sábado, 9 de setembro de 2017

PEDIDO DE PRISÃO PREVENTIVA DE JOESLEY, SAUD E MILLER ESTÁ NAS MÃO DE FACHIN

Rodrigo Janot pediu a prisão preventiva de Joesley Batista e Ricardo Saud, delatores da JBS, e de Marcello Miller, e ex-procurador da República, que já entregaram os respectivos passaportes e aguardam a decisão do ministro Edson Fachin, que deve sair ainda neste final de semana.

O PGR também enviou ao Supremo a rescisão do acordo de colaboração, que concedia imunidade total aos delatores. A conferir.

Visite minhas comunidades na Rede .Link:

11º ANIVERSÁRIO DO BLOG E ALGUMAS PALAVRAS AOS LEITORES


VIVA CADA DIA COMO SE FOSSE O ÚLTIMO. UM DIA VOCÊ ACERTA…

Quando eu criei este espaço, em setembro de 2006, fi-lo com o propósito de embasar a elaboração da edição Blogs & Websites, da Coleção Guia Fácil Informática. Todavia, ainda que minha intenção fosse encerrar as atividades tão logo o livrinho chegasse às bancas, o estímulo de alguns leitores me fez mudar de ideia. Hoje, passados 11 anos, nosso Blog continua ativo e operante, com mais de 3.000 postagens publicadas, em sua maioria sobre informática e com destaque para a segurança digital.

Política nunca foi o mote deste Blog, embora eu sempre mantive a porta aberta a temas estranhos ao âmbito da TI ― daí a expressão “outros temas correlacionados”, que eu incluí na descrição do site para me dar essa abertura ― e venho abordando assuntos os mais diversos, de regras gramaticais às pirâmides do Egito, do relógio de sol a receitas culinárias. A política não ficou de fora ― e nem poderia, por motivos óbvios, notadamente nos tempos atuais.

Minha primeira menção ao MENSALÃO remonta a agosto de 2007, embora abordagens sobre política tenham sido eminentemente eventuais até o começo do ano passado ― uma ou outra matéria às vésperas das eleições e/ou logo após o pleito, por exemplo ―, mas a coisa mudou com a tramitação do impeachment da anta vermelha, a partir de quando eu resolvi replicar aqui no Blog os pitacos que publicava na minha Comunidade de Política da Rede .Link.

Nunca vi razão para modificar o título ou a descrição do Blog por conta dos pitacos de política, mas resolvi fazê-lo dias atrás ― afinal, há quase 2 anos que a postagem do dia inclui um texto sobre política, e que feriados e finais de semana ― dias em que normalmente não havia expediente aqui no Blog ― passaram a exibir esse tipo de conteúdo. Mas o fato de eu ter feito esse “ajuste” às vésperas do aniversário do Blog foi mera coincidência.

Para encerrar essa conversa, fica aqui consignado que, na prática, nada mudou. Os posts sobre tecnologia continuam diários ― e os de política idem, mas agora em separado. Nos feriados e finais de semana, a ideia é contemplar somente a política, e, ainda assim, eventualmente. No entanto, conforme as estatísticas de visualização de página e o número de visitas, posso alternar entre os temas, ou seja, focar na informática num determinado dia e em política no dia seguinte. De momento, porém, a ideia é continuar abordando ambos os assuntos nos dias úteis, mas agora, como dito linhas atrás em postagens independentes. No final de cada uma delas, haverá uma chamada convidando a todos a visitar minhas comunidades (de informática, política e culinária), cujos endereços são os seguintes:


Dito isso, colho o ensejo para agradecer a todos os visitantes, em especial àqueles que me acompanham desde o tempo do saudoso Curso Dinâmico de Hardware, que meu então parceiro Robério e eu editávamos lá pela virada do século.

Abraços a todos e até mais ler.       

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

FERIADÃO DA VERGONHA DE SER BRASILEIRO

A DESVANTAGEM DO CAPITALISMO É A DISTRIBUIÇÃO DESIGUAL DE RIQUEZAS; A VANTAGEM DO SOCIALISMO É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. 

O feriadão da independência adentra pelo final de semana prolongado, e eu sigo aqui, na linha da vergonha nacional, escândalo após escândalo. A coisa chegou a tal ponto que, sempre que a gente acha que já viu de tudo, um fato novo ainda mais estarrecedor mostra como estávamos enganados. Mas estarrecedores, mesmo, são os detalhes, os pequenos senões que nos escapam quando olhamos somente a grande figura. E, como diz um velho ditado alemão, o Diabo mora nos detalhes.

Nunca foi preciso ser gênio investigativo para inferir que sempre houve algo de podre por trás do projeto de poder do PT e de seu folclórico líder ― ora hexa-réu e virtual hóspede compulsório do sistema penal brasileiro ― nem tampouco clarividente para intuir que um governo chefiado por um “poço de virtudes”, como Dilma, não poderia daria certo. Difícil mesmo é saber com certeza as razões que levaram o molusco eneadáctilo a gestar, parir e aturar sua criatura por tanto tempo. Especula-se que ela sabia demais, pois, como revelou o ex-ministro petista Antonio Palocci em seu depoimento ao juiz Moro, na tarde de ontem, desde os tempos em que foi nomeada ministra de Minas e Energia de Lula, Dilma participou ativamente dos malfeitos orquestrados pelo populista parlapatão e seus paus-mandados.

Palocci está negociando um acordo de delação premiada com a força-tarefa da Lava-Jato, mas prontificou-se a colaborar espontaneamente com a Justiça. Durante o depoimento, ele reconheceu ser o “Italiano” das planilhas do departamento de propina da Odebrecht, confessou ter praticado crimes na Petrobrás e entregou Lula e Dilma ― que continuam negando todas as acusações e, a despeito da clareza meridiana das evidências, protestando inocência num batido ramerrão que, convenhamos, já encheu o saco.

Palocci revelou também que foi responsável pela conta do PT e de Lula com a Odebrecht, confessou o esquema, citou reuniões com o ex-presidente e estimou que a reserva do PT teria alcançado R$ 300 milhões, e que a de Lula, identificado como “Amigo”, a R$ 40 milhões. Segundo ele, houve um acerto entre Odebrecht e o governo Lula para a prática de atos de ofício que beneficiassem a empresa em troca de propinas ― um “pacote de vantagens”, tanto de negócios para empresa como valores para o partido. Isso porque a eleição de Dilma preocupou a cúpula da Odebrecht, e para comprar a boa-vontade do novo governo, sobretudo a influência de Lula na gestão da sucessora, a empresa montou o pacote com a compra do terreno do Instituto Lula e do sítio em Atibaia, além de disponibilizar cerca de R$ 300 milhões em vantagens indevidas (para utilização em campanhas ou para fins partidários/pessoais).

O que há de estarrecedor nisso? Nada, a não ser a cara-de-pau desse povo, que insiste em negar as evidências, e da “ingenuidade” de seus baba-ovos, que parecem acreditar em sua sacrossanta inocência. Mas se tem gente que ainda acha que Elvis não morreu...

ATUALIZAÇÃO

Na manhã desta sexta-feira, em Salvador, a PF prendeu o ex-ministro Geddel Vieira Lima (que já cumpria prisão domiciliar, mas sem tornozeleira, já que o dispositivo está em falta na secretaria de administração penitenciária da Bahia).

No mandado de prisão, o juiz Vallisney de Souza, da 10ª Vara Federal de Brasília, levou em conta os indícios reunidos pela PF sobre a associação do peemedebista baiano com os R$ 51 milhões apreendidos num apartamento supostamente usado pelo político como “bunker”.

Geddel havia sido preso no dia 3 de julho, suspeito de atrapalhar investigações no âmbito da Operação Cui Bono, mas deixou a Papuda para cumprir prisão domiciliar por determinação do TRF-1 ― medida que cheira a maracutaia, pois o propósito era diminuir o desconforto do ex-ministro para evitar um possível acordo de delação.

