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quinta-feira, 8 de maio de 2025

PARA O BEM OU PARA O MAL...

... NÃO HÁ NADA COMO O TEMPO PARA PASSAR.

Até onde se sabe, tudo que existe no Universo (incluindo o próprio Universo) tem começo, meio e fim. Em última análise, a morte é a única certeza que temos na vida. E começamos a morrer no exato instante em que nascemos.


Lula nasceu no agreste pernambucano, conheceu o pai aos cinco anos, veio para São Paulo num caminhão pau de arara com a mãe e uma penca de irmãos, foi engraxate, vendeu laranjas, amendoim, trabalhou numa tinturaria, diplomou-se torneiro mecânico pelo Senai, foi dirigente sindical, fundou o PT e, após três tentativas inexitosas, elegeu-se presidente da República por dois mandatos. Depois que deixou o Planalto, colecionou duas dúzias de processos criminais, foi condenado duas vezes por corrupção e lavagem de dinheiro, “descondenado” por uma decisão teratológica do STF e, graças ao antibolsonarismo, tornou a ser eleito presidente desta banânia. Agora, aos 79 anos, a despeito de ter prometido pendurar as chuteiras no final do atual mandato e de estar amargando os maiores índices de rejeição de sua trajetória política, o macróbio quer porque quer disputar a reeleição no ano que vem, mesmo .


Carioca de nascimento, Fernando Collor construiu sua carreira política em Alagoas, derrotou Lula na eleição solteira de 1989 e se tornou o primeiro presidente eleito pelo voto popular da “Nova República”. Seu envolvimento no famigerado “Esquema PC” resultou no processo de impeachment que o levou a renunciar horas antes do julgamento. Mas o Senado o condenou mesmo assim, e ele ficou inelegível por oito anos. Mais adiante, já como senador por Alagoas, rapinou os cofres da BR Distribuidora e foi sentenciado a oito anos e dez meses de reclusão. Por ter 75 anos, sofrer de Parkinson, apneia grave e transtorno bipolar, ganhou o direito de cumprir a pena em prisão domiciliar depois de passar menos de uma semana numa "hospedaria especial" em Maceió.


Bolsonaro nasceu no município paulista de Campinas, ingressou na AMAN, formou-se em Educação Física e tornou-se mestre em saltos pela Brigada Paraquedista do Rio de Janeiro. Em 1986, ganhou projeção nacional ao publicar na revista Veja o artigo “O salário está baixo”, que lhe rendeu 15 dias de prisão administrativa. No ano seguinte, a mesma revista noticiou que ele e o também capitão Fábio Passos da Silva pretendiam “explodir bombas em várias unidades da Vila Militar, da Academia Militar das Agulhas Negras (...) e em vários quartéis”. Uma sindicância autorizada pelo então ministro do Exército concluiu que os insurretos deveriam ser expulsos, mas o STM acolheu a tese da defesa e a expulsão não aconteceu. 


Bolsonaro passou para a reserva, elegeu-se vereador e, na sequência, foi deputado federal por sete mandatos e perambulou por oito partidos antes de se amancebar com o ex-presidiário do mensalão Valdemar Costa Neto. Ao longo de 27 anos como deputado do baixo clero, aprovou míseros dois projetos e recebeu míseros quatro votos quando disputou a presidência da Câmara. Em 2018, foi guindado ao Planalto graças a uma extraordinária conjunção de fatores (que eu detalhei em outras oportunidades). Mas seu projeto de governo nunca foi além de blindar a si e a seus rebentos, evitar o impeachment e se reeleger em 2022. Quando não conseguiu, partiu para o "plano B" golpista que havia urdido com seus cúmplices... e deu com os burros n'água porque não conseguiu o apoio incondicional das FFAA


Hoje, aos 70 anos, inelegível até 2030, réu por tentativa de golpe e alvo de outras investigações, o "mito" dos anencéfalos insiste em dizer que voltará a disputar a Presidência em 2026. Mas tudo indica que ele será julgado e condenado muito antes disso, ainda que confiar na Justiça tupiniquim seja como acreditar em horóscopo.


Resumo da ópera


Lula foi “descondenado” sob o pretexto de uma estranha incompetência territorial da 13ª Vara de Curitiba (tese que o próprio ministro Fachin havia rejeitado anteriormente em pelo menos dez oportunidades), e a prescrição impediu que os processos fossem reiniciados na JF de Brasília. 


Collor foi impichado, condenado em 2023, preso no final do mês passado e mandado para casa (uma mansão de R$ 9 milhões na orla de Maceió) por motivo de saúde, embora tenha dito na audiência de custódia, com um sorriso irônico nos lábios, que não tomava nenhum medicamento de uso contínuo. 


Maluf respondeu a mais de 50 processos e foi condenado diversas vezes. Depois de empurrar a prisão com a barriga por mais de 20 anos, foi trancafiado na Papuda em dezembro de 2017, mandado para casa poucos meses depois (por “razões humanitárias”) e cumpriu prisão domiciliar até maio de 2023, quando então sua pena foi extinta com base no indulto natalino concedido por Bolsonaro. Aos 93 anos, deve estar morrendo de rir dos idiotas que ainda acreditam na Justiça desta banânia.


