sábado, 21 de setembro de 2024

COMO FUGIR DE GOLPES POR TELEFONE

FUJA DOS POBRES ENRIQUECIDOS E DOS RICOS EMPOBRECIDOS.


A popularização do correio eletrônico abriu as portas para o spam — mensagens em massa com conteúdo publicitário , e o spam evoluiu para o scam — mensagens que utilizam engenharia social para induzir as vítimas em potencial a abrir anexos maliciosos e clicar em links fraudulentos. Como se não bastasse, as denúncias de roubo de identidade aumentaram 128% nos últimos 12 meses, em parte porque os cibercriminosos passaram a aplicar seus golpes infames também pelo WhatsApp e pelo telefone. 
 
Observação: Basta pesquisar o Blog para encontrar dezenas de postagens sobre esse problema, bem como dicas para se precaver das maracutaias, mas eu achei por bem revisitar o assunto não só porque as ligações e mensagens provenientes de números desconhecidos ou não identificados vêm aumentando, mas também porque as técnicas usadas pelos golpistas estão cada vez mais sofisticadas. 

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Reza a sabedoria popular que "os sábios falam porque têm algo a dizer, e os tolos, porque têm que dizer alguma coisa". A jugar pelas escolhas do eleitorado tupiniquim, dizer que "a voz do povo é a voz de Deus" é insultar o Criador. 
Por outro lado, o fato de 58% dos 2 mil brasileiros ouvidos pelo Ipec acharem que Lula não deve disputar a reeleição em 2026 confirma que "toda regra tem exceção". E o discurso em que o macróbio reiterou sua aversão às privatizações (na cerimônia de inauguração do Complexo de Energias Boaventura, ex-Comperj) é a prova provada de que "burros velhos não aprendem truques novos".
Diz outro ditado que "em boca fechada não entra mosca". A fala do Lula não só foi ofensiva (porque ignora as perversões que marcaram suas gestões anteriores) e descabida (porque seu governo não dispõe de força para reestatizar as companhias), como presenteou a oposição (de viés majoritariamente paleolítico) em plena temporada eleitoral.
Devolvido ao Planalto por uma frente ampla que incluiu a defesa da democracia, Lula assistiu em maio do ano passado à condenação de Fernando Collor — oito anos e dez meses de cadeia — por desviar cerca de R$ 20 milhões dos cofres da BR Distribuidora. Coisa iniciada em 2010, sob Lula, e consumada até 2014, sob Dilma.
Além do velho Comperj, o governo direciona investimentos da Petrobras para a Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Travados em 2015 pela corrupção, os dois empreendimentos resultaram em prejuízos de US$ 27 bilhões, segundo o Tribunal de Contas da União. 
É uma pena que Lula não cultive o hábito da leitura. Poderia descer do Mundo da Lua por um instante para degustar um conto "As Neves do Kilimanjaro". "O seu pico ocidental chama-se 'Ngàge Ngài', a Casa de Deus", escreveu Ernest Hemingway. "Junto a este pico encontra-se a carcaça de um leopardo. Ninguém ainda conseguiu explicar o que procurava o leopardo naquela altitude."
O leopardo do conto pode simbolizar a busca romântica pelo inalcançável ou o espírito de aventura levado à extrema inconsequência. Mal comparando, Lula está em posição análoga à do leopardo, pois a Presidência é o cume da política.
Num instante em que o Brasil está em chamas, Lula deveria se perguntar por que chegou pela terceira vez ao ponto mais alto do Poder Executivo. Do contrário, quando os arqueólogos forem escavar esse pedaço da história, encontrarão sob as cinzas de um Brasil remoto a carcaça de um presidente tão inexplicável quanto o leopardo de Hemingway.
 
O "robocall" começa com uma ligação que cai depois de alguns segundos de silêncio. Os criminosos se valem dessas chamadas para checar se o número está ativo e, caso afirmativo, usá-lo em futuras ligações, quando então tentam extrair informações pessoais para utilizar em fraudes financeiras, compras online e roubos de identidade.
 
Observação: Se o número que aparece na sua tela é de uma cidade, estado ou país onde você não tem parentes nem amigos (nem parentes ou amigos seus estão lá passando férias), não atenda a chamada nem (muito menos) retorne uma ligação pela discagem automática sem atentar para o código de área.
 
Fabricantes como a Samsung (entre outros) configuram seus próprios aplicativos como padrão para ligações e SMS, mas você pode redefinir o
 Telefone do Google, tocar nos três pontinhos, acessar as Configurações e, em Bloquear números, ativar as opções Bloquear números desconhecidos e Bloquear chamadas de spam e scam — lembrando que isso implica o risco de perder chamadas de pessoas ou empresas cujos números não constem da sua agenda de contatos. 
 