Amanhã a gente continua. Até lá.

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quinta-feira, 7 de setembro de 2017

7 DE SETEMBRO - DIA DA VERGONHA DE SER BRASILEIRO


Tempos atrás, durante o segundo reinado de Lula, eu disse que tinha vergonha de ser brasileiro. Mais adiante, já sob a égide da anta vermelha, disse que já não tinha mais vergonha, mas nojo. Agora, diante de mais esse imbróglio envolvendo a JBS, o presidente desta Banânia, a PGR e até ministros do Supremo, já nem sei o que dizer. São tantas informações contraditórias que fica difícil saber quem é quem e o quem fez o quê nesta merdeira toda. Mas parece inverossímil, para dizer o mínimo, que Joesley Batista e seu comparsa Ricardo Saud gravassem “acidentalmente” uma conversa tão comprometedora e entregassem o arquivo de mão-beijada à MPF, arriscando-se a perder as benesses obtidas com seu controverso acordo de colaboração, dentre as quais a própria liberdade.

Paralelamente, enquanto Geddel Vieira Lima ― ex-ministro e amigão do peito do vampiro do Planalto ― cumpre prisão domiciliar em seu luxuoso apartamento (sem tornozeleira eletrônica, que esse dispositivo está momentaneamente em falta), a PF apreende a bagatela de R$ 51 milhões, em dinheiro vivo, em outro apartamento do ex-ministro porcino, diante do que a famosa mala de Rocha Loures ― homem da mais estrita confiança do presidente, segundo o próprio presidente ― está mais para um reles porta-níqueis.
     
Enquanto isso, Lula ― réu em seis processos e sentenciado num deles a 9 anos e 6 meses de prisão em regime fechado ― continua escarnecendo da sociedade, posando de candidato a candidato a presidente da Banânia. Claro que somente petistas e alienados que lhes dão ouvidos ignoram que o projeto político desse sujeito é evitar ― ou procrastinar ao máximo ― seu acerto de contas com a Justiça Penal. Mas isso deve mudar com a confirmação da sentença do juiz Moro pelo TRF-4 ― dependendo, naturalmente, da decisão final do STF quanto ao início do cumprimento da pena por réus condenados. Vale lembrar que a Corte já interrompeu a votação por duas duas vezes; na última, o placar era a favor da prisão depois da condenação em segunda instância. Na próxima, Gilmar Mendes, o divino, deve rever sua posição, mas Rosa Weber parece propensa a votar pela manutenção da jurisprudência, de modo que se perde na foice e ganha-se no machado ― quanto aos demais ministros, melhor esperar para ver, porque até o passado é imprevisível neste país.

Mudando o foco para Dilma, a alienada, parece que o PT não sabe o que fazer com ela ― aliás, em entrevista a uma rádio de Salvador, Lula, num mea-culpa tardio, reconheceu que a calamidade em forma de gente cometeu erros (?!) na condução da política e da economia, e que ela “poderia ter tomado a decisão de não se candidatar à reeleição”. Pelo visto, ninguém ensinou ao sapo barbudo que de nada adianta chorar sobre leite derramado.

O impeachment da sacripanta encerrou um dos capítulos mais estapafúrdios da história deste país, protagonizado por incompetente se julgava exímia administradora, e que condenou o Brasil a um retrocesso econômico de duas décadas ― e serão necessárias outras duas para a plena recuperação, e que, como ressalta o jornalista Augusto Nunes, o eleitor tenha aprendido a lição e não se deixe levar por discursos irresponsáveis como os que elegeram e reelegeram a nefelibata da mandioca. Mas se o Brasil se livrou de Dilma antes que ela pudesse completar sua grande obra, o mesmo não se pode dizer de seu partido, o PT. Como se sabe, uma aberração legal urdida pelo então presidente do Senado, Renan Calheiros (investigado em 17 inquéritos no Supremo e réu em uma ação penal por crime de peculato), em dobradinha com os petistas e com o aval de Lula, permitiu ao então presidente do Supremo, Ricardo Lewandowski, manter os direitos políticos da impichada ao mesmo tempo em que a apeava da presidência. Isso permite que a estocadora de vento se candidate a qualquer cargo eletivo, mas sua obra a torna um ativo tóxico em qualquer palanque.

Os petistas nunca gostaram de Dilma, mas só porque, para eles, ela deveria ter se empenhado em obstruir a Lava-Jato e evitar que os escândalos de corrupção derivados das investigações atingissem em cheio o partido e seus principais dirigentes. Isso faz da criatura um problemão para a candidatura de seu criador: segundo o raciocínio da patuleia, como se não bastasse ter de provar que é a “viva alma mais honesta deste país”, o petralha ainda precisa convencer os brasileiros de que a profunda crise econômica legada pelo governo passado não é fruto da enorme incompetência de sua pupila ― uma tarefa hercúlea até mesmo para o inegável talento demagógico do repulsivo demiurgo de Garanhuns, especialmente depois do que seu ex-ministro Antonio Palocci trouxe a lume na tarde de ontem (6), em depoimento ao juiz Sérgio Moro.

Especulou-se que Dilma poderia se candidatar ao Senado pelo Rio Grande do Sul ou pelo Rio de Janeiro, mas uma ala do PT acha que isso seria prejudicial ao partido, não apenas porque as chances da alienada seriam remotas e atrapalhariam candidatos mais fortes, mas principalmente porque sua candidatura colocaria em evidência aquilo que o PT quer esconder, que é justamente o legado maldito da gestão a anta incompetenta.

Oficialmente, o partido mantém o discurso de apoio a mulher sapiens ― Gleisi Hoffmann, também ré na Lava-Jato e recém-empossada presidente da agremiação criminosa, diz que “Dilma é a grande liderança que encarna a injustiça contra o PT” e que, se decidir se candidatar em 2018, “vai ter muito voto”. Mas o próprio Lula tem dificuldades em lidar com sua criação. Na tal “caravana” que está empreendendo pelo Nordeste, em escancarada campanha eleitoral antecipada, o ele já teve de admitir que ela cometeu erros na condução da política econômica, ainda que atribua a crise a sabotagens do ex-presidente da Câmara e ora hóspede do complexo médico penal de Pinhais, em Curitiba.

Conforme reportagem do Estado, Dilma já disse a amigos que, no momento, está inclinada a não se candidatar a nada, pois prefere as viagens internacionais ― para denunciar o tal “golpe” de que se diz vítima ― e a convivência com artistas e intelectuais. Decerto Lula está torcendo para que ela se aposente de vez da política e se limite a andar de bicicleta. Afinal, se a sujeita resolver subir no palanque, os eleitores haverão de se lembrar do que ela fez ao País ― e seu criador e mentor terá dificuldade para esconder o fato, incontestável, de que pariu um monstro.

Bom feriadão a todos.

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quarta-feira, 6 de setembro de 2017

CRONÓGRAFO COM PONTEIROS DESSINCRONIZADOS... (PARTE V)

OS IDIOTAS NUNCA TÊM DÚVIDAS.

Antes de encerrar as preliminares e passar ao mote desta sequência, cumpre salientar que o grande “senão” dos relógios de movimento mecânico é a reserva de marcha se esgotar quando nos esquecemos de lhes dar corda. Demais disso, com a honrosa exceção de modelos da alta relojoaria suíça (Rolex, Omega, Panerai, Hublot, IWC, Breitling etc.), esses mecanismos costumam ser (bem) menos precisos que os movidos à quartzo ― embora estes últimos fiquem anos luz aquém dos relógios atômicos.

Observação: Um relógio atômico é basicamente um relógio a quartzo, só que ajustado com base em átomos de césio 133 (que “oscilam” mais de 9 trilhões de vezes por segundo). Sua precisão fica na casa do bilionésimo de segundo ― contra dez milésimos de segundo dos relógios a quartzo comerciais. Em outras palavras, enquanto seu adereço de grife atrasa ou adianta 3,5 segundos por ano, num relógio atômico a variação é de apenas 1 segundo a cada milhão de ano ― podendo chegar a inacreditável marca de 1 segundo a cada 15 bilhões de anos na engenhoca desenvolvida pelo NIST (National Institute of Standards and Technology).

