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domingo, 16 de novembro de 2025

MAIS SOBRE PÃES DE QUEIJO…

SE UMA PESSOA O ENGANA, A VERGONHA É DELA; SE ELA O ENGANA OUTRA VEZ, A VERGONHA É SUA. 

Pão de queijo é uma delícia, e o melhor é que podemos fazê-los em casa, em poucos minutos, como vimos no post do domingo passado.


A versão original surgiu em Minas Gerais, no século XVIII, quando os tropeiros utilizavam ingredientes simples, como polvilho e queijo curado, para criar pãezinhos saborosos e que durassem nas viagens. A versão de frigideira é uma adaptação moderna, rápida e acessível, pensada para a vida corrida dos tempos atuais.


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

O STF concluiu na última sexta-feira o julgamento virtual dos embargos declaratórios interpostos pela defesa de Bolsonaro, que foram rejeitados por unanimidade. O aspirante a golpista está em prisão domiciliar desde agosto, mas o início do cumprimento da pena de 27 anos e três meses por tentativa de golpe só será decretado após o transito em julgado da ação penal, Se o acórdão for publicado nesta segunda, abre-se um prazo de cinco dias corridos para novos recursos. Como o CPP prevê que prazos que terminam em fim de semana sejam prorrogados para o dia útil seguinte, a data limite será segunda-feira, 24, o que colocaria Bolsonaro na prisão antes de dezembro. O cenário mais provável é que ele seja levado a uma área especial do Complexo Penitenciário da Papuda, no DF, reservada a policiais militares presos, com infraestrutura mais adequada à sua condição de ex-chefe de Estado. 
A defesa estuda apresentar embargos infringentes — que só são aceitos quando há pelo menos dois votos pela absolvição, e apenas Fux divergiu dos demais ministros — e se equipa para emular estratégia usada pela defesa de Collor, que foi condenado a 8 anos e 10 meses de prisão, começou a cumprir pena em regime fechado no presídio Baldomero Cavalcanti, em Maceió, e obteve prisão domiciliar uma semana depois, alegando problemas de saúde. 
Segundo os advogados, o "mito" enfrenta câncer de pele, refluxo, soluços persistentes, pressão alta, apneia do sono e complicações abdominais decorrentes da facada de 2018. Curiosamente, ele sempre se orgulhou de ser "imbrochável" e "imorrível", chegando mesmo a afirmar que, para alguém com sua saúde e preparo físico, a Covid não passava de uma "gripezinha". 

Mesmo a receita tradicional não oferece maiores dificuldades, embora leve mais ingredientes, dê mais trabalho e demore mais para ficar pronta. Uma vez aprendida a técnica, podemos usar outros tipos de queijo e de polvilho, mas eu recomendo começar com a receita tradicional, que leva queijo meia-cura e polvilho azedo, já que queijos mais úmidos ou gordurosos exigem algumas alterações nas proporções de gordura e de polvilho. 


Para a receita tradicional, você vai precisar de:


— 200 g de queijo meia-cura ralado grosso;

— 200 g de polvilho azedo;

— 100 ml de leite;

— 40 g de manteiga;

— 1 ovo inteiro;

— Sal a gosto.


Enquanto espera o forno atingir 180ºC, esquente o leite e a manteiga. Quando levantar fervura, acrescente o polvilho, mexa até obter uma pasta, junte o queijo ralado, misture, adicione o ovo, torne a misturar e acerte o ponto do sal. Modele os pães com as mãos (untadas com óleo) e asse-os em fogo médio até ficarem dourados, lembrando que no forno frio os pãezinhos ficam disformes e com a casca mole, e que o ponto do pão de queijo está mais para dourado do que para amarelo.


Dicas: Evite polvilho de má qualidade, pois afeta a textura final, e sempre pré-aqueça bem o forno, para o pão de queijo não murchar. Se quiser intensificar o sabor, misture queijos diferentes (meia-cura + parmesão, por exemplo). Sirva sempre quente, para que a casquinha crocante e o miolo macio se destaque. Se esfriar, reaqueça em forno médio por alguns minutos, para recuperar a textura. Se sobrar, guarde na geladeira — por até 2 dias, em recipiente fechado. Quando for consumir, leve ao micro-ondas por 20 segundos.


O pão de queijo de frigideira é uma solução perfeita para quem quer um lanche prático, saboroso, que fica pronto em poucos minutos. Você vai precisar de:


— 1 ovo;

— 3 colheres (sopa) de polvilho azedo;

— 2 colheres (sopa) de queijo meia-cura ou parmesão ralados;

— 1 colher (sopa) de leite;

— 1 pitada de sal;

— 1 colher (chá) de óleo ou manteiga para untar a frigideira


Misture o ovo com o polvilho azedo, o queijo ralado, o leite e o sal, e mexa até formar uma massa homogênea e sem grumos. Unte a frigideira com o óleo ou a manteiga, leve ao fogo médio, despeje a massa, espalhe bem, tampe a frigideira e deixe cozinhar por cerca de 2 minutos de cada lado — ou até dourar.


