Mostrando postagens classificadas por data para a consulta não existe mais corrupção no governo. Ordenar por relevância Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens classificadas por data para a consulta não existe mais corrupção no governo. Ordenar por relevância Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 4 de julho de 2025

PALAVRAS E EXPRESSÕES QUE DEMANDAM ATENÇÃO — FINAL

DINHEIRO SÓ NÃO TRAZ FELICIDADE PARA QUEM NÃO SABE O QUE FAZER COM ELE.

 

Enquanto — Use somente enquanto (e não enquanto que).

 

Em que pese — Modernamente, essa locução dispensa a preposição a e o verbo concorda com o sujeito (em que pesem seus bons argumentos, mantenho meu ponto de vista). A regência clássica, com preposição e o verbo invariável, ainda é usada quando a expressão trata de pessoas (em que pese aos bolsonaristas, o "mito" não passa de um golpista). 

 

Estória — Por influência do inglês story, a palavra estória foi proposta para designar narrativa de ficção. Em 1943, a Academia Brasileira de Letras decidiu que história deve ser usada tanto para narrativas reais quanto fictícias.

 

Etc. — O termo etc. é a abreviação da locução latina et coetera, que significa e outras coisas. Recomenda-se que seja seguido de ponto e precedido por vírgula (militares, diplomatas, etc.), como fazem bons autores. No Português do Dia a Dia, do professor Sérgio Nogueira Duarte da Silva, consta que o uso da vírgula é facultativo, que não se deve usar o conectivo e antes, e que, caso o termo finalize uma frase, o ponto final não deve ser duplicado. Tampouco se usa etc. para pessoas (já foram presos Lula, Temer etc.) nem seguido de reticências.


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


Até onde minha memória alcança, o Brasil jamais teve um presidente que despertasse genuíno orgulho em seu povo, e tampouco teve um povo que não repetisse a cada eleição o que Pandora fez uma única vez. Mas a pior safra de mandatários veio com a redemocratização. Tanto é que foi preciso tirar Lula da prisão para impedir a mais que provável reeleição de Bolsonaro. Aliás, quem vota nesse tipo de gente não é vítima, é cúmplice. Mas isso é conversa para outro hora.

Missão dada, missão cumprida: o ex-presidiário "descondenado" venceu o pior mandatário desde Tomé de Souza por menos de 2% dos votos válidos, mas sua terceira gestão vai de mal a pior, como demonstram os índices de rejeição popular — os mais altos de toda a sua trajetória política. Só não se pode dizer que a emenda foi pior que o soneto porque, ao menos em tese, nada seria pior do que manter no poder o refugo da escória da humanidade. No entanto, como que se espelhando em seu antigo "poste" — que "fez o diabo" para se reeleger em 2014 —, Lula resolveu quebrar a economia em nome de um quarto mandato. 

Depois que o Congresso barrou o decreto presidencial que aumentava o IOF para bancar sua gastança populista e eleitoreira, o governo recorreu ao STF. “Se eu não for ao Judiciário, não governo mais”, vociferou o caga-raiva, acusando nas entrelinhas deputados e senadores de usurparem uma prerrogativa que caberia exclusivamente ao chefe do Executivo. 

Em tempos anteriores, Executivo e Legislativo divergiam. Agora, nem se falam mais. Lula acusa Hugo Motta de descumprir sua palavra — algo impensável e inaceitável em termos políticos, mesmo que o presidente da Câmara tenha levado ao plenário a questão do IOF e imposto ao governo uma derrota humilhante. Para piorar, ao contrário de Rodrigo Pacheco, que costumava servir de contrapeso às investidas de Arthur Lira contra o Planalto, Alcolumbre se associou a Motta para puxar o tapete de Lula a quatro mãos.

