IMPORTUNA COISA É A FELICIDADE ALHEIA QUANDO SOMOS VÍTIMA DE ALGUM
INFORTÚNIO.
Criado há cerca de 5.000 anos, o
ábaco é o antepassado mais remoto da calculadora e, por extensão, do PC, já que “computar” e “calcular” têm
mais ou menos o mesmo significado.
Outro
antecessor distante — mas não tão distante, pois remonta ao início dos anos
1.600 —, a ”régua
de cálculo” é a precursora das calculadoras de bolso, embora atribua-se a Blaise Pascal a criação da primeira calculadora mecânica
da história (em meados do século XVII). Mas a Pascalina executava apenas operações previamente programadas.
Em 1801, o
costureiro Joseph
Marie Jacquard construiu
o Tear de Jacquard — uma traquitana realmente programável, que hoje
é considerada o
primeiro computador do mundo.
Mais adiante, baseando-se
no conceito de cartões perfurados usados por Jacquard, o estatístico americano Hermann
Hollerith desenvolveu uma
geringonça que acelerou
o processo de computação de dados. Anos depois, ele fundou a Tabulation
Machine Company, que se tornou a Internacional
Business Machine (IBM para os
íntimos e Big Blue para os mais
íntimos)
Observação: Em 1943, Thomas
Watson, então presidente da IBM,
revelou-se um péssimo profeta: “Eu
acredito que haja mercado para talvez cinco computadores”.
A Segunda Guerra Mundial estimulou o
desenvolvimento de computadores — inicialmente, gigantescos mainframes que
ocupavam salas inteiras, pesavam toneladas, custavam milhões de dólares e
tinham menos poder de processamento que um calculadora xing-ling atual.
Depois do Mark I, do Colossus e de outras monstruosidades, o
mundo conheceu o ENIAC, que entrou
para a história da cibernética como primeiro computador digital eletrônico.
Embora fosse mil vezes mais rápido que seu contemporâneo mais rápido, esse
portento era capaz de realizar apenas 5 mil somas, 357 multiplicações ou 38
divisões simultâneas por segundo — uma performance incrível para a época, mas
que qualquer videogame dos anos 1990 já superava “com um pé nas costas”.
O Altair 8800, lançado em 1974, foi o precursor dos computadores pessoais e a razão de Bill Gates e Paul Allen fundarem
a Microsoft. Em 1976, Steve Jobs e Steve Wozniak,
sócios-fundadores da Apple, concluíram
o projeto do Apple I, que entrou para a história como o
primeiro computador para uso pessoal.
Em entrevista ao jornal espanhol El Pais,
Wozniak foi taxativo: “aquilo não era um computador, mas a
readaptação de algo que eu tinha feito antes. Era uma espécie de IKEA [rede de
lojas que vende móveis em kits] dos computadores: você ia comprando peças e
tinha um monte de coisas que se encaixavam” (o Apple II, lançado um ano mais tarde, foi o primeiro microcomputador
vendido em escala comercial).
No ano
seguinte, Ken Olson, presidente e fundador da Digital Equipment Corp. vaticinou que “não havia nenhuma razão para alguém querer
um computador em casa”, e em 1981, Bill
Gates teria dito que "ninguém
nunca vai precisar mais do que 640 quilobytes de memória em seu computador
pessoal" (Gates nega a
autoria do disparate, mas o fato é que qualquer PC chinfrim, atualmente,
integra pelo menos 4GB de RAM).
Em 1987, Gates anotou no prefácio ao Guia do Programador do OS/2 (sistema
lançado em parceria com a IBM, do
qual a Microsoft desistiu três anos
depois): “acredito que o OS/2 está
destinado a ser o sistema operacional mais importante de todos os tempos — e
possivelmente o programa mais importante também”.
Em 1989, quando a Microsoft
fez a transição para os sistemas operacionais de 16-bit, Mr. Gates vaticinou:
“Nós nunca vamos desenvolver um
sistema operacional de 32 bits” (menos de quatro anos depois o Windows NT 3.1, primeiro sistema de 32-bit da empresa, foi lançado no
mercado). Em 2004, o gênio fez outra profecia furada: “Daqui a dois anos, o spam estará resolvido” (a realidade dos fatos
dispensa comentários).
No livro "
Business
@ the speed of thought“ (Negócios na velocidade do pensamento), lançado
na virada do milênio, o sócio-fundador da gigante do software cravou diversas
previsões sobre o futuro da tecnologia e descreveu algumas delas de
maneira incrivelmente acurada.
Gates
vaticinou, por exemplo, o surgimento dos serviços
automatizados de comparação de preços — que permitiriam encontrar o produto
mais barato sem que a necessidade de pesquisar vários sites e lojas — e a
criação de dispositivos móveis que
as pessoas levariam consigo a toda parte — e usariam para fechar negócios,
independentemente de onde estivessem, além de manter-se conectadas como o
escritório 24/7, checar notícias, voos agendados e acompanhar as informações
sobre o mercado financeiro, entre outras possibilidades.
Continua...