Observação: Aplicativos como Truecaller, Whoscall e Hiya oferecem vários níveis de proteção e opções de bloqueio mais específicas, mas você pode reduzir a aporrinhação cadastrando seu número no site do Procon ou no serviço Não Me Perturbe (detalhes nesta postagem). 
 
Desconfie de ligações que solicitam transações, cancelamento de compras ou pix. Jamais forneça senhas, códigos de segurança ou dados bancários por telefone. Se receber uma chamada ou um SMS sobre uma transação suspeita, não ligue para o número informado (que geralmente começa com 0800 para passar credibilidade) nem pressione a tecla sugerida para falar com o atendente (a menos que seja para mandá-lo tomar onde as patas tomam). Em caso de dúvida
, entre em contato com seu banco pelos canais oficiais.

Onze de cada 10 mensagens oferecendo empréstimos, dinheiro em troca de curtir postagens em redes sociais, propostas de trabalho que exigem pagamento para dar sequência à "contratação" e afins são tentativas de fraude. Se algum contato do WhatsApp pedir dinheiro a pretexto de uma emergência qualquer, confirme por voz ou video. Se cair no conto do vigário, faça um boletim de ocorrência e entre em contato o quanto antes com seu banco, administradora de cartão, site de compras ou seja lá o que for.   

Boa sorte.  

sexta-feira, 20 de setembro de 2024

DE VOLTA AOS OVNIs

HÁ MAIS COISAS ENTRE O CÉU E A TERRA DO QUE SUPÕE NOSSA VÃ FILOSOFIA.

Semanas atrás, um piloto da Gol avistou um objeto voador não identificado em velocidade supersônica e precisou fazer uma manobra evasiva para evitar a colisão. O incidente ocorreu no voo 9109, entre Brasília e Fortaleza, em 24 de janeiro, às 12h10, quando a aeronave estava a 10,6 mil metros de altitude. Outro piloto, da Avianca, e um terceiro, que voava entre Alagoas e Piauí, também relataram avistamentos semelhantes, descrevendo o OVNI como grande, branco e capaz de realizar movimentos em zigue-zague a altíssima velocidade.

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Um dos motivos entre os vários que puseram o PSDB na rota do infortúnio foi a ausência de posicionamento nítido desde que deixou o Planalto. Em outras palavras, os tucanos são tão indecisos que mijam no corredor quando a casa tem mais de um banheiro, e vinham se equilibrando na corda bamba bem antes da eleição de 2002, quando Serra perdeu a Presidência para Lula

A partir de então, o tucanato fez "corpo mole", acreditando que seria beneficiário em 2018 do recall da quase vitória de Aécio Neves em 2014, mas de novo perdeu e jamais se recuperou. O erro dialoga com a falta se senso de oportunidade, mas há equilibristas que se equivocam por excesso de oportunismo — como é o caso de Bolsonaro: fosse mais atento à dinâmica da política como ela é, o ex-presidente levaria em conta os ditames da história para perceber que a deposição dos pés em duas canoas dificilmente dá camisa a alguém. 

Quem faz política precisa ter nitidez de posição. O muro é um lugar confortável, mas eleitoralmente ineficaz. Saber como e quando pular do barco é uma arte na qual o centrão é catedrático. 

Na disputa à Prefeitura de São Paulo, o apoio errático do capetão ao prefeito Ricardo Nunes com sinais de apreço dirigidos a Pablo Marçal para disfarçar a evidência de que o voto dessa direita não tem dono denota insegurança nas escolhas. Sobe naquela corda cujos movimentos tortuosos podem levar a derrubadas estrepitosas. 

Os "nítidos" nem sempre ganham, mas acumulam forças na derrota. Lula, PT e todas as suas idas e vindas são o exemplo mais notável. Conseguiram ganhar cinco eleições presidenciais em oposição a avanços sociais e econômicos como o Plano Real, a privatização das telecomunicações e outros tantos. Como? Tendo a chamada firmeza ideológica.

Goste-se ou não do resultado, sendo o conteúdo muitas vezes para lá de questionável, fato é que o eleitorado não é dado a meios-termos. Notadamente em tempos de torcidas radicalizadas, o líder que vacila candidata-se a perder seu lugar na fila.