Quanto a Bolsonaro, fazer qualquer prognóstico à luz do que foi dito até aqui seria arriscado. A aversão do diabo à concorrência explica por que, para algumas pessoas, velhice não significa estar com um pé na cova. A exemplo de Maluf e do ex-presidente José Sarney, também nonagenário (e que já se retirou da vida pública), o "trio assombro" sairá de cena, cada um a seu modo, ainda que não a seu gosto.


Lula escapou de um câncer na laringe e se recuperou de uma hemorragia intracraniana (decorrente de um prosaico tombo no banheiro, enquanto supostamente aparava as unhas dos pés). A saúde de Collor supostamente inspira cuidados que o sistema prisional tupiniquim não tem condições de prover. Bolsonaro foi vítima de um atentado a faca em 2018 e desde então passou por sete cirurgias (nenhuma delas no SUS). Visando a uma eventual prisão domiciliar, o malacafento tem dito que a próxima operação pode ser fatal, mas também diz que disputará o Planalto no ano que vem.


A carreira política de Collor acabou, não importa quantos anos ele permaneça encastelado em sua mansão. Bolsonaro somará mais alguns anos (ou décadas) de inelegibilidade quando — e se — for condenado pelo STF. Quanto a Lula, talvez o inesperado faça uma surpresa. Até o momento, tudo indica que o macróbio não tenciona largar o osso, mas nada indica que eventual reeleição sejam favas contadas. No feriado do Dia do Trabalhador de 2024, discursando para os gatos pingados que apareceram para prestigiá-lo, a autoproclamada alma viva mais honesta do Brasil disse que a atual gestão está sendo ainda melhor que as anteriores. As pesquisas de opinião discordam, mas o ególatra acha que suas mazelas, da volta da corrupção à escalada da inflação, não passam de um "problema de comunicação". 


Como Steve Jobs — versão revista e atualizada do Flautista de Hamelin —, Lula tenta criar um campo de distorção da realidade para iludir o eleitorado. Mas ele está velho, e seu pífaro, desafinado. Temendo um novo fiasco de público e de crítica neste 1º de maio (sobretudo em meio ao escândalo do INSS), escusou-se de participar ao vivo e em cores das festividades sindicais em São Bernardo do Campo (município da Grande São Paulo que é considerado “berço do PT”).


Crer na "justiça divina" talvez mitigasse o sentimento de revolta que acomete os cidadãos que pagam impostos escorchantes e veem seu dinheiro descer pelo ralo da corrupção. Todavia, à luz de como a humanidade vem se comportando ultimamente, a impressão que se tem é a de que o Criador (supondo que exista um Criador) jogou a toalha e deixar o barco correr.


A única certeza que nos resta — além da morte e dos impostos — é a de que, para o bem ou para o mal, não há nada como o tempo para passar.

sexta-feira, 22 de novembro de 2024

ESQUERDA X DIREITA

É A INGUINORANSSA QUE ASTRVANCA O POGRESSO.

Em sua fase larval, o PT se jactava de não roubar nem deixar roubar, mas bastou seu Pontifex Maximus ascender ao poder para a petralhada institucionalizar a corrupção e transformar o Brasil numa organização criminosa pluripartidária. 
 
Rivalidade na política sempre existiu. Lula começou a semear a cisão 
entre a classe operária e as "elites"quando ainda era líder sindical, e essa polarização se consolidou na disputa acirrada entre ele e Collor, na eleição solteira de 1989.

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Existem duas maneiras de ser enganado. Uma é acreditar no que não é verdade, a outra é não acreditar no que é verdade. Os bolsonaristas acham que a vitória de Trump abre as portas para a volta do mito em 2026, ao passo que os lulopetistas acreditam que Lula disputará e obterá um quarto mandato. Já quem não se rendeu ao fanatismo militante tem o dever de duvidar desse efeito Orloff. Se as eleições municipais não servem para projetar com precisão as eleições presidenciais de dois anos depois, menos confiável é o reflexo presumido nos resultados eleitorais em dois países muito diferentes. 
Bolsonaro não ganhou em 2018 devido à ascensão de Trump ao poder em 2016, mas graças uma conjunção de fatores internos. O que nos aproxima dos EUA é o mau humor do eleitorado que a direita sabe bem capturar e a esquerda ainda não faz ideia de como reconquistar. Tudo o mais nos distancia: sistema eleitoral, organização pluripartidária, trauma do passado de golpes e governos autoritários, existência de Justiça Eleitoral, barreiras legais a candidaturas fichas-sujas, Suprema Corte em alerta e a inelegibilidade do capetão-golpista.

Antes do golpe de 1964, a hipótese de um semianalfabeto chegar à Presidência era tão improvável quanto minha ascensão ao Trono de Pedro, mas Einstein ensinou que o impossível só é impossível até que alguém duvide e prove o contrário, e Lula provou — não uma, mas três vezes!
 
