Como se não bastassem a irresignação petista com a derrota
do fantoche-calamidade e a promessa de oposição implacável ao novo governo, o senador não reeleito (mas ainda
presidente do Senado) Eunício Oliveira
armou a primeira pauta-bomba para Bolsonaro:
o reajuste salarial dos ministros do STF,
cujo impacto nas contas públicas deve ser de R$ 6 bilhões/ano.
O estrupício emedebista pegou a todos de surpresa
ao avocar o projeto para o plenário com urgência, tirando-o da pauta da
comissão em que ele tramitava. Como nada acontece por acaso, especula-se que
por trás dessas movimentações esteja a disputa pela presidência da Casa (na
qual o primeiro-filho Flávio Bolsonaro
está de olho, e por isso o MDB — que
tem a maior bancada no Senado — vem criado dificuldades para o Bolsonaro-pai).
Falando no Congresso,
levantamento feito pelo ESTADÃO apurou que um terço dos parlamentares é acusado de crimes
como corrupção, lavagem, assédio sexual e estelionato ou réu em ações por
improbidade administrativa com danos ao erário ou enriquecimento ilícito. No
total, são 160 deputados e 38 senadores, entre os quais vale destacar a petista Gleisi Hoffmann e o tucano Aécio Neves (a primeira é alvo da Lava-Jato e o segundo é réu por
corrupção na delação do grupo J&F;
ambos foram rebaixados de senador a deputado).
Além de tucanos e petistas, há também integrantes de outras 21 legendas, inclusive do partido do presidente eleito. Ao todo, os parlamentares respondem a 540 acusações (379 contra deputados e 161 contra senadores), das quais 334 são por improbidade — 263 de deputados e 71 casos envolvendo senadores. Entre os crimes, as acusações mais comuns são as de lavagem de dinheiro (34), corrupção (29) e crimes eleitorais (16).
Além de tucanos e petistas, há também integrantes de outras 21 legendas, inclusive do partido do presidente eleito. Ao todo, os parlamentares respondem a 540 acusações (379 contra deputados e 161 contra senadores), das quais 334 são por improbidade — 263 de deputados e 71 casos envolvendo senadores. Entre os crimes, as acusações mais comuns são as de lavagem de dinheiro (34), corrupção (29) e crimes eleitorais (16).
O partido com maior número de envolvidos é o PT (por que não estou surpreso?): trinta de seus 62 eleitos são investigados
ou réus. Proporcionalmente, porém, o MDB
é quem tem mais parlamentares enredados com a Justiça — são 16 deputados e 8
senadores (52% da bancada no Congresso ante 48% do PT) —, enquanto o PSL de
Bolsonaro tem 7 deputados na mira da
Justiça (12,5% dos 56 congressistas eleitos). O levantamento não
levou em conta ações de danos morais e execuções fiscais, o que
aumentaria o percentual de processados para 40%.
Falando em Gleisi
Hoffmann, a presidente nacional da furna vermelha diz que “o mundo
está chocado” com a nomeação de Sergio
Moro para o Ministério da Justiça. Mas não é bem assim: de acordo com o
levantamento da Paraná Pesquisas,
82.6% dos eleitores apoiaram sua nomeação. Seria melhor que “Coxa” aprendesse em
vez de ficar destilando seu veneno, que nem a própria cúpula petista aguenta
mais (caso do antecessor da loirinha na presidência da ORCRIM, Rui Falcão).
Falando no PT, a defesa do eterno presidente de honra da quadrilha alega agora que, ao aceitar o convite para ocupar um ministério, Moro confirmou sua parcialidade (mais detalhes nesta
postagem). O relator da Lava-Jato no STF, ministro Edson Fachin, encaminhou novo pedido de liberdade do molsuco para ser analisado pela 2ª Turma, composta por ele mesmo, Gilmar
Mendes, Ricardo Lewandowski, Celso de Mello e Cármen Lúcia.
