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quinta-feira, 6 de novembro de 2025

DE VOLTA ÀS VIAGENS NO TEMPO — 52ª PARTE

EU SOU CALMO; SÃO AS PESSOAS QUE ME IRRITAM.

Albert Einstein foi o maior físico do século XX — senão de todos os tempos —, e Henri Bergson, um dos filósofos mais eminentes de sua época. Em abril de 1922, os dois se encontraram para debater ideias sobre o tempo. O físico alemão já havia publicado sua teoria da relatividade, enquanto o filósofo e diplomata francês, prestes a lançar Duração e Simultaneidade, considerava-se intelectualmente superior ao rival.

 Quando Bergson afirmou que a Filosofia ainda tinha seu espaço na compreensão do tempo, Einstein rebateu dizendo que o "tempo dos filósofos" não existe. Isso abriu uma verdadeira Caixa de Pandora sobre a relação entre a Ciência — segundo a qual a experiência da passagem do tempo é secundária, até ilusória, e transcende a percepção individual — e a Filosofia — para a qual a vivência subjetiva do tempo não pode ser reduzida às medições dos relógios. Foi a partir dessas discussões que se consolidou a visão einsteiniana de que espaço e tempo formam uma estrutura indissociável — o espaço-tempo — onde o tempo é mais uma dimensão do espaço.


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


Numa evidência de que quem sai aos seus não endireita, Eduardo Bolsonaro será encostado no banco dos réus no próximo dia 14 — mesma data que seu pai entrará na reta de chegada da prisão em regime fechado, com provável escala na Papuda antes da análise de um previsível pedido de reclusão domiciliar humanitária.

Pai e filho tornaram-se protótipos de uma família autossuficiente: eles mesmos cometem os crimes, eles mesmos fornecem as provas, eles mesmos complicam a defesa, oferecendo eloquentes indícios de que, ao contrário do que postula a teoria de Darwin, está em curso um processo de regressão de certas espécies.


Bergson reconhecia que a teoria da relatividade era interessante, mas não passava de uma teoria. Einstein defendia que, sem a noção de dilatação temporal, a Física se perderia num emaranhado de contradições. No entanto, o francês alertava que não se poderia aceitar a Ciência sem um olhar crítico, histórico, social e político; afinal, "o tempo é o que se faz e o que faz com que tudo seja feito".

 

Embora a dilatação do tempo tenha sido confirmada experimentalmente por meio de relógios extremamente precisos, Bergson registrou em seu livro que esse suposto atraso de um relógio em relação a outro não existia de fato, e acusou Einstein de cometer o "erro cartesiano" de equiparar seres humanos a máquinas. Para este, o rival tinha uma visão do tempo que, por não ser objetiva, não poderia corresponder à realidade. Como tantas vezes ocorre hoje na política polarizada do Brasil, os seguidores do cientista tornaram-se críticos do filósofo — e vice-versa.

 

Meses após desse debate, Einstein recebeu o Prêmio Nobel de Física. Embora a láurea se devesse a suas descobertas sobre o efeito fotoelétrico, ficou subentendido que ele havia derrotado Bergson e que cabia à Física — e não à Filosofia — explicar a natureza do tempo. Bergson manteve suas convicções, mas não voltou a fazer comentários públicos sobre Einstein ou sua teoria. Ainda assim, seu livro acabou sendo malvisto, e sua interpretação da relatividade, considerada simplista demais.

 

Fato é que ainda hoje persistem questões sobre o tempo que nem a Ciência, nem a Filosofia conseguiram plenamente elucidar — como vimos ao longo desta sequencia e voltaremos a ver nos próximos capítulos. 

sexta-feira, 24 de outubro de 2025

MENTIRAS QUE SOAM VERDADEIRAS

É MELHOR UM FIM HORROROSO DO QUE UM HORROR SEM FIM.  