O ajuste da frequência e a exatidão no corte do cristal de quartzo definem a precisão do relógio. Modelos de boa estirpe atrasam ou adiantam míseros segundos por ano, mas você não deve esperar o mesmo comportamento de modelos baratos, vendidos por camelôs e assemelhados. Mas a grande “desvantagem” desses relógios é a bateria que os alimenta, ou melhor, a necessidade de substituí-la a cada dois ou três anos. Isso porque esse procedimento envolve a abertura da caixa (mediante a remoção do fundo ou do vidro que protege o mostrador). 

Assim, se o relojoeiro não for cuidadoso, seu relógio de mergulho passará a não resistir sequer a um banho de chuveiro. Isso sem mencionar que baterias de reposição genéricas ― de baixo custo e péssima qualidade ― não só duram menos como podem vazar, danificando irreversivelmente o módulo do relógio.

Na próxima postagem veremos a diferença entre cronógrafos e cronômetros e, finalmente, como fazer para ajustar os ponteirinhos adicionais, caso eles fiquem desalinhados depois de uma troca de bateria feita por um relojoeiro chinfrim. Até lá.

QUANDO OS IGUAIS SE ATRAEM

Segundo as leis da Física, polos iguais se repelem, mas a Política tem razões que a própria razão desconhece. Cito o caso do senador Renan Calheiros, que é alvo de 17 inquéritos, réu por peculato em um processo no Supremo, e que agora está com Lula (que é réu em 6 processos, investigado em não sei quantos e condenado a nove anos e seis meses de prisão pelo juiz Sérgio Moro). Ele foi mudando aos poucos de natureza no noticiário político e hoje está a caminho de virar um dos grandes nomes da “resistência” contra o mal, a corrupção e a supressão dos direitos populares.

Como bem salientou o jornalista J.R. Guzzo em sua coluna na revista Veja do último dia 30, de Belzebu, o Cangaceiro das Alagoas foi promovido a Anjo ― talvez a Arcanjo ― e reconstruiu sua imagem na mídia gastar um tostão sequer com marqueteiros top de linha como João Santana, por exemplo ― que, por sinal, não está disponível no momento para esse tipo de trabalho. Como conseguiu essa proeza? Foi fácil: passou para o lado de Lula, com quem acabou de aparecer aos abraços em recente excursão do petista pelo nordeste, e já é um dos gigantes de sua campanha para voltar à presidência.

Segundo Antoine Lavoisier, na natureza nada se perde, tudo se transforma. Renan, o mau, transformou-se em Renan, o bom, depois de posar como aliado do eterno aspirante à presidência e notório candidato a hóspede do sistema prisional tupiniquim. É um fenômeno que está ao alcance de todos, pois o petista, até agora, aceitou de tudo ― desde que o postulante a aliado tenha uma folha corrida em estado de guerra aberta com o Código Penal, naturalmente.

Essa lista vai longe: um de seus nomes mais ilustres é o deputado Paulo Maluf, condenado à prisão tanto pela Justiça francesa quanto pelo STF, mas que, por alguma razão incerta e não sabida, continua deputado e com trânsito livre no Congresso Nacional. Ainda há pouco, Maluf declarou que Lula “é um exemplo para todos os brasileiros” e que sua condenação foi “uma injustiça”.

Outro nome espantoso é o ex-governador fluminense Sérgio Cabral, que está na cadeia há quase um ano e responde a uma dúzia de processos (se não me escapa nenhum) e é tido como uma espécie de “ladrão serial” (não há registro de nenhum governador brasileiro que tenha roubado tanto quanto ele nos 128 anos desta República. É outro dos grandes heróis do ex-presidente: “Votar em Sérgio Cabral é uma obrigação moral, ética e política” disse Lula num palanque eleitoral no Rio de Janeiro. Na ocasião, também informou aos eleitores que “estava provado que Cabral era um homem de bem”.

Dizer mais o quê? Tire o leitor suas próprias conclusões.

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terça-feira, 5 de setembro de 2017

CRONÓGRAFO COM PONTEIROS DESSINCRONIZADOS... (PARTE IV)

HÁ TRÊS COISAS NA VIDA QUE NÃO VOLTAM JAMAIS: A FLECHA LANÇADA, A PALAVRA DITA E A OPORTUNIDADE PERDIDA.

Diferentemente dos relógios fabricados até os anos 60/70, os modelos atuais são, em sua maioria, resistentes à água (water resist). Isso significa que você pode lavar as mãos ou tomar uma chuva moderada sem danificá-los, mas para tomar banho ou lavar o carro com um deles no pulso, só mesmo se ele for à prova d'água (water proof).

Essa informação vem gravada no fundo da caixa (tampa) e, em alguns modelos, também no mostrador. Por uma questão de marketing, no entanto, os fabricantes “carregam nas tintas” e identificam relógios que suportam apenas respingos de água como WR 30m (ou 100ft, ou 3atm), sugerindo que o usuário não só possa entrar com eles na piscina ou no mar como também mergulhar a profundidades de até 30 metros ― o que só seria seguro com modelos identificados como WR 50M (ou 165ft, ou 5 atm).

Observação: Na água, a pressão aumenta à razão de uma atmosfera a cada 10 metros de profundidade; quanto maior a pressão, maior o risco de o líquido penetrar pela junção do vidro com a caixa, pelo retentor da tige (“eixo” da coroa) ou pela tampa traseira do relógio. Veja mais detalhes sobre estanqueidade na tabela que ilustra esta postagem.

A rigor, para praticar esportes aquáticos (nadar ou mergulhar sem tanque de ar), convém investir num modelo WR 100m (ou 300ft, ou 10atm), de preferência com coroa rosqueada. Claro que não há problema em tomar banho de chuveiro ou banheira com um relógio desses no pulso, mas convém evitar mergulhá-lo em água muito quente. Sauna, então, nem pensar, pois a diferença de temperatura entre o ambiente e o ar no interior da caixa resulta em condensação (formação de gotículas) e pode danificar o mecanismo, especialmente nos modelos à quartzo, que são alimentados por bateria.

Note que nem os relógios indicados para mergulho estão livres dos efeitos da água salgada. O oxigênio presente nas moléculas de água propicia a oxidação do metal, e o sal acelera ainda mais esse processo. Mesmo que a caixa seja de aço, ouro, titânio, os fechos e pinos da pulseira não são inoxidáveis, e, portanto, estão sujeitos à corrosão.


Continuamos no próximo capítulo.

TEMER X JANOT ― E VIVA O POVO BRASILEIRO

Temer diz não estar preocupado com a nova denúncia que Janot deve apresentar dentro de mais alguns dias e que virá robustecida com novas informações de Joesley Batista e do operador do PMDB na Câmara, Lucio Funaro. Diz estar seguro de que a acusação será inepta e que sua preocupação é “levar o Brasil adiante”, pautando e aprovando a reforma da previdência, à semelhança do que já ocorreu com a PEC dos gastos e a reforma trabalhista. Mas isso é conversa fiada, como comprova a antecipação de seu retorno da China, a despeito da justificativa oficial, que é acompanhar a votação da meta fiscal. Ademais, o Planalto está longe de contar com o apoio parlamentar necessário à aprovação de propostas de emenda constitucional, que exigem o mínimo de 308 votos.

Se Temer não estivesse preocupado com a denúncia, por que sua defesa teria pedido a suspensão da acusação até que o STF julgue a suspeição de Rodrigo Janot para atuar em casos contra ele? Aliás, voltado a pedir, porque o pedido havia sido feito originalmente no mês passado, mas Fachin o rejeitou monocraticamente, e ele foi reapresentado na última sexta-feira, juntamente com um agravo regimental que postula a suspensão da denúncia que ainda nem chegou.