Dicas: Use queijo meia-cura para um sabor mais tradicional e acrescente 1 colher (sopa) de requeijão para deixar a massa mais cremosa.

Bom proveito.

terça-feira, 28 de outubro de 2025

DO SMARTPHONE AO NOTEBOOK

OUÇA CONSELHOS, MAS JAMAIS ABRA MÃO DE SUA PRÓPRIA OPINIÃO.

Não se sabe se o ábaco surgiu na China, no Egito ou na Mesopotâmia, mas sabe-se que ele foi criado milhares de anos antes da era cristã e que sua desenvoltura na execução de operações aritméticas só foi superada no século XVII, quando Blaise Pascal criou uma engenhoca que Gottfried Leibniz aprimorou com a capacidade de multiplicar e dividir. 

Já o processamento de dados teve início no século XVII com o Tear de Jacquard  e evoluiu com o tabulador estatístico criado por Herman Hollerith — cuja empresa daria origem à gigante IBM. No início dos anos 1930, Claude Shannon aperfeiçoou um dispositivo de computação movido a manivelas mediante a instalação de circuitos elétricos baseados na lógica binária. Mais ou menos na mesma época, Konrad Zuse criou o Z1 — primeiro computador binário digital. 

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Enquanto a defesa de Bolsonaro se equipa para usar o caso Collor como pretexto para evitar que seu cliente seja trancado na penitenciária da Papuda, os deuses da jurisprudência oferecem um espetáculo que desmoraliza o caráter "humanitário" da prisão domiciliar em três atos.

No primeiro, Collor, condenado a 8 anos e 10 meses de prisão em regime inicial fechado, foi autorizado a cumprir a pena em sua mansão na orla de Maceió depois de passar uma semana em um presídio alagoano. No segundo, sua tornozeleira eletrônica saiu do ar por 36 horas. No terceiro, o apagão do monitoramento ocorreu nos dias 2 e 3 de maio, mas o Centro de Monitoramento Eletrônico de Pessoas de Alagoas demorou cinco meses para comunicar a falha ao STF.

Graças a uma trapaça do destino, o relator do processo de Collor é Alexandre de Moraes, o mesmo que cuida do caso da trama do golpe. Abespinhado, o magistrado exigiu explicações. A resposta veio na última sexta-feira (24). A Secretaria de Ressocialização e Inclusão Social do governo de Alagoas alegou que desconhecia o e-mail do gabinete de Moraes. Superada a dúvida quanto à origem e à segurança da comunicação, as providências cabíveis foram imediatamente adotadas, com o envio integral dos relatórios requisitados ao e-mail.

A honestidade preenche requerimento, marca hora e leva chá de cadeira. A corrupção sempre encontra seus atalhos. Num mundo convencional, o endereço eletrônico de Moraes poderia ser obtido com um simples telefonema. No universo dos privilegiados, a coisa é diferente.

Na prática, o governo de Alagoas coloca Moraes em posição constrangedora. O ministro havia ameaçado devolver Collor ao presídio. Os responsáveis por monitorar o trânsito do "preso" entre a sauna e a piscina do seu elegante domicílio prisional pedem ao ministro que faça o papel de bobo em benefício do bem-estar do condenado.

Os homens nunca foram iguais, mas não eram tão desiguais até que veio a civilização. E alguns viraram Collor, que desfrutou da impunidade por 33 anos. Denunciado por assaltar R$20 milhões de um cofre da Petrobras em gestões petistas, demorou oito anos para ser condenado. Embora a sentença fosse suprema, ficou solto por dois anos após a condenação.

Poucas horas depois da detenção de Collor, sua defesa encaminhou petição a Moraes alegando que seu cliente tem 75 anos e é atormentado por doença de Parkinson, apneia grave do sono e transtorno afetivo bipolar — moléstias que exigiriam cuidados contínuos e acompanhamento médico especializado, coisas indisponíveis na cadeia.

A defesa esqueceu de combinar a estratégia com o paciente. Na audiência de custódia que antecedeu o encarceramento, Collor, sorridente, vendia saúde. Acompanhado de um dos seus advogados, foi interrogado por videoconferência pelo juiz Rafael Henrique, da equipe de Moraes. A certa altura, o doutor perguntou: "O senhor tem alguma doença, faz uso de algum medicamento de uso contínuo?" E Collor, categórico: "Não".