O Brasil possui uma longa história de avistamentos de OVNIs. Casos icônicos incluem o de Varginha, a Operação Prato, o Caso Trindade e a Noite Oficial dos Discos Voadores, quando caças da FAB perseguiram objetos misteriosos que surgiram nos radares. Esses relatos, vindos de pilotos civis e militares, controladores de voo e outros profissionais, chamam atenção devido à trajetória e velocidade dos objetos, incompatíveis com aeronaves convencionais.

Em 2004, o Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro divulgou um documento sobre a Noite dos Discos Voadores de 1986, quando 21 objetos foram avistados em São Paulo, Rio, Minas e Goiás. Na ocasião, um bimotor com o coronel Ozires Silva, cofundador da Embraer, detectou três OVNIs sobre São José dos Campos (SP). Um caça da FAB chegou a registrar um objeto a 22 quilômetros de distância, mas o OVNI acelerou para incríveis Mach 15 (18.375 km/h), velocidade inimaginável para aeronaves conhecidas.

Um piloto que voava sobre o litoral catarinense na madrugada de 7 de fevereiro de 2023 disse ter visto no céu de Navegantes "uma bola pequena a grande a uma velocidade dez vezes maior que a de um avião comercial", e relatou que já havia reportado outras ocorrências semelhantes no mesmo lugar. Outro piloto reportou o avistamento de um objeto estático, que aumentava e diminuía nas cores branca e alaranjada, quando se preparava para pousar no aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, e que avistara o objeto em três oportunidades naquela mesma semana. 


Outros cinco objetos com luzes brancas intermitentes foram avistados sobre o município de Ilha Comprida, em São Paulo. Segundo os relatos, os OVNIs faziam movimentos circulares a uma velocidade oito vezes superior à do som (o que descarta a possibilidade de ser um balão meteorológico, satélite, lixo espacial ou qualquer outro fenômeno conhecido).


A ex-comissária da VASP Ana Prudente relatou um incidente em que seu avião foi seguido por um OVNI durante um voo de São Paulo para Belém. A cabine foi inundada por uma luz branca intensa e o rádio da aeronave ficou inoperante até o fim do avistamento. No dia seguinte, ela e os outros tripulantes apresentaram queimaduras misteriosas, mas os exames não detectaram radioatividade.

A Aeronáutica informou que todo o material disponível sobre OVNIs (que cobre 64 anos, de 1952 a 2016, com relatos de pilotos e controladores de voo que avistaram objetos voadores não identificados) foi encaminhado ao Arquivo Nacional, e que esses documentos são o segundo acervo mais acessado, atrás apenas dos da ditadura militar.

O governo dos EUA reconhece a existência dos OVNIs como uma questão de segurança nacional. Apesar disso, muitos relatos continuam sem explicação, enquanto outros foram atribuídos a balões, drones ou fenômenos climáticos. Um relatório de 2021 reacendeu o debate após a divulgação de vídeos mostrando OVNIs desaparecendo no mar. Pilotos militares que antes evitavam relatar incidentes devido ao estigma, agora o fazem com mais liberdade.

O ex-piloto da Marinha Ryan Graves fundou a organização Americans for Safe Aerospace para encorajar pilotos a relatar incidentes com OVNIs. Em depoimento ao Congresso, ele e o major aposentado David Fravor relataram avistamentos durante suas carreiras militares. O ex-oficial de inteligência da Força Aérea David Grusch acusou o governo de encobrir suas investigações sobre OVNIs e afirmou que a tecnologia envolvida ultrapassa qualquer criação humana.

Cada um pode acreditar ou deixar de acreditar no que bem entender, mas nunca é demais lembrar o que o Nobel de Literatura José Saramago em seu Ensaio sobre a cegueira: "a cegueira é um assunto particular entre as pessoas e os olhos com que nasceram; não há nada que se possa fazer a respeito." Trata-se de uma alusão a um tipo de cegueira mental, na qual o autor joga com a diferença entre as palavras ver e olhar. O olhar aparece como o ato de enxergar e o ver, como a capacidade de observar, de analisar uma situação. 

Ao fim e ao cabo, a incapacidade de enxergar além do superficial pode ser encarada como uma alienação do homem em relação a si mesmo.

quinta-feira, 19 de setembro de 2024

SEGURANÇA DIGITAL, BOTS OTP E GOOGLE PASSKEY

A VIDA É COMO O PROGRAMA DO CHACRINHA: SÓ ACABA QUANDO TERMINA.


Registros teóricos de programas de computador capazes de se autorreplicar remontam a meados do século passado, mas o nome "vírus" só foi adotado em 1980. 

Mais adiante, a diversificação das pragas digitais levou à cunhagem do termo "malware" (de malicious software) que passou a designar tanto os vírus quanto worms, trojans, spywares, rootkits e demais códigos maliciosos (mais detalhes em Antivírus - A História).
 
