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segunda-feira, 8 de abril de 2019

BOLSONARO, EDUCAÇÃO, HORÁRIO DE VERÃO, STF, MILITARES E OUTROS ASSUNTOS



Na última sexta-feira, Bolsonaro quase exonerou Ricardo Vélez, cujas trapalhadas recorrentes são a prova provada de que o ministro da Educação não tem a menor vocação para educador nem para gestor. Faltou o quase, mas acho que desta semana não passa. Vélez já vai tarde, e deve levar a tiracolo o malfadado horário de verão. Bem que poderia levar também os ministros do Turismo, das Relações Exteriores e da Mulher, Família e Direitos Humanos. Aliás, o motivo pelo qual precisamos de um ministério da Mulher, Família e Direitos humanos é uma das muitas coisas difíceis de entender neste governo.

Atualização: Bolsonaro confirmou nesta manhã (pelo Twitter, como de costume) a demissão de Ricardo Vélez. Assume a pasta o economista Abraham Weintraub, que tem boas relações com membros da equipe governamental e é próximo ao ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni de quem era secretário-executivo.

Por falar em coisas difíceis de entender, Temer, quando ainda articulava a deposição da titular do cargo que almejava ocupar, prometeu um ministério de notáveis, mas nomeou uma notável agremiação de enrolados na Justiça. Surpreendentemente — pelo menos à luz dos discursos de campanha de Bolsonaro —, o atual ministério não fica muito atrás. Senão vejamos.

O ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, admitiu a prática de caixa 2; o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, é réu por improbidade administrativa e alvo de uma acusação por dano ao Erário (por ter ordenado a retirada de um busto do guerrilheiro Carlos Lamarca do parque estadual do Rio Turvo, na cidade de Cajati); a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, é investigada por suposto favorecimento à JBS quando era secretária do agronegócio no Mato Grosso do Sul; a proselitista religiosa Damares Alves (a tal ministra da Família, Mulher de Direitos Humanos) é alvo de duas investigações do MPF por discriminação contra os povos indígenas. Esses são apenas alguns exemplos, pois pelo menos 9 dos 22 ministros (aí incluídos Marcos Pontes, General Heleno e o próprio Paulo Guedes) são réus ou investigados na Justiça. Durma-se com um barulho desses.    

Michel Temer é tetra-réu (duas vezes na JF do RJ, uma na de SP e outra na do DF). Pelo andar da carruagem, o emedebista não demora a ultrapassar Lula — que carrega na lomba uma dezena de ações criminais e já foi condenado em duas delas —, podendo mesmo alcançar Sérgio Cabral — que responde a cerca de cerca de 40 processos e já foi apenado com quase 200 anos de prisão. A exemplo do criador e mentor da calamidade de quem foi vice por 5 anos e a quem sucedeu na presidência desta banânia, o vampiro emedebista resolveu posar de vítima de perseguição. É certo que ele ainda não foi julgado e muito menos condenado, mas qualquer um que tenha um par de neurônios minimamente funcionais não precisa esfregar o nariz na merda para saber que ela fede.

O desembargador responsável por relaxar a prisão preventiva de Temer e seus comparsas (e que, na brilhante definição de J.R. Guzzo, é um especialista em libertar ladrões do erário que ficou sete anos afastado da magistratura por acusações de praticar estelionato) não viu risco algum de os suspeitos tentarem destruir provas ou atrapalhar as investigações. Curiosamente, o empresário Vanderlei de Natale, amigo do ex-presidente e alvo da Operação Descontaminação, tentou ocultar sob o sofá, no dia de sua prisão, um computador do tipo notebook. O coronel João Batista Lima Filho, outro amigo e suposto parceiro de maracutaias desde os anos 1980, lançou mão da mesma estratégia para tentar despistar os investigadores ao ocultar dois smartphones sob a almofada do sofá.