Os advogados omitiram que o Rei Sol talvez sofresse de uma amnésia que o levava a esquecer dos outros males que o afligiam. De repente, surgiram os atestados médicos que justificavam a concessão da prisão domiciliar em caráter "humanitário", abrindo um atalho que os advogados de Bolsonaro certamente trilharão.

O Brasil não perde a oportunidade de perder oportunidades para qualificar o seu sistema prisional. Há três décadas, Collor vangloriava-se no Planalto de ter "colhões roxos" — expressão precursora do célebre "imbrochável." Quando vende saúde, a desqualificação é poupada. Quando finalmente é condenado, o desqualificado alega que não pode servir de exemplo para a qualificação das cadeias.

O ex-presidente da França Nicolas Sarkozy, 70, foi condenado por aceitar contribuições espúrias do antigo ditador líbio Muammar Kadafi para a campanha eleitoral da qual saiu vitorioso, em 2007. Preso na semana passada, cumprirá pena de cinco anos na penitenciária La Santé, em Paris, trancafiado na ala de isolamento de uma das prisões mais seguras da França.

Enquanto isso, o brasileiro é como que condenado a conviver com uma dúvida perpétua: os criminosos de grife vão para a cadeia nos países ricos porque as cadeias são melhores ou as cadeias são melhores porque a elite as frequenta? 

Nas pegadas de Collor, o Brasil está na bica de desperdiçar com Bolsonaro mais uma chance de aprimorar as instalações e os serviços de suas prisões com a qualificação progressiva da população carcerária.

A II Guerra Mundial deu azo ao surgimento do Mark I, do Z3 e do Colossus. Na década seguinte, pesquisadores da Universidade da Pensilvânia construíram o ENIAC, que teria causado um formidável apagão quando foi ligado pela primeira vez (talvez isso não passe de lenda urbana, mas houve realmente flutuações e quedas de energia pontuais na Filadélfia, mesmo porque o monstrengo consumia 10% da capacidade total da rede elétrica da cidade). 

Embora fosse um monstrengo de 18 mil válvulas e 30 toneladas, ele era capaz de realizar "apenas" 5 mil somas, 357 multiplicações ou 38 divisões simultâneas por segundo — uma performance incrível para a época, mas que qualquer videogame dos anos 1990 já superava com um pé nas costas. Suas válvulas queimavam à razão de uma a cada dois minutos, e como sua memória interna só comportava os dados da tarefa em execução, qualquer modificação exigia que os programadores corressem de um lado para outro da sala, desligando e religando dezenas de cabos.

 

O EDVAC veio à luz em 1947, já com memória, processador e dispositivos de entrada e saída de dados. Foi seguido pelo UNIVAC, que utilizava fita magnética em vez de cartões perfurados. Mas foi o advento do transistor que revolucionou a indústria dos computadores — notadamente a partir de 1954, quando o uso do silício como matéria-prima barateou significativamente os custos de produção.


Os primeiros mainframes totalmente transistorizados foram lançados pela IBM no final dos anos 1950. Na década seguinte, a Texas Instruments revolucionou o mundo da tecnologia com os circuitos integrados, compostos por conjuntos de transistores, resistores e capacitores, e usados com sucesso no IBM 360 (lançado em 1964). Já no início dos anos 1970, a Intel desenvolveu uma tecnologia capaz de agrupar vários circuitos integrados (CIs) numa única peça silício, dando origem aos microprocessadores e viabilizando o surgimento do Altair 8800 (vendido sob a forma de kit e responsável, ainda que indiretamente, pela fundação da Microsoft), do PET 2001 (lançado em 1976 e considerado o primeiro microcomputador pessoal) e dos Apple I e II (este último já com unidade de disco flexível).

 

O sucesso estrondoso da Apple incentivou a IBM a criar seu PC (acrônimo de Personal Computer), cuja arquitetura aberta e a adoção do MS-DOS acabaram se tornando padrão de mercado. A primeira interface gráfica com sistema de janelas, caixas de seleção, fontes e suporte ao uso do mouse foi criada pela Xerox e incorporada ao LISA por Steve Jobs. Quando a Microsoft lançou sua interface gráfica que rodava sobre o MS-DOS, a Apple já estava anos-luz à frente, mas foi o Windows, e não o macOS, que se tornou o sistema operacional para microcomputadores mais popular do planeta.

 

Tudo isso para dizer que o que hoje chamamos de computador — seja um desktop, um notebook, um smartphone ou um tablet — evoluiu ao longo dos séculos em etapas que misturam avanços científicos, engenhocas eletromecânicas e uma boa dose de ousadia criativa. No início, eram máquinas enormes, barulhentas e com um apetite pantagruélico por energia. Os primeiros sequer tinham disco rígido, quanto mais mouse, tela colorida ou sistema operacional amigável, e a interação com o usuário era feita por meio de cartões perfurados, fitas magnéticas e comandos crípticos. Mas já dizia o poeta que não há nada como o tempo para passar.