Os primeiros "vírus" saltavam de uma máquina para outra pegando carona em
 disquetes piratas de joguinhos de computador, mas a maioria se limitava a reproduzir sons assustadores e/ou exibir mensagens engraçadas ou obscenas. Criado originalmente para identificar cópias piratas que rodavam no Apple II, o Brain foi compatibilizado com o MS-DOS e se tornou o primeiro vírus para PC.  

A propagação das pragas foi impulsionada pela popularização do Correio Eletrônico somada à capacidade dos emails de transportar arquivos, e não demorou para que os anexos infectados se tornassem a principal "ferramenta de trabalho" dos cibercriminosos. 

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

O eleitorado paulistano já votou em rinoceronte para vereador (Cacareco, em 1954), em Jânio Quadros, Luiza Erundina e Celso Pitta para prefeito (só para ficar nos mais emblemáticos), ajudou os paulistas a elegerem Tiririca deputado federal, e por aí  segue a procissão. 
Diante de tão profícua lista de asnices, eu não me espantaria se essa récua eleger Pablo Marçal, até porque os demais postulantes, mesmo sendo menos ignóbeis, são quem eles são.
Muita gente que assistiu ao debate de terça-feira esperando um repeteco das cenas dantescas do domingo anterior se decepcionou, já que a Rede TV fixou os pés das cadeiras com os parafusos que faltam na cabeça de quem se senta nelas. Nenhuma cadeira voou, mas o nível do espetáculo foi tão ruim quanto o dos anteriores.
A despeito do polegar direito enfaixado, Marçal encostou novamente o ambiente na sarjeta. A diferença é que, exceto por Nunes, que travou com o franco-provocador, no primeiro bloco, uma discussão de pátio de escola de periferia, ninguém caiu na arapuca dos recortes. O próprio Nunes se deu conta de que o embate só convém ao despirocado e preferiu exibir sua aversão a Boulos — sentimento plenamente correspondido pelo apadrinhado de Lula. Tábata teve bom desempenho, mas, a três semanas do primeiro turno, nem uma goleada tiraria a candidata da segunda divisão.
Na última semana, Marçal caiu três pontos nas pesquisas. Dados da Quaest divulgados ontem revelam que a tática baseada no ódio sem causa perdeu fôlego. O Datafolha de hoje deve trazer um esboço mais nítido da conjuntura que deixou zonzos os comitês, especialmente o do "influencer", que vagueou em poucas horas entre a encenação do paciente agonizante na ambulância e a retomada da pose de valentão indomável. 
A esta altura, a maior contribuição de candidatos que cultivam a raiva sem exibir propostas consistentes seria perder a eleição.
A conferir.

Milhares de novos malwares identificados diariamente se juntam aos já catalogadas pelas empresas de cibersegurança (é difícil dizer o número exato, já que cada empresa adota metodologias próprias para classificar as ameaças, mas estima-se que fique na casa do bilhão). 

De um tempo a estar parte, em vez de criarem pessoalmente os códigos maliciosos, os crackers (hackers "do mal") passaram a comprá-los prontos na Dark Web e a se valerem da engenharia social para enganar as vítimas (na corrente da segurança, o usuário costuma ser o elo mais fraco). 
 
Observação: Segurança é um hábito e, como tal, deve ser cultivada. A eficácia dos softwares antimalware é questionável, mas, enquanto não surgir nada melhor, o jeito é manter o desktop, o notebook, o tablet e o smartphone protegidos por uma suíte de segurança responsável.
 
Também as senhas são mais antigas do que costumamos imaginar. O Antigo Testamento registra em Juízes 12: 1-15 que a palavra "xibolete" ("espiga" em hebraico) servia como "senha linguística" para identificar um grupo de indivíduos. N
o século XIII da nossa era, durante o massacre das Vésperas Sicilianas, os franceses eram reconhecidos pelo modo como pronunciavam a palavra "cìciri" ("grão de bico" no dialeto siciliano). 
 
No final do século passado, o "computador da família" se tornou popular devido ao alto custo do hardware, mas cada
 usuário tinha acesso irrestrito aos arquivos dos demais e todo eram afetados por eventuais infecções virais e desconfigurações acidentais. Depois que a Microsoft implementou uma política de contas e senhas, cada usuário passou a se logar no sistema com o próprio perfil e a ter acesso somente às próprias pastas e arquivos. Em outras palavras, só o hardware era compartilhado, cada usuário "tinha um Windows só para si".

