segunda-feira, 14 de março de 2022

WINDOWS 10 — DICAS (TERCEIRA PARTE)

O ELEITOR BRASILEIRO PREFERE TROCAR DE CELULAR A TROCAR DE POLÍTICO.

O Registro (ou Registry) do Windows é um banco de dados dinâmico que o sistema consulta a cada inicialização, modifica durante cada sessão e salva, com as respectivas alterações, quando o computador é desligado ou reiniciado. Para evitar sua manipulação indevida, o Editor do Registro (também conhecido como “regedit”) não aparece na lista de programas do menu Iniciar. Para acessá-lo, é preciso abrir o menu Executar (Win+R), digitar “regedit” (sem aspas) e clicar em OK (ou teclar Enter).

Para geeks e usuários avançados do Windows, o regedit é um parque de diversões; para iniciantes, ele está mais para uma versão digital da famosa Caixa de Pandora (onde, segundo a mitologia grega, Zeus teria trancafiado todos os males do mundo). Qualquer alteração indevida ou malsucedida na “espinha dorsal” do Windows pode “aleijar” o computador, daí ser importante criar previamente um ponto de restauração e um backup da chave que será modificada (ou do Registro como um tudo).  

Observação: Para criar um ponto de restauração no Windows 10, digite criar ponto na caixa de pesquisas da Barra de Tarefas, clique na opção Criar ponto de restauração — Painel de controle. Na tela seguinte, clique no botão Criar, dê ao novo ponto o nome desejado, torne a clicar em Criar, aguarde a conclusão do processo, confirme e encerre. Para criar um backup do Registro, digite regedit na caixa de pesquisas da Barra de Tarefas, clique em regedit (executar comando) e em Sim na caixa de diálogo exibida na sequência. Na tela do Editor, abra o menu Arquivo e selecione a opção Exportar. Em “Intervalo de exportação”, marque TODOS para efetuar backup de todo o Registro ou clique em RAMIFICAÇÃO SELECIONADA e digite o nome da chave que você deseja exportar (recomendável). Feito isso, dê um nome ao arquivo, indique o local onde quer salvá-lo (Área de Trabalho, por exemplo) e clique em Salvar. Se quiser desfazer as modificações mais adiante, dê um clique direito sobre o arquivo de backup (.REG), escolha a opção Mesclar e confirme a restauração.

Para quem não gosta de viver perigosamente, ferramentas de Tweak são sopa no mel. Com elas, diversas configurações podem ser feitas e revertidas mediante uns poucos cliques do mouse, tornando possível inclusive editar o Registro de maneira (mais ou menos) segura. O saudoso WinXP contava com o PowerToys (da própria Microsoft), que incluía o excelente Tweak-UI, mas o PowerToys não foi reescrito para as edições posteriores do Windows. Para preencher essa lacuna no Win10, eu costumava indicar o freeware Ultimate Windows Tweaker 4 for Windows (para mais informações e download, clique aqui) até descobrir que existe, sim, uma edição revista e atualizada do PowerToys desenvolvida especialmente para ele. Ela oferece menos recursos do que a versão para o XP, mas é melhor pingar do que secar.

A Web está apinhada de dicas que prometem corrigir erros e melhorar o desempenho do sistema, mas a maioria delas não cumpre o que promete e/ou causa mais danos do que benefícios. Demais disso, corrigir erros num sistema que está “rodando redondo” é o mesmo que procurar pelo em ovo. A manutenção preventiva é importante, mas não há como transformar um Cessna 206 num Blackbird

Assim como uma corrente é tão forte quanto seu elo mais frágil, um computador é tão rápido quanto seu componente mais lento (para entender isso melhor, leia esta postagem). No âmbito do PC, o termo “gargalo” remete ao componente cujas limitações “estrangulam” o desempenho global do aparelho. Se o subsistema de memórias for subdimensionado, por exemplo, um processador top de linha irá desperdiçar ciclos e mais ciclos de clock esperando a liberação dos dados. 

Pouca RAM implica o uso da memória virtual — que é baseada no HDD, que é milhares de vezes mais lento que a já relativamente lenta memória RAM. E se as taxas de escrita, leitura e transferência de dados do disco rígido deixarem a desejar (clique aqui para mais detalhes), operar o computador será um exasperante teste de paciência.

Resumo da ópera: a performance do computador (seja ele de mesa, portátil ou ultraportátil) depende do processador, das memórias e de mais uma porção de componentes que não podem ser “modernizados” senão através de um upgrade de hardware. Não há "truque de software" que dê jeito. E ter isso em mente evita muita dor de cabeça e frustração. 

Continua...  

domingo, 13 de março de 2022

NÃO CONFUNDA PALHAÇO PRESIDENTE COM PRESIDENTE PALHAÇO (CONTINUAÇÃO)

 

Dizem que o diabo sabe das coisas não por ser o diabo, mas por ser velho. Dizem também que o vinho melhora com o tempo, mas, nas pessoas, a experiência que resulta do passar do tempo pode vir ou não acompanhada da boa e velha sabedoria. 

No que concerne ao eleitorado tupiniquim, a falta de bom senso (decorrente, em grande medida, de falta de instrução) implica a possibilidade (nada remota) de a próxima eleição presidencial ser uma edição reeditada e piorada do pleito plebiscitário de 2018. A diferença é que, em 2018, não faltaram ao então candidato pelo PSL "cabos eleitorais" de peso, como Lula na cadeia, a sensaboria do bonifrate Haddad, a facada de Adélio Bispo (que livrou o ex-capitão de participar dos debates), o impulsionamento espúrio da campanha nas redes sociais, a confiança conquistada com Paulo Guedes na Economia e Sergio Moro na Justiça, e assim por aí vai.

Sabíamos (ou deveríamos saber) que faltavam ao dublê de mau militar e parlamentar medíocre competência, preparo e envergadura para presidir um mísero carrinho de pipoca, mas a perspectiva de ver o país comandado (novamente) por um criminoso, então condenado e preso... Enfim, apostamos nossas fichas em Bolsonaro e torcemos para a emenda não sair pior que o soneto. Mas diz outro velho ditado que basta fazer planos para ouvir a gargalhada do diabo. 

Passando ao que interessa, Volodymyr Zelensky, que até poucas semanas atrás era para nós um ilustre desconhecido, nasceu no sul da Ucrânia e passou quatro anos na Mongólia até retornar à cidade natal. Já na faculdade, percebeu que tinha talento como humorista e apareceu com frequência em programas televisivos. Mesmo tendo concluído o curso de Direito, decidiu seguir carreira como comediante e produtor de TV. Em 2006, venceu a primeira temporada da versão ucraniana do programa “Dança dos Famosos”. Seis anos depois, sua produtora fechou contrato com a rede de TV ucraniana 1+1, de Igor Kolomoysky — dos homens mais ricos do país — e a parceria fez com que Zelensky chegasse ao cinema atuando em comédias românticas como “8 First Dates”

Nesse entretempo, o então presidente ucraniano Viktor Yanukoyvich — um lambe-botas de Putin e corrupto de marca maior — se recusou a assinar um termo de aproximação com a União Europeia. Os ucranianos protestaram, derrubaram dito-cuja e elegeram o bilionário Petro Poroshenko, na tentativa de acabar com a corrupção. Uma insurgência apoiada por Putin resultou na anexação da península da Crimeia e deu azo a movimentos separatistas pró-russos. Em meio a tudo isso, Zelensky filmava a série de TV Servant of the People, que estreou em 2015. Tratava-se da história de um professor (interpretado pelo próprio Zelensky) cujo discurso contra a corrupção feito em sala de aula foi gravado por um de seus alunos, viralizou na Web e culminou com a eleição do mestre-escola presidente da Ucrânia com 60% dos votos. 

Enquanto os ucranianos assistiam aos episódios, Putin se reunia com líderes mundiais em Minsk para assinar um acordo de paz que poria fim aos combates, mas os conflitos na Ucrânia foram retomados. Em dezembro de 2018, a vida imitou a arte: Zelensky criou o partido “Servo do Povo”, anunciou sua candidatura à presidência e, mesmo enfrentando quase três dúzias de concorrentes, obteve 30% dos votos no primeiro turno (contra 16% de seu principal oponente) e venceu o favorito de Putin com 73% dos votos

Observação: Durante seu primeiro ano do mandato, Zelensky recebeu de Donald Trump, então presidente dos EUA, um pedido para investigar o filho de Joe Biden em troca de apoio econômico. O telefonema rendeu a Trump um pedido de impeachment (que não foi aprovado no senado).