 

Microcomputadores rudimentares, mas já voltados ao consumidor final (como Apple I, Commodore 64 e afins) surgiram nos anos 1970 e começaram a se popularizar entre os usuários domésticos em meados dos anos 1990. Na década seguinte, os "micros" (como as pessoas chamavam seus PCs) já tinham presença garantida em escritórios, escolas e lares de classe média. Os laptops vieram logo depois, seguidos pelos netbooks e, mais adiante, pelos ultrabooks — versões mais compactas e baratas que sacrificavam desempenho em nome da mobilidade.

 

Meu primeiro portátil — um Compaq Evo n1020v Intel Celeron 1,7 GHz/20 GB/128 MB — custou R$ 4,4 mil no início de 2003 (cerca de R$ 12 mil, se atualizado pelo IGPM, ou R$ 30,4 mil, pela variação do salário-mínimo). Hoje, notebooks de entrada custam a partir de R$ 3 mil, como é o caso do IdeaPad 1 da Lenovo, que integra um chip AMD Ryzen 3 7320U e tela grande (15,6 polegadas). Mas ele vem com míseros 4 GB de RAM e SSD de 256 GB, sem falar que no sistema operacional, que é uma distro Linux.

 

Atualmente, qualquer smartphone básico tem mais "poder de fogo" do que os computadores que levaram o homem à Lua — o que explica, pelo menos em parte, por que desktops e notebooks foram relegados a situações que exigem telas de grandes dimensões, teclado e mouse físicos, além de processamento, memória e armazenamento superiores aos que os "pequenos notáveis" de entrada e intermediários conseguem oferecer. Mas quem precisa de um note para fazer o que não consegue fazer com o celular terá de investir cerca de R$ 4 mil num Samsung Galaxy Book 4, por exemplo, que integra um processador Intel Core i3-1315U, 8 GB de RAM, 256 GB de SSD — e vem de fábrica com o Windows 11.

 

Se você quer portabilidade sem abrir mão de uma tela grande e hardware potente, o Galaxy Book 4 Ultra oferece painel AMOLED de 16 polegadas com resolução QHD e taxa de atualização de 120 Hz, Intel Core Ultra 9-185H e Nvidia GeForce RTX 4070 — suficientes para rodar a maioria dos jogos atuais sem problemas —, além de respeitáveis 32 GB de RAM e 1 TB de SSD. Mas não espere pagar menos de R$ 10 mil por essa belezinha.

 

Por último, mas não menos importante: quem é fã do iOS não tem como não gostar do macOS — e, se é para mudar de sistema operacional, nada como fazê-lo em grande estilo. O Apple MacBook Pro M4 é capaz de executar com desenvoltura tarefas exigentes como edição de vídeo, gráficos 3D, desenvolvimento de IA e até simulações científicas. 


Ele oferece ampla gama de portas para periféricos e monitores externos — incluindo três portas USB-C/Thunderbolt 5 e uma HDMI 2.1 —, não esquenta e praticamente não faz barulho. No entanto, como a RAM e a unidade de armazenamento vêm soldadas à placa-mãe, convém escolher a melhor configuração que o bolso suportar, já que upgrades de hardware estão fora de cogitação.

sexta-feira, 24 de outubro de 2025

MENTIRAS QUE SOAM VERDADEIRAS

É MELHOR UM FIM HORROROSO DO QUE UM HORROR SEM FIM.  

A maioria de nós já ouviu dizer que avestruzes enterram a cabeça na areia quando estão assustados, que preguiças são preguiçosas, que porcos são sujos, que golfinhos estão sempre sorrindo, que elefantes nunca esquecem, que Lula foi absolvido e que Bolsonaro foi condenado injustamente. Só que nada disso é verdade. 


No que tange aos avestruzes, as fêmeas colocam a cabeça no buraco que usam como ninho para virar os ovos várias vezes durante o dia — se realmente enterrassem a cabeça para não ver o perigo, como diz a lenda, as pobres aves morreriam asfixiadas. 


As preguiças se movem devagar porque seu metabolismo as obriga a economizar energia, e como não andam sobre as solas dos pés, mas se arrastam com suas longas garras, sua locomoção nas árvores e no solo é lenta e desajeitada. Por outro lado, elas se movem velozmente na água e dormem cerca de 10 horas por dia — bem menos que os gatos e outros animais domésticos.