Ainda que o PSDB tenha sido o adversário natural do PT durante décadas,
 os tucanos sempre foram de "centro" (se de centro-esquerda ou centro-direita, nem eles próprios sabem; quando há dois banheiros na casa, tucano que é tucano mija no corredor). Com a derrota de Aécio Neves em 2014, o partido perdeu o protagonismo e iniciou um processo de autocombustão. 

Observação: De 2018 para cá, as disputas presidenciais lembram a anedota do barítono, que, vaiado, provocou a plateia: "Não gostaram da minha performance? Esperem para ouvir o tenor!
 
O esquema de corrupção administrado pelo Planalto não "existe desde sempre". Ele começou com o Mensalão, evoluiu para Petrolão e desaguou no Tratoraço de Bolsonaro. Com a volta do desempregado que deu certo — que sempre negou o Mensalão e o Petrolão e atribuiu o desastre econômico à breve passagem de Michel Temer pelo Planalto —, a retomada da putaria franciscana eram favas contadas.

Pandora abriu sua caixa de desgraças uma única vez, mas os brasileiros borrifam merda na conjuntura a cada eleição. Nosso país vem sendo administrado como uma usina de processamento de esgoto, onde a merda entra pela porta das urnas, muda de aparência, troca de nome, recebe nova embalagem e sai pela outra porta, na posse do novo mandatário.
 
A merda reprocessada no governo Lula desaguou no governo Dilma e se reprocessou no governo Temer — parte integrante da herança que os desgovernos petistas deixaram para os próximos mandatários. Por um breve período, a Lava-Jato nos deu a impressão de que lei valia para todos. Mas o STF voltou atrás na jurisprudência sobre prisão em segunda instânciaanulou as condenações do xamã da petralhada e pregou no ex-juiz Sergio Moro a pecha da parcialidade. Essa sucessão de descalabros levou a usina de compostagem a produzir o bolsonarismo

Enquanto Lula oscilava entre a prisão e o Planalto, uma combinação mal-ajambrada de mau militar e parlamentar medíocre comia pelas beiradas. À luz da Teoria das Probabilidades, um anormal ser guindado à Presidência era improvável; dois, inacreditável; três, e em seguida, virtualmente impossível. Mas não no Brasil. Lula ocupou o Planalto de 2003 a 2010; Dilma, de 2011 a 12 de maio de 2016; e Bolsonaro, de 2019 a 2022. 
 
Graças à sucessão de decisões teratológicas emanadas do STFLula voltou a desgovernar esta banânia em janeiro de 2023. Bolsonaro está inelegível até 2030, mas alardeia que voltará em 2026, talvez porque a PGR e o ministro Alexandre de Moraes venham protelando sua conversão a réu pela fieira de crimes que lhe são atribuídos. 

Observação: Talvez isso mude agora, à luz dos detalhes estarrecedores revelados pela Operação ContragolpeA PF mirou em especial quatro militares, presos no contexto da suspeita de integrarem um plano que tinha como ponto de partida a decretação de um estado de exceção e, a partir daí, prisão, sequestro ou assassinato do então presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, e da chapa presidencial eleita (Lula-Alckmin).
 
Minha pergunta, caro leitor, é a seguinte: você se enxerga como "de esquerda", "de direita" ou "isentão"? 

Continua...

segunda-feira, 22 de abril de 2024

LULA E A MELHOR IDADE

 

Todo ser vivo nasce, cresce e morre. O nascimento dá início a uma viagem pelo tempo rumo a um futuro que nunca chega (o hoje é o amanhã de ontem e o ontem de amanhã). Não se saiba ao certo se o tempo existe ou se é apenas uma invenção criada para facilitar nossa compreensão do mundo, mas sabe-se que a morte é inexorável e constitui a única certeza que temos na vida. 
 
Viver para sempre é um sonho antigo. Os antigos gregos acreditavam a água de um rio que nascia no Monte Olimpo tornava os homens imortais. Em 1513, Ponce de León partiu de Porto Rico em busca da lendária Fonte da Juventude e descobriu a Flórida, mas morreu em 1521 sem jamais ter encontrado a tal fonte.
 
Em 1932, quando a expectativa de vida dos norte-americanos era de 59,7 anos, Walter B. Pitkin publicou seu livro de autoajuda "Life begins at forty" ("A vida começa aos 40"). Entre 1960 e 2014, a expectativa de vida no Brasil aumentou de 48 para 74,6 anos. Aubrey de Grey — co-fundador e CSO da SENS — acredita que é possível viver por séculos sem sofrer os transtornos da velhice, mas nossa conterrânea mais longeva completou 119 anos no dia 10 do mês passado (e está num osso danado).
 