Ao apresentar um plano de governo considerado vago, o mandatário ucraniano levou para a vida real as críticas feitas na TV aos "oligarcas" da política e defendeu a entrada de seu país na União Europeia e na Otan — questão central do atual conflito com a Rússia. Diante da pandemia de Covid, ele articulou uma estratégia nacional para limitar a propagação do vírus, mas houve enfáticas restrições às medidas de bloqueio por parte dos que lhe faziam oposição. Paralelamente, a insurgência apoiada pela Rússia na região de Donbass se transformou na maior ameaça à estabilidade europeia desde a Segunda Guerra Mundial. E o resto é história recente: menos de um mês atrás, Putin reconheceu a independência das regiões ucranianas de Donetsk e Lugansk, anulando o acordo de paz de Minsk e despachando “mantenedores da paz” as regiões em questão.

Zelensky fez um apelo pela TV pedindo paz. Horas depois, Putin iniciou uma “operação militar especial” na Ucrânia, com direito a bombardeios em várias cidades, inclusive na capital, Kiev. O líder ucraniano se recusou a abandonar o posto, pediu ajuda para defender seu país — chegando mesmo a dizer que “precisava “de munição, não de uma carona” — e se vem valendo de sua habilidade de comunicação para liderar seu povo.  Putin achou que dominaria o país numa questão de dias, mas os ucranianos resistiram e os líderes ocidentais vem impondo um sem-número de sanções econômicas contra a Rússia. Desde então, Zelensky sobreviveu a três tentativas de assassinato, passou a ser admirado por sua coragem, inclusive por membros da oposição e segue pedindo à União Europeia que considere urgentemente admitir a Ucrânia como membro do bloco.

Como se vê, num intervalo de poucos anos Zelensky foi de humorista de TV e novato político a presidente de um país em guerra contra uma das maiores potências militares do planeta, e agora vem unindo a nação com seus discursos e selfies em vídeo, dando voz à raiva ucraniana na resistência à agressão russa. Enquanto Putin parece cada vez mais errático — acusando a Ucrânia de "genocídio" nas repúblicas separatistas de Donetsk e Luhansk e falando da necessidade de "desnazificar" o país, o ex-comediante, cujos pronunciamentos revelaram um lado que muitos críticos seus não esperavam, se destaca pela postura digna.

Estrategicamente posicionado em frente a um mapa da Ucrânia, Zelensky falou (na maior parte do tempo em russo) que tentou ligar para Putin, mas foi recebido com silêncio. Disse que os dois países não precisam de uma guerra, "nem uma Guerra Fria, nem uma guerra quente, nem uma guerra híbrida". Mas acrescentou que, se fossem atacados, os ucranianos se defenderiam. Na transmissão seguinte, já após a invasão russa, ele usava uniforme militar, refletindo o clima de "Davi contra Golias" do conflito. Naquela noite, em outro discurso, alertou os líderes de países como EUA e Reino Unido de que, se eles não ajudassem no esforço contra os russos, "amanhã a guerra baterá em suas portas". E concluiu: “Este é o som de uma nova cortina de ferro, que desceu e está separando a Rússia do mundo civilizado."

Nas últimas semanas, clipes antigos da série protagonizada por Zelensky exibem cenas incrivelmente semelhantes às que o agora mandatário ucraniano enfrenta na vida real. Numa delas, o fictício presidente Holoborodko caminha por uma praça quando um telefonema da então chanceler alemã Angela Merkel lhe dá conta de que o país fora aceito como membro da União Europeia (justamente um dos pedidos feitos por Zelensky na vida real, e que tem servido de pano de fundo nas tensões com Putin). "Eu estou tão feliz! Obrigado! Todos os ucranianos... nosso país... estamos esperando isso há tanto tempo", diz Holoborodko, mas então a Merkel fictícia responde: "Ah, me desculpe, foi engano meu. Eu estava telefonando para Montenegro".

Outra cena que viralizou na Web mostra Holoborodko tentando apartar uma briga entre os congressistas. Como não consegue, ele grita: "Putin foi deposto". O furdunço cessa imediatamente e todos olham para o presidente, que confessa que era mentira. Em mais um episódio, o personagem de Zelensky fantasia metralhar políticos do Parlamento ucraniano — imagem que reflete, na opinião de alguns analistas, a plataforma antissistema político que o próprio Zelensky usou para impulsionar sua campanha na vida real.

Em entrevista ao UOL, o presidente da Representação Central Ucraniano-Brasileira, Vitorio Sorotiuk, disse que Zelensky convidou Bolsonaro para visitar a Ucrânia quando de sua viagem à Rússia, mas o mandatário brasileiro não respondeu ao convite — o que, segundo Sorotiuk, foi um insulto ao presidente e ao povo ucraniano. No último dia 7, Roberto Livianu publicou em O Globo uma carta enviada por Zelensky a Bolsonaro. Segue a transcrição:

“Presidente Jair Bolsonaro;

As coisas estão difíceis por aqui, mas fui eleito pelo povo para governar para todos os ucranianos por quatro anos e cumprirei meu compromisso na íntegra. Aprendi desde cedo que, nas democracias, os governantes são escolhidos pela maioria, mas, passada a eleição, devem olhar realmente por todos — os “do cercadinho” e aqueles que “atiram tomates no cercadinho”. O senhor me entende, certo? Acredito nisso e pratico isso. É o que tem me fortalecido como líder.

Soube que o senhor tem desaconselhado a população a se vacinar contra a Covid-19 e que o Brasil é o segundo país do mundo com mais mortes pelo vírus — mais de 650 mil. Aqui na Ucrânia, aconselhei pessoalmente a vacinação de todos e todas, pois penso que o exemplo vem do topo. Mas respeito seu ponto de vista. Peço que transmita meus sentimentos às famílias brasileiras enlutadas — nós, ucranianos, sentimos muito as perdas humanas e nos solidarizamos. É o mínimo que se pode fazer diante da tragédia.

Por mais duro que seja, meu lema tem sido a transparência. Límpida, translúcida como uma boa vodca. Cometo erros, como todo ser humano, mas presto contas permanentemente a meu povo do que se passa nas entranhas do poder, assegurando sempre pleno acesso à informação para a sociedade e absoluta liberdade de imprensa.

Nunca havia exercido cargo político. Estou presidente da República, e é minha primeira experiência na vida pública. Assumi compromisso inarredável de lutar contra a corrupção e seu enraizamento no poder. Sou contra a reeleição — tanto no Executivo quanto no Legislativo, pois acho importante o arejamento permanente. Até porque eu jamais aguentaria cinco, seis ou sete mandatos consecutivos no mesmo nível parlamentar. Perdão, o senhor foi deputado sete vezes seguidas: nada contra sua trajetória pessoal, sou apenas contra situações assim.

Soube pela imprensa que o senhor esteve visitando o presidente da Rússia na antevéspera do ataque à Ucrânia. Fiquei sinceramente curioso, imaginando o motivo que poderia tê-lo levado àquele país em momento tão agudo. Fui comediante sim, mas não é piada. Pergunto como estadista. O mundo quer saber.

Soube que apoiadores seus publicaram postagens em redes sociais afirmando que o senhor convenceu o presidente russo a não atacar nosso país e que seria até indicado a receber o Nobel da Paz por isso. Pensei seriamente em pedir os contatos dessas pessoas para recomendá-las ao showbiz da comédia ucraniana.

A Assembleia Geral da ONU aprovou resolução condenando a guerra russa por votação avassaladora. Notei que, apesar de a diplomacia brasileira ter votado contra a agressão, pessoalmente sua posição não tem sido categórica. Continuo em meu país, contrariando o prognóstico de muitos. Sempre na luta. Fica aqui meu convite cordial para uma visita regada a vodca ou tubaína (soube que aprecia). Se quiser vir nesta semana, ficarei feliz. O que Putin e o mundo pensarão a respeito? E daí?”

Volodymyr Zelensky”

sábado, 12 de março de 2022

NÃO CONFUNDA PALHAÇO PRESIDENTE COM PRESIDENTE PALHAÇO


Não é justo atribuir aos políticos a culpa pelas mazelas dos brasileiros. Políticos não brotam em seus gabinetes por geração espontânea; se os três Poderes da República foram tomados por criminosos de colarinho-branco (pode-se argumentar que os juízes de cortes superiores não são eleitos pelo voto popular, mas quem os indica e quem chancela a indicação o são), a culpa é de um eleitorado incapaz de tirar água de uma bota, mesmo com as impressas no calcanhar.

O brasileiro já votou em rinoceronte para vereador, em macaco para prefeito, em palhaço de circo para deputado e — a cereja do bolo — num analfabeto, num poste e num dublê de mau militar e parlamentar medíocre para presidir este país. É graças a essa caterva (falo da récua de muares munidos de título eleitoral) que a eleição de outubro próximo tem tudo para ser uma reedição piorada do pleito plebiscitário de 2018.