A maioria de nós já ouviu dizer que avestruzes enterram a cabeça na areia quando estão assustados, que preguiças são preguiçosas, que porcos são sujos, que golfinhos estão sempre sorrindo, que elefantes nunca esquecem, que Lula foi absolvido e que Bolsonaro foi condenado injustamente. Só que nada disso é verdade. 


No que tange aos avestruzes, as fêmeas colocam a cabeça no buraco que usam como ninho para virar os ovos várias vezes durante o dia — se realmente enterrassem a cabeça para não ver o perigo, como diz a lenda, as pobres aves morreriam asfixiadas. 


As preguiças se movem devagar porque seu metabolismo as obriga a economizar energia, e como não andam sobre as solas dos pés, mas se arrastam com suas longas garras, sua locomoção nas árvores e no solo é lenta e desajeitada. Por outro lado, elas se movem velozmente na água e dormem cerca de 10 horas por dia — bem menos que os gatos e outros animais domésticos.


Os porcos são animais naturalmente asseados. Eles defecam longe de onde comem, dormem e acasalam, mas, como não conseguem suar, refrescam-se chafurdando na lama — o que lhes dá a aparência de sujos. Por outro lado, é impossível manter-se limpo quando se vive confinado num chiqueiro pequeno, superlotado e imundo.


Os golfinhos são brincalhões e parecem sorrir porque o formato de suas mandíbulas cria essa ilusão. Mas são incapazes de mudar de expressão, e podem ser surpreendentemente desagradáveis e traiçoeiros, chegando a atacar outros mamíferos marinhos e até pessoas quando se sentem ameaçados.


Os elefantes possuem o maior cérebro entre os mamíferos terrestres. Seu lobo temporal — extremamente desenvolvido — permite memorizar cheiros, vozes, lugares, hierarquias, vínculos familiares e comandos de voz. Eles são capazes de reconhecer outros elefantes — e até humanos — após décadas de separação, bem como de manter relações complexas dentro da manada, que a matriarca conduz por rotas migratórias antigas, guiada por lembranças de locais com água e comida.


Assim como afirmar que “os elefantes não esquecem” é uma simplificação poética embasada na ciência, dizer que os eleitores brasileiros fazem, a cada dois anos, por ignorância, o que Pandora fez uma única vez por curiosidade, é uma simplificação poética embasada na mitologia grega.


Celebrizada pelo jornalista Ivan Lessa, a máxima segundo a qual os brasileiros esquecem, a cada 15 anos, o que aconteceu nos últimos 15, ilustra a quintessência da falta de memória — ou de preparo — do nosso eleitorado. Aliás, em momentos distintos da ditadura, Pelé e o ex-presidente João Figueiredo alertaram para o risco de misturar brasileiros e urnas em eleições presidenciais. Ambos foram muito criticados, mas como contestá-los, se lutamos tanto pelo direito de votar para presidente e elegemos gente como Lula, Dilma e Bolsonaro?


Em 135 anos de história republicana, 35 brasileiros foram alçados à Presidência pelo voto popular, eleição indireta, linha sucessória ou golpe de Estado. Em agosto de 1961, a renúncia de Jânio Quadros ladrilhou o caminho para o golpe de 1964, que depôs João “Jango” Goulart do Palácio do Planalto e deu início a duas décadas de ditadura militar.


Em 1989, depois de 29 anos sem votar para presidente e podendo escolher entre Ulysses Guimarães, Mário Covas e Leonel Brizola — de um cardápio com mais de 20 postulantes — a plebe ignara preferiu despachar Collor e Lula para o segundo turno. O caçador de marajás de mentirinha derrotou o desempregado que deu certo por 683.920 a 215.177 votos válidos, provando que memória histórica e senso crítico não são pré-requisitos para exercer o direito de voto.


Collor foi empossado em março de 1990 e penabundado em dezembro de 1992. Em 1994, graças ao bem-sucedido Plano Real, Fernando Henrique Cardoso, então ministro da Fazenda de Itamar Franco, elegeu-se presidente no primeiro turno. Picado pela “mosca azul”, comprou a PEC da Reeleição.