Os porcos são animais naturalmente asseados. Eles defecam longe de onde comem, dormem e acasalam, mas, como não conseguem suar, refrescam-se chafurdando na lama — o que lhes dá a aparência de sujos. Por outro lado, é impossível manter-se limpo quando se vive confinado num chiqueiro pequeno, superlotado e imundo.


Os golfinhos são brincalhões e parecem sorrir porque o formato de suas mandíbulas cria essa ilusão. Mas são incapazes de mudar de expressão, e podem ser surpreendentemente desagradáveis e traiçoeiros, chegando a atacar outros mamíferos marinhos e até pessoas quando se sentem ameaçados.


Os elefantes possuem o maior cérebro entre os mamíferos terrestres. Seu lobo temporal — extremamente desenvolvido — permite memorizar cheiros, vozes, lugares, hierarquias, vínculos familiares e comandos de voz. Eles são capazes de reconhecer outros elefantes — e até humanos — após décadas de separação, bem como de manter relações complexas dentro da manada, que a matriarca conduz por rotas migratórias antigas, guiada por lembranças de locais com água e comida.


Assim como afirmar que “os elefantes não esquecem” é uma simplificação poética embasada na ciência, dizer que os eleitores brasileiros fazem, a cada dois anos, por ignorância, o que Pandora fez uma única vez por curiosidade, é uma simplificação poética embasada na mitologia grega.


Celebrizada pelo jornalista Ivan Lessa, a máxima segundo a qual os brasileiros esquecem, a cada 15 anos, o que aconteceu nos últimos 15, ilustra a quintessência da falta de memória — ou de preparo — do nosso eleitorado. Aliás, em momentos distintos da ditadura, Pelé e o ex-presidente João Figueiredo alertaram para o risco de misturar brasileiros e urnas em eleições presidenciais. Ambos foram muito criticados, mas como contestá-los, se lutamos tanto pelo direito de votar para presidente e elegemos gente como Lula, Dilma e Bolsonaro?


Em 135 anos de história republicana, 35 brasileiros foram alçados à Presidência pelo voto popular, eleição indireta, linha sucessória ou golpe de Estado. Em agosto de 1961, a renúncia de Jânio Quadros ladrilhou o caminho para o golpe de 1964, que depôs João “Jango” Goulart do Palácio do Planalto e deu início a duas décadas de ditadura militar.


Em 1989, depois de 29 anos sem votar para presidente e podendo escolher entre Ulysses Guimarães, Mário Covas e Leonel Brizola — de um cardápio com mais de 20 postulantes — a plebe ignara preferiu despachar Collor e Lula para o segundo turno. O caçador de marajás de mentirinha derrotou o desempregado que deu certo por 683.920 a 215.177 votos válidos, provando que memória histórica e senso crítico não são pré-requisitos para exercer o direito de voto.


Collor foi empossado em março de 1990 e penabundado em dezembro de 1992. Em 1994, graças ao bem-sucedido Plano Real, Fernando Henrique Cardoso, então ministro da Fazenda de Itamar Franco, elegeu-se presidente no primeiro turno. Picado pela “mosca azul”, comprou a PEC da Reeleição.


Como quem parte, reparte e não fica com a melhor parte é burro ou não tem arte, o tucano de plumas vistosas renovou seu mandato no ano seguinte — novamente no primeiro turno. Mas não há nada como o tempo para passar. Em 2002, sem novos coelhos para tirar da velha cartola, não conseguiu eleger seu sucessor: Lula derrotou José Serra por 61,27% a 38,73% dos votos válidos.


Em 2006, apesar do escândalo do mensalão, o petista venceu Geraldo Alckmin por 60,83% a 39,17% dos votos válidos. Em 2010, visando manter aquecida a poltrona que tencionava disputar dali a quatro anos, fez eleger um “poste” — Dilma Rousseff —, que pegou gosto pelo poder, fez o diabo para se reeleger, entrou em curto-circuito e foi desligada em 2016, pondo fim a 13 anos e fumaça de lulopetismo corrupto.


Com o impeachment da mulher sapiens, Michel Temer passou de vice a titular do cargo. Num primeiro momento, a troca de comando pareceu alvissareira. Depois de mais de uma década ouvindo garranchos verbais de um semianalfabeto e frases desconexas de uma destrambelhada que não sabia juntar sujeito e predicado, ter um presidente que sabia falar — até usando mesóclises — foi como uma lufada de ar fresco numa catacumba. Mas há males que vêm para o bem e bens que vêm para pior.


O prometido “ministério de notáveis” revelou-se uma notável agremiação de corruptos, e a “ponte para o futuro”, uma patética pinguela. Depois que sua conversa de alcova com Joesley Batista veio a lume, Temer pensou em renunciar, mas foi demovido por sua tropa de choque.