Situações surreais como essas não são exclusividade nacional. Nos EUA, Donald Trump venceu Hillary Clinton em 2016 (apesar de a candidata democrata ter obtido mais votos) e uma corja de vândalos invadiu o Capitólio, quatro anos depois, para protestar contra a derrota de seu ídolo. Questionado sobre a situação no leste europeu, Trump afirmou que Putin não teria invadido a Ucrânia se ele ainda estivesse na Casa Branca. Como se costuma dizer, presunção e água benta, cada um toma a que quer.

Sobre Vladimir Putin, o buraco é ainda mais embaixo. Três dias após a invasão da Ucrânia, Diogo Mainardi escreveu em sua coluna que o carniceiro russo já havia sido derrotado. Que havia perdido o rublo, a Copa do Mundo, o ouro do Banco Central, as estantes Ikea, o primeiro bailarino do Bolshoi, os cintos da Gucci, a sucursal do New York Times, as villas no lago de Como, o Facebook, os parlamentares de direita e esquerda na Europa e nos Estados Unidos, o centroavante Lukaku. Até as empresas que tentaram resistir ao boicote, como Pepsi e McDonald’s, tiveram de fechar suas lojas na Rússia, constrangidas por seus consumidores e acionistas. E isso tudo em apenas duas semanas. Até o Brasil, que faz parte de outro sistema solar, condenou déspota. 

Uma pesquisa divulgada dias atrás mostrou que, enquanto Bolsonaro e Lula abanavam o rabo para o tirano eslavo, o povo brasileiro queria mais era mijar no seu túmulo. O problema é que esse сукин сын continuará matando pessoas (inclusive civis) até alguém lhe dar uma dose de seu próprio próprio veneno — um chazinho como aquele que "acalmou ad aeternum" o papa João Paulo I estaria de bom tamanho, e talvez fosse até bom essa moda pegar.

Por aqui, um aumento brutal no preço dos combustíveis foi prontamente repassado por donos de postos (não todos), pouco se importando com o fato de o combustível servido nas bombas ter sido comprado antes do reajuste (isso se chama “crime contra a economia popular”). Esse "reajuste" terá efeitos nefastos na inflação e afetará a população em geral, já que praticamente tudo que é produzido no Brasil é transportado através de nossa esburacada, enlameada e detonada malha rodoviária (salvo raras e honrosas exceções).

Os combustíveis e o gás de cozinha vinham subindo de preço descontroladamente, e não só devido à alta do dólar. O problema, como sempre, é a falta de previsão de um mandatário que só tem olhos para a reeleição, e que prefere participar de motociatas e andar de jet-ski a dar expediente no Palácio do Planalto. E como Lula, que institucionalizou a compra de apoio parlamentar com o Mensalão e sangrou a Petrobrás com o PetrolãoBolsonaro se vale do nefando Orçamento Secreto (cerca de R$ 17 bilhões por ano) para comprar votos das marafonas do Parlamento, e isso enquanto a população mais carente sequer têm o que comer.

Voltando aos combustíveis, “em casa onde falta pão todos gritam e ninguém tem razão”. O que se vê é um jogo de empurra. O capetão culpa o ICMS, os governadores culpam o governo federal, todos culpam a Petrobrás — que distribui bilhões aos acionistas e paga ao general Silva e Lula um salário nababesco (mais de R$ 200 mil) — e ninguém faz nada. Ou, quando faz, faz o que Dilma fez durante sua campanha à reeleição.

Lula insiste na falácia da autossuficiência brasileira em petróleo e atribui a alta dos preços à privatização da BR-Distribuidora, mas, para surpresa de ninguém, ele não menciona que faltam refinarias e que ele e seu espúrio partido foram os responsáveis pela cleptocracia que quase quebrou a Petrobras. Esperar o que de um egun mal despachado, um ex-sindicalista malandro, amante da vida fácil e expert na arte de enganar trouxas

Em 2018, o ainda candidato Bolsonaro disse que o preço dos combustíveis já havia ultrapassado todos os limites — mas, uma vez eleito e empossado, não se preocupou em criar o tal fundo de estabilização no início de sua execrável gestão. Mesmo assim, o ministro Paulo Guedes alardeava que o botijão de gás deveria custar cerca de R$ 30 — e já tem gente pagando R$ 150. O que nem um nem o outro disseram é que somente um governo competente e responsável seria capaz de resolver esse e um sem-número de outros problemas. 

Observação: O PL 1.472/2021, em trâmite no Senado, prevê a criação de um fundo de equilíbrio para controlar a volatilidade do preço dos derivados de petróleo. A ideia é utilizar recursos da União (dividendos que a Petrobras paga ao governo federal) como uma espécie de “colchão", visando manter o preços estáveis — ou, no mínimo, reduzir o percentual de aumento  em situações adversas como a atual.

Ao trágico governo em curso restam nove meses, e a nós, decidir entre suportar mais 4 anos de incompetência chapada ou amargar a volta da ladroagem institucionalizada. Não que não exista corrupção nem corruptos no mar de lama que se tornou a Praça dos Três Poderes. Essa falastrice não passa de mera cantilena para dormitar bovinos e já não convence sequer nem mesmo os poucos fãs do “mito” com Q.I. superior ao de um repolho. Na última quarta-feira a Transparência Internacional Brasil apresentou um relatório à OCDE denunciando retrocessos no combate à corrupção, e mencionou, dentre outros descalabros, os R$17 bi (do tal Orçamento Secreto) que o governo federal usou para comprar deputados.

A alta dos combustíveis propiciou mais uma troca de farpas entre os presidenciáveis. Enquanto os bolsonaristas comemoraram a mudança do cálculo do ICMS, o ex-presidiário de Curitiba tuitou: “Agora você tem empresas importando gasolina dos Estados Unidos em dólar enquanto temos auto suficiência (sic) e produzimos petróleo em reais". 

Observação: O ICMS (que é um imposto estadual) terá a alíquota unificada em todo o Brasil e incidirá nos combustíveis apenas uma vez. O pacote aprovado no Senado também incluiu a isenção do PIS e da Cofins (que são tributos federais) sobre o diesel e o gás de cozinha até o final do ano. Na prática, as duas medidas juntas representarão uma redução de R$ 0,60 por litro de diesel. Governadores já anunciaram que vão questionar judicialmente o projeto, alegando queda na arrecadação. Com a mudança, o governo pode evitar, pelo menos por enquanto, a criação de um programa de subsídio direto da a gasolina, algo que o Posto Ipiranga de fancaria quer deixar de lado e disse que só será considerado se a se a guerra no leste europeu continuar por mais "30, 60 dias". Enquanto isso, Bolsonaro voltou a atacar a política de preços da Petrobras (sim, de novo) e chamou o reajuste de ontem de “absurdo”.

Sobre o tuíte do ex-presidiário, o pré-candidato pelo Partido Novo, Felipe D'Ávila, escreveu: "um tweet, quatro mentiras". Sergio Moro também tuitou: "Sabe por que a Petrobras ainda existe, Lula? Porque a Lava-Jato impediu que o governo do PT continuasse saqueando e desviando recursos da maior estatal do Brasil". E Ciro Gomes: "Enquanto isso todos brasileiros sofrem, mesmo vivendo num país que tem uma das maiores reservas de petróleo do mundo, e vendo concessionárias da Petrobras vendidas a preço de banana. Até quando vamos suportar este absurdo?".

Do alto de sua inesgotável sabedora, o vereador Carlos Bolsonaro comemorou a decisão do desgoverno do pai, alegando que a mudança (no cálculo do ICMS) fará com que “o povo pague mais barato" e criticou governadores que não querem abrir mão da arrecadação em ano eleitoral.

Para não encompridar ainda mais este texto, falo sobre o palhaço que se tornou presidente no post de amanhã.

sexta-feira, 11 de março de 2022

DEPOIS DAS MOTOCIATAS, A JEGUIATA

 

Bolsonaro afirmou recentemente que "não vê a hora de “um dia” entregar o mandato presidencial para poder ir à praia, tomar caldo de cana e pescar". Se for por falta de adeus, não se acanhe. E, quanto antes, melhor. Esperemos apenas que o mandato não seja entregue ao ex-presidiário "ex-corrupto". Desgraça pouca é bobagem, mas tudo tem limite.

Depois de se referir a nordestinos como “paus de arara”, nosso indômito capetão foi ao Nordeste fazer campanha. Em lá chegando, referiu-se a um nordestino como “cabeça chata”, espinafrou Fernando Henrique, xingou Lula e falou de si mesmo sem parar, mas apenas para enaltecer o fato de que, segundo ele, “estamos há três anos sem corrupção”. 

Trata-se de uma afirmação no mínimo curiosa, já que veio de alguém que é alvo de 6 inquéritos, apontado como autor de 9 crimes pela CPI do Genocídio e pai de quatro filhos investigados pela Polícia Federal (instituição cujo comando ele já trocou quatro vezes).