Como quem parte, reparte e não fica com a melhor parte é burro ou não tem arte, o tucano de plumas vistosas renovou seu mandato no ano seguinte — novamente no primeiro turno. Mas não há nada como o tempo para passar. Em 2002, sem novos coelhos para tirar da velha cartola, não conseguiu eleger seu sucessor: Lula derrotou José Serra por 61,27% a 38,73% dos votos válidos.


Em 2006, apesar do escândalo do mensalão, o petista venceu Geraldo Alckmin por 60,83% a 39,17% dos votos válidos. Em 2010, visando manter aquecida a poltrona que tencionava disputar dali a quatro anos, fez eleger um “poste” — Dilma Rousseff —, que pegou gosto pelo poder, fez o diabo para se reeleger, entrou em curto-circuito e foi desligada em 2016, pondo fim a 13 anos e fumaça de lulopetismo corrupto.


Com o impeachment da mulher sapiens, Michel Temer passou de vice a titular do cargo. Num primeiro momento, a troca de comando pareceu alvissareira. Depois de mais de uma década ouvindo garranchos verbais de um semianalfabeto e frases desconexas de uma destrambelhada que não sabia juntar sujeito e predicado, ter um presidente que sabia falar — até usando mesóclises — foi como uma lufada de ar fresco numa catacumba. Mas há males que vêm para o bem e bens que vêm para pior.


O prometido “ministério de notáveis” revelou-se uma notável agremiação de corruptos, e a “ponte para o futuro”, uma patética pinguela. Depois que sua conversa de alcova com Joesley Batista veio a lume, Temer pensou em renunciar, mas foi demovido por sua tropa de choque.


Escudado das flechadas de Janot pelas marafonas da Câmara, o nosferatu que tem medo de fantasma concluiu seu mandato-tampão como pato manco e transferiu a faixa para um mix de mau militar e parlamentar medíocre travestido de outsider antissistema, que se tornou o pior mandatário tupiniquim desde Tomé de Souza.


Para provar que era amigo do mercado e obter o apoio dos empresários, o estadista que sempre acreditou em Estado grande e intervencionista e lutou por privilégios para corporações que se locupletam do Estado há décadas, foi buscar Paulo Guedes..


Para provar que era inimigo da corrupção e obter o apoio da classe média, o deputado adepto das práticas da baixa política, amigo de milicianos, que em sete mandatos aprovou apenas dois projetos e passou por oito partidos diferentes, todos de aluguel, foi buscar Sérgio Moro. 


Para obter o apoio das Forças Armadas, o oficial de baixa patente, despreparado, agressivo e falastrão, condenado por insubordinação e indisciplina e enxotado da corporação, foi buscar legitimidade numa penca de generais saudosos da ditadura.


Bolsonaro obrigou Moro a reverter uma nomeação, tomou-lhe o Coaf, forçou-o a substituir um superintendente da PF e esnobou seu projeto contra a corrupção. O ex-juiz fingiu que não viu, tentou negociar e, por fim, desembarcou do governo para tentar salvar o pouco prestígio que lhe restava.


Bolsonaro desautorizou Guedes, interferiu em seu ministério, sabotou seus projetos e, com o Centrão, enterrou de vez a agenda econômica. A maneira como gerenciou a pandemia de Covid foi catastrófica. Os crimes comuns e de responsabilidade cometidos pelo aspirante a genocida só ficaram impunes graças à leniência de Rodrigo Maia e Arthur Lira, que presidiram a Câmara durante sua gestão, e à cumplicidade de Augusto Aras, seu antiprocurador-geral.


Bolsonaro jamais escondeu a admiração pela ditadura militar e a vocação para o autoritarismo. Em 2019, poucos meses após a posse, reconheceu que não nasceu para ser presidente, mas para ser militar, embora tenha passado menos anos no Exército do que na política e, ao longo de 27 anos no baixo clero da Câmara, tenha apresentado 172 projetos, relatado 73 e aprovado apenas dois.


