a "mulher sapiens" para manter aquecido o trono que ele pretendia voltar a disputar em 2014, mas a cria  pegou gosto pelo poder, deu uma banana para o criador e “fez o diabo” para se reeleger.
Sem o escudo da Presidência, a autoproclamada alma viva mais honesta do Brasil colecionou dezenas de ações criminais, foi condenado em duas instâncias no caso do triplex e preso em abril de 2018. Quando o TSE indeferiu sua candidatura, ele escalou Haddad para representá-lo. Bolsonaro derrotou o bonifrate, mas se tornou o pior mandatário desde Tomé de Souza. Assim, Lula foi solto, "descondenado", reabilitado politicamente, e derrotou o capetão em 2022 com uma vantagem de 1,8% dos votos válidos.
Apesar da promessa de pendurar as chuteiras ao fim do terceiro mandato, o petista jamais desceu do palanque, A despeito do bordão "União e Reconstrução", ele vem destruindo a combalida economia tupiniquim com seu populismo eleitoreiro.
Em passado recente, Alckmin disse que "eleger Lula seria reconduzir o criminoso à cena do crime". Mas não há nada como o tempo para passar: o tucano se tornou o mais novo amigo de infância do ex-adversário e "voltou com ele à cena do crime" como vice-presidente. 
Haja cinismo!
 
Se o tempo pode realmente retroceder em certas condições, talvez o tecido do espaço-tempo seja mais maleável do que imaginamos. As leis da física atuam como uma espécie de salvaguarda contra os paradoxos temporais, como propôs Stephen Hawking na Conjectura da Proteção Cronológica. Mas o próprio nome indica que se trata de uma "conjectura". A única certeza é a consubstanciada por Sócrates na máxima: "só sei que nada sei".
 
Se a próxima geração de aceleradores de partículas for capaz de criar buracos de minhoca subatômicos que sobrevivam por tempo suficiente, partículas poderiam ser lançadas em círculos causais — um vislumbre inicial de uma viagem no tempo como manda o figurino, ainda distante da ficção de H. G. Wells em A Máquina do Tempo, mas impactante o bastante para nos fazer repensar os limites da própria realidade.
 
Os buracos negros foram previstos no início do século passado e permaneceram nos campo das teorias até o M87*, que fica a 55 milhões de anos-luz da Terra, ser fotografado pelo Event Horizon Telescope (indícios de um buraco negro localizado na constelação Cygnus foram observados em 1964 mas até 2019 não havia uma única imagem direta de buracos negros, daí as fotos do M87* serem consideradas a prova provada da existência desses corpos celestes). Eles se formam a partir da colisão entre estrelas de nêutrons ou da explosão de estrelas supermassivas em supernovas, "engolem" planetas, estrelas e quaisquer outros objetos que se aproximam de seu horizonte de eventos e transformam tudo num pontinho infinitesimal, mas com a mesma massa original, o que resulta numa atração gravitacional tão intensa que nem a luz consegue escapar. 
 
Observação: O termo singularidade costuma ser usado indevidamente como sinônimo de buraco negro, embora ela não seja o buraco negro em si, mas sim o elemento essencial dentro dele, um ponto com densidade infinita que cria uma curva igualmente infinita no espaço-tempo, o que torna os buracos negros o melhor exemplo de locais onde a singularidade poderia existir. 
 
A existência dos buracos de  minhoca ainda não foi comprovada experimentalmente, mas acredita-se que eles funcionem como túneis, aproximando dois pontos do espaço-tempo (não necessariamente no mesmo universo nem na mesma linha do tempo), permitindo que uma espaçonave faça em poucos segundos uma viagem que, em linha reta pelo cosmos, demoraria séculos ou milênios para fazer, mesmo na velocidade da luz. 
 
Observação: A possibilidade de viajar através de buracos de minhoca ainda é um conceito puramente teórico, com muitos desafios a superar. Não sabemos se a "energia repulsiva negativa" necessária para manter a passagem aberta pode ser gerada ou manipulada de forma prática, e há ainda um longo caminho pela frente até descobrir como isso pode ser possível.
 
Einstein achava que os buracos negros explicariam todos os mistérios do Universo. 
Suas equações descortinam propostas fascinantes, como a de que o Universo pode ter um “clone” às avessas, repleto de buracos brancos e estrelas negras. Mas também trouxeram um novo problema: conciliar a relatividade geral com a mecânica quântica
 
Supondo que os buracos de minhoca existam, não se sabe se eles engolem matéria por uma boca e a regurgitam pela outra ou se ambas as bocas são capazes de "engolir", mas não de cuspir — caso em que a matéria seria empurrada para a boca de saída, puxada de volta para a boca de entrada e atraída novamente para o lado oposto num looping insano, até finalmente morrer no ponto central.
 