Para barrar a denúncia anterior, o presidente moveu mundos e fundos (principalmente fundos), mas conseguiu sensibilizar apenas 263 dos 513 deputados. Agora o buraco é mais embaixo; primeiro, porque novos fatos ― como a confirmação de Funaro ter recebido dinheiro para ficar calado e que o Temer não só tinha conhecimento do esquema, mas também o apoiava ― tornaram a segunda acusação ainda mais robusta que a anterior.

O circo já está sendo montado: enquanto o Planalto chama Joesley Batista de “grampeador-geral da República”, o empresário chama Temer de “ladrão geral da República”, diz que ele é uma vergonha para os brasileiros, que a colaboração premiada é um direito que o presidente tem por dever respeitar, e que atacar os colaboradores só evidencia sua incapacidade de se defender dos crimes de que é acusado. Já o advogado Antonio Cláudio Mariz de Oliveira, encarregado da defesa do presidente, diz que Parte inferior do formulário Joesley não merece resposta em face de seu comportamento absolutamente reprovável, e que a resposta foi dada pela Câmara com a rejeição da primeira denúncia. Sob a justificativa de que a “segunda delação de Funaro apresenta inconsistências e incoerências próprias de sua trajetória de crimes”, o causídico afirma que seu cliente se reserva o direito de não tratar de “ficções e invenções" de quem quer que seja.

De acordo com O Estado, a delação do operador do PMDB da Câmara ― ou de Temer, como preferem alguns ― não atinge não apenas o Planalto, mas também diversas figuras de expressão no PMDB. Segundo Merval Pereira, a segunda denúncia não só será mais robusta como também deverá corroborar a anterior. Mas o que importa mesmo nessa pantomima é se o governo terá condições de comprar os proxenetas da Câmara com verbas, cargos, etc., já que não honrou tudo que prometeu da primeira vez, e agora não há dinheiro para prometer mais nada.

O fato é que, se o processo for adiante, não será pela gravidade da denúncia, mas porque o Temer não tem mais o que oferecer aos deputados mercenários em troca de seu apoio. Diante desse cenário estapafúrdio, não surpreende que, a pouco mais de um ano das próximas eleições, a onda de rejeição a políticos e autoridades públicas, até recentemente limitada ao Executivo e ao Legislativo, tenha se estendido também ao Judiciário e Ministério Público. Pesquisa Ipsos mostra que, nos últimos meses, houve um aumento significativo na desaprovação popular a ministros do Supremo e até ao juiz Sérgio Moro ― que ainda é majoritariamente aprovado pela sociedade, mas cuja taxa de rejeição atingiu o nível mais alto em dois anos.

Essa é, lamentavelmente, a nossa realidade política. 

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segunda-feira, 4 de setembro de 2017

CRONÓGRAFO COM PONTEIROS DESSINCRONIZADOS... (PARTE III)

EDUCAR UMA PESSOA APENAS NO INTELECTO, MAS NÃO NA MORAL, É CRIAR UMA AMEAÇA À SOCIEDADE.

Escolher o relógio “ideal” nem sempre é uma tarefa fácil, até porque a pluralidade de opções dificulta a escolha do que quer que seja. No entanto, algumas barreiras naturais estreitam a gama de ofertas, a começar pelo preço, que vai de algumas dezenas e reais a milhões de dólares.

Os modelos mais baratos, daqueles comercializados por ambulantes e em lojinhas de quinquilharias, não merecem sequer menção, mas belezuras como o Patek-Philippe que eu mencionei no capítulo anterior são para uma seleta confraria, já que investir R$ 8 milhões em um relógio não é para qualquer um. A boa notícia é que a virtude raramente fica nos extremos, e, para a felicidade dos aficionados por relógios, não faltam opções interessantes com preços entre R$ 500 e R$ 2 mil.

Se você tenciona gastar R$ 1 mil, por exemplo, dificilmente desfilará com um modelo da Rolex, Omega ou Tissot. Mas poderá escolher entre centenas de opções de marcas como Bulova, Timex, Swatch, Casio, Magnum, Orient, Seiko, Technos, ou mesmo de grifes como Fossil, Adidas, Tommy Hilfiger, Calvin Klein, Michael Kors etc.

Depois de estabelecer o investimento, defina o estilo (casual, clássico ou esportivo). Se puder, fique com um modelo para cada ocasião ― aliás, se você pegar gosto pela coisa, seus relógios se multiplicarão feito coelhos. Na impossibilidade, procure um modelo versátil, que combine com sua beca de trabalho sem fazer feio na balada, na praia ou na piscina.

Relógios “esportivos” são de aço inoxidável ou titânio (*), e podem trazer pulseiras de nylon, borracha ou silicone (cuja durabilidade é menor que a do aço). Já nos modelos “sociais”, a pulseira é de couro e deve ser de boa qualidade (e prepare o bolso, pois pulseiras de couro duram bem menos que as de metal e boas peças de reposição não custam barato). A propósito: nos relógios clássicos banhados a ouro, o plaquê deve ter entre 10µ e 20µ (menos que 5µ é para bijuteria sem-vergonha).

Observação: O titânio é cinco vezes mais resistente e 60% mais leve que o aço, além de ser igualmente inoxidável, antialérgico. Devido à baixa condutividade térmica, ele não produz aquela sensação gelada em contato com a pele, mas sua cor é acinzentada e os riscos ficam bastante aparentes.

Continuamos na próxima, pessoal. Até lá.


SERÁ O FIM DA LAVA-JATO?

Muito se vem trombeteando o fim da Operação Lava-Jato, mas, como sabemos, nem tudo é o que parece ser. Notadamente no Brasil, onde até o passado costuma ser imprevisível.

A despeito de os dois principais protagonistas da Lava-Jato virem comentado o suposto fim da maior operação anticorrupção já realizada no país, é improvável que ela se encerre este ano, e muito menos em outubro.

Segundo Merval Pereira, mesmo que Moro tenha dito isso ― como registrou Sonia Racy em sua coluna do Estadão ―, o comentário reflete mais o cansaço do magistrado do que uma possibilidade real. A acusação de que seu amigo Carlos Zucolotto Jr., advogado e ex-sócio de sua mulher, ofereceu facilidades a um réu da Lava-Jato deixou-o revoltado com o que ele considerou uma tentativa de usar um amigo pessoal para atacá-lo e à Operação.

O ministro Luis Fux disse que há uma ação orquestrada no Legislativo para frear a Lava-Jato, e criticou a tentativa de reverter a decisão [do Supremo] de permitir a prisão de condenados na segunda instância da Justiça, que vem sendo capitaneada por sua alteza real o ministro boca-de-caçapa.

Essas ações seriam parte da ofensiva para travar ou inviabilizar a Lava-Jato. Por outro lado, boa parte dos trabalhos em Curitiba foi concluída e já está no STF ― no caso de os envolvidos terem foro privilegiado ― ou espalhada por outros foros ― quando os processos não têm relação com o Petrolão. Mas ainda há investigações relevantes sendo feitas na capital paranaense, onde centenas de pessoas estão sob investigação e novas linhas de trabalho não param de surgir.

ObservaçãoA 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba é especializada em crimes financeiros e de lavagem de dinheiro, e as primeiras investigações remetiam à lavagem de dinheiro praticada pelo doleiro Alberto Youssef em Londrina, no Paraná. Além disso, a atuação do doleiro era objeto de inquéritos e processos suspensos em razão de colaboração que ele vinha prestando em Curitiba, naquela Vara. Com o desdobramento das investigações, descobriram-se centenas de crimes praticados no Paraná, São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro e Pernambuco, mas, de início, os mais graves haviam ocorrido no Paraná.