A verdade é que a normalidade nas relações entre Executivo e Legislativo deixou de existir há muito tempo. Hoje, dono de suas próprias emendas orçamentárias, cada deputado se sente livre para dar uma banana ao governo — e ao próprio partido: até os líderes de bancada têm dificuldades em falar por seus pares. É como se houvesse 513 partidos na Câmara e mais 81 no Senado. E, no meio desse caos, um presidente enfraquecido tenta governar com base no gogó, no improviso e em decisões judiciais sob medida, como aquela que o "descondenou" e reabilitou politicamente. E o povo que se exploda. Afinal, quem semeia ventos colhe tempestades.


Pronomes demonstrativos:

 

Aquele — Indica algo ou alguém afastado espacial e/ou temporalmente do falante e do ouvinte (aquele dia foi inesquecível), mas pode se usado para designar indivíduo cujo nome se ignora ou que não se possa ou deva nomear (aquele é um caso sério de político corrupto) e se referir a pessoa ou coisa genericamente mencionada (mulher boa é aquela que menos exige). Nos casos em que há dois antecedentes no discurso, refere-se ao primeiro — por oposição a este, que designa o mais próximo (pai e filho conhecem o seu ofício, aquele mais que este).

 

Esse — Designa pessoa ou coisa afastada do emissor da mensagem e próxima a seu receptor (essa cadeira está quebrada, sente-se na outra) ou algo ou alguém não diretamente ligado ou próximo, mas que o emissor pressupõe ser do conhecimento do receptor (esses políticos de hoje só sabem roubar). Pode também designar o que já foi antes mencionado (repouso e boa alimentação, esse é sempre um bom conselho), ser empregado junto a aposto de um termo já referido recentemente (Bolsonaro, esse grande golpista, vai acabar na cadeia), ou com referência a um tempo relativamente distante no passado ou no futuro, mas que foi referido anteriormente (passada essa hora de maior movimento, o trânsito fica uma beleza).

 

Este — Indica o que está próximo ao falante, no espaço, no tempo ou no discurso (este copo aqui é meu). Com substantivos que denotam tempo, indica o tempo presente ou o mais recente, se a frase é passada, ou o primeiro que virá, se a frase é futura (esta noite meus amigos virão à minha casa). Combinado com aquele ou esse, serve para fazer referência a duas pessoas ou coisas já mencionadas, indicando a última (Lula e Bolsonaro não devem disputar a próxima eleição, este por estar inelegível e aquele por estar muito velho).

 

Isso — Substitui o nome de algo que está afastado do falante e mais perto do ouvinte, ou de algo passado, mas relativamente recente, ou que foi mencionado antes (deixe-me ver isso que você tem nas mãos; isso foi ontem, hoje as coisas mudaram).

 

Isto — Indica algo que se acha mais perto de quem fala, ou, temporalmente, que é recente (tirem isto da minha frente!)

 

Face a — A expressão tradicional em português é em face de, mas não existe impedimento quanto ao uso da expressão em questão, já abonada pelos melhores dicionários e gramáticos.

 

Fazer as vezes de — Sem crase (embora fosse terceiro-secretário, fazia as vezes de chefe da missão).

 

Futuro do subjuntivo — Erros nesse tempo verbal são comuns, já que na maioria dos casos a conjugação é idêntica ao infinitivo (se eu quiser, se ela gostar, etc.). Mas há exceções (se o tempo se mantiver firme, e não se manter; se ninguém intervier, e não intervir, etc.) Via de regra, os infinitivos admitem tanto próclise quanto ênclise, mas o futuro do subjuntivo não é um infinitivo, de modo que são erradas construções como se ela não aceitá-lo (a única forma possível é se ela não o aceitar).

 

No caso dos verbos abundantes (como gastar, ganhar, aceitar, eleger, pagar, etc.), usa-se o particípio regular com os verbos ter e haver e o irregular com os verbos ser e estar (tinha ganhado, foi ganho; tinha aceitado, foi aceito, etc.) Alguns gramáticos sustentam que, com os verbos ter e haver, ambos os particípios são admissíveis. Note que isso não se aplica ao verbo chegar (jamais algo como ele tinha chego cedo).