Todos os ex-governadores do Rio, eleitos pelo voto popular desde a redemocratização, estão ou estiveram presos. Dentre eles, Sérgio Cabral é o mais notório, haja vista a quantidade assombrosa de processos e o tamanho da pena a que foi sentenciado nos que já foram julgados. Mas Cabral é um ponto fora da curva. Depois de trocar o causídico responsável por sua defesa, o ex-governador assumiu boa parte dos crimes que lhe são atribuídos e vem colaborando com a Justiça — a mim pouco importa se o faz visando aliviar o fardo condenatório com um acordo de delação premiada. Quanto aos demais políticos e empresários investigados, denunciados ou réus, com a possível exceção do ex-ministro petista Antonio Palocci, 110% se dizem inocentes e consideram-se injustiçados. Haja óleo de peroba para lustrar tanta cara-de-pau!

Para fechar com chave de ouro: A revista Veja desta semana publicou na sessão Radar que generais criticam a “ditadura da toga” e conclamam a sociedade civil a recompor a ordem para evitar que “sangue corra pelas ruas”. Voltada a membros das Forças Armadas, a revista do Clube Militar publicou uma série de críticas ao STF. Uma delas (que você pode ler na figura que ilustra esta postagem), assinada pelo general Eduardo José Barbosa, presidente do Clube Militar, questiona o ministro Dias Toffoli por ter determinado a abertura de inquérito para investigar ameaças ao Supremo e aos familiares dos ministros. Segundo o general, somente em ditaduras acontecem investigações deste tipo. 

Outro artigo, este assinado pelo também general Luiz Eduardo Rocha Paiva, diz que “a nação tem que se salvar a si mesma, sem a tutela das Forças Armadas, que só tomarão a iniciativa diante de um quadro de grave violência, caos social, falência e perda de autoridade dos Poderes Constitucionais”. E prossegue: “Ou seja, em um cenário de anomia a colocar em risco a paz social, a unidade política e a soberania do Estado”. O general encerra o artigo com a seguinte frase: “Não querem que o sangue corra pelas ruas? Então mãos à obra”. Para bom entendedor...

A lua-de-mel de Bolsonaro termina de forma melancólica. Nos primeiros 100 dias de governo, o presidente... Bem, é melhor deixar esse assunto para a próxima postagem.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

INSTANTÂNEOS DO CENÁRIO POLÍTICO TUPINIQUIM ÀS VÉSPERAS DO CARNAVAL



Parece que o Réveillon foi ontem e o Natal, anteontem, mas o fato é que estamos às portas da Carnaval. Como o brasileiro esquece da vida durante o reinado de Momo, investir em textos rebuscados, nesta época, é gastar boa vela com mau defunto. Aliás, foi por isso que eu resolvi, há mais de uma década, deixar de publicar minhas dicas de informática nos finais de semana e feriados nacionais, quando a audiência no Blog cai a níveis abissais. Enfim, deixemos de lado as reminiscências e vamos ao que interessa:

Na seção “ME ENGANA QUE EU GOSTO” — ou “ACREDITE SE QUISER”, para quem se lembra da saudosa série apresentada por Jack Palance —, a PF concluiu que não há, até o momento, evidência da participação de outras pessoas no ataque além de Adélio (para os que acabam de chegar de Marte, esclareço que se trata do atentado contra Jair Bolsonaro durante um evento de campanha em setembro passado).