Escudado das flechadas de Janot pelas marafonas da Câmara, o nosferatu que tem medo de fantasma concluiu seu mandato-tampão como pato manco e transferiu a faixa para um mix de mau militar e parlamentar medíocre travestido de outsider antissistema, que se tornou o pior mandatário tupiniquim desde Tomé de Souza.


Para provar que era amigo do mercado e obter o apoio dos empresários, o estadista que sempre acreditou em Estado grande e intervencionista e lutou por privilégios para corporações que se locupletam do Estado há décadas, foi buscar Paulo Guedes..


Para provar que era inimigo da corrupção e obter o apoio da classe média, o deputado adepto das práticas da baixa política, amigo de milicianos, que em sete mandatos aprovou apenas dois projetos e passou por oito partidos diferentes, todos de aluguel, foi buscar Sérgio Moro. 


Para obter o apoio das Forças Armadas, o oficial de baixa patente, despreparado, agressivo e falastrão, condenado por insubordinação e indisciplina e enxotado da corporação, foi buscar legitimidade numa penca de generais saudosos da ditadura.


Bolsonaro obrigou Moro a reverter uma nomeação, tomou-lhe o Coaf, forçou-o a substituir um superintendente da PF e esnobou seu projeto contra a corrupção. O ex-juiz fingiu que não viu, tentou negociar e, por fim, desembarcou do governo para tentar salvar o pouco prestígio que lhe restava.


Bolsonaro desautorizou Guedes, interferiu em seu ministério, sabotou seus projetos e, com o Centrão, enterrou de vez a agenda econômica. A maneira como gerenciou a pandemia de Covid foi catastrófica. Os crimes comuns e de responsabilidade cometidos pelo aspirante a genocida só ficaram impunes graças à leniência de Rodrigo Maia e Arthur Lira, que presidiram a Câmara durante sua gestão, e à cumplicidade de Augusto Aras, seu antiprocurador-geral.


Bolsonaro jamais escondeu a admiração pela ditadura militar e a vocação para o autoritarismo. Em 2019, poucos meses após a posse, reconheceu que não nasceu para ser presidente, mas para ser militar, embora tenha passado menos anos no Exército do que na política e, ao longo de 27 anos no baixo clero da Câmara, tenha apresentado 172 projetos, relatado 73 e aprovado apenas dois.


Na eleição de 2014, ao ver o poste de Lula derrotar o neto corrupto de Tancredo, Bolsonaro resolveu disputar a Presidência “com a cara da direita”. Ignorado pelo PP, que apoiou a campanha de Dilma, lançou seu ultimato: “Ou o partido sai da latrina ou afunda de vez”. Graças à Lava-Jato, a sigla afundou de vez. Graças à sua pregação antipetista, Bolsonaro renovou seu mandato como deputado mais votado do Rio de Janeiro, saltando de 120,6 mil votos em 2010 para 464,5 mil em 2014.


Derrotado em 2022 graças à sua nefasta gestão, Bolsonaro pôs em marcha a tentativa de golpe que lhe rendeu a condenação a 27 anos e 3 meses de prisão, além do pagamento de multa e indenização. O acórdão publicado na terça-feira (22) abriu o prazo de cinco dias para a interposição de embargos de declaração e de 15 dias para embargos infringentes.


Os embargos de declaração servem apenas para pedir esclarecimentos sobre o texto do acórdão — nada de rediscutir o mérito. Já os embargos infringentes permitiriam um novo julgamento no plenário, mas o Supremo já decidiu em outros casos que eles só são admissíveis quando há pelo menos dois votos favoráveis à absolvição — condição que, adivinhe, não se aplica à condenação do ex-presidente. Ele cumpre prisão domiciliar desde agosto e pode ser enviado ao Complexo Penitenciário da Papuda antes do final do ano.


Há males que o tempo cura, males que vêm para pior e males que pioram com o passar dos anos. Lula 3.0 é uma reedição piorada das versões 1 e 2 e, como nada é tão ruim que não possa piorar, o macróbio quer, porque quer, disputar a reeleição em 2026 — para nossa alegria (risos nervosos).


Vale lembrar que o ministro Fachin tomou a decisão teratológica de anular as condenações de Lula em caráter eminentemente processual. Como o mérito não foi analisado, o ex-presidiário não foi absolvido. Em outras palavras, o ministro agiu como um delegado que manda soltar um criminoso porque ele foi preso em flagrante pela Guarda Civil Metropolitana, e não pela Polícia Militar. Mesmo assim, o macróbio eneadáctilo alega que foi inocentado — e sua claque amestrada acredita.