Na eleição de 2014, ao ver o poste de Lula derrotar o neto corrupto de Tancredo, Bolsonaro resolveu disputar a Presidência “com a cara da direita”. Ignorado pelo PP, que apoiou a campanha de Dilma, lançou seu ultimato: “Ou o partido sai da latrina ou afunda de vez”. Graças à Lava-Jato, a sigla afundou de vez. Graças à sua pregação antipetista, Bolsonaro renovou seu mandato como deputado mais votado do Rio de Janeiro, saltando de 120,6 mil votos em 2010 para 464,5 mil em 2014.


Derrotado em 2022 graças à sua nefasta gestão, Bolsonaro pôs em marcha a tentativa de golpe que lhe rendeu a condenação a 27 anos e 3 meses de prisão, além do pagamento de multa e indenização. O acórdão publicado na terça-feira (22) abriu o prazo de cinco dias para a interposição de embargos de declaração e de 15 dias para embargos infringentes.


Os embargos de declaração servem apenas para pedir esclarecimentos sobre o texto do acórdão — nada de rediscutir o mérito. Já os embargos infringentes permitiriam um novo julgamento no plenário, mas o Supremo já decidiu em outros casos que eles só são admissíveis quando há pelo menos dois votos favoráveis à absolvição — condição que, adivinhe, não se aplica à condenação do ex-presidente. Ele cumpre prisão domiciliar desde agosto e pode ser enviado ao Complexo Penitenciário da Papuda antes do final do ano.


Há males que o tempo cura, males que vêm para pior e males que pioram com o passar dos anos. Lula 3.0 é uma reedição piorada das versões 1 e 2 e, como nada é tão ruim que não possa piorar, o macróbio quer, porque quer, disputar a reeleição em 2026 — para nossa alegria (risos nervosos).


Vale lembrar que o ministro Fachin tomou a decisão teratológica de anular as condenações de Lula em caráter eminentemente processual. Como o mérito não foi analisado, o ex-presidiário não foi absolvido. Em outras palavras, o ministro agiu como um delegado que manda soltar um criminoso porque ele foi preso em flagrante pela Guarda Civil Metropolitana, e não pela Polícia Militar. Mesmo assim, o macróbio eneadáctilo alega que foi inocentado — e sua claque amestrada acredita.


As consequências da inconsequência do eleitorado tupiniquim são lamentadas todos os dias, inclusive por quem abriu a Caixa de Pandora achando que estava escolhendo o menor de dois males — o que só se justificaria se não houvesse outra opção. Tanto em 2018 quanto em 2022 havia alternativas; só não viu quem não quis ou não conseguiu, porque sofre do pior tipo de cegueira, que é a mental.

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Reza uma velha (e filosófica) anedota que quando Deus estava distribuindo benesses e catástrofes naturais pelo mundo recém-criado, um anjo apontou para o que seria futuramente o Brasil e perguntou: Senhor, por que brindas essa porção de terra com clima ameno, praias e florestas deslumbrantes, grandes rios e belos lagos, mas não desertos, geleiras, vulcões, furacões ou terremotos? E o Criador respondeu: Espera para ver o povinho filho da puta que vou colocar lá.


Resumo da ópera:


Bolsonaro foi eleito em 2018 graças ao antipetismo, mas a emenda ficou pior que o soneto. Sua nefasta passagem pelo Planalto resultou na “descondenação” de Lula e culminou com seu terceiro mandato, que vem se revelando pior do que os anteriores. E a possibilidade de ele se reeleger é assustadoramente real, mesmo porque, ironicamente, seu maior cabo eleitoral é Bolsonaro — e seus filhos despirocados, claro.


Se Sérgio Moro não tivesse trocado a magistratura pelo ministério da Justiça no desgoverno do capetão, é possível que a Lava-Jato ainda estivesse ativa e operante, e Lula ainda estivesse cumprindo pena em Curitiba, na Papuda ou no diabo que o carregue. Tanto ele quanto Bolsonaro são cânceres que evoluíram para metástases e, portanto, se tornaram inoperáveis. Mais cedo ou mais tarde, a Ceifadora livrará o Brasil desse mal. Até lá, a abjeta polarização seguirá a todo vapor — a menos que uma “terceira via” surja e se consolide ao longo do ano que vem.