A experiência segue as pegadas da maturidade, mas isso não significa que 
a "reta de chegada" seja a melhor parte da "viagem". Chamar a "terceira idade"  fase da vida que começa aos 60 e termina quando as luzes da ribalta se apagam — de "melhor idade" é ignorar pérolas de sabedoria como "la vecchiaia è bruta". Em resposta à nova expressão, que foi cunhada por um "influencer" infectado pelo vírus da positividade tóxica, borrifada nas redes sociais por seus seguidores "idioters" e replicada pelos meios de comunicação, o jornalista e escritor mineiro Rui Castro publicou a crônica "Melhor idade é a puta que te pariu". 

Atribui-se a Pascal a máxima: "quanto mais conheço o homem, mais gosto do meu cachorro". Trata-se de uma crítica mordas à natureza humana combinada  com uma louvação à lealdade e o amor incondicional dos cães. O filósofo francês sabia das coisas: o ser humano sempre foi um merda, e continuará sendo um merda per omnia saecula saeculorum, até porque quem nasceu pra vintém não chega a tostão. Menos mal se o desinfeliz é capaz de reconhecer as próprias limitações; embora essa "virtude" não o exclua da seleta confraria dos merdas, ao menos passa a impressão de que alguns merdas "são menos merda que os outros". 

Falando em merda, em 2018, visando impedir que país do futuro que nunca chega porque tem um imenso passado pela frente fosse governado pelo bonifrate do então presidiário mas famoso da história desta banânia, o mui esclarecido eleitor tupiniquim despachou para o Planalto um subproduto da escória da humanidade que ressuscitou a extrema-direita radical, que julgávamos sepultada com o fim da ditadura e a volta dos milicos aos quartéis. Como há males que vêm para pior, além de não empurrar o bolsonarismo boçal de volta para armário da História, a derrota do "mito" em 2022 ensejou o retorno do egum mal despachado que julgávamos exorcizado pelo impeachment de Dilma.
 
Lula foi catapultado à política liderando greves históricas que desafiaram a ditadura militar nos anos 1970. Em 2022, ele articulou a falaciosa "frente democrática" que o ajudou a se eleger pela terceira vez com a promessa de pendurar as chuteiras ao final desse mandato. Assim que tomou posse, criou dezenas de novos ministérios para acomodar os aliados de ocasião e nomeou para as pastas já existentes antigos aliados sepultados no julgamento do Mensalão ou quando a saudosa Lava-Jato expôs as entranhas pútridas do Petrolão. E como desgraça pouca é bobagem, voltou a acalentar o sonho de concorrer ao quarto mandato.

Observação: Comenta-se que o imperador da Câmara reclamou da desarticulação do governo e sugeriu a Lula que anunciasse sua candidatura à reeleição em 2026 a fim de acabar com a rivalidade entre seus ministros — principalmente Alexandre Padilha, Rui Costa e Fernando Haddad. O presidente não se fez de rogado, mas, ao contrário do que esperava Lira, essa iniciativa não inibiu as brigas e as sabotagens dentro governo, num sinal claro de que, se a orquestra oficial continua desafinando, a culpa é do regente, e de nada adianta trocar as rodas da carroça quando o problema é o burro.
 
Lula recebeu com pompa e circunstância o ditador venezuelano, presenteou Dilma com a presidência do Banco do Brics e indicou para o STF um amigo e advogado particular e um ministro socialista, comunista e marxistas. Em 15 meses de governo, passou quase 70 dias num périplo turístico por 30 países, demorou a afastar auxiliares envolvidos com corrupção, acusou o presidente do BC de travar o crescimento do país, sabotou a meta de déficit zero de seu ministro da Fazenda e tentou interferir na Petrobras e enfiar Guido Mantega na presidência da Vale. 
 
Além de reeditar erros cometidos nas gestões anteriores, o Sun Tzu de Atibaia abrilhantou sua interminável lista de asnices louvando o Nicolás Maduro, comparando Gaza ao Holocausto, defendendo a ideia de que democracia é um conceito relativo e dizendo que se orgulha de ser chamado de comunista. Seus auxiliares estão preocupados com seus "lapsos de memória", como quando ele acusou Israel de matar 12,3 milhões de crianças — um dado flagrantemente irreal.
 
Lula sempre foi entusiasta da ideia — simplista e errada — de que gasto é vida. Rui Costa, seu mais poderoso assessor no Planalto, vive a argumentar que o ajuste fiscal proposto por Haddad pode prejudicar o novo PAC, assim como o pagamento de dividendos extras pela Petrobras — rejeitado por Costa e defendido por Haddad — poderia, segundo o chefe da Casa Civil, inviabilizar o plano de investimentos da companhia, e desde então a rixa vem ganhando ritmo e temperatura. 
 
Em seu primeiro mandato, Lula assistiu a uma disputa de poder entre José Dirceu e Antonio Palocci. Tanto o então chefe da Casa Civil quanto o então ministro da Fazenda almejavam suceder ao chefe na Presidência, mas ambos foram atingidos por escândalos de corrupção e ficaram pelo caminho. A exemplo de seus antecessores, Costa e Haddad nutrem o desejo de disputar o Planalto em 2026. Lula, como de costume, prefere assistir de camarote à cizânia entre aliados e subordinados. Quando intervém, é para colocar mais lenha na fogueira — como fez quando o plenário da Câmara manteve a prisão do deputado Chiquinho Brazão. 
 
