Nos primórdios da computação pessoal (décadas de 1960 e 70),
diferentes fabricantes disputavam o mercado, cada qual desenvolvendo seus
próprios computadores a partir de componentes incompatíveis entre si — em outras
palavras, o hardware e o software utilizados numa determinada arquitetura não
funcionavam nas arquiteturas dos concorrentes.
Essa "torre de babel" foi
pacificada, nos anos 1980, pela plataforma IBM PC, cuja arquitetura aberta
— ou seja, baseada num conjunto de padrões que permitia misturar componentes,
periféricos e softwares de fabricantes diferentes — tornou-se padrão no
marcado (em contraposição com a arquitetura proprietária, ou fechada, que a
Apple usava então e continua usando até hoje, desenvolvendo tanto o
hardware quanto o software que utiliza em seus produtos).
Combinada com a apreço dos americanos
pelo DIY (sigla de do it yourserlf, ou “faça-você-mesmo”), a arquitetura aberta propiciou a comercialização de PCs na forma de kits. Assim, o consumidor adquiria
os componentes e se encarregava ele próprio de "montar o quebra-cabeça" — ou recorria a um computer
guy, que integrava os componentes físicos da máquina e instalava o sistema operacional (geralmente o MS-DOS), os drivers
do chipset e dos dispositivos, a interface
gráfica Microsoft Windows e o inevitável pacote de aplicativos
para escritório MS
Office.
Mais adiante, as próprias lojas que vendiam kits para montagem e componentes para reposição passaram a disponibilizar o serviço de montagem. Assim, o interessado escolhia a configuração de hardware desejada (placa-mãe, processador, memórias, disco rígido etc.) e os periféricos (monitor, teclado mouse e impressora), pagava uma taxa adicional e levava para casa a máquina pronta, com o software instalado e configurado.
A redução no preço doa PCs de grife e a popularização dos notebooks — que substituem o desktop com
vantagens, seja porque ocupam menos espaço e eliminam a incomodativa "macarronada" de cabos, seja porque podem ser levados do quarto para a sala, de casa para o escritório, ou mesmo em viagens, tanto a
trabalho quanto a lazer — relegaram a integração caseira ao nicho dos linuxistas, gamers, hackers e afins, que escolhem a dedo os
componentes para extrair da configuração de hardware a melhor performance
possível (ou a melhor relação custo benefício, conforme o caso).
Lá pela "virada" do século, PCs de integradores como Metron, Compaq, IBM (hoje Lenovo),
Asus,
Dell etc. traziam com a documentação a mídia com os arquivos de instalação do sistema. A partir de 1995, os vetustos e nada confiáveis disquetes de 1.44 MB cederam espaço à mídia óptica — a Microsoft passou a fornecer o Windows em CD-ROM a partir do Win95, e em DVD a partir do XP. Além do Windows propriamente dito, a mídia fornecida pelo fabricante do aparelho costumava incluir drivers e arquivos de instalação de programas adicionais — como antivírus e aplicativos
úteis, mas também penduricalhos conhecidos como crapware
ou bloatware, que servem apenas para consumir ciclos de processamento e espaço
na RAM e no HDD.
De um tempo a esta parte, os fabricantes passaram a criar no HDD uma pequena partição oculta para armazenar os arquivos de resgate, a partir dos quais é possível reinstalar o sistema ou reverter o computador às configurações de fábrica se e quando for necessário. Com isso, eles eles economizam alguns trocados por máquina (correspondentes ao custo da mídia óptica) e continuam ganhando outros dos desenvolvedores dos inutilitários que continuam incluindo nos arquivos de instalação (e dos quais você não só pode como deve se livrar).
Para o consumidor final, no entanto, há dois problemas a considerar: 1) A mídia de instalação também servia como "disco de resgate"; na falta dela, fica a cargo do usuário criar esse salva-vidas (e muita gente não se dá ao trabalho). 2) No caso de uma pane física exigir a substituição do disco rígido, o usuário não terá como acessar os arquivos de instalação, já que eles estavam armazenados na tal partição oculta do drive micado. Como um homem prevenido vale por dois (e assim João caiu da ponte, mas isso é outra história), veremos mais adiante como criar um disco de resgate — uma versão revista e atualizada do velho disquete de boot.
Feita essa (não tão) breve introdução, passemos o tutorial prometido
no capítulo anterior, que mostra como remover uma atualização problemática do Windows via linha de comando (para saber mais
sobre o Prompt de Comando e o Power Shell do Windows 10, reveja esta postagem). Acompanhe:
1 — Abra o “Prompt
de comando” como administrador pelo menu Iniciar do Windows 10;
2 — Para ver a lista de atualizações instaladas, utilize
o comando: wmic qfe list brief
/format:table;
3 — Para remover uma atualização, digite o comando wusa /uninstall /kb:HotFixID (tomando o
cuidado de substituir o “HotFixID”
pelo número da atualização a ser removida);
4. Reinicie o computador.
Se esse procedimento não resolver seu problema, ou se o PC não iniciar nem no modo seguro (detalhes nos capítulos anteriores), impedindo-o de
acessar o prompt de comando, o jeito
será recorrer a disco de resgate,
também conhecido como disco de
inicialização ou disco de
recuperação, que é a versão século XXI do tradicional disquete de boot. Aliás, “disco” é
maneira de dizer, pois há muito que não usamos mais disquete ou mídia óptica
para esse fim, mas sim um dispositivo de mídia removível padrão USB, como um HDD externo ou um pendrive.
Observação: Embora
seja possível armazenar os arquivos de resgate num DVD, isso requer a criação de um arquivo .ISO e um gravador de mídia óptica — dispositivo que não integra a
esmagadora maioria dos PCs fabricados nos últimos anos.
Por diversas razões que eu não vou detalhar para não
encompridar ainda mais esta novela, sugiro usar o pendrive, não só pelo custo/benefício, mas também porque você encontra
esse tipo de mídia em qualquer hipermercados ou papelarias. Pode ser até que
você tenha um esquecido no fundo de uma gaveta.
Concluímos no próximo capítulo.