Mesmo admitindo que parte das investigações tenha sido transferida para outros juízos, especialmente no Rio, Brasília e São Paulo, só os desmembramentos da delação premiada da Odebrecht geraram cerca de 50 investigações em Curitiba. E Janot deixou bem claro que o “fim” da Lava-Jato não significa o fim do combate à corrupção.

Por outro lado, ainda que a Lava-Jato tenha sido renovada por mais um ano, os problemas financeiros vêm prejudicando as investigações, especialmente pela redução de quadros da Polícia Federal envolvidos na Operação em Curitiba. Mesmo assim, segundo a força-tarefa, as investigações em outros Estados ganharam corpo. Resta saber como atuará Raquel Dodge à frente da PGR ― ela assumirá o posto de Janot no próximo dia 18.

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domingo, 3 de setembro de 2017

EM RESUMO, ISSO É BRASIL


Michel Temer faz sua segunda viagem à China desde que assumiu a presidência. Bem que poderia ficar por lá, mas, não. Ele deve voltar a tempo das comemorações do Dia de Independência e de receber a segunda flechada de Rodrigo Janot, agora por obstrução da Justiça e associação criminosa. A expectativa era de que haveria três denúncias distintas, mas, a duas semanas de deixar o cargo, o procurador-geral tem pressa.

A primeira denúncia, por corrupção passiva, foi sepultada a poder de conchavos espúrios com as marafonas da Câmara, mas como não houve pagamento integral do michê, alguns congressistas venais, insatisfeitos com sua insolência, podem mudar de lado nesta segunda votação ― não por louváveis razões de caráter republicano, naturalmente; se fosse esse o caso, a primeira denúncia teria seguido adiante, pois foi embasada em gravações de áudio e vídeo de arrepiar. Mas estamos no Brasil, e as coisas nem sempre são o que parecem ser, nem produzem os efeitos que deveriam produzir. Haja vista a decisão do TSE (por 4 votos a 3) de não cassar a chapa Dilma-Temer, no julgamento do século que descambou para espetáculo de circo mambembe, onde Gilmar Mendes ensinou que a contundência das provas varia conforme o grau de amizade entre o presidente da Corte e o acusado.

A arrogância e a soberba desse “ministro supremo” são notórias. Dias atrás, ele mandou soltar o chefe da máfia do transporte público do Rio de Janeiro, cuja prisão havia sido decretada pelo juiz Marcelo Bretas ― que tornou a mandar prender o investigado e foi novamente desautorizado pela encarnação togada do deus Hórus. Em mais uma imperdível lição, Mendes nos ensinou que o cachorro é que abana o rabo, e não o rabo que abana o cachorro.

A declaração ofensiva, vulgar e imprópria de um juiz da Suprema Corte foi repudiada pela sociedade em geral e pelos magistrados em particular. Mas ela nada tem de atípica, uma vez que falta de comedimento do ministro boquirroto nas relações com seus pares e juízes subalternos na hierarquia do Judiciário também é pública e notória.

Para qualquer pessoa minimamente racional, o fato de o ministro ter sido padrinho de casamento da filha de Jacob Barata Filho com um sobrinho de sua mulher, Guiomar Mendes, que trabalha no escritório de advocacia que defende Barata, que é sócio de um cunhado de Mendes numa empresa de ônibus, seria motivo mais que suficiente para o magistrado se dar por impedido de atuar no caso. Mas não o “todo-poderoso”, para quem o juiz deve se afastar do caso quando é “amigo íntimo” das partes, e essa qualificação não contempla padrinhos de casamento.

O procurador-geral arguiu o impedimento e pediu suspeição de Mendes nos casos relacionados a Barata; a ministra Cármen Lúcia pediu que o divino se manifeste, após o que, como Presidente do STF, ela pode decidir monocraticamente, submeter à questão ao plenário ou deixar a decisão por conta da 2ª Turma ― composta por Celso de Melo, Ricardo Lewandowski, Dias Toffoli e Edson Fachin, além do próprio Gilmar Mendes.

Parte dos ministros entende que, como o impedimento foi arguido em um pedido de habeas corpus e a competência para análise desse recurso é da Turma, o plenário não poderia invadir esse espaço ― e, claro, as possibilidades de Mendes ser derrotado seriam menores do que no plenário. Já o regimento interno prevê que as arguições de impedimento ou suspeição sejam analisadas pelo plenário do Supremo, mas, nos últimos 10 anos, todos os 80 pedidos semelhantes foram rejeitados monocraticamente pelo presidente da Corte.

A ministra Cármen Lúcia avalia que levar o caso para julgamento pelos ministros pode deixar o Supremo “exposto”, mas sabe da necessidade de dar um desfecho para a situação. Há integrantes da Corte que tentar costurar uma saída honrosa para o ministro, sugerindo que o colega se declare suspeito no caso Barata Filho.

A conferir.

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sábado, 2 de setembro de 2017

NO TEMPO EM QUE OS ANIMAIS FALAVAM...




Muitas histórias que li nos meus mais verdes anos começavam por “Era uma vez...”, mas algumas eram iniciadas com a frase que eu tomei emprestada para intitular esta postagem. No mais das vezes, eram fábulas bem legais, onde os bichos adotavam comportamentos semelhantes ao dos humanos, e a narrativa terminava invariavelmente com uma “moral da história”. Isso me veio à memória no último final de semana, quando li a crônica que o escritor Mentor Neto publicou na última edição da revista IstoÉ. Segue uma versão levemente modificada da historinha:
Era uma vez, no reino dos bichos, o rei Raposo, que insistia em receber no palácio membros da nobreza (os babuínos), para com eles articular estratégias de defesa contra uma eventual rebelião ― que não viria do povo (as hienas), mas dos próprios babuínos, cuja função precípua era negociar bananas com o rei para, em troca, não o derrubar.
A grande preocupação era administrar uma dívida de mais de 150 bilhões em moedas de ouro. Tal era a gravidade da situação que nem o rei nem a nobreza cuidavam do reino. Enquanto isso, as hienas assistiam a tudo como se fosse uma peça de teatro: riam a valer dos absurdos, ou vaiavam o rei e a nobreza, como se não fossem elas próprias as vítimas. Um povo que ria, vaiava e pagava impostos. Nada mais.
Como ninguém cuidava do reino, começaram a surgir os oportunistas. Nobres decadentes, as tartarugas pagavam qualquer preço para se manterem nobres. Nobres ambiciosos, os pavões pediam a cabeça do rei porque queriam tomar seu lugar. Nobres canalhas, os lagartos roubavam os outros nobres sem o menor constrangimento. E o povo ria, vaiava e pagava impostos.
A função dos sapos-cururu, como a dos sábios de qualquer reino, era deliberar sobre o que era certo ou errado. Ficavam lá, sentados em vitórias-régias, deliberando. Condenavam babuínoshienas e até o raposo, caso eles não fossem honestos. Só que havia um sapo-boi entre os sapos-cururu. E não era um desses sapos de contos de fada, que viram príncipes. Era um sapo horroroso, que ficava no meio dos outros, mas ninguém parecia estranhar essa situação. De sua vitória-régia, ele coaxava seus esdrúxulos pareceres, e os outros sapos se limitavam a olhar e bocejar.
Assim,um sábio mandava prender daqui, e o sapo-boi mandava soltar de lá. Um sapo-cururu falava que sim, o sapo-boi ia lá e falava que não. E todos os sapos coaxavam, a nobreza o rei conchavavam, e o povo ria, vaiava e pagava impostos.
Um dia, prenderam o Baratãopai da Dona Baratinha, que era casada com o sobrinho da mulher do sapo-boi, que foi o padrinho do tal casamento. A nobreza e o rei pararam de conchavar, as hienas pararam de rir e de vaiar (mas não de pagar impostos, porque isso não podia) e os sapos-cururu pararam de coaxar. Todos olharam para o sapo-boi, curiosos para saber o que ele faria. E o sapo-boi olhou em volta e, num gesto amplo, mandou soltar o Baratão.
A essa altura você pode pensar que o reino caiu. Mas não. Os sapos-cururu voltaram a coaxar, a nobreza e o rei voltaram a conchavar e as hienas voltaram a rir, a vaiar e a pagar impostos. E o sapão, ó, nem aí. Porque nesse reino, meu amigo, não tem moral da história.
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sexta-feira, 1 de setembro de 2017

CRONÓGRAFO COM PONTEIROS DESSINCRONIZADOS? RESOLVA VOCÊ MESMO (Parte II)

RELÓGIO QUE ATRASA NÃO ADIANTA.