Lira chamou Padilha de "incompetente" e "desafeto pessoal", e o ministro reagiu dizendo que não desceria ao nível de Lira. Lula resolveu participar do tiroteio verbal tomando partido de seu auxiliar: "Só de teimosia, Padilha vai ficar muito tempo nesse ministério". A ideia era mostrar quem manda — o que não é necessário nem condiz com a liturgia do cargo —, mas só conseguiu agravar a situação. O ainda imperador da Câmara tem o poder de atrasar ou destravar projetos, instalar CPIs e até fazer avançar pedidos de impeachment, e deixou a impressão de que retaliará o governo, que até hoje não conseguiu formar maioria na Casa porque depende — e muito — da ajuda dele.
 
Lula demora a perceber, mas seu grande desafio não está fora, mas dentro de sua gestão. Mesmo com a melhora do nível de emprego e a inflação "sob controle", a avaliação positiva de seu governo vem caindo, e o pessimismo da população com a economia, aumentando na mesma medida. Sem falar que o petista ora segue a cartilha ideológica de seu assessor especial, Celso Amorim, ora se baliza pelo profissionalismo da chancelaria comandada pelo ministro Mauro Vieira, afinado com a tradição nacional de conciliação e moderação. 

Esse descompasso levou o governo (entre outras coisas) a demorar para chamar de terroristas os terroristas do Hamas e para cobrar de Nicolás Maduro explicações para o veto a oposicionistas nas eleições presidenciais, marcadas para julho deste ano — vale destacar que a guinada no caso venezuelano não foi motivada por convicção, mas por pressão da opinião pública e pelo desejo de estancar a sangria nas pesquisas.
 
Desde os tempos em que liderava a oposição, Lula é tido e havido como um "animal político", um expert na arte de atrair aliados e superar adversidades. Sua desforra contra a Lava-Jato comprova isso, mas sua atuação no terceiro mandato coloca essa fama em xeque. 
Distante dos problemas da população e dos desafios da máquina pública, o ex-tudo (ex-retirante, ex-metalúrgico, ex-sindicalista, ex-presidiário e ex-corrupto) comanda um governo descoordenado, emite sinais contraditórios e permite que seus principais auxiliares sabotem uns aos outros. 

Para fazer jus à imagem do craque que imagina ser, Lula precisa entrar em campo, colocar a bola embaixo do braço e ditar o rumo da partida — que ainda tem resultado indefinido, mas, segundo os próprios petistas, pode ser perdida se juiz não tomar conta do jogo. Mas quanto mais Lula fala, mais claro fica que já passou da hora de ele encerrar seu ciclo na política. Às vésperas de completar 79 anos, o macróbio é uma usina de ideias retrógradas, ou ruins, ou retrógradas e ruins. Diante da impossibilidade de arejar uma mentalidade como essa, urge arejar o ambiente.

Há décadas que o Brasil é governado como uma usina de processamento de esgoto, onde entra merda por um lado e sai merda pelo outro. E o que mais poderia sair? Entre a porta de entrada, aberta pelas eleições, e a de saída, na troca de comando, a merda muda de aparência e de nome, recebe nova embalagem... mas continua sendo merda.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

ACABOU O CARNAVAL



Costuma-se dizer no Brasil que o ano começa depois do Carnaval, e que o bom humor dos brasileiros termina na Quarta-Feira de Cinzas — isso quando sobrevive até lá. Mas vamos por partes.

Em 2016, o impeachment de Dilma foi como uma lufada de ar fresco numa catacumba: depois de 13 anos ouvindo garranchos verbais de um ex-retirante semianalfabeto e frases desconexas de uma gerentona de araque, ter um presidente que sabia falar e até usava mesóclises foi um refrigério. Temer conseguiu baixar a inflação e aprovar o Teto de Gastos e a Reforma Trabalhista, mas seu "ministério de notáveis" revelou-se uma notável agremiação de corruptos e sua "ponte para o futuro", uma patética pinguela. Como se não bastasse, uma conversa de alcova nos porões do Jaburu só não o derrubou porque as marafonas da Câmara, que o escudaram das "flechadas de Janot". 
 
O fim de "dois mil e dezechega" trouxe um alívio efêmero, pois 2017 começou com rebeliões em presídios, greve na PM e a morte de Teori Zavascki. Na sequência, houve de tudo um pouco: de incêndio criminoso em creche e massacres em escolas a escândalos políticos e uma série extraordinária de desastres naturais. 

O ano seguinte começou com intervenção federal no RJ e greve de caminhoneiros. Em abril, a prisão de Lula foi uma vitória da Lava-Jato no combate à corrupção, mas também acirrou a polarização e fortaleceu o combo de um mau militar e parlamentar medíocre que, surfando no antipetismo e usando o episódio da facada como pretexto para não ir aos debates, derrotou o bonifrate do então presidiário mais famoso do Brasil. 
 