Outra: O coordenador de Programação da Atividade Fiscal da Receita Federal informou à PGR que a suspeita de crimes apontadas em um relatório do órgão em relação ao patrimônio do ministro supremo Gilmar Mendes é "genérica", e que houve vazamento ilegal do procedimento (que foi revelado pela revista "Veja"). Como revelou o Estado, a Receita criou a EEP Fraude com o objetivo de fazer uma devassa em dados fiscais, tributários e bancários de agentes públicos ou relacionados a eles, e, a partir de critérios predefinidos, chegou a 134 nomes, entre os quais Blairo Maggi, ex-senador e ex-ministro da Agricultura no governo Michel Temer, o desembargador Luiz Zveiter e o ex-ministro do TSE Marcelo Ribeiro. A inclusão na lista não significa que o agente público tenha cometido irregularidade, mas que passará por uma análise mais acurada dos auditores fiscais. Além de Gilmar, também está na mira de um grupo especial da Receita a advogada Roberta Maria Rangel, mulher de Dias Toffoli, de quem o atual presidente do Supremo foi sócio no escritório de advocacia  Toffoli & Rangel Associados, em Brasília, até 2007. Enfim, o fato é que a Receita não investigará Gilmar Mendes. Ave, César!

Mais uma (esta, nem a Velhinha de Taubaté engoliria):  O jesuíta brasileiro conhecido como “padre Kiko” usou as redes sociais para fazer o que chamou de “contrapropaganda” sobre a situação na Venezuela (clique aqui para assistir ao vídeo onde esse imbecil culpa os Estados Unidos e a mídia por criarem “um show midiático para gerar pressão e instabilidade” no país vizinho). “Eles querem derrotar o governo para pôr a mão no petróleo. Não é uma questão humanitária. O povo não está morrendo. Acho que no Brasil tem muito mais miserável do que aqui. Se há país que tem violência, fome e miséria, não é aqui na Venezuela.”, diz o pedaço de merda — desculpem o meu francês, mas achei pouco classificar esse mentecapto como a versão de batina de Gleisi Hoffmann — que “a vida está normal” na ditadura de Nicolás Maduro, e que “não tem nenhum problema”. Juan Guaidó, presidente autodeclarado do país vizinho, concedeu uma entrevista exclusiva à revista eletrônica Crusoé e fez revelações contundentes que só o jornalismo independente e sem rabo preso é capaz de publicar (veja aqui). 
   
Na seção “O VELHO, O MENINO E O BURRO” — clique aqui caso não conheça essa fábula, que eu uso para ilustrar as críticas dirigidas hodiernamente a Jair Bolsonaro, mesmo quando ele acerta —, a anulação do polêmico decreto sobre sigilo de dados (decreto esse assinado pelo vice, General Mourão, quando o Presidente estava em Davos) foi noticiada como um recuo para evitar que a derrota na Câmara  se repetisse  no Senado. Salvo melhor juízo, o que o Presidente fez, nesse caso, foi pôr ordem no galinheiro.

Falando em galinheiro, o Ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez (mais um “colosso” da equipe ministerial que abrilhanta este com decisões estapafúrdias, como se o Presidente não fosse capaz de produzir uma quantidade alarmante delas) admitiu que errou ao enviar e-mail contendo slogan do governo e pedir que escolas filmassem crianças durante a execução do Hino Nacional. "Eu percebi o erro. Tirei essa frase (com slogan do governo). Tirei a parte correspondente a filmar crianças sem a autorização dos pais. Evidentemente se alguma coisa for publicada será dentro da lei, com a autorização dos pais. Saiu hoje (terça-feira)de circulação", disse o ministro aos jornalistas, depois que o MPF deu prazo de 24 para o lunático justificar a asnice. Aliás, a bestagem de Rodríguez foi sopa no mel para a patuleia: PT e PSOL protocolaram uma ação popular contra Bolsonaro e seu ministro por violação da moralidade pública e do princípio da impessoalidade. Capitanearam esse “nobilíssimo ato em defesa dos interesses nacionais” o deputado petista Paulo Pimenta (sempre pronto a fazer o que não presta) e psolista Ivan Valente. Precisa dizer mais alguma coisa?  