Observação: Apesar de ser alvo de uma lista considerável de inquéritos, Bolsonaro pode seguir tranquilo em sua caminhada pré-eleitoral. A coisa segue fria para ele na PGR. Ainda não há, na procuradoria, indicativo de que o presidente vá ser denunciado ao STF nos casos investigados por Alexandre de Moraes. Investigadores da PGR dizem que ainda não receberam da Polícia Federal ou de Moraes elementos que sustentem qualquer ação contra o presidente. As provas colhidas em diligências ainda em curso estão no STF ou em poder dos delegados

Animado com a possibilidade de “enganar os trouxas”, o supremo devoto da cloroquina partiu rumo à caatinga para se aboletar nos currais dos votos de cabresto e expor sua decantada “habilidade populista” — o caradurismo de sempre inaugurando (pela enésima vez) obras jamais concluídas e prometendo mundos e fundos que não vão ser entregues porque nada há a ser oferecido. Mas, nos cânticos de louvação bolsonarista, a mentira é parte essencial da homilia para converter a ospália travestida de seguidores do “mito”. 

O capetão monta encenações folclóricas (e nossas velhas conhecidas) para parecer um homem do povo. Depois da farofada, bolou o que chamou de “jeguiata” (passeio de “jegue” em grupo), na qual planejava gastar até R$ 200 mil — o que é “dinheiro de pinga” se comparado com o que foi gasto (quase R$ 1 milhão) para bancar a semana de férias que ele se autoconcedeu no final do ano. Com esse "trocado", sua alteza irreal arregimentou mais de 200 cabeças dos burricos em uma caravana profética a repetir, de modo mais pobretão, as “motociatas” encenadas no Sul maravilha (que custaram muito mais).

Para os “cabeçudos”, a jeguiata está de bom tamanho. Os nortistas e nordestinos não precisam de mais, pois não passam de um bando de “paus de arara, aratacas”, como seu presidente os classifica. Segundo o mandatário, a fatia de habitantes lá de cima do mapa do “Brasilsão Grande” é um “bando de pés-rapados” que serve apenas de massa de manobra em sua busca pela reeleição.

O cala boca por um ano do Auxílio Emergencial generoso, com data para acabar, será suficiente, na opinião do mandatário, para convencer os nordestinos de que seu presidente é bonzinho, generoso, preocupado. Uma vez alcançado esse objetivo, ele pode voltar ao funk em lanchas e aos passeios de jet-ski e regressar ali somente quatro anos depois, para renovar apoios. Os "paraíbas" não terão serventia no interregno de eventual novo mandato. Mas eis que o imprevisto lhe atropela os planos. 

Na solene cerimônia de inauguração — pela milionésima vez entre presidentes nos últimos tempos — da esperada e tão desejada obra (retalhada em pedaços!) da Transposição do Rio São Francisco, Bolsonaro se deparou com o inconveniente. Estava tudo indo muito bem — com direito a chapéu estilo coco e prosa larga, dentro do script — até que o prefeito do município pernambucano de Salgueiro, onde ocorria o furdunço com os rapapés de estilo, resolveu fazer uma cobrança elementar: “Está faltando água, presidente, quando isso acaba?”

Esse pessoal nunca está contente, não é mesmo? O reizinho desce do trono e desabala até aquele fim de mundo, corta fita inaugural, discursa e tudo, e o sujeito ainda pede água? Como ousa levantar questiúnculas como essa e chatear o mandatário-candidato que está ali para ser visto como um Deus, o enviado da salvação dos pobres e oprimidos?

A “jeguiata” emulou o regresso triunfal de Cristo a Jerusalém, montado em um jumento e saudado pelos transeuntes com ramos de palmeiras nas mãos — no episódio que ficou popularmente conhecido como “Domingo de Ramos”. O detalhe (e o diabo mora nos detalhes) é que Bolsonaro não pretendia gastar um minuto sequer de seu dia de descanso com “cabeças-chatas” (outra das alcunhas a qual ele recorreu na ocasião). 

Tal qual nas escrituras, o Messias do Planalto desejava ser o arauto da boa nova. Mas de qual boa nova ele estaria falando? A do aumento da fome e da miséria? Do recorde de desemprego, da inflação ou dos juros? Vendilhões do Templo! Não profanem a fé irrestrita e irrefreável dos seguidores nem a palavra da redenção. O profeta ungido estava ali. O Messias encarnado que, por divindade e direito, pode atribuir a seus filhos de religião a alcunha que bem desejar. Que venham a ele os paus de arara, cabeças-chatas, aratacas cabeçudos, desvalidos na condição e fisionomia, porque deles é o reino da reeleição. Contemplem o salvador de araque, malfeitor dos vulneráveis. E concedam a ele a prova de sua devoção.

Bolsonaro menospreza a inteligência desses “cabras-da-peste”. Ignora suas agruras e relativiza o senso de justiça apurado que a vida miserável lhes impôs. Nessa toada, o estadista de fancaria pode levar de contragolpe uma sova fragorosa. O nordestino está curtido nas áridas promessas dos aventureiros ocasionais. Basta ver a lapada de votos que no passado tirou de alguns descuidados pretendentes.

Desprezar a sutil percepção da boa escolha por parte dessa gente é flertar, invariavelmente, com a derrota. O tucano Aécio Neves que o diga. Mal apareceu para alguns poucos dedos de prosa e deixou o poste adversário — a herdeira do então futuro presidiário de Curitiba — carregar em média 80% dos votos da região enquanto colhia migalhas residuais de 3% a 6% naqueles estados.

Bolsonaro parece disposto a trilhar o mesmíssimo caminho. Não tem o menor traquejo para disfarçar sua repulsa latente e óbvia. Não se emenda. Acredita que é tudo farinha do mesmo saco. Basta um agrado aqui, outro acolá, para calar a boca de carências seculares desse povo que, de bucho cheio, vira um bando de cordeirinhos e, acha ele, comem da sua mão. O estilo odioso de alguém que imaginou cancelar o luto oficial do lendário Padre Cícero — e ainda confundiu sua origem como sendo “lá de Pernambuco”, talvez por nunca ter visitado Crato, no Ceará, mas, mais provavelmente, por pura ignorância — é típico da visão tosca que guarda de uma gente tão sofrida.

Com Carlos José Marques

WINDOWS 10 — DICAS (CONTINUAÇÃO)

O CONTENTAMENTO TORNA OS POBRES RICOS; O DESCONTENTAMENTO TORNA OS RICOS POBRES.

Reinstalar o Windows é tão inevitável quanto a morte, os impostos, a corrupção na política e a falta de bom senso da récua de muares que se convencionou chamar de “eleitorado”. 

No caso do Windows, felizmente é possível postergar a reinstalação por anos a fio, bastando para isso aplicar todas as atualizações críticas e de segurança, eliminar o crapware, ser seletivo ao instalar aplicativos, manter o disco rígido (ou SSD) livre de arquivos desnecessários e os dados gravados no HDD, devidamente desfragmentados.

ObservaçãoSSDs utilizam memória flash em vez dos tradicionais pratos magnéticos dos discos rígidos eletromecânicos. Até não muito tempo atrás, os fabricantes desaconselhavam a desfragmentação desses dispositivos, pois o ganho de desempenho é insignificante e o número de vezes que as células de memória podem ser regravadas é limitado. Hoje em dia, tanto o utilitário nativo do Windows quanto a maioria dos desfragmentadores de terceiros identificam a tecnologia do drive e aplicam o processo adequado.

O próprio Windows conta com utilitários de limpeza de disco, correção de erros e desfragmentação de dados. Para executá-los, dê um clique direito no ícone que representa a unidade onde o sistema se encontra instalado (geralmente C:), clique em Propriedades e no botão Limpeza de Disco

Concluída a limpeza do disco, clique na aba Ferramentas da janelinha das Propriedades de Disco Local e, nos campos Verificação de erros e Otimizar e desfragmentar a unidade, pressione os botões Verificar e Otimizar.

Observação: A Microsoft não disponibiliza um utilitário nativo para limpar e compactar o Registro nem recomenda utilizar ferramentas de terceiros — como os populares CCleaner e Advanced System Care —, mas isso é outra conversa. 

Excluir arquivos temporários também é importante, tanto para economizar espaço no disco quanto para evitar a degradação do desempenho do sistema. Como a Limpeza de Disco (e suas equivalentes nas suítes de manutenção retrocitadas) não elimina todos os arquivos temporários, convém “dar o acabamento” manualmente. Para isso, abra o menu Executar (pressionando Win+R), digite “temp” (sem aspas) na caixa de diálogo e clique em OK, selecione os arquivos listados e pressione a tecla Delete. Em seguida, no mesmo menu Executar, digite “%temp%” (também sem as aspas), selecione e apague os arquivos.

