segunda-feira, 30 de abril de 2018

BRASIL ― UM PAÍS QUE VAI PRA FRENTE



QUEM ELEGE CORRUPTOS OU UM INCOMPETENTES NÃO PODE SE QUEIXAR, DEPOIS, DE NÃO ESTAR BEM REPRESENTADO.

País de merda, este nosso. Mas digno do povinho de merda que elege os mequetrefes que o governam e representam. E a voz do povo, já dizia um velho ditado, é a voz da ignorância.

Nunca fui ativista ou militante de coisa alguma. Sempre me considerei apolítico e apartidário, e talvez por isso tenha atravessado incólume os 21 anos da ditadura militar. Jamais aprovei o regime de exceção, até porque sempre achei que a pior democracia ainda seria melhor do que a melhor das ditaduras. No entanto, diante do atual cenário político, fico pensando se não seria o caso de rever esses conceitos.

Como milhões de brasileiros, torci pelas “Diretas Já”, comemorei a volta dos militares para os quartéis e a “eleição” de Tancredo Neves. Também como milhões de brasileiros, lamentei a morte do carismático político mineiro e antipatizei com Sarney à primeira vista. Mas botei fé na tal “Constituição Cidadã”, até porque admirava Ulysses Guimarães, que foi meu professor de Direito Constitucional.

Votei em Collor para impedir que o PT chegasse ao Planalto (diante da alternativa, jamais me arrependi, nem mesmo quando Zélia sequestrou nosso dinheiro), torci pelo impeachment do flibusteiro, achei Itamar uma piada, mas comemorei o sucesso do Plano Real e as conquistas do primeiro mandato de FHC

Nunca pensei que Lula venceria Serra em 2002 (embora não tivesse a menor simpatia pelo tucano careca, votei nele pelos mesmo motivo que me levou a votar em Collor em 1989), nem que o PT cumpriria a promessa de “fazer a diferença na política” (não roubando e não deixando roubar). Reconheço os méritos do governo petista, sobretudo nos primeiros 4 anos, mas nunca me deixei engambelar pelo estadista de araque, ao contrário de muita gente boa, aí incluído o ex-presidente americano Barack Obama, para quem Lula era “O CARA”.

Também me surpreendi quando Dilma derrotou Serra em 2010, e mais ainda quando ela venceu Aécio em 2014. O mineirinho safo me levou no bico; achei mesmo que ele faria um bom governo e que tiraria o país do buraco que a anta vermelha cavou com a pá da arrogância e a picareta da ambição pelo poder (aliás, o estelionato eleitoral que levou a mulher sapiens ao segundo mandato foi determinante para a crise que demoliu nossa economia).

Por essas e outras eu espoquei rojões e abri um champanhe caro quando a tragédia em forma de gente foi penabundada do Planalto, a despeito do espetáculo burlesco encenado pelo Congresso e, pior, a espúria articulação entre os então presidentes do Legislativo (Renan Calheiros o homem dos 20 inquéritos) e do Judiciário (o não menos abjeto Ricardo Lewandowski) para fatiar a denúncia, realizar uma segunda votação e assim preservar os direitos políticos da nefelibata da mandioca.

Jamais gostei de Michel Temer. Como apoiar alguém que presidiu o antro peemedebista por 15 anos e foi vice da anta sacripanta ― e cúmplice de seus malfeitos ― por outros 5? Mas Temer era nossa única alternativa constitucional, e merecia um voto de confiança (situações desesperadoras exigem medidas desesperadas). O resultado é o que se sabe. Seu ministério de notáveis se revelou uma notável agremiação de corruptos ― com a possível exceção da equipe econômica ― e sua imagem de bom-moço derreteu como bola de neve no inferno com a delação de Joesley Batista. Isso sem mencionar suas artimanhas para barrar as denúncias de Janot e sua desfaçatez diante das evidências do sem-número de práticas nada republicanas que lhe são imputadas (como o caso da Rodrimar, que já colocou na cadeia, ainda que temporariamente, amigos íntimos de sua insolência, como José Yunes e o coronel laranja Lima).

Desde a redemocratização, elegemos 4 presidentes da República, e apenas dois concluíram seus mandatos. Tancredo não conta, já que foi escolhido por um Colégio Eleitoral formado por 686 deputados, senadores e delegados estaduais, e nem chegou a tomar posse. Sua morte nos rendeu Sarney, que era vice, e por isso também não conta. Collor foi eleito pelo voto popular, em 1989, mas renunciou em dezembro 1992 (mesmo assim, o Congresso cassou seus direitos políticos por 8 anos). Vice do caçador de marajás de araque, Itamar Franco cumpriu o mandato tampão, mas era vice, de modo que também não conta.

Insuflado pelos ventos benfazejos do Plano Real, FHC subiu a rampa do Planalto em 1995 e lá ficou até o apito final do segundo tempo, quando passou a faixa para Lula, em 2003, que a transferiu para Dilma em 2010, que a perdeu em 2016 e nos deixou nas mãos de Michel-não-renunciarei-Temer ― o reformista que sonhava em entrar para a história como “o cara que recolocou o Brasil nos trilhos”, mas se tornou o primeiro presidente denunciado, no exercício do cargo, por crimes comuns.

Com um chefe do Executivo denunciado e um Congresso apinhado de investigados, denunciados e réus na Lava-Jato e suas derivações, esperava-se que o Judiciário restabelecesse a ordem no galinheiro, ainda que a atual composição do STF seja a pior de todos os tempos. Mas, com sete dos onze ministros nomeados por Lula e Dilma ― e os demais escolhidos por SarneyCollor e FHC e Temer ―, o que se poderia esperar da nossa mais alta Corte?

É o que veremos no próximo capítulo. Até lá.

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