Continua... 

sexta-feira, 9 de maio de 2025

DE VOLTA ÀS VIAGENS NO TEMPO — 26ª PARTE

POLÍTICOS CORRUPTOS SÃO COMO MERCADOS DE PEIXE, COM CUJO MAU CHEIRO OS ELEITORES, INCOMPETENTES E DESPREPARADOS, LOGO SE ACOSTUMAM.

 

Para manter um buraco de minhoca atravessável, seria preciso que uma forma exótica de matéria exercesse pressão negativa suficiente para impedir que as paredes do "túnel" colapsassem sobre si mesmas e desabassem em um buraco negro

Alguns efeitos quânticos produzem energia negativa em pequenas escalas — como o Efeito Casimir e o Princípio da Incerteza de Heisenberg —, mas extrapolar isso para o nível macroscópico e acumular uma quantidade suficiente dessa energia para estabilizar o "atalho cósmico" é um enorme desafio teórico e tecnológico.

Observação: Energia negativa e matéria exótica são coisas diferentes.  A primeira é um efeito quântico específico, e a segunda engloba qualquer substância capaz de gerar repulsão gravitacional. Assim, a energia negativa pode ser um tipo de matéria exótica, mas nem toda matéria exótica se baseia exclusivamente em energia negativa.

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Há na pauta da Câmara vários projetos relevantes, como a regulamentação das redes sociais, a definição de regras para o uso da IA, a previdência dos militares e a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais. No entanto, desde o retorno do recesso de fim de ano, os parlamentares desperdiçam suas energias com um debate vexatório sobre a anistia aos golpistas. Eis senão quando os brasileiros são pegos de surpresa pela criação de 18 vagas adicionais na Câmara.
Em agosto de 2023, a pedido do Pará, o STF ordenou que o número de deputados federais por unidade federativa fosse revisto para adequar a representação ao aumento populacional captado pelo Censo Demográfico de 2022. 
A readequação poderia ser feita por meio da redistribuição das atuais 513 vagas entre os 26 estados e o Distrito Federal. Nessa hipótese, sete estados teriam um número menor de deputados, entre eles a Paraíba do presidente da Câmara, Hugo Motta, que perderia duas vagas. Optou-se pela solução mais cara. 
Alega-se que o custo adicional — R$ 64,4 milhões — será absorvido pelo orçamento da própria Câmara. Balela: cada deputado dispõe de uma cota de R$ 38 milhões em emendas orçamentárias; com 18 novas cadeiras, serão mais R$ 684 milhões em emendas, totalizando uma despesa extra de R$ 748,6 milhões por ano. 
A mudança foi aprovada por 270 votos a 207. A lista de votação está disponível na Internet. Em 2026, vote nas putas. Como se vê, votar nos filhos delas não resolve.

Mesmo um buraco de minhoca mantido aberto com matéria exótica poderia sofrer instabilidades que fariam sua garganta se fechar rapidamente. Além disso, a presença de observadores dentro do túnel poderia amplificar as flutuações quânticas, levando ao colapso da estrutura. Assim, ainda que a física teórica admita a possibilidade de existirem buracos de minhoca atravessáveis, a prática não oferece maneiras de construí-los. Mas Einstein não disse que "o impossível só é impossível até que alguém duvide e prove o contrário"?
 
O físico teórico Kip Thorne e seus colegas do Caltech acreditam que, se um buraco de minhoca pode ser criado, ele também pode ser transformado em uma máquina do tempo. Para isso, uma de suas extremidades precisaria ser rebocada até uma estrela de nêutrons e colocada perto de sua superfície. Assim, a intensa gravidade da estrela tornaria o tempo mais lento próximo à abertura, criando uma diferença temporal entre as duas bocas que aumentaria gradualmente.
 
Se essa diferença fosse de dez anos, alguém que atravessasse o túnel sairia pelo outro lado dez anos no futuro. Ao fazer o caminho inverso, esse alguém voltaria ao passado, chegando antes mesmo de ter partido, mas não poderia retornar a um ponto anterior à criação do buraco de minhoca.
 
Vale destacar que, se a existência de buracos de minhoca ainda não foi comprovada, os buracos negros permaneceram por décadas no campo das especulações até serem finalmente detectados e fotografados. Se eles realmente existirem e forem tão comuns quanto as estrelas — como sugerem diversos astrofísicos —, detectá-los pode ser apenas uma questão de tempo.
 