Alguns procedimentos devem ser executados com muita cautela. Deletar a pasta System32, editar o registro manualmente e formatar o disco rígido do computador a partir do prompt de comando são exemplos de ações que podem comprometer o funcionamento do computador, e algumas alterações só podem ser desfeitas mediante a Restauração do Sistema (que nem sempre funciona) ou, em situações extremas, com a reinstalação do Windows.

Presente desde o Win95, a pasta System32 abriga as famosas DLL (bibliotecas do Windows), que são fundamentais para o bom funcionamento do sistema e também de uma série de programas. Portanto, nem pense em deletar manualmente ou acionar qualquer comando que elimine esse diretório. Apagar a System32 deixará o sistema instável ou impedirá sua reinicialização depois que o computador for desligado. Para corrigir esse tipo de problema, só restaurando o Windows ou reinstalando o sistema.

Continua...

quinta-feira, 10 de março de 2022

DORIA NA BERLINDA. DE NOVO.

 

A porta-voz do Ministério do Exterior da Rússia disse nesta quarta-feira que as tropas de Vladimir Putin não pretendem derrubar o governo ucraniano nem ocupar o país. A meta, segundo ela, é "cessar o derramamento de sangue" por meio de um acordo, e não de uma guerra. Pode parecer que depois de tantas derrotas no campo de batalha e na economia o carniceiro do Kremlin afinou e resolveu negociar, mas, na avaliação de Diogo Mainardi, isso não é verdade: Putin está pronto para derramar mais sangue, bombardeando civis e militares, e sofrer novas derrotas. 

Em pronunciamento dirigido às tropas russas, o presidente da Ucrânia disse que elas só encontrarão "a captura e a morte" no país, e a única chance de sobreviverem e serem livres é abandonar o território ucraniano. “Soldado russo, você tem chance de sobreviver. Há quase duas semanas, nossas forças estão mostrando que não vamos nos render. São nossas casas, nossas famílias e nossos filhos. Se vocês forem embora, têm chance de se salvar. Não acreditem em seus comandantes. Aqui só espera vocês a captura e a morte. Eles podem quebrar as casas, as escolas, as igrejas, e até as empresas, mas nunca chegarão à nossa alma, ao nosso coração e à nossa capacidade de viver com liberdade”.

***

Às vésperas das eleições de 2018, um vídeo que viralizou nas redes sociais exibia o então candidato ao governo de São Paulo, João Doria, deitado numa cama com ao menos cinco mulheres. À época, o tucano afirmou tratar-se de uma fake newsvergonhosa” e “grotesca”. O jornal "O Globo" chegou a noticiar que a campanha de Doria teria acusado o adversário Márcio França (PSB) de haver produzido a farsa. França deu sua versão e lamentou a divulgação das imagens.

Agora, quase quatro anos depois e a 7 meses do pleito presidencial, o assunto volta à baila devido à informação de que a Polícia Federal não encontrou sinais de adulteração no vídeo. Nesta terça-feira, Doria acusou a PF de perseguição. Segundo ele, a instituição decidiu ressuscitar a investigação justamente quando se aproximam as próximas eleições presidenciais, mas, ao invés de investigar os autores do crime, utiliza essa fake news para atingir a vítima da armação.

Lamentavelmente, uma parte da instituição de Estado tem sido utilizada para propósitos políticos, como já ocorreu recentemente com outros pré-candidatos à presidência. É uma afronta ao Estado Democrático de Direito”, disse o tucano, e acrescentou que não se intimidará: “Não me intimidei na época desse crime e não me intimidarei com essa tentativa rasa para prejudicar a minha pré-candidatura".

Doria tem pontuado entre 2% e 3% nas pesquisas de intenção de voto nacionais. Segundo a CNN, pesquisas encomendadas pela assessoria do governador mostram um enorme descolamento entre a avaliação de seu governo e a do candidato João Doria. A gestão é bem avaliada pelos paulistas, mas a imagem do candidato tucano patina. Sua candidatura é alvo de desdém de rivais e de ceticismo por parte de correligionários. O tucano pondera que desistir tão antes do prazo das convenções não faz sentido politicamente, e que, depois de deixar o comando de São Paulo — no final deste mês —, ele poderá dedicar à pré-campanha e melhorar seus números. Mas adianta que trabalhará para eleger o candidato mais bem posicionado na terceira via caso não haja uma guinada até junho.

Para reduzir a rejeição — hoje uma das maiores entre os postulantes ao Planalto —, a equipe de Doria traçou um roteiro que envolve levar ao público nacional os feitos do governo de São Paulo e a trajetória do tucano. De acordo com seus estrategistas, o eleitor muitas vezes não sabe explicar por que não gosta do governador. Essa implicância tende a ser mais fácil de ser mitigada do que a de candidatos que têm, por exemplo, a corrupção como motor de aversão por parte do eleitor.

Ninguém precisa de bola de cristal para prever que o ano eleitoral de 2022 será o que os romanos chamavam de “Annus Terribilis”. Não bastassem a pandemia (que se recusa a acabar), a volta da inflação e da alta dos juros, o baixo crescimento e, mais recentemente, a guerra no leste europeu, uma campanha eleitoral suja e sangrenta se avizinha. Para piorar, qualquer que seja o desfecho, governar sem pacificar o país será uma missão quase impossível.

Diante das evidências, montar cenários positivos não deve estar sendo fácil para o pessoal do ramo. Já os aspectos emocionais, psicológicos e mentais da população são difíceis de ser avaliados e quantificados, mas todo mundo sabe o que todo mundo sente, no bolso, na autoestima, na saúde, na família, na produtividade, na alma, que resultam em raiva e frustração.

Triste Brasil.

FRAUDES E MAIS FRAUDES

QUEM AVISA AMIGO É!

Kevin Mitnick, o papa dos hackers dos anos 1970/80, dizia que “computador seguro é computador desligado (e que mesmo assim um invasor competente poderia induzir o usuário a ligar a máquina). Trata-se de um frase de efeito, naturalmente. Mas... será mesmo?

O trojan de fraudes bancárias BRata, identificado pela primeira vez no Brasil em 2019, foi repaginado. Agora, além de limpar as contas, ele executa uma redefinição de fábrica no dispositivo (Android) para apagar quaisquer vestígios após uma tentativa de transferência bancária não autorizada. "Depois de realizar uma transferência bancária do aplicativo da vítima, a praga força uma redefinição de fábrica no dispositivo”, advertem os pesquisadores da Cleafy.

Não há evidências de que o BRata esteja se espalhando por meio da Google Play ou por outros canais oficiais do Android, como ocorreu no passado. Acredita-se que a disseminação se dê através de mensagens de phishing disfarçadas de alertas bancários.

Outra maracutaia para executar ataques ransomware: o internauta acessa determinados sites e é incitado a atualizar seu navegador. Quando ele clicar na mensagem, uma extensão do tipo APPX (formato lançado com o Windows 8, mas que também funciona no Win10 e Win11) é instalada no Chrome ou no Edge.  

Em segundo plano, o programa wjoiyyxzllm.exe executa a biblioteca wjoiyyxzllm.dll e baixa o malware Magniber, que, ao ser executado “sequestra” os arquivos (criptografando os dados) e exige o pagamento de "resgate".

A mensagem diz em inglês que que os arquivos não foram danificados e podem ser recuperados, mas que tentativas de liberação utilizando softwares de terceiros resultarão na destruição dos dados. Um link que funciona apenas no navegador Tor direciona a vítima para o pagamento e obtenção da chave criptográfica, que, até o momento, é a única forma de recuperação dos dados.

De nada adianta trancar a casa a sete chaves e deixar o chaveiro ao lado dos cadeados. Mas mesmo usuários "responsáveis" estão sujeitos a “atos falhos” e podem clicar inadvertidamente em notificações de atualização —e, quando se dão conta (segundos ou minutos depois de cometar a burrada), já é tarde demais.

O ransomware Magniber não é novo, conquanto venha se valendo de novos métodos para atacar dispositivos. Ele também pode baixar outros malwares durante a instalação, mas, diferentemente da maioria dos ataques deste tipo, não adota a tática de extorsão dupla — ou seja, não copia os arquivos antes de criptografar os sistemas (para chantagear novamente a vítima, ameaçando a divulgação dos dados após o pagamento do resgate).

Tanto o Google Chrome quanto o MS Edge atualizam-se automaticamente, de modo que você não precisa (e nem deve) baixar qualquer atualização, sobretudo se a origem for um site não oficial. Mas ataques baseados em phishing (que ludibriam os internautas mediante links maliciosos e aplicativos falsos travestidos de algo útil ou interessante) vitimaram 150 milhões de pessoas no Brasil em 2021, segundo dados da PSafe.