Políticos incompetentes e/ou corruptos que ocupam cargos eletivos não brotam nos gabinetes por geração espontânea; se estão lá, é porque foram eleitos por ignorantes polarizados, que brigam entre si enquanto a alcateia de chacais se banqueteia e ri da cara deles — e dos nossos, de brinde.


Einstein teria dito que o Universo e a estupidez humana são infinitos, mas salientou que, no tocante ao Universo, ele ainda não tinha 100% de certeza. Alguns aspectos de suas famosas teorias não sobreviveram à passagem do tempo, mas sua percepção da infinitude da estupidez humana deveria ser bordada com fios de ouro nas asas de uma borboleta e pendurada no hall de entrada do Congresso.


Não há provas de que boas ações produzam bons resultados. A lei do retorno é mera cantilena para dormitar bovinos, mas insistir no mesmo erro esperando produzir um acerto é a melhor definição de imbecilidade que conheço, e más escolhas inevitavelmente geram péssimas consequências — como temos visto a cada eleição presidencial desde 2002.


Triste Brasil.


terça-feira, 30 de setembro de 2025

DE VOLTA ÀS VIAGENS NO TEMPO — 49ª PARTE — AINDA SOBRE OVNIs E EXTRATERRESTRES

DAS TRÊS MANEIRAS DE ADQUIRIR SABEDORIA, REFLEXÃO É A MAIS NOBRE, IMITAÇÃO É A MAIS FÁCIL E EXPERIÊNCIA É A MAIS AMARGA.

 

O Universo conhecido se estende em todas as direções por 46,6 bilhões de anos-luz (cerca de 440 quatrilhões de quilômetros). Dada a inexistência de indícios de vida inteligente nos demais planetas do nosso sistema solar, os relatos de avistamentos de OVNIs (ou UFOs, ou ainda UAPs) devem envolver naves provenientes de exoplanetas habitados por seres muito mais avançados do que nós. 


Com a velocidade alcançada por nossa sonda espacial mais rápida (692 mil km/h ou 0,064% da velocidade da luz) é possível chegar à Lua em cerca de meia hora e ao Sol em nove dias, mas uma viagem até a estrela mais próxima da Terra — com exceção do Sol —, que fica a 40 trilhões de quilômetros, levaria mais de sete mil anos. 


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


Maquiavel ensinou que o bem deve ser feito aos poucos e mal, de uma só vez. Mas a récua de muares que atende por "eleitorado" certamente não leu “O Príncipe”, e repete a cada dois anos o que Pandora fez uma única vez. 

Churchill disse que a democracia é a pior forma de governo, exceto por todas as outras já tentadas, mas ressaltou que o melhor argumento contra ela é uma conversa de cinco minutos com um eleitor mediano — se conhecesse o eleitor brasileiro, ele certamente reduziria esse tempo para 30 segundos.

Em momentos distintos da ditadura, Pelé e o ex-presidente Figueiredo alertaram para o risco de misturar brasileiros e urnas em eleições presidenciais. Ambos foram muito criticados, mas como contestá-los se lutamos tanto pelo direito de votar para Presidente e elegemos Lula, Dilma e Bolsonaro?

O debate político da última semana não só expôs os dilemas jurídicos em torno da chamada dosimetria dos golpistas como escancarou o esgotamento de um campo político que se confunde cada vez mais com o próprio bolsonarismo. 

Senadores como Otto Alencar e Renan Calheiros ironizaram a condução da PEC da Blindagem na Câmara e sinalizam que o Senado pode barrar a manobra que busca anistiar Bolsonaro. Renan, em especial, classifica o projeto como inconstitucional e vê na intervenção parlamentar uma "intromissão indevida" no Judiciário.