Na seção “VAMOS VER QUE BICHO DÁ”, a deputada federal Joice Hasselmann publicou no Diário Extraoficial da União (também conhecido como Twitter) a notícia de que foi escolhida líder do governo no Congresso. Paralelamente (embora um coisa nada tenha a ver com a outra), o ministro supremo Luiz Fux negou a reclamação do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, para responder no STF a uma investigação sobre o laranjal do PSL nas eleições de 2018 (irregularidade que, pelo menos em tese, foi responsável pela exoneração de Gustavo Bebianno da secretaria-geral da Presidência da Banânia.

Na seção “OH! PASMEM!”, Sérgio Cabral, notório colecionador de processos e condenado (até agora) a 198 anos de prisão, mudou de advogado e de estratégia de defesa: agora, o ex-governador lalau atribui ao “apego ao poder e ao dinheiro” seu “erro de postura” à frente do governo do Estado Rio de Janeiro e afirma estar arrependido por não ter falado de propinas anteriormente.

Para encerrar, a seção “QUEM PROCURA ACHA”: Jean Wyllys, que se notabilizou por ter cuspido no então deputado Jair Bolsonaro, foi “ovacionado” ao discursar num evento em Portugal, a convite do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. O ilustre ex-deputado já havia aberto a matraca quando dois homens se levantaram da plateia e tentaram acertá-lo com ovos.

E assim encerramos esta postagem de véspera de sexta-feira gorda (e o mês de fevereiro).

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

LULA DECRETOU QUE SÓ EXISTEM NO SEU PASSADO OS FATOS QUE LHE INTERESSAM.



Todo cidadão honesto que tem uma causa na justiça deseja, acima de tudo, que o processo ande o mais rápido possível. Se a pessoa está com a consciência tranquila em relação aos atos que praticou, por que iria querer algo diferente? No Brasil, todavia, há, neste preciso momento, um homem que deseja exatamente o contrário, que reclama de, no seu caso, a Justiça estar indo rápido demais. Quem já ouviu falar de uma coisa dessas?

Há 500 anos existe neste país uma certeza acima de qualquer outra: do presidente do STF ao mais ordinário rábula de porta de cadeia, todo mundo acha que um dos problemas mais repulsivos do Brasil é a morosidade da Justiça. Justiça que tarda não é justiça, ouvimos desde o jardim da infância: só os ricos, os poderosos e os culpados tiram proveito de processos que se vão arrastando até o Dia do Juízo Universal.

Lula deveria ser 100% a favor de uma Justiça rápida e simples ― a única que atende aos interesses do cidadão comum, sobretudo dos mais pobres. Mas não. É ele, justamente ele, o homem que está fazendo hoje uma campanha inédita pela lentidão da Justiça.

Lula, como se sabe, é réu em 7 processos e foi condenado num deles a 9 anos e 6 meses de prisão, em junho passado. Recorreu da sentença ao TRF-4, que acaba de marcar para 27 de janeiro de 2018 o julgamento do apelo. O que poderia haver de errado nisso? Eis aí, afinal, um exemplo claro de magistrados que trabalham com rapidez, que cumprem seu dever junto ao público e que não aceitam o adiamento eterno das sentenças. Mas Lula e todo séquito de imprestáveis ficaram imediatamente indignados. Acham que o Tribunal está “andando depressa demais”, que outros casos levaram mais tempo para ser julgados, que o certo seria jogar tudo para as calendas gregas.

Não dá para entender. Os mais de seis meses transcorridos entre a condenação e o julgamento do apelo não bastariam para esclarecer tudo? Isso sem mencionar o tempo que seus advogados tiveram para defendê-lo, entre a aceitação da denúncia e o julgamento pelo juiz Sérgio Moro. Essa novela vai completar um ano e meio daqui a pouco, será que não chega?

Mais que isso, enfim, há a questão que não quer calar: é incompreensível que Lula não aceite ser julgado o mais cedo possível se, como ele próprio já disse em público tantas vezes, nunca cometeu crime algum, e que não existe no Brasil alma viva mais honesta do que ele. É igualmente lamentável que demonstre, também, mais uma vez seu total desprezo pelas “instituições” de que tanto fala. As leis, as eleições, as decisões da Justiça, as votações no Congresso, enfim, só são boas quando são a seu favor. Quando não, é tudo golpe, armação e ódio ao povo brasileiro. Em suma: só é legítimo, nesta Banânia, o que Lula aprova.