Observação: É possível que civilizações alienígenas avançadas tenham se valido de buracos de minhoca para visitar a Terra em diversos momentos da história e ajudando na construção das pirâmides de Gizé, de Stonehenge, das linhas de Nazca e de outras obras monumentais que, com a tecnologia disponível na época, seriam tão implausíveis quanto a criação do mundo segundo o Gênesis. Aliás, se você não acredita em aliens, não deixe de ler esta sequência.  
 
Mesmo que as limitações tecnológicas sejam superadas, construir uma máquina do tempo abriria uma verdadeira caixa de Pandora de paradoxos causais. Se um viajante volta no tempo para um momento anterior ao nascimento de seu pai e mate seu avô paterno, ele não nasceria e, portanto, não poderia viajar ao passado para matar o avô. No entanto, a despeito de existirem restrições ao que se pode fazer no passado, a coerência causal não impede as viagens no tempo.
 
Mesmo sem paradoxos, viajar no tempo pode gerar situações estranhas. Suponha que alguém dê um salto de um ano para o futuro, leia um artigo na Scientific American sobre um novo teorema matemático, anote os detalhes e volte ao presente para ensiná-lo a um matemático, que escreve um artigo sobre o assunto para a mesma revista. Surge então uma questão intrigante: de onde veio a informação sobre o teorema? O viajante apenas leu sobre ele, e o autor do artigo apenas recebeu a informação do viajante. O teorema simplesmente surgiu do nada?
 
Continua...

quarta-feira, 7 de maio de 2025

DE VOLTA ÀS VIAGENS NO TEMPO — 25ª PARTE

TEM MUITA TESTA OLEOSA POR AÍ SE ACHANDO MENTE BRILHANTE.
 

Enquanto as religiões se apegam a dogmas milenares, a ciência parte do possível para explorar o impossível e, por meio de experimentos, converte dúvidas em descobertas.


À medida que a fronteira entre o imaginado e o comprovado se expande, incertezas viram convicções, e o que era verdade ontem pode deixar de sê-lo amanhã.


Einstein demonstrou que o impossível é apenas uma questão de tempo; Carl Sagan, que a ausência de evidências não é evidência de ausência; e Arthur C. Clarke, que desafiar limites é o único caminho para superá-los. 


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


Sob uma ótica estritamente política, o país virou uma espécie de centro terapêutico para tratar as neuroses de Bolsonaro.

Bolsonaro teve alta hospitalar no domingo, mas continua na UTI da política. Em casa, ele evolui da dieta líquida para a alimentação pastosa; no Congresso e no Supremo, continua mastigando o pão que o diabo amassou. 

Segundo os médicos, o paciente logo voltará à "vida normal"; politicamente, até os aliados avaliam que ele será condenado à prisão antes do final do ano.

Numa entrevista de porta de hospital, o capetão atacou Alexandre de Moraes e convocou os devotos para mais uma manifestação pró-anistia, desta vez em Brasília. Mas o ataque se torna um esporte inútil para quem não dispõe de defesa. 

Já não há ato em favor da anistia capaz de deter no Congresso o avanço do projeto de lei que abre a cela da multidão do 8 de janeiro sem retirar o ex-presidente golpista e seus cúmplices do rumo da tranca.

Curiosamente, a saúde de Bolsonaro interessa aos aliados, que o querem como cabo eleitoral, e aos rivais, que o querem saudável para que seja preso. 

Viagens no tempo são um tema recorrente na ficção desde 1895, quando H.G. Wells publicou A Máquina do Tempo. Durante décadas, a ideia foi rejeitada pelos cientistas, mas bastaram 104 anos para a Apollo 11 transformar em realidade o que Júlio Verne teorizou (profetizou?) em 1865, em Da Terra à Lua. E a história está repleta de casos semelhantes.

Apesar de toda a evolução tecnológica havida nos últimos séculos, ainda não foi possível transformar uma espaçonave em uma máquina do tempo, pois isso exigiria alcançar a velocidade da luz — que, segundo a teoria da relatividade e a física moderna, é o limite máximo permitido no Universo. A possibilidade de viajar para o futuro é aceita há décadas pela maioria dos físicos teóricos, mas nem tudo que é matematicamente possível pode ser realizado na prática.

Antes da relatividade (especial e geral), o tempo era considerado absoluto e universal. Mas Einstein demonstrou que a duração entre dois eventos depende do movimento do observador — o que é ilustrado magistralmente pelo famoso "paradoxo dos gêmeos".