Manter os sistemas e os aplicativos atualizados e instalar uma solução de segurança baseada em Inteligência Artificial, que bloqueia as ameaças antes da instalação, são medidas preventivas importantes, mas não infalíveis, pois o elemento humano é o elo mais frágil da corrente. Ainda assim, o conhecimento, aliado à prevenção, é a nossa melhor (única?) defesa. 

quarta-feira, 9 de março de 2022

MAMÃE, FALEI. E DEU MERDA.



Depois de falar merda na Ucrânia, onde se encontrava para, segundo ele, mostrar e esclarecer ao Brasil sobre informações falsas sobre a invasão da Rússia ao país vizinho, o deputado Mamãe Falei, menos conhecido como Arthur do Valretirou sua pré-candidatura ao governo do Estado. Ao tomar conhecimento do vazamento do áudio, o parlamentar afirmou que as falas se deram em um "momento de empolgação". 

Do Val havia migrado do MBL para o Podemos para impulsionar a candidatura de Sergio Moro à Presidência, e agora coleciona nove representações individuais e três coletivas pedindo sua cassação por quebra de decoro. O próprio ex-juiz divulgou uma nota de repúdio a suas declarações.  

Como anotou Josias de Souza em sua coluna no UOL, Mamãe Falei trocou uma zona de guerra por outra. Na Ucrânia, ele atacou a dignidade humana dizendo que as mulheres daquele país são "fáceis" por serem pobres. De volta a São Paulo, comparou-se ao colega Fernando Cury, que foi flagrado apalpando os seios da deputada Isa Penna em plenário, mas amargou apenas uma suspensão. "Eu vou ser cassado por um áudio?", perguntou em entrevista à Folha. "Eu errei. Agora, é claro que parte dessa consequência política de cassação é por eu ser quem eu sou." 

Se a Alesp não cassar o fala-merda, o velho espírito de corpo dará lugar ao espírito de porco. Por outro lado, não custa lembrar que a pastora evangélica Flordelis, apontada como mandante da morte do marido, Anderson do Carmo, se escudou na imunidade parlamentar por quase dois anos e seguiu firme na vidinha de deputada federal, religiosa e cantora, com fé na expectativa de que a providência divina a livraria da cadeia (mas, por via das dúvidas, alinhava no plano terreno alianças políticas para se salvar na Câmara e, ao mesmo tempo, evitar a derrocada de sua igreja), até finalmente ser cassada, em agosto do ano passado.

Num país onde um criminoso condenado (em três instâncias) a mais de 20 anos deixa a prisão após míseros 580 dias, é convertido em ex-corrupto pela ala "cumpanhêra" do  judiciário e periga ser eleito (pela terceira vez) presidente desta merda, dizer o quê? Viva o povo brasileiro, que tem o governo que merece e merece os governantes que tem. E por falar nisso...

Algumas pessoas estão em constante evolução. Lula, por exemplo, se autoproclamou “uma metamorfose ambulante”. Faz sentido: em pouco mais de meio século o egun mal despachado passou de retirante nordestino a engraxate, vendedor de laranjas, office boy, metalúrgico, líder sindical, fundador de partido político, presidente da República, presidiário e “ex-corrupto”. Uma trajetória e tanto.

Bolsonaro é outra “metamorfose ambulante”: em pouco mais de três décadas, passou de mau militar a parlamentar medíocre e, graças a uma trágica conjunção de fatores, tornou-se presidente do Brasil. Essa usina de crises não entrou para a seleta confraria de impichados — ou não foi internado num manicômio — não porque faltem leis nesta banânia, mas porque falta vergonha na cara aos brasileiros.

Enquanto a Bahia amargava um final de ano com chuvas torrenciais, o sultão do bananistão comemorava o Natal no litoral paulista e o réveillon em Santa Catarina. Sobre a vacinação de crianças contra a Covid, disse esperar que “não houvesse interferência do judiciário” — e assegurou que sua filha (de 11 anos) não seria imunizada. Na praia, foi filmando passeando de Jet-Ski, cantando e dançando funk com apoiadores e tripudiando dos idiotas que o elegeram para governar. Dias atrás, quando tudo indicava que a Rússia invadiria a Ucrânia a qualquer momento, insistiu em fazer mais uma turnê internacional a custa dos contribuintes.

No ano passado, quando esteve em Nova Iorque, sua alteza e os bobos da corte que o acompanhavam jantaram  pizza em pé, na calçada, feito um bando de indigentes. Na Europa... enfim, foi patético. No leste europeu, depois que obteve a foto que foi buscar ao lado de Putin (para mostrar a seus seguidores que ele não é um pária global) e de participar de uma homenagem a soldados comunistas, o monarca sugeriu que sua visita poderia ter algo a ver com o anúncio de retirada de tropas pela Rússia. Para completar, numa despropositada vista à Hungria, chamou o premiê de “irmão”.

Observação: Quando o ex-ministro Ricardo Salles bombou memes sugerindo que o “mito” levaria paz ao leste europeu, parte da extrema direita tomou mais essa balela por verdade absoluta (mais ou como os petistas acreditaram, anos atrás, que Lula seria laureado com o Nobel da Paz — e o pior é que essa escumalha vota).

Se, como presidente, o “mito” dos despirocados é incapaz de tirar água de dentro de uma bota que venha com as instruções impressas no calcanhar, que dirá intermediar a paz entre nações? Mas o que mais espanta é desvarios como esse serem tomados por verdade pelos descerebrados que apoiam sua reeleição. Parece impossível haver gente que acredita nisso, mas há. E o pior é que essa gente vota — como votam os lunáticos que acreditam que Lula foi inocentado e que é a “alma viva mais honesta do Brasil”.

Em julho de 2019, um levantamento do Datafolha apontou que 7% dos brasileiros acreditam que a Terra é plana. Se quase 15 milhões de almas acreditam que o planeta assombrado por elas é mais parecido com uma pizza do que de uma bola de futebol, o fato de muita gente acreditar que Bolsonaro é uma espécie de Messias não deveria causar espécie. Mas causa.

Não é uma questão de exploração da população com menos acesso à informação, explica Diogo Mainardi, mas de manipulação do naco da sociedade que deseja consumir somente aquilo em que já acredita. Ou seja: esses anormais querem elementos que comprovem a infalibilidade de seu líder — se o “mito” estiver errado, eles também estarão.

Falta amor no mundo, mas também falta interpretação de texto. E vai sobrar muito chinelo velho para pé cansado daqui até outubro.

WINDOWS 10 — DICAS

A VIDA É UMA ESTRADA ONDE AS PESSOAS DERRAPAM DE UM LADO PARA OUTRO E DIRIGEM NA CONTRAMÃO.

Se suas pastas preferidas (ou as que você usa mais) não aparecem no menu "Enviar para":

1) Clique com o botão direito sobre cada uma delas (uma de cada vez) e selecione a opção "Criar um atalho". 

2) Abra o Explorador de Arquivos, digite "shell:sendto" (sem aspas) na barra de endereços e pressione a tecla Enter

3) Arraste (ou copie e cole) para dentro dessa pasta todos os atalhos que criou na área de trabalho. 

Lista de Atalhos é outro recurso interessante. Um clique direito sobre um dos ícones da Barra de Tarefas abre uma telinha que exibe os últimos arquivos abertos naquele programa. Mas é possível afixar nessa lista os arquivos que você acessa frequentemente. Para isso, clique e arraste o arquivo para a Barra de Tarefas ou simplesmente clique no pino que fica ao lado do nome do arquivo.

Você forçará menos as vistas se reconfigurar o tamanho do texto, aplicativos e outros itens. Clique em Iniciar > Configurações > Sistema > Vídeo e faça os ajustes na seção “Ajustar escala e layout”. Note que existe um valor de aumento padrão, mas também é possível personalizar a porcentagem.

Ajustar a resolução do monitor faz com que tudo fique mais nítido. Na mesma tela que você configurou o layout, escolha a resolução marcada como “Recomendável” e aproveite o embalo para explorar as opções disponíveis em "Configurações de escala avançada" e habilitar a luz noturna (você pode ajustar a temperatura da cor e definir os períodos em que o recurso deve ser ativado).

O próprio sistema possui uma configuração padrão para a calibragem de cores, mas é possível deixar a visualização de imagens mais agradável digitando “calibrar cores do vídeo” na caixa de pesquisas da Barra de Tarefas e seguindo o passo a passo que explica como cada ajuste funciona. Quando a calibragem de cores é finalizada, surge a opção do “Otimizador de texto ClearType”, mas você pode fazer esse ajuste a qualquer tempo digitar “cleartype” (se aspas) na caixa de pesquisas da Barra de Tarefas.

Continua...

terça-feira, 8 de março de 2022

ELEIÇÕES 2022 — SALVE-SE QUEM PUDER!

