Essa temática reapareceu em 2021, quando Lula, em resposta a uma crítica de Ciro Gomes contra Dilma, parodiou o filho do Pai: "Perdoai os ignorantes, eles não sabem o que fazem". Mas o petista esqueceu de lembrar — ou lembrou de esquecer — que o art. 21 do Código Penal explicita que desconhecimento da lei não exime o acusado de responsabilidade.
Bem administrado, o relógio pode ser um ativo; mal gerido, pode resultar em prejuízos incontornáveis — um candidato perdulário poderá chegar ao final do debate sem fundos, tornando-se um alvo indefeso, já que o tempo previsto para as considerações finais (1 minuto) pode ser insuficiente para eventuais contragolpes.
Para a plateia, o banco de tempo é um inegável atrativo, pois favorece o dinamismo do debate. Aliás, o da Record, na noite do último sábado, foi um porre.
Historicamente, figuras como Antonio Foscarini, carmelita do século XVII, tentaram desafiar a ignorância institucionalizada. Foscarini defendeu Galileu Galilei em um escrito enviado ao cardeal Roberto Belarmino, que advertia o polímata a abandonar suas "heresias". Embora o religioso tenha falecido antes do julgamento de Galileu, suas palavras continuam como um lembrete de que ignorar evidências pode ser perigoso.
Observação: Quando alguma evidência destoa de algum trecho bíblico, quase sempre é a interpretação da Bíblia que está errada. Fica o recado para quem leva a sério a aleivosia do Gênesis ou o delírio do arcebispo irlandês James Ussher sobre a criação do mundo.
O risco de ignorar a ciência fica evidente quando novas descobertas desafiam antigas crenças. Mesmo quando a ciência parecia ousada demais, como no caso dos buracos negros propostos por Einstein, a comprovação dessas teorias pode demorar, mas chega. A imagem do M87 capturada pelo Event Horizon Telescope reforça a ideia de Carl Sagan de que "ausência de evidência não é evidência de ausência".
Ao longo da história, a ciência tem desafiado nossa visão de centralidade no universo. Copérnico deslocou o homem do centro do cosmos, Darwin do centro do reino animal, e Freud questionou até a centralidade da mente humana sobre si mesma. Atribui-se a Einstein uma frase sobre a "estupidez humana", mas essa já é outra história e fica para uma outra vez.
Em termos cosmológicos, a Teoria do Big Bang teve origem em 1927, com a sugestão do padre cosmólogo Georges Lemaître de que o universo teria se expandido a partir de um "átomo primordial". Novas descobertas, como a radiação cósmica de fundo e a Lei de Hubble, continuam a aprimorar essa teoria, mostrando que a expansão cósmica é uma constante.
Edwin Hubble observou que as galáxias se afastam umas das outras, uma evidência de que o universo está em expansão. No entanto, como toda teoria científica, o modelo do Big Bang enfrenta desafios, como o Problema do Horizonte. Se o universo está se expandindo, como regiões tão distantes compartilham as mesmas características, se nunca tiveram tempo de "se comunicar"?
A teoria da inflação cósmica sugere que uma expansão extremamente rápida após o Big Bang permitiu que essas regiões equilibrassem suas propriedades, mas, como diria Bob Dylan, "the answer, my friend, is blowing in the wind".