As senhas estão em decadência senil, mas continuarão sendo usadas enquanto uma alternativa mais segura não se popularizar. O Passkey, que dá acesso aos serviços do Google por biometria, é um forte candidato, pois o código que ele cria só pode ser usado no momento em que é gerado — evitando vazamentos e usos não autorizados — e a ativação leva menos de um minuto — basta acessar a página da conta Google, informar o login e a senha do Gmail, localizar a opção Segurança no menu à direta, selecionar Chave de Acesso (no painel central) e clicar em Usar chaves de acesso

Observação: Quando o usuário ativa o Passkeyuma mensagem confirmando o uso da ferramenta por meio da impressão digital, facial ou o código de bloqueio de tela será exibida da próxima vez que ele acessa sua conta do Google, Caso o smartphone não esteja à mão, basta clicar em Tente de outro jeito e escolher outra maneira de se logar (clique aqui para mais detalhes).

quarta-feira, 18 de setembro de 2024

DANDO NOME AOS BOIS



Patriotismo e chauvinismo parecem conceitos semelhantes à primeira vista, mas carregam diferenças profundas. Confundir um com o outro é como misturar alhos com bugalhos, capitão-de-fragata com cafetão de gravata ou a obra do mestre Picasso com a pica de aço do mestre-de-obras. Chamamos patriotismo a um sentimento baseado em valores nobres, voltado para o bem-estar do país. Já a palavra chauvinismo deriva do nome de um soldado francês, Nicolas Chauvin, famoso pela lealdade cega a Napoleão Bonaparte, donde o termo ser usado com o sentido de nativismo irracional, fanático, com pitadas de psicopatia. 


Como exemplo de patriotismo, cito as manifestações pelas Diretas-Já nos anos 1980; como exemplo de chauvinismo, a depredação das sedes dos Três Poderes protagonizada em 8 de janeiro de 2023 por uma récua de bolsonaristas lunáticos (com o perdão da redundância), que cantam o hino nacional para pneus, pedem ajuda a ETs e trotam para a Avenida Paulista sempre que seu "mito" sopra o berrante.

 

Em tempos de polarização, o que os peseudopatriotas chamam de patriotismo é na verdade um chauvinismo viceral, guiado pelo ódio a quem pensa diferente (veja-se o Brexit no Reino Unido e à invasão do Capitólio no EUA). No Brasil, esse fenômeno ganhou força durante a disputa presidencial de 2018 (não que campanhas eleitorais movidas pelo ódio sejam novidade nesta banânia), mas sua origem remonta ao final dos anos, quando Lula plantou a semente da cizânia com seu discurso de "noff contra eleff" (lembrando que os embates entre PT e PSDB eram mais ou menos civilizados). 


O detalhe — e o diabo mora nos detalhes — é que a raiva, quando industrializada, costuma ter um desfecho ruim. Jânio renunciou. Collor foi impichado. Bolsonaro perdeu a reeleição, ficou inelegível e vive sob a ameaça de uma sentença criminal (que, lamentavelmente, demora a acontecer). E a última pesquisa Quaest trouxe dados preocupantes para o Planalto e para o comitê eleitoral do PSOL em São Paulo: às vésperas do primeiro turno, a aliança de Boulos com Lula ainda não decolou — o apadrinhado atraiu apenas 43% dos eleitores paulistanos que votaram em seu padrinho na sucessão presidencial de 2022. 


Observação: Devido a essa "lulodependência", o vexame será compartilhado pelo padrinho se o afilhado não passar para segundo turno. Nessa hipótese, Lula perderia tanto para a direita representada por Tarcísio de Freitas, padrinho de Nunes, quanto para a ultradireita personificada em Marçal, que cresceu à revelia de Bolsonaro.

 

O cenário segue de empate triplo, mas Nunes e Marçal cresceram além da margem de erro, e Boulos ficou abaixo do patamar tradicional da esquerda (em Sampa), que gira em torno de 30%. Para agravar a situação, o ex-chefe do MTST vem perdendo terreno em áreas onde esperava crescer.


Em última análise, o mago memes e dos recortes foi enfeitiçado pelo próprio feitiço no debate da TV Cultura. Privado pelas artimanhas do sorteio de trocar farpas com os dois candidatos mais bem-postos nas pesquisas, Marçal esmerou-se nas provocações ao quinto colocado, levou uma cadeirada, tentou a administrar a agressão com método. Percebendo que seu plano de migrar da posição de encrenqueiro profissional para a de vítima havia micado, recalibrou rapidamente o discurso, queixou-se da falta de solidariedade dos adversários e declarou-se pronto para a guerra. Aprendeu da pior maneira um velho ensinamento de Tancredo Neves: a esperteza, quando é muita, engole o dono.