Na condição de refém da Câmara, Temer terminou seu mandato-tampão como "pato manco" (como os americanos se referem a políticos que chegam ao fim do mandato desgastados a ponto de os garçons palacianos demonstrarem seu desprezo servindo-lhes o café frio) e entregou a faixa presidencial àquele que se tornaria o pior mandatário tupiniquim desde Tomé de Souza

Noves fora os bolsomínions — um bando de imbecis travestidos de militantes comandados por um imbecil travestido de presidente —, pouca gente acreditava que Bolsonaro faria um bom governo, mas quase ninguém imaginava que tê-lo no timão da Nau dos Insensatos seria como enfrentar, a um só tempo e de uma só vez, as Sete Pragas do EgitoAo longo de longos quatro anos, o mito dos patriotas de fancaria se esmerou em manifestações golpistas, negacionistas e anticientíficas. Enquanto a "gripezinha" produzia cadáveres em escala industrial, o "presidentezinho" ria e dizia: "E daí?" 

Observação: Não fosse o Brasil uma republiqueta de bananas, Bolsonaro ter-se-ia sagrado cavaleiro da Ordem dos Impichados, presidida pelo caçador de marajás de araque e secretariada pela nefelibata da mandioca. Créditos para tal não lhe faltavam; o que faltou foi Rodrigo Maia, Arthur Lira e Augusto Aras fazerem o que determina a Constituição de 1988.
 
O cenário atual provavelmente seria outro se o capitão-sacripanta não conspirasse diuturnamente contra a democracia, não se associasse ao coronavírus, não investisse contra a imprensa, o Congresso e o STF, não andasse de mãos dadas com Fabrício QueirozCarla Zambelli e milicianos da pior espécie. Enfim, de nada adianta chorar sobre o leite derramado — como ensinou a mulher sapiens, "depois que a pasta de dente sai do dentifrício, ela não volta pra dentro do dentifrício". Mas não há nada como o tempo para passar.
 
À luz do que já se sabe da operação Hora da Verdade, o autoproclamado imbrochável incomível será processado, julgado e mandado para o xilindró. Dificilmente ficará preso pelo tempo que deveria, já que o Brasil é um país de muitas leis e nenhuma vergonha na cara, o que favorece escandalosamente a impunidade dos poderosos. 

ObservaçãoLula escapou do Mensalão, tropeçou no Petrolão, foi réu em duas dezenas de ações criminais e condenado (em duas, sendo que uma delas transitou em julgado no STF) a mais 25 anos de reclusão. Como todo povo de merda tem o governo e a justiça de merda que merece, o dito-cujo gozou míseros 580 dias de férias compulsórias e, no espaço de poucos meses, foi "descondenado", reabilitado politicamente e reinserido no tabuleiro da sucessão presidencial por togas camaradas, pois era preciso (e era mesmo!) penabundar o verdugo do Planalto (como ensinou Maquiavel, "o fim justifica os meios"). 

Encurralado, Bolsonaro toca seu gado rumo à mais paulista das avenidas. O real objetivo do "ato pacífico em defesa do estado democrático de direito" é intimidar o STF. A parte em que o capitão diz "não compareçam com qualquer faixa ou cartaz contra quem quer que seja" se deve ao receio de ser preso se for flagrado liderando pregações golpistas. Ademais, para "se defender das acusações" existe um foro adequado. 
  
Até agora, o chamado não animou a maioria dos líderes políticos que estiveram com ele na eleição de 2022. Sondados pela Folha, apenas 3 confirmaram presença e 4 disseram que não irão. Os demais não se pronunciaram ou disseram que ainda não têm uma definição de agenda para a data. O governador de São Paulo — eleito com o apoio do ex-presidente e, enquanto ministro da Infraestrutura, endossou a postura negacionista do chefe — já confirmou presença. 

Qualquer que seja o número de participantes, os bolsonaristas dirão que o sucesso foi retumbante. Numa das célebres motociatas, eles contabilizaram 1,3 milhão de motos e disseram que o evento entrou para o Guinness. Acabou que o sistema de monitoramento de pedágios da rodovia dos Bandeirantes registrou a passagem de 3.703 motos e veículos engajados na manifestação pelas praças de pedágio de Campo Limpo, Itupeva e Sumaré. 

Observação: O número citado pelo departamento de propaganda bolsonarista era superior à frota de motocicletas, motonetas e ciclomotores da cidade de São Paulo (que era de 1.260.276 veículos, segundo fontes oficiais). Para reunir 1,3 milhão de motos, os organizadores precisariam de 62% de toda a frota dos 39 municípios da região metropolitana de São Paulo — ou 22% da frota de todo o Estado, que correspondia a 6.015.445 de motos e assemelhados. 

Caso seja processado e condenado pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, de abolição do EDD e de associação criminosa, Bolsonaro pode pegar uma pena de até 23 anos de prisão e ficar inelegível por mais de 30 anos.
 