Agindo no “modo desespero”, o ex-presidente aspirante a golpista vem repetindo os mesmos erros que o levaram à derrota em 2022. Se a cloroquina simbolizou o negacionismo sanitário, a anistia virou sua nova obsessão — igualmente fadada ao fracasso. Enfim, o “mito” cava a própria ruína brigando com aliados e familiares, enquanto Lula, oportunista a mais não poder, sente-se à vontade para atacar sem precisar se explicar. 

A autoinfecção do "mito" pode ser o desfecho de um ciclo de horrores. Tarcísio de Freitas oscila como um pêndulo entre a ambição presidencial e o recuo melancólico, enquanto Ciro Nogueira tenta insuflar uma "Direita" que, na prática, nunca se consolidou. O impasse é claro: qualquer herdeiro que avance sobre o espólio eleitoral do ex-mandatário ameaça tornar obsoleto o próprio bolsonarismo. A direita virou alimento de ameba, sem projeto próprio além de reagir ao PT.

 

A Terra gira em torno do próprio eixo a 1.670 km/h (na linha do equador) e orbita o Sol a 107.000 km/h. Não percebemos esses movimentos porque os acompanhamos — como também não temos sensação de velocidade a bordo de um avião a 900 km/h. 


Observação: A título de curiosidade, o recorde de velocidade para o corpo humano — atingido pela tripulação da Apollo 10 durante a reentrada na atmosfera terrestre em 1969 — é de 39.937,7 km/h.

 

Por falar em velocidade, um artigo publicado mês passado na revista Communications Physics evidencia um fenômeno curioso previsto por Einstein há mais de um século: pela primeira vez, pesquisadores conseguiram simular e registrar visualmente como um objeto pareceria se estivesse viajando a uma velocidade próxima à da luz.

 

Segundo a Teoria da Relatividade Especial (proposta em 1905), alguém dentro de um foguete a uma velocidade próxima à luz percebe o tempo passar mais devagar em relação a quem está parado. Já para o observador externo, um objeto em alta velocidade parece encolher na direção em que se move, não por diminuir realmente de tamanho, mas porque a percepção do espaço e do tempo de quem está em movimento é diferente da de quem está parado. 

 

Em 1959, os físicos Nelson J. Terrell e Roger Penrose demonstraram que a contração do comprimento prevista por Einstein também provoca um curioso efeito visual: um objeto em altíssima velocidade pareceria deformado para um observador externo. Conhecido como efeito Terrell-Penrose, esse fenômeno foi observado diretamente por pesquisadores austríacos, que usaram flashes de laser e câmeras de altíssima velocidade para simular o veríamos se olhássemos para um cubo e uma esfera movendo-se quase à velocidade da luz. Os resultados não só confirmaram os cálculos teóricos, mas também mostraram como nossa percepção espacial seria alterada nessas condições extremas.

 

Em 1903, as primeiras geringonças voadoras atingiram a velocidade "vertiginosa" de 50 km/h. Em 1947, um piloto de caça norte-americano rompeu a barreira do som (1.235 km/h). O avião de passageiros mais veloz é o Airbus A380 (1.078 km/h), mas isso deve mudar em breve: a empresa aeroespacial chinesa anunciou recentemente que seu hipersônico Cuantianhou será capaz de alcançar 5.000 km/h (mais de quatro vezes a velocidade do som). Mas os OVNIs parecem ser capazes de ir muito além. 


O Brasil possui uma longa história de avistamentos de objetos voadores não identificados. Os registros são os mais variados possíveis, e incluem inúmeros relatos de pilotos que avistaram objetos das mais diferentes formas, cores e velocidade em diversas partes do mundo. Casos icônicos incluem o ET de Varginha, a Operação Prato, o Caso Trindade e a Noite Oficial dos Discos Voadores — quando caças da FAB perseguiram objetos misteriosos que surgiram nos radares. Esses relatos chamam atenção porque a trajetória e velocidade dos tais objetos são incompatíveis com as de aeronaves convencionais. 