 

Costuma-se dizer que macaco esconde o rabo para falar mal do rabo alheio. Ao cobrar serenidade de Datena depois de fustigá-lo na noite de domingo, Marçal sentou-se no próprio cinismo. Vivo, Charles Darwin diria que a campanha municipal de São Paulo é a prova de que o ser humano não só parou de evoluir como fez o caminho inverso, rumo às cavernas.


Desde que Marçal revelou que se faz de idiota nos debates porque "o público gosta disso" aguardava-se um fato que justificasse o uso do ponto de exclamação que se escuta quando as pessoas dizem "não é possível!" Pois bem, o sinal foi dado: no debate Rede TV-UOL, constatada a impossibilidade de controlar quem age ou reage como se tivesse parafusos a menos, optou-se por banir o risco de que a patifaria resultasse num replay parafusando-se as cadeiras no chão. 


Se no último domingo a cadeira foi a grande vencedora, no debate de ontem quem se destacou foi a mediadora, que conduziu com firmeza as duas horas do programa. Nunes passou o debate inteiro — fora os instantes em que ele esteve se digladiando com Marçal — tentando grudar em Boulos a pecha de defensor da legalização das drogas; este, por sua vez, disse que Nunes a Marçal são faces da mesma moeda (porque buscam o vínculo com o bolsonarismo), mas que o primeiro é ruína e o outro, o abismo.

Nos embates anteriores adotou-se de tudo em matéria de endurecimento das regras — do puxão de orelhas à proibição do celular, passando pela expulsão da sala. Especula-se agora sobre o que virá depois da cadeira parafusada. Coleira? Focinheira? Jaula?
 
A conferir.

terça-feira, 17 de setembro de 2024

MITOS, MICOS E TEORIAS DA CONSPIRAÇÃO

ALGUMAS PESSOAS SÃO COMO PÁSSAROS: VOCÊ AS AJUDA A VOAR E, ASSIM QUE CONSEGUEM, ELAS GAGAM EM VOCÊ.

Mitos são fatos históricos "não verdadeiros" e teorias da conspiração, narrativas que carecem de provas e/ou embasamento científico. Um exemplo de mito é a lenda segundo a qual Prometeu roubou o fogo de Héstia e o deu aos mortais, e um exemplo de teoria da conspiração é a alegada forjadura da alunissagem da Apollo 11.

A despeito de Pitágoras ter refutado o terraplanismo 500 anos antes do início da era cristã e de mais de 4 milhões de fotos tiradas do espaço comprovarem que a Terra é um globo, 10% dos brasileiros se declaram terraplanistas (e o pior é que essa gente vota!)  

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

A população da capital paulista está vivendo a eleição municipal com mais baixo nível desde a redemocratização. Mas cada povo tem o governo que merece, e povo que não sabe votar elege candidatos como o que chama o oponente de "arregão" e diz que ele "não é homem nem para agredi-lo". Não foi a primeira vez que Datena e Marçal se estranharam. Os dois viviam às turras. Era mera questão de tempo para irem às vias de fato.
Os debates andam tão violentos que a cadeirada pareceu mais uma cena de mutilação democrática destinada a descansar o espectador para coisas mais fortes que estão por vir. O diabo é que o descanso tem a duração de um intervalo comercial. Datena foi expulso do programa e Marçal transferiu seu espetáculo, de ambulância, para as redes sociais, onde, exagerando na pose de vítima, igualou a cadeirada às tentativas de homicídio contra Bolsonaro (em setembro de 2022) e contra Trump (em julho passado). Como cadeira não é faca nem rifle, o marketing serviu para expor a debilidade de uma onda eleitoral que tem dificuldades para realizar o sonho de virar tsunami. 
Mais próximos do segundo turno, Nunes e Boulos cuidaram de manter o debate na sarjeta. O afilhado do capetão chegou a perguntar ao apadrinhado de Lula: "Você cheirou?" A baixaria deu a Marina Helena uma aparência de Irmã Dulce e permitiu a Tábata lamentar a "postura dos homens".
Na ribalta da internet, os recortes compartilhados na velocidade da luz ganharam as redes caretas de Marçal com trilha sonora de sirene, "M" (de merda?) feito com ar compungido no leito do hospital e a palavra do médico sobre uma "linhazinha de fratura" no sexto arco costal. Não se sabe o
 quanto esse sujeito conseguirá capitalizar eleitoralmente a agressão. Se tiver sucesso, terá sido o grande vencedor do debate, mas ter provocado o episódio (e ele provocou) pode aumentar sua rejeição.
Datena reconheceu que deveria ter se retirado do debate e ido embora pra casa, mas diz que continua candidato. Talvez venha a ganhar votos por "representar o sentimento" de uma parcela da população indignada com o comportamento de um sujeito desprezível, que implementa campanhas de ódio contra seus adversários e posa de vítima porque estaria lutando contra o sistema. 
Por enquanto, a cadeira venceu o debate — pelo menos do ponto de vista da superexposição, pois ela rodou o mundo, ganhou as manchetes de todos os veículos de comunicação no Brasil e já é o assunto mais falado desta eleição.
Antes que seja necessário impor focinheira aos debatedores, o eleitor talvez perceba que que, numa democracia, as únicas cadeiradas que importam são aquelas desferidas por ele, nas urnas. Faltam 3 semanas para o primeiro turno. É tempo suficiente para deixar de confundir certos candidatos com candidatos certos.