Todo relógio precisa de uma fonte de energia para funcionar. No final da década de 60, a maioria dos modelos de pulso continha uma mola (para gerar energia), uma espécie de massa oscilatória (para oferecer referência de tempo), dois (ou três) ponteiros, um mostrador enumerado e diversas engrenagens, até que a Bulova resolveu substituir a roda de balanço por um transistor oscilador, que, alimentado por uma bateria, mantinha um diapasão funcionando a algumas centenas de hertz. Mais adiante, o cristal de quartzo ― cujas propriedades já eram conhecidas e usadas para proporcionar a frequência exata em transmissores/receptores de rádio e computadores ― assumiria as funções desse diapasão e agregaria maior precisão ao mecanismo.

Se você tenciona comprar um relógio, escolha algo que seja funcional e confiável. Caixas de aço ou titânio são excelentes opções. O ouro é mais nobre, naturalmente, mas encarece significativamente o produto e chama a atenção dos amigos do alheio. E o mesmo vale para modelos de grife ― Patek, Rolex, Omega, Panerai, Hublot, IWC, Breitling, Tissot, Tag Heuer e distinta companhia ―, que chegam a custar centenas de milhares de dólares.

Observação: O Grandmaster Chime, da Patek Philippe (confira na foto que ilustra esta postagem) tem duas faces ― dependendo do lado usado para cima, ele exibe as horas ou o calendário perpétuo instantâneo. A caixa redonda de 47,4mm é feita de ouro rosa 18k e adornada com cristais de safira. O preço é de arrepiar: 2,5 milhões de francos suíços (cerca de R$ 8 milhões).

Quanto ao mecanismo responsável pelo movimento (também conhecido como calibre), você pode optar por modelos a quartzo ou mecânicos. No primeiro caso, que, como vimos, utiliza um oscilador regulado por uma peça de quartzo, a alimentação geralmente é feita por uma bateria. Já os modelos mecânicos funcionam “à corda”, que pode ser manual ou automática. Para os verdadeiros connoisseurs, apenas calibres mecânicos ― e de preferência manuais ― são aceitáveis, em que pese sua limitada reserva de marcha (em média, 24 horas). Isso significa que o relógio deixa de trabalhar quando fica muito tempo fora do pulso (modelos automáticos) ou quando não recebe corda (modelos manuais), e aí é preciso ajustar a hora e o calendário antes de voltar a "vesti-lo".

Mecanismos a quartzo alimentados por bateria funcionam ininterruptamente por anos a fio ― modelos com cronógrafo e outras papagaiadas tendem a consumir mais energia, mas uma bateria original ou equivalente costuma durar mais de dois anos. Existem opções alimentadas por energia solar (que dispensam a troca da bateria) ou térmica (como o smartwatch Matrix, que usa o calor do pulso como fonte de energia). 

Quanto à maneira de mostrar as horas, os relógios podem ser analógicos (de ponteiros), digitais (display de cristal líquido) ou híbridos (combinação de ambos). Via de regra, os analógicos consomem mais energia que os digitais ― a menos que você use muito a luzinha que ilumina o display, deixe os contadores de tempo e os alarmes e demais sinais sonoros ativados, e por aí vai. Nos digitais, além dos tradicionais cronógrafo e calendário simples ou duplo (com dia do mês e da semana) que os modelos de ponteiros costumam oferecer, você encontra contador de tempo regressivo, altímetro, bússola, termômetro e uma porção de outras papagaiadas.

Por hoje chega. Amanhã a gente conclui.

MENDES E OS CÃES SEM RABO

Gilmar Mendes, o inefável, não foi feliz na analogia entre juízes que “insistem em desafiá-lo” e rabo do cachorro.

Explicando melhor: o juiz federal Marcelo Bretas ― tido como o “Sérgio Moro carioca” ― mandou prender Jacó Barata Filho, o “rei do ônibus”, e Mendes mandou soltar; Bretas mandou prender de novo, e o supremo ministro do Supremo, de novo, mandou soltar. E emendou: “Em geral, o rabo não abana o cachorro, é o cachorro que abana o rabo”.

A declaração ofensiva, vulgar e imprópria de um juiz da Suprema Corte foi repudiada pela sociedade em geral e pelos magistrados em particular, embora nada tenha de atípica: o magistrado sul-mato-grossense é conhecido pela arrogância, amor ao protagonismo, língua ferina e total falta de comedimento nas relações com seus pares e juízes que estão abaixo dele na hierarquia do Judiciário.

Para qualquer pessoa minimamente racional, o fato de Mendes ter sido padrinho de casamento da filha de Barata com um sobrinho de sua mulher, Guiomar Mendes, que trabalha no escritório de advocacia que defende Barata ― que, por sua vez, é sócio de um cunhado do ministro numa empresa de ônibus ― já deveria bastar para o ministro se dar por impedido de atuar no caso. Mas não Gilmar, para quem “o juiz deve se afastar do caso quando é ‘amigo íntimo’ das partes, e essa qualificação não contempla padrinhos de casamento”.

É tanto compadrio misto que a chega a ser difícil de acreditar, mas o "deus-sol da magistratura" não vê aí “nenhuma suspeição”. Talvez por isso ele seja alvo de abaixo-assinados que pedem sua saída do STF ― o da Change.org já conta com quase 900.000 assinaturas. Ou também por isso, já que fedem suas relações semipresidencialistas com amigão Michel Temer e seus frequentes encontros fortuitos “nos porões do Jaburu”; a soltura de réus como José Dirceu e Eike Batista, que deixa clara sua habitualidade na concessão de habeas corpus a poderosos e põe em dúvida sua imparcialidade; o empenho na absolvição da chapa Dilma-Temer num julgamento patético, que envergonhou o país por ignorar a profusão de provas contra os réus a pretexto de “manter a governabilidade”, e por aí segue a interminável procissão.

Rodrigo Janot, ora no apagar das luzes de sua gestão à frente da PGR, pediu ao Supremo que a quintessência do saber jurídico seja impedida de atuar no caso da máfia do transporte no RJ. Resta saber como a presidente e os demais membros do STF se posicionarão sobre a questão. A sociedade já deixou claro que repudia um membro da mais alta Corte do país que atua não como operador da justiça, mas como distribuidor de privilégios.

Na última segunda-feira, a ministra Cármen Lúcia notificou Mendes sobre o pedido de suspeição apresentado por Janot, para quem “os vínculos são atuais, ultrapassam a barreira dos laços superficiais de cordialidade e atingem a relação íntima de amizade”. Vamos ver que bicho dá.

ObservaçãoNenhum pedido dos 80 pedidos impedimento ou suspeição de ministros do STF foi atendido nos últimos dez anos; todos foram rejeitados pelo presidente do STF da época e não tiveram os méritos discutidos pelo colegiado. 

E como hoje é sexta-feira:


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quinta-feira, 31 de agosto de 2017

CRONÓGRAFO COM PONTEIROS DESSINCRONIZADOS? RESOLVA VOCÊ MESMO

ESCOLHA OS AMIGOS PELA BELEZA, OS CONHECIDOS PELO CARÁTER E OS INIMIGOS PELA INTELIGÊNCIA.

Embora os onipresentes celulares substituam com vantagem os relógios de pulso, há quem não abra mão desse adereço, talvez devido ao fascínio exercido por modelos de grife, que sinalizam bom gosto e elegância (quando não ostentação, já que o preço pode chegar a centenas de milhares de dólares).