As consequências da inconsequência do eleitorado tupiniquim são lamentadas todos os dias, inclusive por quem abriu a Caixa de Pandora achando que estava escolhendo o menor de dois males — o que só se justificaria se não houvesse outra opção. Tanto em 2018 quanto em 2022 havia alternativas; só não viu quem não quis ou não conseguiu, porque sofre do pior tipo de cegueira, que é a mental.

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Reza uma velha (e filosófica) anedota que quando Deus estava distribuindo benesses e catástrofes naturais pelo mundo recém-criado, um anjo apontou para o que seria futuramente o Brasil e perguntou: Senhor, por que brindas essa porção de terra com clima ameno, praias e florestas deslumbrantes, grandes rios e belos lagos, mas não desertos, geleiras, vulcões, furacões ou terremotos? E o Criador respondeu: Espera para ver o povinho filho da puta que vou colocar lá.


Resumo da ópera:


Bolsonaro foi eleito em 2018 graças ao antipetismo, mas a emenda ficou pior que o soneto. Sua nefasta passagem pelo Planalto resultou na “descondenação” de Lula e culminou com seu terceiro mandato, que vem se revelando pior do que os anteriores. E a possibilidade de ele se reeleger é assustadoramente real, mesmo porque, ironicamente, seu maior cabo eleitoral é Bolsonaro — e seus filhos despirocados, claro.


Se Sérgio Moro não tivesse trocado a magistratura pelo ministério da Justiça no desgoverno do capetão, é possível que a Lava-Jato ainda estivesse ativa e operante, e Lula ainda estivesse cumprindo pena em Curitiba, na Papuda ou no diabo que o carregue. Tanto ele quanto Bolsonaro são cânceres que evoluíram para metástases e, portanto, se tornaram inoperáveis. Mais cedo ou mais tarde, a Ceifadora livrará o Brasil desse mal. Até lá, a abjeta polarização seguirá a todo vapor — a menos que uma “terceira via” surja e se consolide ao longo do ano que vem.


Políticos incompetentes e/ou corruptos que ocupam cargos eletivos não brotam nos gabinetes por geração espontânea; se estão lá, é porque foram eleitos por ignorantes polarizados, que brigam entre si enquanto a alcateia de chacais se banqueteia e ri da cara deles — e dos nossos, de brinde.


Einstein teria dito que o Universo e a estupidez humana são infinitos, mas salientou que, no tocante ao Universo, ele ainda não tinha 100% de certeza. Alguns aspectos de suas famosas teorias não sobreviveram à passagem do tempo, mas sua percepção da infinitude da estupidez humana deveria ser bordada com fios de ouro nas asas de uma borboleta e pendurada no hall de entrada do Congresso.


Não há provas de que boas ações produzam bons resultados. A lei do retorno é mera cantilena para dormitar bovinos, mas insistir no mesmo erro esperando produzir um acerto é a melhor definição de imbecilidade que conheço, e más escolhas inevitavelmente geram péssimas consequências — como temos visto a cada eleição presidencial desde 2002.


Triste Brasil.


domingo, 19 de outubro de 2025

REDUFLAÇÃO, LEITE CONDENSADO E UMA PÉSSIMA RECORDAÇÃO.

DIANTE DE DETERMINADOS MISTÉRIOS, É MELHOR FAZER O QUE A BÍBLIA DIZ QUE MARIA FEZ DEPOIS DE DAR À LUZ A JESUS: FICOU EM SILÊNCIO E PONDEROU AS COISAS NO CORAÇÃO.

 

Começando pela péssima recordação: 

 

Em janeiro de 2021, dias após Bolsonaro completar dois anos de mandato, eu escrevi que:


Um presidente que não governa, que age como se estivesse em plena campanha, que não se empenha na aprovação das reformas — e culpa o Congresso —, que tripudia do vírus — gripezinha —, insulta as pessoas sensatas — maricas — banca o curandeiro (quem não toma cloroquina toma tubaína), que aparelha a PGR, reforça a banda podre do Supremo e articula a eleição de apaniguados na Câmara e no Senado por razões escusas não é apenas uma figura inútil, e sim um estorvo, um encosto, um egun mal despachado — que deveria ser exorcizado sob pena de o país regredir aos tempos nefandos de Sarney e Collor”.

 

Na mesma postagem, comentei que R$ 15 milhões dos quase 2 bilhões gastos com alimentação foram “investidos” em leite condensado, outros R$ 2,2 milhões em chicletes, R$ 32,7 milhões em pizza e refrigerante, R$ 6 milhões em frutos do mar e R$ 2 milhões em vinhos. Por meio de nota, o Ministério da Defesa, então comandado pelo general Fernando Azevedo e Silva, afirmou que “o leite condensado é um dos itens que compõem a alimentação por seu potencial energético, podendo ser usado eventualmente em substituição ao leite". 