 

Grosso modo — Significa aproximadamente, em geral, e deve ser grafado em itálico (por ser uma locução latina) e sem a preposição a. 

 

Há... atrás — Evite a redundância usando há dez anos ou dez anos atrás. A forma híbrida (há dez anos atrás) pode até ser admissível na linguagem oral, mas deve ser evitada na escrita formal. 

 

Informar — É possível informar alguém de algo ou informar algo a alguém (as mudanças foram informadas a todos; todos foram informados das mudanças).

 

Importa notar / importa assinalar — Expressões que, a exemplo de vale notarcumpre ressaltar, etc., nada acrescentam ao sentido do texto, razão pela qual devem ser evitadas.

 

Implicar — No sentido de acarretar, é transitivo direto (o combate à corrupção implica a adoção de medidas drásticas), mas a variante implicar em também ocorre, inclusive na norma culta.

 

Mais bem, mais mal — Antes de particípio, use as formas mais bem e mais mal (mais bem acabado, mais malsucedido, em vez de melhor acabado, pior sucedido.

 

Mandado / mandatoMandado é ordem (mandado de segurança) e mandato é poder (mandato parlamentar).

 

Nem — Conjunção aditiva que significa tampouco e dispensa a conjunção e (não houve danos estruturais nem estéticos). Note que ela pode preceder as locuções adverbiais nem mesmo, nem sequer e nem ao menos.

 

O fato de o, de a, de ele — O Acordo Ortográfico em vigor reafirma o preceito da gramática normativa que recomenda não ligar a preposição (por exemplo, “de”) a palavras que se lhe sigam quando antecedidas de verbo no infinitivo: "O fato de o país (e não "do país) ter crescido a taxas elevadas no período..."; "O fato de eles (e não "deles") ainda não terem respondido à consulta..."; etc.

 

Obedecer — Rege a preposição "a": Obedecer a alguém ou a alguma coisa (obedecer-lhe). "O parecer obedeceu à lógica"; todos lhe obedecem, etc. 

 

Outrossim – Advérbio em desuso, quando cabível, substitua por "do mesmo modo" ou "igualmente".

 

Parêntese — Usar nessa forma: um parêntese, os parênteses.

 

Pedir — A regência tradicional é pedir algo a alguém ("pediu ao assessor o relatório da reunião") ou pedir a alguém que faça alguma coisa ("pediu a todos que fizessem silêncio"). Portanto, evite usar a forma "pedir para".


Por conta de — Embora o uso dessa locução com o sentido de "por causa de" ser extremamente comum na fala e na escrita jornalística, ele ainda é considerado impróprio (ou pelo menos inadequado) do ponto de vista normativo. No entanto, essa prática está tão disseminada que muitos dicionários e manuais de estilo já admitem, embora com ressalvas em textos formais, acadêmicos ou jornalísticos de alto padrão. Portanto, para manter a elegância e a correção, prefira sempre por causa de ao indicar motivo e deixe por conta de para contextos financeiros ou de responsabilidade.

 

Precisar — É transitivo indireto: quem precisa, precisa de alguma coisa. Com verbos no infinitivo, a preposição pode ser dispensada: "precisamos agir com rapidez". 

 

Preferir — A regência culta tradicional admite apenas a preposição "a": "preferir uma coisa a outra". Vale o mesmo para o adjetivo preferível: "Isto é preferível àquilo."

 

Responder — Rege a preposição "a": "responder a uma mensagem" (e não "responder uma mensagem").

 

"Se" como indeterminador do sujeito  — Quando o pronome "se" é usado como indeterminador do sujeito, o verbo se mantém no singular: "Na Grécia antiga adorava-se a vários deuses"; “precisa-se de empregados"; "não se deu ouvidos às queixas". Apenas com verbos transitivos diretos é possível empregar o "se" como apassivador, o que permite conjugações como: "ouviram-se críticas", "nunca se viram tantos títulos"; "vendem-se casas", etc. Sem embargo, tanto as construções com "se" apassivador quanto aquelas com "se" indeterminador ("ouviu-se críticas" ou "ouviram-se críticas") têm emprego na norma culta.