Nos voos comerciais, essa dilatação do tempo é da ordem de nanossegundos, mas os relógios atômicos confirmam experimentalmente que o movimento tem, de fato, um impacto mensurável na passagem do tempo. Em grandes aceleradores de partículas, múons podem ser acelerados a velocidades próximas à da luz, e seus decaimentos ocorrem em "câmera lenta", ratificando as previsões de Einstein. Em outras palavras, viajar para o futuro — ainda que em frações ínfimas — é um fato comprovado.

Outra forma de alterar a passagem do tempo é por meio da gravidade: quanto mais intensa ela é, mais devagar o tempo flui. No nível do mar, a força gravitacional é maior do que no cume do Everest e, portanto, os relógios andam ligeiramente mais devagar. A diferença é mínima, mas já foi medida em experimentos nos quais pesquisadores posicionaram relógios atômicos extremamente precisos em diferentes altitudes. O mesmo princípio se aplica ao sistema GPS, cujos satélites precisam corrigir constantemente os efeitos da dilatação temporal para manter a precisão.

Na superfície de uma estrela de nêutrons, a força gravitacional é extrema, e o tempo flui cerca de 30% mais lentamente em relação à Terra. Já em um buraco negro, o tempo praticamente congela em relação a um observador externo.

Voltar ao passado, no entanto, é um desafio muito maior. Em 1948, o matemático e físico Kurt Gödel apresentou uma solução para as equações da relatividade geral que descrevia um universo em rotação, onde se poderia viajar ao passado — e, consequentemente, no tempo, já que espaço e tempo são indissociáveis — percorrendo um caminho fechado no espaço.

Essa ideia é considerada apenas uma curiosidade matemática, já que não há evidências de que nosso Universo esteja girando. Ainda assim, ela mostrou que a relatividade geral, por si só, não proíbe explicitamente a viagem ao passado. O problema está em encontrar um meio prático de fazer isso acontecer, a despeito dos efeitos relativísticos que impactam o tempo, o espaço e a massa — sem falar nos paradoxos temporais.

A existência dos buracos de minhoca foi teorizada por Einstein, mas ainda não foi comprovada experimentalmente. Acredita-se que eles funcionem como atalhos, encurtando a distância entre dois pontos, neste ou em outro universo, no presente ou em outro momento da linha do tempo. O problema é que a rapidez com que eles aparecem e desaparecem os torna inatravessáveis. Alguns cientistas acreditam ser possível estabilizá-los com uma infusão de energia negativa produzida por meios quânticos — como o chamado Efeito Casimir —, já que, em tese, a energia negativa os impediria de atingir densidade infinita, ou quase infinita, e se transformarem em buracos negros.

Em 1974, o físico, matemático e cosmólogo Frank Tipler calculou que um cilindro maciço e infinitamente comprido, girando em torno de si mesmo a velocidades próximas à da luz, permitiria vislumbrar o passado — puxada em torno dele, a luz descreveria trajetórias fechadas no espaço-tempo.

Em meados dos anos 1980, surgiu um dos cenários mais plausíveis para a existência de uma máquina do tempo, baseado no conceito dos buracos de minhoca — e em conformidade com a teoria da relatividade geral, que estabelece que a gravidade distorce tanto o espaço quanto o tempo. Esses atalhos no tecido do espaço-tempo poderiam — ao menos em teoria — conectar dois pontos distantes no espaço e no tempo. A proposta ganhou destaque com os trabalhos do físico Kip Thorne e colaboradores, que demonstraram a possibilidade de estabilizar um buraco de minhoca utilizando matéria exótica com energia negativa, tornando viável, em princípio, a criação de um percurso temporal fechado.

Em 1991, o escritor e astrofísico Richard Gott sugeriu que cordas cósmicas — estruturas extremamente finas e densas que teriam se formado nos primeiros instantes após o Big Bang — também poderiam criar distorções significativas no espaço-tempo. Se essas cordas se movessem a velocidades próximas à da luz e passassem uma pela outra em ângulos específicos, poderiam teoricamente gerar uma configuração que permitisse voltar no tempo. Embora altamente especulativa, essa hipótese também se apoia na relatividade geral e contribui para o campo das possíveis soluções matemáticas para as chamadas curvas fechadas de tipo tempo — trajetórias que retornam ao próprio passado.

Um buraco de minhoca foi usado por Carl Sagan no romance Contato, publicado em 1985 (o filme baseado no livro também é muito bom). Incentivados por Sagan, Thorne e seus colegas do Instituto de Tecnologia da Califórnia buscaram verificar se esses atalhos cósmicos poderiam existir sem violar as leis da física, e concluíram que eles poderiam se comportar como buracos negros em certos aspectos — só que, em vez de aprisionar a matéria, permitiriam um trajeto entre diferentes regiões do espaço-tempo.

Continua...