 

No que tange ao chiclete, a pasta sustentou que “o produto ajuda na higiene bucal das tropas, que, às vezes, não têm tempo de fazer a escovação apropriada, como também é utilizado para aliviar as variações de pressão durante a atividade aérea”, bem como ressaltou que havia 370 mil militares na ativa, e que cada um recebia apenas R$ 9 por dia para alimentação.

 

Naquele mesmo dia, durante almoço com apaniguados e puxa-sacos numa churrascaria em Brasília, Bolsonaro reagiu às críticas com a finesse que lhe é peculiar: “Quando vejo a imprensa me atacar, dizendo que comprei 2 milhões e meio de latas de leite condensado, vá pra puta que pariu, imprensa de merda! É pra enfiar no rabo de vocês da imprensa essas latas de leite condensado. Essas acusações levianas não levam a lugar nenhum e se me acusam disso é sinal que não tem do que me acusar (…) Isso não é mordomia, não é privilégio”.

 

Tanto é possível mentir dizendo a verdade quanto dizer a verdade mentindo. Conta-se que Fidel Castro, ao ser questionado sobre a penúria na ilha forçar universitárias a se prostituírem para sobreviver, respondeu que era exatamente o contrário: a situação em Cuba era tão boa que até as prostitutas eram universitárias.

 

No que tange à reduflação:

 

Com o preço dos laticínios nas alturas, margarinas e produtos lácteos à base de soro de leite se tornaram uma alternativa mais barata. Isso sem falar na reduflação — estratégia usada por fabricantes para mascarar o aumento no preço dos produtos. Trata-se de um duro golpe no bolso dos consumidores, já que o preço não cai — isso quando não aumenta. A empresa de salgadinhos Lay's, subsidiária da Pepsi Co, relançou sua batata frita num pacote maior, com um novo nome — Party Size — e um aumento de preço que superou em muito o do peso. 

 

Outros exemplos são o pacote do biscoito recheado Trakinas, que passou de 200g para 126g (redução de 37%), as barras de 180g do chocolate Garoto, que agora pesam 90g, os pacotinhos de queijo ralado de 50, que encolheram de 50g para 40g, e por aí vai. Até limpar a bunda está custando mais: os rolos de papel higiênico, que tinham 60 metros nos anos 1970, agora têm entre 30 e 20 metros.

 

No que tange ao leite condensado:

 

O produto tradicional é denso, cremoso, de sabor marcante e textura uniforme porque feito a partir da concentração do leite integral com adição de açúcar. Já o “pseudo leite condensado” é uma versão fabricado com soro de leite — um subproduto da fabricação de queijos — muito mais pobre, tanto nutricional quanto sensorialmente. 

 

Enquanto o leite condensado verdadeiro tem um dulçor profundo e uma untuosidade que se funde perfeitamente com chocolate, coco ou frutas, a versão mais barata é aguada, menos doce e com um retrogosto levemente metálico ou ácido, dependendo da formulação. A ausência de gordura e sólidos lácteos compromete sua capacidade de emulsificar e caramelizar, afetando não só o sabor, mas também a estrutura de pavês, tortas, mousses, pudins, recheios e coberturas, e exigindo correções com creme de leite, gelatina ou amido — o que encarece a receita e proporciona um resultado sempre inferior, com sabor apagado e textura comprometida. Mas é no brigadeiro que o pseudo leite condensado revela sua total imprestabilidade. 

 

Ao ser levado ao fogo com chocolate e manteiga, o leite condensado original engrossa, ganha brilho e ponto de enrolar. Já o feito com soro de leite demora mais para atingir o ponto, não ganha consistência adequada, separa líquidos e, quando esfria, vira uma massa pastosa e sem elasticidade. Resultado: o que deveria ser uma celebração da simplicidade vira um exercício de frustração. Portanto, não se iluda com a economia porca proporcionada por um produto mais barato na prateleira, pois você precisará de mais ingredientes para compensar as deficiências. Em última análise, é a reduflação disfarçada de economia: menos produto, menos qualidade, mais frustração.

 

Uma alternativa mais econômica que o Leite Moça, Mococa, Itambé e assemelhados é a versão caseira. Você precisa apenas misturar um litro de leite integral e 1 ½ xícara (chá) de açúcar cristal numa panela, deixar ferver por 35 minutos, transferir para uma batedeira e bater até esfriar (por cerca de 15 minutos). Para saber se a mistura está pronta para ser batida, coloque uma gota num pratinho ou pires que que ficou no freezer por pelo menos uma hora: se a gota não escorrer quando você virar o pratinho, pode despejar o conteúdo da panela na batedeira e finalizar o preparo.

 

Bom proveito.