 

Ter a ver / ter que ver – Ambas as expressões são corretas e podem ser usadas com o sentido de "ter relação com", "estar relacionado com", "dizer respeito a". Note que as expressões "nada há ver" e "nada haver" são inadmissíveis.

 

Ter de / ter que — Ambas as construções existem e são admitidas na norma culta; pode-se dizer indiferentemente "temos de enfrentar o problema" ou "temos que enfrentar o problema".

 

Tratar-se de — É sempre usado com sujeito indeterminado e, portanto, invariável: "Trata-se de opiniões, não de fatos". 

 

Todo, todo o – A diferenciação que se tentou criar entre as duas formas não existe na gramática tradicional nem tem respaldo na história ou nos usos da língua. Portanto, tanto faz usar "todo mundo" ou "todo o mundo", lembrando que no plural (como em "todas as pessoas") é preciso manter o artigo. 

 

Visar — É transitivo direto no sentido de validar, autenticar (um documento). Exemplo: "Visou o passaporte". Com o sentido de “objetivar”, é transitivo indireto e rege a preposição "a": "as providências visavam ao interesse dos alunos". Antes verbos no infinitivo, a preposição é dispensável ("visam reunir o maior número de assinaturas").

 

Vir a — A preposição usual é “a” (vir ao Brasil), embora, como com “chegar” e “ir”, também ocorra modernamente com a preposição “em” ("ele nunca tinha vindo aqui em casa"). Quando ao verbo "vir" se segue outro verbo, a preposição “a” é de rigor entre os dois verbos, com em "isso poderia vir a prejudicar as relações...", lembrando que em casos assim a locução "vir a" é dispensável ("isso poderia prejudicar..."). 

 

Zero — Use no singular, mesmo com o substantivo no plural ("zero graus", "zero chances", etc.) 

 

Fontes: Manual de redação oficial e diplomática do Itamaraty e Manual de comunicação da Secom do Senado Federal.

quinta-feira, 8 de maio de 2025

PARA O BEM OU PARA O MAL...

... NÃO HÁ NADA COMO O TEMPO PARA PASSAR.

Até onde se sabe, tudo que existe no Universo (incluindo o próprio Universo) tem começo, meio e fim. Em última análise, a morte é a única certeza que temos na vida. E começamos a morrer no exato instante em que nascemos.


Lula nasceu no agreste pernambucano, conheceu o pai aos cinco anos, veio para São Paulo num caminhão pau de arara com a mãe e uma penca de irmãos, foi engraxate, vendeu laranjas, amendoim, trabalhou numa tinturaria, diplomou-se torneiro mecânico pelo Senai, foi dirigente sindical, fundou o PT e, após três tentativas inexitosas, elegeu-se presidente da República por dois mandatos. Depois que deixou o Planalto, colecionou duas dúzias de processos criminais, foi condenado duas vezes por corrupção e lavagem de dinheiro, “descondenado” por uma decisão teratológica do STF e, graças ao antibolsonarismo, tornou a ser eleito presidente desta banânia. Agora, aos 79 anos, a despeito de ter prometido pendurar as chuteiras no final do atual mandato e de estar amargando os maiores índices de rejeição de sua trajetória política, o macróbio quer porque quer disputar a reeleição no ano que vem, mesmo .