Como tudo mais nesta vida, os relógios sofrem o efeito da passagem do tempo, e como bons relojoeiros são, atualmente, tão raros quanto moscas brancas de olhos azuis, convém ficar esperto quando for trocar a bateria de um modelo a quartzo ― eu mesmo perdi um Citizen depois que uma relojoaria “lábios de suíno” instalou uma bateria de marca barbante, que vazou após três ou quatro meses de uso e causou danos irreparáveis ao módulo do relógio. Mas o problema mais comum é o “relojoeiro de araque” devolver um cronógrafo com os ponteiros desalinhados, seja por não saber sincronizá-los, seja porque simplesmente não dá a mínima.

De tanto passar esse perrengue, resolvi jamais comprar outro relógio com cronógrafo ― a não ser que fosse um modelo mecânico ―, mas desencanei depois que descobri como fazer o ajuste, e assim resolvi compartilhar o mapa da mina com meus leitores, mas não sem “enfeitar um pouco o pavão”, pois é o tempero que agrega sabor ao prato.

O relógio de sol surgiu milênios antes da Era Cristã, quando alguém se deu conta de que o tamanho da sombra variava ao longo do dia, conforme a posição do sol no céu. Depois dele vieram a clepsidra, a ampulheta (relógios “de água” e “de areia”, respectivamente) e uma série de bugigangas curiosas, até que o Papa Silvestre II criou, lá pelos anos 800 da nossa era, o que viria a ser o tetra-tetra-tetra-avô dos relógios mecânicos atuais.

Os modelos de bolso surgiram cerca de 500 anos depois, e foram muito populares até Santos Dumont pedir ao joalheiro Louis Cartier que adaptasse uma correia ao maior relógio de pulso feminino de sua coleção ― o “Pai da Aviação” queria consultar as horas sem tirar as mãos dos comandos de suas aeronaves ―, e assim o uso dos relógios-pulseira, que até então eram adereços tipicamente femininos, se disseminou também entre os homens. Ainda que uma coisa nada tenha a ver com a outra, a grife francesa Cartier se tornou uma das mais ilustres representantes da alta joalheria mundial ― além de joias finas e relógios caríssimos, ela produz perfumes, bolsas e acessórios sofisticadíssimos.  

Observação: O primeiro “relógio pulseira” foi encomendado pela irmã do imperador Napoleão Bonaparte ao relojoeiro Abraham-Louis Bréguet, embora alguns pesquisadores atribuam sua invenção a Antoni Patek e Adrien Philippe, fundadores da conceituada Patek-Phillipe. A princípio, os relógios de pulso eram usados apenas pelas mulheres; os homens portavam um cebolão, que carregavam no bolsinho do colete, preso a uma vistosa corrente ― de ouro ou de prata, grossa ou fina, conforme o gosto e as posses de cada um.

Amanhã eu conto o resto.

MICHEL TEMER - 1 ANO DE GOVERNO

Comemora-se (?!) hoje o primeiro aniversário da efetivação de Michel Temer na presidência da Banânia. Não haverá bolo nem velinha para soprar, já que sua insolência está em viagem oficial à China, de onde deve voltar na semana que vem, não sei se a tempo de participar das festividades de 7 de Setembro, data nacional tupiniquim.

Especula-se, no entanto, que o presidente seja recebido com mais uma denúncia de Rodrigo Janot, que passará o comando da PGR para Raquel Dodge em meados do mês que vem. A primeira denúncia, por corrupção passiva, foi bloqueada mediante uma vergonhosa compra de apoio parlamentar. Desta feita, a acusação será por obstrução de Justiça e associação criminosa, e deverá seguir o mesmo rito da anterior. Se Temer tem ou não cacife político (e dinheiro em caixa) para barrar também esta denúncia, isso ainda não se sabe. Mas é certo que os proxenetas do parlamento irão pressioná-lo, forçando a fazer mais concessões espúrias.

Goste-se ou não de Michel Temer ― e eu não gosto ―, é impossível negar os fatos: no governo de Dilma, a imprestável, a inflação estava em 11,48% ao ano; no atual, está em 3,48%. A taxa Selic também caiu ― de 14% para 9,25%. O dólar baixou de R$ 4,10 para R$ 3,12, e o PIB, que vinha amargando seis trimestres negativos, deve fechar o ano em torno de 0,5%. Com o PT no comando, a Petrobras amargou anos de prejuízo (e roubalheira); com Temer, teve lucro no primeiro semestre de 2017. E até os índices de desemprego começara a recuar ― timidamente, é verdade, mas até aí morreu o Neves.

Resta saber que efeito terá a delação de Lucio Funaro, cujo conteúdo está sob segredo de Justiça, mas certamente virá a público se e quando ela for homologada pelo ministro Edson Fachin. Fala-se que as informações do colaborador ― que era comparsa do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha e operador financeiro das maracutaias do PMDB na Câmara, fornecerão farta munição para embasar a nova denúncia contra Temer. A conferir.

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quarta-feira, 30 de agosto de 2017

PLUGINS PARA O GOOGLE CHROME

GENRO É UM HOMEM CASADO COM UMA MULHER CUJA MÃE SE METE EM TUDO.

Se você já assistiu a algum filme em seu PC, por exemplo, é provável que tenha o plugin do Flash instalado no navegador. Plugin (ou extensão, ou add-on) é um programinha destinado a ampliar/aprimorar os recursos e funções de determinados aplicativos, notadamente os navegadores de internet.

Existe um sem-número de plugins, dentre os quais muitos servem para aprimorar a segurança online. Alguns são exclusivos para determinado navegador, mas outros têm versões para a maioria deles (Chrome, Firefox, Safari, Opera, etc.), embora nem sempre aquele que você procura está disponível para o browser que você utiliza.

Observação: O Internet Explorer foi o navegador padrão do Windows até o lançamento do Edge, que veio com o Windows 10. É certo que a “novidade” ainda não emplacou, e talvez por isso o IE não tenha sido excluído da lista dos componentes nativos do sistema. No entanto, depois que foi superado pelo Chrome, em meados de 2012, a participação do IE no mercado de navegadores entrou em parafuso. Hoje, enquanto o browser do Google é a escolha de 54% dos internautas, o velho guerreiro da Microsoft fica atrás do Safari (14,2%), do UC-Browser (8,6%), do Firefox (5,7%) e até mesmo do Opera (4%) ― para saber mais sobre navegadores de internet, reveja a sequência de postagens iniciada por esta aqui

Dito isso, passemos aos plugins que você pode adicionar ao Chrome para aprimorar sua segurança online:

― O MaskMe permite criar endereços eletrônicos ou números de telefone fictícios para utilizar sempre que websites solicitarem essas informações. Isso é útil porque, ao informar seu verdadeiro endereço email em cadastros e afins, você acaba recebendo toneladas de spam, scam e toda sorte de mensagens indesejáveis.

― O Ghostery monitora scripts que rodam em segundo plano e abre uma janelinha pop-up listando o que foi bloqueado, além de fornecer informações sobre os trackers e sua política de privacidade e permitir que o usuário gerencie as permissões.

― O KB SSL Enforcer aprimora a segurança em sites de compras online ou transações financeiras, por exemplo, redirecionando automaticamente a requisição para páginas iniciadas por https, onde a criptografia SSL acrescenta uma camada de segurança que frustra a ação dos invasores de plantão.

― O ScriptSafe é semelhante ao popular NoScript do Firefox. Ele inibe a execução de scripts como o JavaScript em páginas da Web ― vale lembrar que esses scripts são largamente explorados pela bandidagem digital ― e permite que o usuário selecione o que deseja desbloquear ou desbloqueie tudo, temporária ou permanentemente, conforme suas necessidades.

Cautela e canja de galinha nunca fizeram mal a ninguém.

terça-feira, 29 de agosto de 2017

MICROSOFT - VOCÊ SABIA?

