OS IDIOTAS NUNCA TÊM DÚVIDAS.
Antes de encerrar as preliminares e passar ao mote desta sequência, cumpre salientar que o grande “senão” dos relógios de movimento mecânico é a reserva de marcha se esgotar quando nos esquecemos de lhes dar corda. Demais disso, com a honrosa exceção de modelos da alta relojoaria suíça (Rolex, Omega, Panerai, Hublot, IWC, Breitling etc.), esses mecanismos costumam ser (bem) menos precisos que os movidos à quartzo ― embora estes últimos fiquem anos luz aquém dos relógios atômicos.
Observação: Um relógio atômico é basicamente um relógio
a quartzo, só que ajustado com base em átomos de césio 133 (que “oscilam” mais
de 9 trilhões de vezes por segundo).
Sua precisão fica na casa do bilionésimo de segundo ― contra dez milésimos de
segundo dos relógios a quartzo comerciais. Em outras palavras, enquanto seu
adereço de grife atrasa ou adianta 3,5 segundos por ano, num relógio atômico a
variação é de apenas 1 segundo a cada
milhão de ano ― podendo chegar a inacreditável marca de 1 segundo a cada 15 bilhões de anos na
engenhoca desenvolvida
pelo NIST (National Institute
of Standards and Technology).
O ajuste da frequência
e a exatidão no corte do cristal de
quartzo definem a precisão do relógio. Modelos de boa estirpe atrasam ou
adiantam míseros segundos por ano, mas você não deve esperar o mesmo comportamento
de modelos baratos, vendidos por camelôs e assemelhados. Mas a grande “desvantagem”
desses relógios é a bateria que os alimenta, ou melhor, a necessidade de substituí-la
a cada dois ou três anos. Isso porque esse procedimento envolve a abertura da
caixa (mediante a remoção do fundo ou do vidro que protege o mostrador).
Assim,
se o relojoeiro não for cuidadoso, seu relógio de mergulho passará a não resistir
sequer a um banho de chuveiro. Isso sem mencionar que baterias de reposição
genéricas ― de baixo custo e péssima qualidade ― não só duram menos como
podem vazar, danificando irreversivelmente o módulo do relógio.
Na próxima postagem veremos a diferença entre cronógrafos e
cronômetros e, finalmente, como fazer para ajustar os ponteirinhos adicionais,
caso eles fiquem desalinhados depois de uma troca de bateria feita por um
relojoeiro chinfrim. Até lá.
Segundo as leis da
Física, polos iguais se repelem, mas a Política
tem razões que a própria razão desconhece. Cito o caso do senador Renan Calheiros, que é alvo de 17 inquéritos,
réu por peculato em um processo no Supremo, e que agora está com Lula (que é réu em 6 processos,
investigado em não sei quantos e condenado a nove anos e seis meses de prisão
pelo juiz Sérgio Moro). Ele foi
mudando aos poucos de natureza no noticiário político e hoje está a caminho de
virar um dos grandes nomes da “resistência” contra o mal, a corrupção e a supressão
dos direitos populares.
Como bem salientou o jornalista J.R. Guzzo em sua coluna na revista
Veja do último dia 30, de Belzebu,
o Cangaceiro das Alagoas foi
promovido a Anjo ― talvez a Arcanjo ― e reconstruiu sua imagem na
mídia gastar um tostão sequer com marqueteiros top de linha como João Santana, por exemplo ― que, por
sinal, não está disponível no momento para esse tipo de trabalho. Como
conseguiu essa proeza? Foi fácil: passou para o lado de Lula, com quem acabou de aparecer aos abraços em recente excursão
do petista pelo nordeste, e já é um dos gigantes de sua campanha para voltar à
presidência.
Segundo Antoine
Lavoisier, na natureza nada se perde, tudo se transforma. Renan, o mau, transformou-se em Renan, o bom, depois de posar como
aliado do eterno aspirante à presidência e notório candidato a hóspede do
sistema prisional tupiniquim. É um fenômeno que está ao alcance de todos, pois
o petista, até agora, aceitou de tudo ― desde que o postulante a aliado tenha
uma folha corrida em estado de guerra aberta com o Código Penal, naturalmente.
Essa lista vai longe: um de seus nomes mais ilustres é o
deputado Paulo Maluf, condenado à
prisão tanto pela Justiça francesa quanto pelo STF, mas que, por alguma razão
incerta e não sabida, continua deputado e com trânsito livre no Congresso
Nacional. Ainda há pouco, Maluf
declarou que Lula “é um exemplo para
todos os brasileiros” e que sua condenação foi “uma injustiça”.
Outro nome espantoso é o ex-governador fluminense Sérgio Cabral, que está na cadeia há
quase um ano e responde a uma dúzia de processos (se não me escapa nenhum) e é
tido como uma espécie de “ladrão serial” (não há registro de nenhum governador
brasileiro que tenha roubado tanto quanto ele nos 128 anos desta República. É
outro dos grandes heróis do ex-presidente: “Votar em Sérgio Cabral é uma obrigação moral, ética e política” disse Lula num palanque eleitoral no Rio de
Janeiro. Na ocasião, também informou aos eleitores que “estava provado que
Cabral era um homem de bem”.
Dizer mais o quê? Tire o leitor suas próprias conclusões.
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