Quando Moro condenou Lula a nove anos e meio, em 2017,
ninguém via em Bolsonaro um
candidato viável. Demais disso, o TRF-4
ampliou a pena de 9 anos e meio para 12 anos e um mês, e foram os
desembargadores João Pedro Gebran, Leandro Paulsen e Victor Laus que ordenaram a Moro
que prendesse Lula — ou seja, o juiz
da 13ª Vara Federal do Paraná não foi o responsável pela prisão, uma vez que
simplesmente cumpriu as determinações de seus superiores.
Uma das
investidas anteriores da estelada equipe de rábulas vermelhos foi barrada porque o assunto já tinha sido analisado
pelo plenário do Supremo. O STJ já negou habeas outros pedidos de habeas
corpus e o STF indeferiu
recursos que impediriam sua prisão. Claro que em se tratando de barriga de
criança e cabeça de juiz, nunca se sabe o que pode acontecer. Mas a 2ª Turma, que
vinha diuturnamente emparedando o ministro Fachin
com os votos do trio assombro togado (os poderosos laxantes Mendes, Toffoli e Lewandowski) agora
conta com a ex-presidente Cármen Lúcia.
Estará ela disposta a lutar pela liberdade de Lula, se Toffoli, que
tinha ótimas relações com o PT,
votou contra o molusco safardana?
Observação: Fachin disse acreditar na possibilidade de que o
recurso seja julgado ainda neste ano “se os prazos forem cumpridos”. Questionado
se, de fato, a decisão ficará a cargo da 2ª Turma, e não do plenário, o
ministro disse que sim. “A matéria é pacífica sobre o tema, creio que não há
razão de enviar para o plenário como houve em outras hipóteses que havia questões
importantes para que o plenário definisse. Como há jurisprudência assentada, a
competência originariamente é da Turma”. Para o laxante togado Gilmar Mendes, que também integra a
Segunda Turma, “a matéria acabará vindo para o plenário, acho que é natural”. Em
entrevista concedida na última terça-feira, Moro rebateu os argumentos da defesa de Lula. “Isso [o convite para ser ministro] não tem nada a ver com o
processo do ex-presidente. Ele foi condenado e preso porque cometeu um crime e
não por causa das eleições”.
De acordo com O Antagonista,
o novo HC de Lula tem poucas chances de ser acolhido, mas, “alguns ministros do
tribunal têm um entendimento que poderá levar à libertação do apenasdo, pois no julgamento de um recurso
contra a condenação do TRF-4 existe
a possibilidade de ser excluído do cálculo da pena total o crime de lavagem de
dinheiro e manter apenas o crime de corrupção”. Para ao menos três ministros do
STF teria ocorrido “bis in idem”, e com a pena total menor, Lula poderia conseguir progressão do
regime fechado para o semiaberto, ou mesmo prisão domiciliar. No entanto, o STF só deve analisar esse recurso em
meados de 2019, depois que o STJ
julgar o caso. (Não é difícil adivinhar quem são os “três integrantes do STF” ouvidos pelo GLOBO.)
É bom lembrar que Lula
é réu em mais dois processos que tramitam na 13ª Vara Federal do Paraná. Num
deles — que trata de uma cobertura em São Bernando e um terreno onde
seria construída a nova sede do Instituto Lula —, os autos estão conclusos e a
sentença deve ser proferida (agora pela juíza substituta Gabriela Hardt) ainda neste ano. O outro, que versa sobre o folclórico
sítio em Atibaia, está em faze de instrução. Dias atrás, em depoimento à juíza substituta, o ex-executivo do Grupo
Odebrecht, Alexandrino de Salles
Ramos de Alencar, o ex-presidente da empreiteira, Marcelo Odebrecht e o empresário Emílio Odebrecht reafirmaram o que disseram em acordo de delação
premiada, ou seja, que as obras, realizadas a pedido da então
primeira dama Marisa Letícia, foram
uma espécie de retribuição por favores prestados ao grupo pelo ex-presidente.