VIRE AS COSTAS PARA A TECNOLOGIA E ELA CHUTARÁ A SUA BUNDA.

A história da Microsoft se confunde com a do Windows, e tanto a empresa ― fundada por Bill Gates e Paul Allen em abril de 1975 ― quanto o programa ― nascido na década de 80 e que se tornou sinônimo de sistema operacional para PCs ― desempenharam um papel preponderante no estrondoso sucesso da evolução da computação pessoal.

Mr. Gates foi alvo de duas postagens recentes, onde eu elenquei alguns mitos e curiosidades sobre o visionário que se tornou multibilionário e passou a dedicar seu tempo (e muito dinheiro) à caridade e a pesquisas visando à cura da AIDS e outras moléstias infectocontagiosas ― semanas atrás, ele doou 64 milhões de ações da Microsoft ― o equivalente a 4,6 de bilhões de dólares ― para a fundação beneficente Bill & Melinda Gates (com isso, dos 24% das ações que chegou a acumular em 1996, ficou com apenas 1,3%, mas continua sendo o segundo maior acionista da empresa, atrás apenas de Steve Ballmer). A seguir, veremos alguns dos mitos, meias verdades e curiosidades que envolvem a gigante do software.

Diferentemente do que muita gente imagina, o Windows não nasceu como um sistema operacional, mas como uma interface gráfica baseada no MS-DOS, que, por sua vez, “nasceu” porque a gigante IMB resolveu lançar seu computador pessoal, e, como não dispunha de um sistema operacional, procurou a Microsoft, supondo (erroneamente) que ela detivesse os direitos autorais do Control Program for Microcomputer. Gates desfez o equívoco, mas aceitou o desafio; só que, em vez de escrever o programa a partir do zero, adquiriu o QDOS de Tim Paterson por US$50 mil, adaptou-o ao hardware da IBM, mudou o nome do programa para MS-DOS e com ele dominou o mercado dos PCs compatíveis.

Outro equívoco comum é atribuir à Microsoft a criação da interface gráfica. Na verdade, desde os anos 70 que a Xerox dispunha de uma Graphical User Interface ― tecnologia baseada em janelas, caixas de seleção, fontes e suporte ao uso do dispositivo apontador criado nos anos 60 pelo engenheiro eletricista Douglas Engelbart ―, conquanto a empresa de Palo Alto só tivesse interesse em computadores de grande porte. Aliás, Steve Jobs fez a lição de casa e incorporou esses conceitos inovadores num microcomputador revolucionário ― quando Microsoft lançou o Windows, a Apple já estava anos-luz à frente.

Linuxistas de carteirinha e defensores do software livre sempre acusaram o Windows de ser um sistema inseguro. Muitos se referiam jocosamente à edição NT (de New Technology) como “Nice Try” (boa tentativa, numa tradução livre, aludindo à facilidade com que o sistema podia ser invadido) ou “colcha de retalhos”, devido ao grande número de remendos lançados pela Microsoft para corrigir bus e falhas críticas. É certo que a segurança nunca foi o forte do Windows, mas também é certo que isso se deve em grande medida ao expressivo número de usuários que o adotaram. Afinal, em sendo possível criar vírus e exploits capazes de atingir milhões e milhões de máquinas, por que ter o mesmo trabalho para infectar as distribuições Linux ou o Macintosh, que contam com um número de usuários muito inferior? Mas a Microsoft sempre se preocupou em corrigir prontamente os problemas identificados em seus produtos, e facilitar ― com o Windows Update e as atualizações automáticas ― a implementação dessas correções pelos usuários.

É incontestável que uma parcela significativa dos produtos Microsoft não foi criada por ela, mas comprada de outros desenvolvedores e reformulada pela equipe de Bill Gates. Além do próprio MS-DOS, mencionado no post anterior, o famoso Internet Explorer é outro bom exemplo, já que a empresa não o escreveu do zero, apenas licenciou o código fonte do Mosaic, da Spyglass Inc., e a partir dele desenvolveu diversas versões do navegador nativo do Windows, que reinou absoluto por mais de uma década, até ser desbancado pelo Chrome, em meados de 2012. Para muitos, a Microsoft não é exatamente uma empresa inovadora, embora isso não a desmereça em nada; afinal, criar uma solução melhor de algo que já existe economiza tempo e evita repetir os erros cometidos por quem partiu do zero. Como dizia Leonardo da Vinci, “o bom artista copia, o grande artista rouba”.

A “musiquinha de abertura” do Windows também merece menção, já que nada menos de oitenta e quatro sons foram testados até que se chegasse à versão final (que hoje nem é mais executada quando o sistema é inicializado, a menos que o usuário modifique as configurações-padrão dos sons do sistema). O tema do Windows foi criado pelo compositor Brian Eno, a quem a empresa de Redmond encomendou um som “inspirador, universal, otimista, futurista, sentimental” com exatos 3,25 segundos de duração.

A PRIVATIZAÇÃO DA ELETROBRAS

A patuleia é sistematicamente contrária a privatizações, mas por uma razão muito simples: seu projeto de vida é mamar nas tetas estatais. Dias atrás, em entrevista a uma emissora de rádio, um desses luminares reverberou a opinião estapafúrdia da igualmente estapafúrdia ex-presidanta Dilma, para quem a privatização da Eletrobras comprometerá a geração de energia e encarecerá o fornecimento para o consumidor. 

Dilma tem larga experiência nesse assunto. Basta lembrar quem era a ministra de Minas e Energia e presidente do Conselho de Administração da Petrobras por ocasião da vergonhosa negociada envolvendo a refinaria de Pasadena. Ou quem quase destruiu a Eletrobras quando, em 2013, reduziu irresponsavelmente as tarifas de energia ― que subiram feito foguete depois que a calamidade em forma de gente se reelegeu, comprovando o propósito eminentemente eleitoreiro do estratagema. Vale relembrar um trecho do fantasioso pronunciamento que a anta vermelha à nação para anunciar sua proeza:

(...)No caso da energia elétrica, as perspectivas são as melhores possíveis. Com essa redução de tarifa, o Brasil, que já é uma potência energética, passa a viver uma situação ainda mais especial no setor elétrico. Somos agora um dos poucos países que está, ao mesmo tempo, baixando o custo da energia e aumentando sua produção elétrica. Explico com números: como acabei de dizer, a conta de luz, neste ano de 2013, vai baixar 18% para o consumidor doméstico e até 32% para a indústria, a agricultura, o comércio e serviços. Ao mesmo tempo, com a entrada em operação de novas usinas e linhas de transmissão, vamos aumentar em mais de 7% nossa produção de energia, e ela irá crescer ainda mais nos próximos anos. Esse movimento simultâneo nos deixa em situação privilegiada no mundo. Isso significa que o Brasil vai ter energia cada vez melhor e mais barata, significa que o Brasil tem e terá energia mais que suficiente para o presente e para o futuro, sem nenhum risco de racionamento ou de qualquer tipo de estrangulamento no curto, no médio ou no longo prazo. No ano passado, colocamos em operação 4 mil megawatts e 2.780 quilômetros de linhas de transmissão.

ObservaçãoQuando nada, Dilma, a imprestável, serve como fiel da balança para quem não está bem certo se aprova ou reprova seja lá o que for: se a ex-presidente é a favor, é porque o troço não coaduna com os interesses da nação; se ela é contra, pode apoiar sem medo, porque deve ser bom para o Brasil.

Lamentavelmente, estamos a mercê de gente desse tipo, que defende o quanto pior, melhor. De fisiologistas e seus apaniguados, de apedeutas ilustres que apoiam o aparelhamento da máquina pública em interesse próprio. De funcionários públicos ineficientes, de sindicalistas e de gente que presta vassalagem a esquerdistas ilustres, de políticos que só querem se locupletar, desviando recursos das estatais cuja privatização eles repudiam de forma tão veemente. Vade retro, cambada de pulhas!


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