Quando afirmou que o Universo e a estupidez humana são infinitos, Einstein ressaltou que, quanto ao Universo, ele ainda não tinha 100% de certeza. Em Ensaio sobre a cegueira, o Nobel de Literatura José Saramago borrifou frases que descrevem com perfeição a conjuntura surreal que vivenciamos, entre as quais "a pior cegueira é a mental, pois faz com que não reconheçamos o que temos pela frente".

Inúmeros mitos ensejaram teorias que ainda movimentam o moinho dos conspiracionistas, mesmo depois de terem sido desbancados pelos fatos. Na visão míope dos desprovidos de neurônios, Paul McCartney morreu num acidente de carro em 1966, Michael Jackson forjou a própria morte, a princesa Diana foi assassinada a mando da Família Real Britânica, o tsunami do Oceano Índico foi causado por testes nucleares dos EUA e de Israel, e por aí vai.
 
Entre diversos mitos desmitificados que continuam posando de verdades absolutas figura o do Cavalo de Troia (a cidade existiu e a guerra contra os gregos aconteceu, mas o mesmo não se aplica ao cavalo de madeira). Também não há evidências de que a rainha-consorte Maria Antonieta seja a autora da célebre frase "se não têm pão, que comam brioches" (até que ela tinha 9 anos e vivia na Áustria quando o epigrama foi registrado pela primeira vez).
 
Reza a lenda que, quando partiam em suas cruzadas, os cavaleiros medievais trancafiavam as partes íntimas das esposas em cintos de castidade, mas isso não passa de uma narrativa criada pelos renascentistas para exemplificar o obscurantismo da Idade Média (quando mais não seja porque alguém que usasse o tal acessório por períodos tão prolongados fatalmente morreria de septicemia).  
 
Em A Conquista de Marte de Edison, o astrônomo americano Garret P. Serviss anotou que "alguém de fora da Terra" teria visitado o Egito e construído as Pirâmides e a Esfinge; 70 anos depois, Erich von Däniken publicou Eram os Deuses Astronautas? O livro de Serviss é pura ficção científica, e o de Däniken foi tachado de pseudociência. Mas isso não muda o fato de que a obra do pesquisador suíço foi traduzida para mais de 30 idiomas, vendeu dezenas de milhões de cópias e inspirou a bem-sucedida série Alienígenas do Passado, produzida pelo History Channel. 

Pseudociência ou não, causa espécie que os antigos egípcios tivessem conhecimentos avançados de matemática e geometria, usassem um sistema decimal, dominassem a escrita e dispusessem de um calendário baseado na estrela Sirius — que só era avistada durante o inicio da enchente do Nilo, que não acontecia todos os anos e, quando acontecia, não começava sempre no mesmo dia (não seria mais fácil e lógico fazer as projeções a partir do Sol e da Lua?)
 
A teoria segundo a qual soldados de Napoleão destruíram a tiros o nariz da célebre Esfinge de Gizé não se sustenta diante dos indícios robustos de que escultura foi mutilada pelo sufi Muhammad Sa’im al-Dahr, que viveu no Egito no século XIV, por considerar que o culto àquele monumento afrontava os preceitos muçulmanos. Aliás, a destruição de artefatos históricos por fanáticos religiosos foi uma prática recorrente ao longo de toda a história, haja vista o que fez o Estado Islâmico na Síria e no Iraque. 

As perguntas estão aí. Responda quem souber.

segunda-feira, 16 de setembro de 2024

MODEM OU ROTEADOR

PASSAMOS A VIDA PROCURANDO NOS OUTROS AQUILO QUE SÓ PODEMOS ENCONTRAR EM NÓS MESMOS
.