Carioca de nascimento, Fernando Collor construiu sua carreira política em Alagoas, derrotou Lula na eleição solteira de 1989 e se tornou o primeiro presidente eleito pelo voto popular da “Nova República”. Seu envolvimento no famigerado “Esquema PC” resultou no processo de impeachment que o levou a renunciar horas antes do julgamento. Mas o Senado o condenou mesmo assim, e ele ficou inelegível por oito anos. Mais adiante, já como senador por Alagoas, rapinou os cofres da BR Distribuidora e foi sentenciado a oito anos e dez meses de reclusão. Por ter 75 anos, sofrer de Parkinson, apneia grave e transtorno bipolar, ganhou o direito de cumprir a pena em prisão domiciliar depois de passar menos de uma semana numa "hospedaria especial" em Maceió.


Bolsonaro nasceu no município paulista de Campinas, ingressou na AMAN, formou-se em Educação Física e tornou-se mestre em saltos pela Brigada Paraquedista do Rio de Janeiro. Em 1986, ganhou projeção nacional ao publicar na revista Veja o artigo “O salário está baixo”, que lhe rendeu 15 dias de prisão administrativa. No ano seguinte, a mesma revista noticiou que ele e o também capitão Fábio Passos da Silva pretendiam “explodir bombas em várias unidades da Vila Militar, da Academia Militar das Agulhas Negras (...) e em vários quartéis”. Uma sindicância autorizada pelo então ministro do Exército concluiu que os insurretos deveriam ser expulsos, mas o STM acolheu a tese da defesa e a expulsão não aconteceu. 


Bolsonaro passou para a reserva, elegeu-se vereador e, na sequência, foi deputado federal por sete mandatos e perambulou por oito partidos antes de se amancebar com o ex-presidiário do mensalão Valdemar Costa Neto. Ao longo de 27 anos como deputado do baixo clero, aprovou míseros dois projetos e recebeu míseros quatro votos quando disputou a presidência da Câmara. Em 2018, foi guindado ao Planalto graças a uma extraordinária conjunção de fatores (que eu detalhei em outras oportunidades). Mas seu projeto de governo nunca foi além de blindar a si e a seus rebentos, evitar o impeachment e se reeleger em 2022. Quando não conseguiu, partiu para o "plano B" golpista que havia urdido com seus cúmplices... e deu com os burros n'água porque não conseguiu o apoio incondicional das FFAA


Hoje, aos 70 anos, inelegível até 2030, réu por tentativa de golpe e alvo de outras investigações, o "mito" dos anencéfalos insiste em dizer que voltará a disputar a Presidência em 2026. Mas tudo indica que ele será julgado e condenado muito antes disso, ainda que confiar na Justiça tupiniquim seja como acreditar em horóscopo.


Resumo da ópera


Lula foi “descondenado” sob o pretexto de uma estranha incompetência territorial da 13ª Vara de Curitiba (tese que o próprio ministro Fachin havia rejeitado anteriormente em pelo menos dez oportunidades), e a prescrição impediu que os processos fossem reiniciados na JF de Brasília. 


Collor foi impichado, condenado em 2023, preso no final do mês passado e mandado para casa (uma mansão de R$ 9 milhões na orla de Maceió) por motivo de saúde, embora tenha dito na audiência de custódia, com um sorriso irônico nos lábios, que não tomava nenhum medicamento de uso contínuo. 


Maluf respondeu a mais de 50 processos e foi condenado diversas vezes. Depois de empurrar a prisão com a barriga por mais de 20 anos, foi trancafiado na Papuda em dezembro de 2017, mandado para casa poucos meses depois (por “razões humanitárias”) e cumpriu prisão domiciliar até maio de 2023, quando então sua pena foi extinta com base no indulto natalino concedido por Bolsonaro. Aos 93 anos, deve estar morrendo de rir dos idiotas que ainda acreditam na Justiça desta banânia.


Quanto a Bolsonaro, fazer qualquer prognóstico à luz do que foi dito até aqui seria arriscado. A aversão do diabo à concorrência explica por que, para algumas pessoas, velhice não significa estar com um pé na cova. A exemplo de Maluf e do ex-presidente José Sarney, também nonagenário (e que já se retirou da vida pública), o "trio assombro" sairá de cena, cada um a seu modo, ainda que não a seu gosto.