Pode-se não gostar de Ciro Gomes — e eu não gosto —, mas é preciso reconhecer que ele sabe das coisas: “Não dá para a gente votar no Bolsonaro para protestar contra o desastre econômico e de corrupção do PT e do Lula. E, agora, votar no Lula para protestar contra o desastre que Bolsonaro representa. É preciso ter calma e, acima de tudo, construir caminhos de diálogo”. 

Pena o cearense de Pindamonhangaba não ser uma opção válida para quem quer que esta banânia tenha um presidente (mais ou menos) como manda o figurino. Aliás, sociólogo Antonio Lavareda lembra que os franceses costumam dizer que "o segundo turno não é sobre quem ganha, mas sobre quem perde; a rejeição é que decide". Se for realmente assim, ninguém conseguirá se eleger.

***

Neste domingo, 6, o presidente ucraniano disse que, em vez de perdão, haverá julgamento sobre as atitudes da Rússia contra o país vizinho. A terceira rodada de negociações visando ao cessar foi remarcada para a manhã de ontem. A Rússia disse que militares interromperam fogo e abriram corredores humanitários em várias cidades ucranianas, mas os canais de retiradas de civis levam apenas para território russo e para seu aliado, Belarus, um movimento imediatamente denunciado por Kiev como “um golpe imoral.” O anúncio veio após dois dias de cessar-fogo fracassado para permitir que civis fugissem da cidade sitiada de Mariupol, onde centenas de milhares de pessoas estão presas sem comida e água, sob bombardeio implacável e incapazes de retirar seus feridos.

Aqui em Pindorama fica cada vez mais evidente que os partidos estão mais interessados em aumentar suas fatias dos fundos partidário e eleitoral do que em sustentar uma candidatura ao Palácio do Planalto. Moro patina nas pesquisas e, depois das falas infelizes de Kin Kataguiri e Mamãe Falei, enfrenta dificuldades ainda maiores para fazer frente à abjeta dicotomia representada por Lula Bolsonaro (uma coisa é a gente torcer pelo sucesso da terceira via, e outra é a gente se negar a ver os fatos como eles são).

Num cenário polarizado, a verdade é o que menos importa. Para além do direito a suas próprias opiniões, as pessoas agem como se fossem donas dos fatos. Somente “seus fatos” importam. Para elas, ou os outros pensam igual, ou estão errados. Não existe meio-termo nesse “nós contra eles”.

Sectários do lulopetismo corrupto e do bolsonarismo boçal comemoram decisões judiciais que favorecem seus amados líderes — ou desfavorecem os adversários, que eles veem como inimigos figadais —, mas criticam-nas duramente quando a situação se inverte.

Parafraseando Sir Winston Churchill, “fanático é todo aquele não pode mudar de ideia e não quer mudar de assunto”. Não há como dialogar com esse tipo de gente. Para essas vítimas da ignorância, do preconceito e da hipocrisia, argumentos são meros detalhes; o que importa é “ganhar a discussão” a qualquer preço.

Lula e Bolsonaro são farinha do mesmo saco (ou duas faces da mesma moeda, como queiram). E o mesmo se aplica a seus seguidores incondicionais, que os veem como entes divinos, acima do bem e do mal e fora do alcance das leis — que no Brasil parecem ser criadas por criminosos para favorecer criminosos. E dar a chave do berçário a Herodes Antipas (o rei da Judeia que mandou assassinar todos os bebês nascidos na data hoje santificada, quando soube que Jesus Cristo poderia vir a ser o novo rei dos judeus) é o mesmo que descriminalizar o infanticídio.

Segundo as enquetes eleitoreiras, o pleito presidencial de outubro próximo será um embate entre os dois populistas demagogos que ocupam os extremos opostos do espectro político-ideológico. Diante disso, a solução seria o aeroporto, mas a pandemia e o negacionismo desbragado do candidato à reeleição transformou os brasileiros em párias. Diogo Mainardi diz que, entre votar em Lula ou Bolsonaro, é preferível se atirar do Campanário de São Marcos. Para ele, que mora na Itália, isso é fácil. Para os paulistanos, resta o Viaduto do Chá.

Diz um ditado que "enquanto há vida, há esperança". Porém, se existem chances reais de um “outsider” romper a dicotomia, seja abatendo o nefasto capitão cloroquina em seu voo de galinha rumo à reeleição, seja mijando no chope do bocório pernambucano — inclusive no primeiro turno, já que o imprevisto sempre pode ter voto decisivo na assembleia dos acontecimentos —, está mais que na hora de vermos mudanças no cenário sucessório.

O Antagonista diz que o ex-juiz Moro e o ex-presidiário Lula já se tratam como adversários prováveis e sugerem um duelo clássico: quem terá maior competência política para fazer prevalecer a própria narrativa e bloquear a do adversário. Grosso modo, ambos brigam por assumir os mesmos atributos aos olhos do eleitorado, consideram-se vítimas de injustiças praticadas por poderosos que ousaram desafiar e acreditam que erros políticos ou de conduta pessoal cometidos no passado sejam relativizados à luz dos objetivo que cada qual quis alcançar.

A Lula sobra o cinismo que o surrado animal político consolidou em mais de meio século de atividade política, numa riquíssima trajetória que percorreu da defesa de convicções rumo à busca de oportunidades (de todo tipo); a Moro falta a arte da dissimulação, mas sobra a convicção (pois entendeu bem Maquiavel) que em política é impossível realizar princípios, mesmo os do Direito. O que cada um apregoa como mérito e virtude é exatamente o que o outro afirma ser vileza e vício.

Observação: Graças a um prodígio de suprema magia, Lula passou de ex-presidiário a ex-corrupto e foi reinserido no tabuleiro da sucessão presidencial. Quando chefe do Executivo tupiniquim, o petralha demonstrou simpatia por autocratas cruéis (como Ahmadinejad, Castro, Gaddafi, Maduro e Ortega), chamou facínoras sanguinários de “irmãos” e financiou grupos terroristas (como o Hezbollah e o Hamas contra Israel) e ditaduras horrendas (como Cuba, Nicarágua e Venezuela). Como até um relógio quebrado acerta a hora duas vezes por dia, o sumo pontífice da seita do inferno ironizou a narrativa bolsonarista de que o encontro do “mito” com o presidente russo resultou na retirada de parte das tropas da fronteira com a Ucrânia — o que só teria algum fundo de verdade caso a ideia de Putin fosse ridicularizar o colega brasileiro, visto que a Rússia invadiu a Ucrânia menos de uma semana depois. Bolsonaro & filhos são umbilicalmente ligados a milicianos cariocas. Fabrício Queiroz — unha e carne com o capetão há quatro décadas — foi o operador confesso das rachadinhas do então deputado estadual e atual senador Flávio Bolsonaro. Isso sem falar que o clã já condecorou um assassino de aluguel, morto em tiroteio na Bahia, que Queiroz et caterva depositaram cerca de R$ 90 mil na conta da primeira-dama, e que quatro dos cinco filhos do capetão são alvo de investigações. A exceção é a caçula, Laura, de 11 anos — que foi admitida numa escola militar sem ter sido submetida ao processo seletivoEm sua recente viagem à Hungria, Bolsonaro — que, entre outras virtudes, é admirador confesso do coronel Brilhante Ustra, chefe do DOI-Codi e notório torturador dos tempos da ditadura militar — chamou de “irmão” o tiranete Viktor Orbán. Isso depois de ter declarado apoio e solidariedade a Vladimir Putin. Antes disso, durante o périplo turístico que fez pelas Arábias, o capetão cloroquina elogiou o xeique Mohammed Bin Rashid (que sequestrou as próprias filhas), o príncipe Mohammed Zayed (ditador que nunca foi eleito) e Hamad bin Al Khalifa (no poder há 40 anos). Lula e Bolsonaro, entre outras semelhanças (mensalão e petrolão, rachadinhas e mamatas, filhos que enriquecem rapidamente, autoritarismo e obsessão cega pelo poder, mitomania e messianismo, etc.) apreciam esse tipo de gente. Por alguma razão, os dois dos piores políticos da história são os mais cotados — e com largo favoritismo — pelo esclarecidíssimo eleitorado tupiniquim.

Ambos pedem ao eleitor que faça um julgamento moral. Fala a “verdade” quem diz que prendeu os facínoras e foi traído (Moro) ou quem afirma que os facínoras não o deixaram ganhar as últimas eleições (Lula)? 

Isso nada tem a ver com qual dos dois é o detentor da veracidade objetiva dos fatos recentes: na política, fatos não são elementos objetivos irrefutáveis, mas a percepção que as pessoas têm dos acontecimentos. O ambiente caótico das redes sociais tornou essa lição ainda mais importante — aliás, adversários políticos hoje sequer se entendem sobre o que seriam os fatos a serem discutidos.