A rede "dial-up", que combinava uma uma placa de fax-modem e um aplicativo que "discava" (literalmente) para o telefone do provedor (clique aqui para ouvir o som que antecedia a conexão), reinou absoluta até a popularização da banda larga

A velocidade máxima (teórica) dos jurássicos modems analógicos era 56 quilobits por segundo) mas a gente se dava por feliz com 48 kbps, já que a qualidade das linhas telefônicas, as condições dos cabeamentos dos imóveis e a distância entre a central telefônica e o ponto de acesso não colaboravam.

Para piorar, a conexão discada era instável e cara. Nos dias úteis, as Teles cobravam um pulso quando a ligação era completada e outro a cada 6 segundos, o que levava a maioria dos internautas domésticos a navegar de madrugada (entre 0h e 5h59, a cobrança era limitada a 2 pulsos, independentemente da duração da ligação). Esse calvário perdurou até cerca de 20 anos atrás, quando então as operadores passaram a oferecer planos de banda larga que cabiam no bolso da classe média. 

No início, a velocidade era limitada a 128/256 kbps, mas a tecnologia representava uma evolução significativa. Atualmente, o preço varia conforme a velocidade — um plano de 500 Mbps custa, em média, R$ 100 mensais, e um de 1Gbps, por volta de R$ 500 mensais.  

ObservaçãoAinda me lembro de quando o Speedy Turbo (1 Mbps) cortou o grilhão que me atrelava à Neovia (provedora de banda larga que disponibilizava sinal por ondas de rádio, campeã em baixa velocidade e problemas de intermitência)

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

A julgar pela atual composição do Congresso, nem Senado atenderá aos pedidos de impeachment de Alexandre de Moraes, nem a Câmara aos de anistia aos golpistas do 8 de janeiro. Bolsonaro e seus asseclas apostam na pressão permanente e na possibilidade de a conjuntura lhes ser mais favorável após a eleição de 2026, mas a ineficácia imediata dos mugidos não significa que o STF não precise modular seu respaldo (ativo e passivo) a Moraes. 
Não que as togas devam baixar a guarda na defesa da prática democrática, mas seria de bom alvitre (para dizer o mínimo) que dessem atenção às evidências de que existe uma inquietação na sociedade com os métodos adotados nas decisões judiciais, até porque os modos incontidos de alguns ministros não só embaçam a lente através da qual a população enxerga o Judiciário como também alimenta a desconfiança de que o Supremo atende a interesses extraconstitucionais. 
Sentindo-se à vontade para atacar quando podem usar a justificativa de que só defendem o equilíbrio, extremistas tanto de direita quanto de esquerda inoculam o vírus da desorientação e dificultam o entendimento de que os desequilibrados são eles. Para piorar, seus adorados líderes impulsionam esse furdunço, e quem paga o preço é o Supremo.
Respeito não se impõe, conquista-se, e só é devido a quem se dá ao respeito. O ministros não devem ser temidos nem precisam ser estimados, mas a observância da legalidade requer que sejam respeitados. E para isso é preciso que se atenham a certos ritos, por mais que combater infratores mais ousados nem sempre permita seguir à risca os manuais. 

As jurássicas placas de fax-modem deram lugar ao modem digital, que, combinado com um roteador Wi-Fi, fornece sinal para todos os dispositivos em seu raio de alcanceA escolha do modelo depende de quantos dispositivos serão conectados à rede e da área que o sinal deverá cobrir. De modo geral, os aparelhos híbridos que as operadoras fornecem em comodato atendem às necessidades dos usuários e facilitam a configuração.

Mudar as senhas WPA2 ou WPA3 (usada para conectar novos dispositivos ao roteador) e administrativa (que permite ajustar as configurações e instalar atualizações de firmware) é fundamental para proteger a rede de acessos não autorizados (para saber como criar senhas fortes, clique aqui). Em caso de falha na conexão, desligue o modem e o roteador da tomada, aguarde 1 ou 2 minutos e torne a ligar. Se não resolver e os cabos estiverem devidamente conectados, entre em contato com o suporte técnico da sua operadora.

Dicas: 

- Para que o sinal se propague de maneira uniforme em todas as direções, o roteador deve ficar num local central e a uma altura média. 

- Atualizações do firmware (software incorporado ao hardware) otimizam o desempenho do aparelho, tanto pela implementação de novos recursos quanto pela correção de bugs e problemas de segurança. 

Convém reiniciar o modem e o roteador de tempos em tempos (sugiro semanalmente), mesmo que não haja problemas com a conexão.