Lula escapou de um câncer na laringe e se recuperou de uma hemorragia intracraniana (decorrente de um prosaico tombo no banheiro, enquanto supostamente aparava as unhas dos pés). A saúde de Collor supostamente inspira cuidados que o sistema prisional tupiniquim não tem condições de prover. Bolsonaro foi vítima de um atentado a faca em 2018 e desde então passou por sete cirurgias (nenhuma delas no SUS). Visando a uma eventual prisão domiciliar, o malacafento tem dito que a próxima operação pode ser fatal, mas também diz que disputará o Planalto no ano que vem.


A carreira política de Collor acabou, não importa quantos anos ele permaneça encastelado em sua mansão. Bolsonaro somará mais alguns anos (ou décadas) de inelegibilidade quando — e se — for condenado pelo STF. Quanto a Lula, talvez o inesperado faça uma surpresa. Até o momento, tudo indica que o macróbio não tenciona largar o osso, mas nada indica que eventual reeleição sejam favas contadas. No feriado do Dia do Trabalhador de 2024, discursando para os gatos pingados que apareceram para prestigiá-lo, a autoproclamada alma viva mais honesta do Brasil disse que a atual gestão está sendo ainda melhor que as anteriores. As pesquisas de opinião discordam, mas o ególatra acha que suas mazelas, da volta da corrupção à escalada da inflação, não passam de um "problema de comunicação". 


Como Steve Jobs — versão revista e atualizada do Flautista de Hamelin —, Lula tenta criar um campo de distorção da realidade para iludir o eleitorado. Mas ele está velho, e seu pífaro, desafinado. Temendo um novo fiasco de público e de crítica neste 1º de maio (sobretudo em meio ao escândalo do INSS), escusou-se de participar ao vivo e em cores das festividades sindicais em São Bernardo do Campo (município da Grande São Paulo que é considerado “berço do PT”).


Crer na "justiça divina" talvez mitigasse o sentimento de revolta que acomete os cidadãos que pagam impostos escorchantes e veem seu dinheiro descer pelo ralo da corrupção. Todavia, à luz de como a humanidade vem se comportando ultimamente, a impressão que se tem é a de que o Criador (supondo que exista um Criador) jogou a toalha e deixar o barco correr.


A única certeza que nos resta — além da morte e dos impostos — é a de que, para o bem ou para o mal, não há nada como o tempo para passar.

sexta-feira, 22 de novembro de 2024

ESQUERDA X DIREITA

É A INGUINORANSSA QUE ASTRVANCA O POGRESSO.

Em sua fase larval, o PT se jactava de não roubar nem deixar roubar, mas bastou seu Pontifex Maximus ascender ao poder para a petralhada institucionalizar a corrupção e transformar o Brasil numa organização criminosa pluripartidária. 
 
Rivalidade na política sempre existiu. Lula começou a semear a cisão 
entre a classe operária e as "elites"quando ainda era líder sindical, e essa polarização se consolidou na disputa acirrada entre ele e Collor, na eleição solteira de 1989.

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Existem duas maneiras de ser enganado. Uma é acreditar no que não é verdade, a outra é não acreditar no que é verdade. Os bolsonaristas acham que a vitória de Trump abre as portas para a volta do mito em 2026, ao passo que os lulopetistas acreditam que Lula disputará e obterá um quarto mandato. Já quem não se rendeu ao fanatismo militante tem o dever de duvidar desse efeito Orloff. Se as eleições municipais não servem para projetar com precisão as eleições presidenciais de dois anos depois, menos confiável é o reflexo presumido nos resultados eleitorais em dois países muito diferentes. 
Bolsonaro não ganhou em 2018 devido à ascensão de Trump ao poder em 2016, mas graças uma conjunção de fatores internos. O que nos aproxima dos EUA é o mau humor do eleitorado que a direita sabe bem capturar e a esquerda ainda não faz ideia de como reconquistar. Tudo o mais nos distancia: sistema eleitoral, organização pluripartidária, trauma do passado de golpes e governos autoritários, existência de Justiça Eleitoral, barreiras legais a candidaturas fichas-sujas, Suprema Corte em alerta e a inelegibilidade do capetão-golpista.