Continua...

terça-feira, 2 de janeiro de 2024

FELIZ VELHO ANO NOVO

 

Os 580 dias de férias compulsórias em Curitiba deixaram marcas profundas em Lula. Salta aos olhos que a escolha de Paulo Gonet para a PGR ao arrepio da lista tríplice do MP e da indicação da cúpula petista se deveram à preocupação do mandatário com a possibilidade de ter algoz ao estilo JanotO discurso e a linguagem corporal de Gonet sugerem que a sobriedade será a tônica de sua gestão. Segundo a revista eletrônica Crusoé, o novo procurador-geral assegurou a subprocuradores, procuradores regionais e chefes das procuradorias nos estados que será um defensor intransigente da instituição e suas prerrogativas, e que ninguém será tolhido no trabalho. A conferir.
 
Na sequência A Computação Quântica e a Viagem no Tempo (clique aqui para acessar a postagem de abertura) eu mencionei que Stephen Hawking deu uma festa na Universidade de Cambridge e, ao final, enviou um convite com as coordenadas exatas de tempo e espaço. "Talvez um dia alguém do futuro encontrará a informação e usará uma máquina do tempo para vir à minha festa, provando que as viagens no tempo serão possíveis", disse o astrofísico britânico. 

No ano seguinte, no capítulo "Viagem no tempo" da série Into the Universe with Stephen Hawking, o cientista comentou seu experimento: "Que lástima! Eu gosto de experiências simples e... champanhe. Então, combinei duas das minhas coisas favoritas para ver se a viagem no tempo do futuro para o passado é possível. Mas ninguém apareceu". Mais adiante, durante um simpósio no Festival da Ciência de Seattle (EUA), ele ponderou que a Teoria da Relatividade Geral dá margem a deformações no espaço-tempo que, em tese, permitem viajar para o passado. Mas ressalvou que tal deformação pode causar um raio de radiação capaz de destruir a espaçonave e o próprio espaço-tempo. 

Observação: Paradoxo das Linhas de Tempo Alternativas sugere que uma hipotética tentativa de mudar o passado resultaria na criação de um universo paralelo, coexistente ao presente de onde o viajante do tempo veio, mas paralelo à linha temporal original a partir do ponto da mudança. 
 
No livro A Máquina do Tempo (1895), adaptado para o cinema nos anos 1960, o protagonista se desloca tanto para o passado quanto para o futuro (a exemplo dos personagens de Michael J. Fox e Christopher Lloyd na trilogia De Volta para o Futuro). Na política tupiniquim, seria melhor que o passado permanecesse no passado e que governantes e parlamentares aprendessem com seus erros e evitassem reviver práticas que se mostraram nocivas para a maioria e benéficas somente "para o rei e os amigos do rei".
 
Encorajados pela suprema anulação das sentenças proferidas no âmbito da Lava-Jato (que converteu condenados em ex-corruptos, mas não apagou dos anais os crimes que eles cometeram), Lula e o PT voltam a agir como agiram outrora, aparelhando a Petrobras, usando fundos de pensão das estatais e verbas do BNDES para fazer política externa e propaganda ideológica. Nem mesmo os parceiros mudaram. 

Os irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da J&F, foram flagrados pela Lava-Jato num grande esquema de suborno. Para manter sua empresa em pé, eles se comprometeram a pagar R$ 10,5 bilhões em multas e indenizações, mas, mais adiante, contestaram o acordo de leniência e pleitearam a redução do valor para R$ 3,5 bilhões. Semanas atrás, uma ação movida pelo petista Rui Falcão para denunciar um suposto conluio entre a Lava-Jato e a ONG Transparência Internacional Brasil acabou nas mãos do ministro Dias Toffoli (que ganhou a suprema toga de Lula em 2009, embora tenha sido reprovado duas vezes em concursos para juiz de primeiro grau em São Paulo), a despeito de os casos da J&F relacionados à finada força-tarefa estarem sob a relatoria do ministro Edson Fachin. 
 
Ainda segundo Crusoé, outros fios ligam o PT e os irmãos Batista do passado ao PT e aos irmãos Batista do presente. Um exemplo é a autorização concedida à Âmbar — do grupo J&F — para importar eletricidade da Venezuela. A empresa dos Batista receberá entre R$ 900 reais e R$ 1080 reais por megawatt — seis vezes mais que os R$ 137 que eram pagos até 2019 no mesmo tipo de operação com o governo venezuelano. Vale destacar que o governo aceitou o preço "sugerido" pela Âmbar sem qualquer negociação. 
 
Em 2016, o intervencionismo governamental e os escândalos de corrupção guindaram a Petrobras ao topo de ranking das empresas mais endividadas do mundo (US$ 125 bilhões). Para estancar a sangria e blindar as estatais de ingerências políticas, o então presidente Michel Temer sancionou a Lei das Estatais, e a Petrobras acomodou em seus estatutos socais as limitações dessa lei, criando uma segunda barreira de proteção. 