Sua insolência, cada vez mais, parece trancar-se num mundo escuro, onde só existem sua própria voz, sua própria vontade e seus próprios interesses. A lógica e os fatos, há muito que deixaram de existir. Ainda outro dia, no Rio de Janeiro, num comício para militantes do PT, o pulha saiu-se com a seguinte pérola: “O Rio não merece que governantes que foram eleitos democraticamente pelo povo estejam presos porque roubaram dinheiro público”. Como assim? Estaria o molusco abjeto lamentando a prisão de Garotinho e Cabral? Por que esses “eleitos democraticamente”, e por que duvidar logo em seguida, e por duas vezes, se houve mesmo corrupção no Rio? “Eu nem sei se é verdade”, repetiu Lula.

Logo foram dadas explicações. Lula foi mal interpretado, pode ter se atrapalhado um pouco com as palavras, mas, como tanta gente, estava triste com o que vem acontecendo no Estado. Tudo bem, mas só ele, em todo o Brasil, duvida que o ex-governador Sérgio Cabral ― já condenado a 72 anos de prisão e com outros 13 processos pela proa ― seja o maior ladrão que governou o Rio desde Estácio de Sá, conforme comprovado pela Justiça. E também não dá mais para apagar o que Lula disse a respeito do dito-cujo: “Votar em Sérgio Cabral é uma obrigação ética, moral e política”. Está-se vendo.

Lula, já há muito tempo, decretou que só existem no seu passado os fatos que lhe interessam.

PARA QUEM NÃO LÊ AS ENTRELINHASO comandante máximo da ORCRIM pretendia arrastar sua candidatura até setembro, com chicanas jurídicas no STJ, no STF e no TSE. Se ele fosse cassado, transferiria uma parte de seus votos para o poste Jaques Warner. A rapidez do desembargador Gebran, porém, desarmou esse golpe, porque o discurso vitimista de Lula vai esfriar até o início da campanha eleitoral. Além disso, o pulha corre o risco de ser preso ― e, com isso, tornar-se um cabo eleitoral ainda mais tóxico. O PT tem de refazer seus planos. Rapidamente.

Com J.R. Guzzo

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quarta-feira, 6 de setembro de 2017

CRONÓGRAFO COM PONTEIROS DESSINCRONIZADOS... (PARTE V)

OS IDIOTAS NUNCA TÊM DÚVIDAS.

Antes de encerrar as preliminares e passar ao mote desta sequência, cumpre salientar que o grande “senão” dos relógios de movimento mecânico é a reserva de marcha se esgotar quando nos esquecemos de lhes dar corda. Demais disso, com a honrosa exceção de modelos da alta relojoaria suíça (Rolex, Omega, Panerai, Hublot, IWC, Breitling etc.), esses mecanismos costumam ser (bem) menos precisos que os movidos à quartzo ― embora estes últimos fiquem anos luz aquém dos relógios atômicos.

Observação: Um relógio atômico é basicamente um relógio a quartzo, só que ajustado com base em átomos de césio 133 (que “oscilam” mais de 9 trilhões de vezes por segundo). Sua precisão fica na casa do bilionésimo de segundo ― contra dez milésimos de segundo dos relógios a quartzo comerciais. Em outras palavras, enquanto seu adereço de grife atrasa ou adianta 3,5 segundos por ano, num relógio atômico a variação é de apenas 1 segundo a cada milhão de ano ― podendo chegar a inacreditável marca de 1 segundo a cada 15 bilhões de anos na engenhoca desenvolvida pelo NIST (National Institute of Standards and Technology).