Por enquanto, um hipotético um embate Lula-Moro no segundo turno fascina apenas a ínfima parcela de quem acompanha profissionalmente a política. Prova disso é que, na mais recente lista de buscas frequentes no Brasil em 2021 divulgada pelo Google, não figura nas principais categorias qualquer acontecimento ou nome ligado diretamente à política, mas sim o medo da Covid, a emoção com mortes súbitas de figuras queridas e o horror ligado a crimes (além de como arranjar um emprego e ser feliz na relação).

Julgamentos morais são coisa rara em eleições. “Justiceiro” (Moro) e “Injustiçado” (Lula) talvez só fizessem sucesso se estivessem num dos vários reality shows que dominam totalmente a lista dos programas favoritos na TV.

NOVIDADES NO WINDOWS 11

EM TODA GUERRA, A PRIMEIRA VÍTIMA É SEMPRE A VERDADE.

A atualização de fevereiro trouxe ao Windows 11 a prévia pública do suporte a apps Android, além de melhorias para a Barra de Tarefas, Media Player e Bloco de Notas repaginados, emojis 3D e... bugs de impressão e CPU (que a esta altura já devem ter sido corrigidos).

Quando redigi este texto, o suporte ao Android só estava disponível para usuários dos EUA. Já havia gambiarras que permitiam acessar Google Play Store no Brasil, mas difíceis de implementar por leigos e iniciantes, já que habilitar o suporte ao Google Play Services e à loja do Android requer a alteração de parâmetros do Subsistema Windows para Android. 

Observação: Esse recurso já vinha sendo avaliado (desde outubro de 2021) através do programa Windows Insider, mas a experiência era bastante limitada, com disponibilidade de apenas 50 títulos — incluindo Clash of KingsThe Washington Post e Coin Master, entre outros.

Já a Barra de Tarefas recebeu diversos aprimoramentos, entre os quais se destaca o widget “Notícias e Interesses”, que foi redesenhado especialmente para a nova versão do Windows. Agora é possível conferir informações sobre o tempo e clima a partir do ícone localizado à esquerda da interface, bem como gerenciar transmissões de tela e acesso ao microfone com apenas alguns cliques, o que aprimora a experiência de conferências no Microsoft Teams.

O Media Player e o Bloco de Notas ganharam um visual atualizado. O reprodutor de mídia foi baseado no Groove Música, mas recebeu incrementos que lhe permitem substituir com vantagens o app Filmes e TV. Já o editor de texto oferece uma experiência atualizada, com melhor disposição de ferramentas e (finalmente) suporte ao modo escuro.

Os prometidos emojis 3D são compostos por quase duas mil figurinhas com moldes tridimensionais, conforme, aliás, a Microsoft havia antecipado em meados do ano passado. Por enquanto, somente membros do programa Windows Insider podem conferir a novidade e apenas na versão de teste do no Microsoft Teams (a novidade está presente na “prévia pública” da plataforma de comunicação).

segunda-feira, 7 de março de 2022

PANE NO ITAÚ, O SWIFT E A MELHOR VODCA RUSSA

Devido à pane da última quinta-feira, o Procon/SP notificou o Itaú Unibanco para que informe quais serviços ficaram prejudicados, quantos clientes foram afetados, quais providências e protocolos de segurança foram implementados, quantas reclamações foram registradas nos canais da empresa e se a clientela estava sendo direcionada para canal específico de atendimento.

Na noite da própria quinta-feira o banco emitiu uma nota negando eventual ataque hacker. Disse ainda que o problema havia sido sanado, que os extratos de saldos dos clientes estavam atualizados e que eventuais prejuízos serão ressarcidos. Mas reclamações continuaram pipocando ao longo da sexta-feira, ainda que em menor número do que na véspera. 

Segundo o site Migalhas, chamou atenção o tratamento dado ao problema pela grande mídia. Foram divulgadas apenas pequenas matérias ou notinhas relativizando a "falha técnica". 

Talvez a imprensa tenha se inspirado em Vladimir Putin, que não admite falar em “guerra”, “invasão” e exige dos veículos de comunicação russos que se refiram ao massacre sanguinário como "operação militar especial".

Falando em bancos, para além de ser o nome de uma empresa de frios, embutidos e enlatados fundada por Gustavus Franklin Swift e vendida à JBS em 2007, Swift a sigla que designa um sistema internacional utilizado pelos bancos para “conversar entre si”, do qual a Rússia foi excluída depois que invadiu a Ucrânia (entre outras sanções).

O Swift reúne 11 mil bancos de 200 países e processa 8 bilhões de transferências por ano. Ficar de fora desse sistema é dor de cabeça na certa, não só para o banco banido como também para a balança comercial do país (por comprometer as transferências de valores e o acesso ao lastro, a exclusão do Swift estrangula a liquidez da moeda e resulta na perda do poder de compra do rublo).

ObservaçãoGazprombank foi mantido com seu código Swift intacto. A Gazprom é a “Petrobras da Rússia” e tem seu próprio banco. É através dele — e do Sberbank, o maior banco da Rússia e que também foi poupado — que os países europeus pagam pelo gás natural e pelo petróleo que compram dos russos. Caso ambos esses bancos fossem tirados do Swift, a economia russa seria ferida de morte, mas, por outro lado, seria criado um furdunço global, pois os preços do gás e do petróleo atingiriam patamares impensáveis. 

Para facilitar o entendimento, imagine que você encomendou uma caixa da excelente vodca Beluga (considerada a melhor vodca produzida na Rússia, ou melhor, no coração da Sibéria) e o fornecedor lhe pediu que depositasse o pagamento em sua conta no Bank Rossiya

Antes da sanção, bastaria você abrir o app do seu banco, selecionar "transferências"; depois "câmbio", inserir o "código Swift" do banco destinatário (que é ROSYRU21CNT) e digitar o número da conta para concluir a transação. Com o Rossiya excluído do Swift, você não terá como pagar o fornecedor, que, consequentemente, não lhe enviará a mercadoria. 

Caso você não esteja disposto a tomar Smirnoff nacional enquanto durar essa guerra estúpida, sugiro mudar para a polonesa Wyborowa ou a sueca Aboslut, que nada ficam devendo às melhores vodcas russas.

CORREÇÃO DE ERROS NO WINDOWS 10 — PARTE V

SER BOM O SUFICIENTE É MAIS DO QUE ACEITÁVEL, E PERCEBER ISSO NOS LIVRA DA PRESSÃO DA BUSCA INCESSANTE PELA PERFEIÇÃO. LEMBRE-SE: O ÓTIMO É INIMIGO DO BOM.

É possível reatribuir à tecla F8 a função que ela exercia nas versões do Windows anteriores ao Win8.1, qual seja de interromper o boot e convocar o Modo de Segurança. Para isso, abra o Prompt de Comando com privilégios de Administrador, digite “bcdedit /set {default} bootmenupolicy legacy” (sem aspas), pressione Enter, digite "exit" (sem aspas)" para sair do Prompt e reinicie o computador. 

Observação: Note que os boots subsequentes (falo dos normais) irão demorar um pouco mais, até porque a ideia é a retardar a inicialização de modo a possibilitar a ação da tecla F8. Caso queira desabilitar o acesso ao Modo de Segurança via tecla F8, torne a abrir o Prompt como administrador, escreva “bcdedit /set {default} bootmenupolicy standard” (sem aspas), tecle Enter, encerre o programa e reinicie o computador.

No Win XP, o command.com do velho MS-DOS, presente nas edições 3.x e 9x/ME, deu lugar ao cmd.exe. Na prática, o DOS foi reduzido a um interpretador de linha de comando (útil apenas em procedimentos de manutenção e outras tarefas específicas). Ao lançar o Win 8, a Microsoft substituiu o prompt tradicional pelo Power Shell, mas o modelo antigo pode ser acessado até hoje pelo menu Executar (basta digitar cmd.exe e teclar Enter).

Se você quiser restabelecer a condição de interpretador padrão do velho Prompt, clique em Iniciar > Configurações > Personalização > Barra de tarefas e desligue o botão ao lado de Substituir Prompt de Comando pelo Windows PowerShell no menu quando eu clicar com o botão direito do mouse no botão Iniciar ou pressionar Windows + X.

Observação: Note que nem todos os comandos que funcionavam no command.com das versões 3.x/9x/ME funcionam no cmd.exe das versões XP/Vista/7 ou no PowerShell do Win10. E vice-versa (esta postagem traz diversas informações sobre o MS-DOS e esta, sobre o Windows Power Shell).

Veremos no próximo capítulo como acessar o modo de segurança nos smartphones — que são microcomputadores ultraportáteis e, a exemplo de seus irmãos maiores, controlados por um sistema operacional sujeito instabilidades, panes e travamentos causados por apps malcomportados ou mal-intencionados (malwares). Como nem sempre é possível remover um aplicativo problemático com sistema carregado, não custa nada você saber como reiniciar o telefone no modo seguro.