Um bimotor que levava a bordo o coronel Ozires Silva, cofundador da Embraer, detectou três OVNIs sobre São José dos Campos (SP). Um caça da FAB tentou perseguir um deles, mas o objeto acelerou para incríveis Mach 15 (18.375 km/h). Outros cinco objetos com luzes brancas intermitentes foram avistados sobre o município de Ilha Comprida, em São Paulo, realizando movimentos circulares a uma velocidade oito vezes superior à do som (o que descarta a possibilidade de ser um balão meteorológico, satélite, lixo espacial ou qualquer outro fenômeno conhecido).

 

Uma ex-comissária da (hoje extinta) VASP relatou que a cabine de seu avião foi inundada por uma luz branca intensa durante um voo de São Paulo para Belém, e o rádio ficou inoperante até o fim do avistamento. No dia seguinte, ela e os outros tripulantes apresentaram queimaduras misteriosas, mas os exames não detectaram radioatividade. 


Em 2007, um piloto da TAM (atual Latam) reportou ao Cindacta que precisou fazer uma "manobra evasiva" após a aeronave se aproximar de um objeto voador não identificado que ele acreditava ser uma "estação espacial". O mesmo objeto foi avistado pela tripulação de um avião da (hoje extinta) Varig, que fazia um voo entre Miami e Manaus.

 

O Arquivo Nacional divulgou em 2024 alguns dos mais de mil relatos de avistamentos de OVNIs feitos por pilotos no Brasil ao COMAE. Somente no ano anterior, cerca de 30 registros foram feitos por pilotos de voos comerciais, a maioria no Sul do país. Em junho do mesmo ano, um objeto "branco-amarelado voando em alta velocidade" na região de Vitória da Conquista (BA) foi relatado por pelo menos quatro aeronaves. No mês seguinte, dois pilotos que faziam rota São Paulo-Cuiabá relataram um objeto que se "deslocava lateralmente e acendia sua luz rapidamente e apagava, por diversas vezes, durante 10 a 15 minutos". Em Pernambuco, outro piloto reportou "tráfego deslocando-se da esquerda para a direita em relação à sua posição, emitindo luzes brancas com vermelhas", mas o objeto não foi detectado pelo radar.

 

Em 2017, a questão dos OVNIs veio à tona quando o jornal The New York Times noticiou a existência de um programa secreto, apoiado pelo ex-líder da maioria no Senado, Harry Reid — eleito pelo estado de Nevada, onde fica a Área 51 — para investigar esses fenômenos. Depois que o Times e uma organização chamada To The Stars Academy Of Arts & Science divulgaram três vídeos mostrando encontros inexplicáveis com naves supostamente alienígenas, o Pentágono passou a reconhecer esses encontros, mas se recusou a especular sobre suas origens. 

 

O ex-piloto da Marinha Ryan Graves fundou a organização Americans for Safe Aerospace para encorajar pilotos a relatarem incidentes com OVNIs. Em depoimento ao Congresso, ele e o major aposentado David Fravor revelaram vários avistamentos durante suas carreiras militares. O ex-oficial de inteligência da Força Aérea David Grusch acusou o governo de encobrir suas investigações e afirmou que a tecnologia envolvida vai muito além de qualquer criação humana.

 

Vale destacar que os avistamentos não ocorrem apenas em locais remotos e predominantemente rurais. Experiências ufológicas, incluindo as que envolvem abduções — quando as pessoas são levadas para experimentos no interior das naves alienígenas —, foram relatadas por famosos nacionais e internacionais (segundo a Ufologia, elas são consideradas "contatos de segundo grau"). 


Embora o formato de disco seja o mais comum, alguns OVNIs têm forma de charuto, triangular ou piramidal. Os que são capazes de se mover em lagos e oceanos — como foi relatado por militares da Marinha de diversos países — são chamados de OSNIs (acrônimo de "Objetos Submarinos Não Identificados").

 

Continua...