O ajuste da frequência e a exatidão no corte do cristal de quartzo definem a precisão do relógio. Modelos de boa estirpe atrasam ou adiantam míseros segundos por ano, mas você não deve esperar o mesmo comportamento de modelos baratos, vendidos por camelôs e assemelhados. Mas a grande “desvantagem” desses relógios é a bateria que os alimenta, ou melhor, a necessidade de substituí-la a cada dois ou três anos. Isso porque esse procedimento envolve a abertura da caixa (mediante a remoção do fundo ou do vidro que protege o mostrador). 

Assim, se o relojoeiro não for cuidadoso, seu relógio de mergulho passará a não resistir sequer a um banho de chuveiro. Isso sem mencionar que baterias de reposição genéricas ― de baixo custo e péssima qualidade ― não só duram menos como podem vazar, danificando irreversivelmente o módulo do relógio.

Na próxima postagem veremos a diferença entre cronógrafos e cronômetros e, finalmente, como fazer para ajustar os ponteirinhos adicionais, caso eles fiquem desalinhados depois de uma troca de bateria feita por um relojoeiro chinfrim. Até lá.

QUANDO OS IGUAIS SE ATRAEM

Segundo as leis da Física, polos iguais se repelem, mas a Política tem razões que a própria razão desconhece. Cito o caso do senador Renan Calheiros, que é alvo de 17 inquéritos, réu por peculato em um processo no Supremo, e que agora está com Lula (que é réu em 6 processos, investigado em não sei quantos e condenado a nove anos e seis meses de prisão pelo juiz Sérgio Moro). Ele foi mudando aos poucos de natureza no noticiário político e hoje está a caminho de virar um dos grandes nomes da “resistência” contra o mal, a corrupção e a supressão dos direitos populares.

Como bem salientou o jornalista J.R. Guzzo em sua coluna na revista Veja do último dia 30, de Belzebu, o Cangaceiro das Alagoas foi promovido a Anjo ― talvez a Arcanjo ― e reconstruiu sua imagem na mídia gastar um tostão sequer com marqueteiros top de linha como João Santana, por exemplo ― que, por sinal, não está disponível no momento para esse tipo de trabalho. Como conseguiu essa proeza? Foi fácil: passou para o lado de Lula, com quem acabou de aparecer aos abraços em recente excursão do petista pelo nordeste, e já é um dos gigantes de sua campanha para voltar à presidência.

Segundo Antoine Lavoisier, na natureza nada se perde, tudo se transforma. Renan, o mau, transformou-se em Renan, o bom, depois de posar como aliado do eterno aspirante à presidência e notório candidato a hóspede do sistema prisional tupiniquim. É um fenômeno que está ao alcance de todos, pois o petista, até agora, aceitou de tudo ― desde que o postulante a aliado tenha uma folha corrida em estado de guerra aberta com o Código Penal, naturalmente.

Essa lista vai longe: um de seus nomes mais ilustres é o deputado Paulo Maluf, condenado à prisão tanto pela Justiça francesa quanto pelo STF, mas que, por alguma razão incerta e não sabida, continua deputado e com trânsito livre no Congresso Nacional. Ainda há pouco, Maluf declarou que Lula “é um exemplo para todos os brasileiros” e que sua condenação foi “uma injustiça”.

Outro nome espantoso é o ex-governador fluminense Sérgio Cabral, que está na cadeia há quase um ano e responde a uma dúzia de processos (se não me escapa nenhum) e é tido como uma espécie de “ladrão serial” (não há registro de nenhum governador brasileiro que tenha roubado tanto quanto ele nos 128 anos desta República. É outro dos grandes heróis do ex-presidente: “Votar em Sérgio Cabral é uma obrigação moral, ética e política” disse Lula num palanque eleitoral no Rio de Janeiro. Na ocasião, também informou aos eleitores que “estava provado que Cabral era um homem de bem”.

Dizer mais o quê? Tire o leitor suas próprias conclusões.

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