Sob D. Lula III, uma decisão liminar do (ora aposentado) ministro Ricardo Lewandowski — que ganhou a suprema toga porque sua mãe era amiga de dona Marisa Letícia — mandou a Petrobras de volta ao início dos anos 2000. A proibição prevista pelo Estatuto Social caiu em novembro, quando o Conselho de Administração da empresa e a Assembleia de Acionistas (na qual o governo detém a maioria dos votos) ratificou a "adequação" da norma interna à decisão precária do ex-togado.
 
Na campanha de 2022, Lula prometeu que não usaria o BNDES para ajudar grupos amigos a dominar certas áreas da economia. A Braskem, que conseguiu fechar o monopólio do setor petroquímico brasileiro durante o segundo mandato do petista, agora está à venda, pois sua controladora, a Novonor (ex-Odebrecht) ainda não concluiu o processo de reestruturação pós-petrolão. 
Petrobras é a segunda maior acionista da Braskem, mas essa história não deveria ter nada a ver com o governo. Ainda assim, Lula ventilou que o BNDES não está autorizado a financiar empresas tupiniquins interessadas na compra da Braskem — e não o fez em cumprimento da promessa eleitoral, já que as duas propostas nacionais postas na mesa (da Unipar e a da J&F) não contêm garantias de empréstimo do BNDES. 
 
Ainda mais sugestivo é o fato de Lula ter reverberado a informação de que a Petrobras pode aumentar seu volume de ações na Braskem caso isso seja necessário para viabilizar a venda. Ou seja, o governo pretende usar a petroleira para assegurar a realização de um negócio importante para a Novonor e para manter sob sua influência o setor petroquímico. E a nova sócia da Petrobras na Braskem seria a Adnoc 
— estatal dos Emirados Árabes Unidos que, tudo indica, é a preferida do sultão da Petelândia. Sai a política das campeãs nacionais, mas o desejo de determinar os caminhos da economia manipulando a Petrobras continua igual, empurrando o país do futuro que nunca chega de volta a seu inglório passado.
 
Mas não é só: o governo enviou ao Congresso um PL visando autorizar o BNDES a financiar a exportação de serviços de construtoras brasileiras. Essas operações haviam sido suspensas em 2016, após os calotes de Cuba e Venezuela e os escândalos de corrupção envolvendo o pool de empreiteiras capitaneado pela Odebrecht. Mas o projeto não impede a concessão de empréstimos a países governados por "aliados" 
 como a Bolívia ou a Colômbia  e gera suspeitas por se referir especificamente a empreiteiras, e não a empresas brasileiras em geral. 
 
Historicamente, os governos petistas sempre foram avessos à imprensa independente. Para Lula e seus acólitos, é mais conveniente investir em propaganda oficial e em veículos de comunicação e blogs chapa-branca, que repetem o discurso oficial e aplaudem qualquer decisão do chefe do Executivo. Para o Orçamento de 2024, foram reservados R$ 647 milhões para a propaganda do governo — quase o dobro dos R$ 359 milhões separados para 2023 e o maior desde 2004. 

Observação: Com o retorno da petralhada ao poder, a Globo voltou a liderar com folga o ranking dos veículos que mais receberam verba oficial (R$ 66 milhões), seguida por Record (R$ 16 milhões), SBT (R$ 13 milhões), Band (R$ 5 milhões ) e Rede TV! (R$ 1 milhão).
 
Sindicatos, movimentos sociais como o MST e partidos de esquerda com pífia representação política sempre foram braços auxiliares do lulopetismo. No começo de 2023, Psol, PCdoB e Solidariedade prestaram-se a essa função (juntamente com advogados do Grupo Prerrogativas) levando ao STF a tese de que a Lava-Jato provocou um "estado de coisas inconstitucional" tamanho que as grandes empresas flagradas na operação teriam sido coagidas a pagar multas e indenizações muito superiores ao necessário. Seu objetivo é forçar a revisão de todos os acordos de leniência firmados durante a atuação da força-tarefa, que oneram com dívidas bilionárias os balanços de empresas que confessaram corrupção — como Odebrecht, OAS e J&F 
 
"Estado de coisas inconstitucional" é um conceito jurídico importado da Colômbia para descrever situações em que existe violação generalizada de direitos humanos, omissão estrutural dos Poderes e necessidade de uma solução complexa, com a participação vários órgãos da República. Dizer que isso aconteceu na Lava-Jato, submetida desde sempre ao controle das instâncias superiores do Judiciário, é um absurdo, e dizer que isso aconteceu nos acordos de leniência ultrapassa os limites do absurdo, até porque esses acordos foram firmados de livre e espontânea vontade por representantes legais das empresas assessorados pelos melhores advogados do país. Mas nada é tão absurdo quanto ver partidos socialistas preocupadíssimos com o bem estar financeiro dos grupos que melhor representam o capitalismo de cartas marcadas vigente nesta banânia.
 
Feliz velho ano novo.