Antes do golpe de 1964, a hipótese de um semianalfabeto chegar à Presidência era tão improvável quanto minha ascensão ao Trono de Pedro, mas Einstein ensinou que o impossível só é impossível até que alguém duvide e prove o contrário, e Lula provou — não uma, mas três vezes!
 
Ainda que o PSDB tenha sido o adversário natural do PT durante décadas,
 os tucanos sempre foram de "centro" (se de centro-esquerda ou centro-direita, nem eles próprios sabem; quando há dois banheiros na casa, tucano que é tucano mija no corredor). Com a derrota de Aécio Neves em 2014, o partido perdeu o protagonismo e iniciou um processo de autocombustão. 

Observação: De 2018 para cá, as disputas presidenciais lembram a anedota do barítono, que, vaiado, provocou a plateia: "Não gostaram da minha performance? Esperem para ouvir o tenor!
 
O esquema de corrupção administrado pelo Planalto não "existe desde sempre". Ele começou com o Mensalão, evoluiu para Petrolão e desaguou no Tratoraço de Bolsonaro. Com a volta do desempregado que deu certo — que sempre negou o Mensalão e o Petrolão e atribuiu o desastre econômico à breve passagem de Michel Temer pelo Planalto —, a retomada da putaria franciscana eram favas contadas.

Pandora abriu sua caixa de desgraças uma única vez, mas os brasileiros borrifam merda na conjuntura a cada eleição. Nosso país vem sendo administrado como uma usina de processamento de esgoto, onde a merda entra pela porta das urnas, muda de aparência, troca de nome, recebe nova embalagem e sai pela outra porta, na posse do novo mandatário.
 
A merda reprocessada no governo Lula desaguou no governo Dilma e se reprocessou no governo Temer — parte integrante da herança que os desgovernos petistas deixaram para os próximos mandatários. Por um breve período, a Lava-Jato nos deu a impressão de que lei valia para todos. Mas o STF voltou atrás na jurisprudência sobre prisão em segunda instânciaanulou as condenações do xamã da petralhada e pregou no ex-juiz Sergio Moro a pecha da parcialidade. Essa sucessão de descalabros levou a usina de compostagem a produzir o bolsonarismo

Enquanto Lula oscilava entre a prisão e o Planalto, uma combinação mal-ajambrada de mau militar e parlamentar medíocre comia pelas beiradas. À luz da Teoria das Probabilidades, um anormal ser guindado à Presidência era improvável; dois, inacreditável; três, e em seguida, virtualmente impossível. Mas não no Brasil. Lula ocupou o Planalto de 2003 a 2010; Dilma, de 2011 a 12 de maio de 2016; e Bolsonaro, de 2019 a 2022. 
 
Graças à sucessão de decisões teratológicas emanadas do STFLula voltou a desgovernar esta banânia em janeiro de 2023. Bolsonaro está inelegível até 2030, mas alardeia que voltará em 2026, talvez porque a PGR e o ministro Alexandre de Moraes venham protelando sua conversão a réu pela fieira de crimes que lhe são atribuídos. 

Observação: Talvez isso mude agora, à luz dos detalhes estarrecedores revelados pela Operação ContragolpeA PF mirou em especial quatro militares, presos no contexto da suspeita de integrarem um plano que tinha como ponto de partida a decretação de um estado de exceção e, a partir daí, prisão, sequestro ou assassinato do então presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, e da chapa presidencial eleita (Lula-Alckmin).
 
Minha pergunta, caro leitor, é a seguinte: você se enxerga como "de esquerda", "de direita" ou "isentão"? 

Continua...