Para quem está de saco cheio das parvoíces bolsonaristas, talvez
sirva de consolo imaginar como estaria o Brasil se o bonifrate da autodeclarada
alma viva mais honesta do Brasil tivesse derrotado o capitão caverna, e não o
contrário. Só que isso não muda o fato de este governo ser uma usina de crises e
seu comandante em chefe, PhD em descumprir promessas de campanha e priorizar o
que convém a si e a sua prole.
Falando em prole, se você atribui grande parte dos problemas nacionais às estultices dos "príncipes herdeiros", prepare-se: Jair Renan Bolsonaro, de 21 anos, foi eleito para a direção nacional do novo partido do presidente — será membro com direito a voto. Bolsokid, como se apresenta o zero quatro, estuda análise de sistemas em Brasília, joga videogame, especialmente o League of Legends, frequenta festas badaladas e alimenta suas redes sociais, embora não com a mesma voracidade dos irmãos mais velhos. Com o pai, Renan compareceu a alguns eventos, como a reunião do Mercosul na Argentina, em julho, quando foi apresentado como “embaixador mirim”. É mole?
Falando em prole, se você atribui grande parte dos problemas nacionais às estultices dos "príncipes herdeiros", prepare-se: Jair Renan Bolsonaro, de 21 anos, foi eleito para a direção nacional do novo partido do presidente — será membro com direito a voto. Bolsokid, como se apresenta o zero quatro, estuda análise de sistemas em Brasília, joga videogame, especialmente o League of Legends, frequenta festas badaladas e alimenta suas redes sociais, embora não com a mesma voracidade dos irmãos mais velhos. Com o pai, Renan compareceu a alguns eventos, como a reunião do Mercosul na Argentina, em julho, quando foi apresentado como “embaixador mirim”. É mole?
Mas não é só. Paulo
Guedes parece ter absorvido por osmose (ou simbiose?) alguns traços da
personalidade do chefe. É público e notório que ministro da área econômica não
deve opinar sobre câmbio e taxa básica de juros, mas o Posto Ipiranga quebrou a regra, numa entrevista em Washington, ao
dizer que "é bom se acostumar com câmbio mais alto e juro mais baixo por um bom
tempo”. Isso bastou para a moeda brasileira encolheu quase 2%, passando
a seu maior valor nominal desde 1994.
A fala de Guedes
foi imprudente, mas não despropositada, pois passou o recado de que quem
esperava encontrar câmbio mais favorável na temporada de férias de final de ano
tirar o cavalo da chuva. Felizmente, basta ir a Brasília para ver o Pateta, sem mencionar que sai bem mais
barato do que ir à Disney.
O plano é manter o dólar mais caro e a Selic mais baixa para estimular
investimentos e dar fôlego às indústrias exportadoras, o que, espera-se,
refletirá positivamente no PIB e
propiciará um crescimento mais sustentável da Economia — às favas com o desejo
da classe média de fazer compras em Miami e as necessidades do setor produtivo,
que precisa ganhar competitividade para impulsionar as exportações com um
câmbio mais favorável. Mas a debandada de investidores estrangeiros nos últimos
meses transformou a volatilidade cambial em uma preocupação constante. Tanto é
que na terça-feira 26 o BC despejou US$2 bilhões no mercado à vista de
câmbio em menos de seis horas (foi a maior intervenção desde fevereiro de 2009
— quando se vivia o auge da crise econômica global — que, contrariando as
mentiras de Lula, foi bem mais
que uma simples "marolinha").
Enquanto isso, o Pato
Donald acusa (injustamente) o Brasil e a Argentina de desvalorizarem suas
moedas e promete taxar as importações de aço e alumínio dos dois países. Isso
mostra que a "relação especial" que o Pateta diz ter com Donald não
passa de mais uma aleivosia. Aliás, alguém deveria informar ao capitão que
países não têm amigos, têm interesses, sendo ingenuidade, portanto, achar que o
Brasil obterá alguma deferência especial porque seu presidente é baba-ovo do
colega norte-americano.
Para Josias de Souza,
a ameaça de Trump foi uma paulada,
mas Bolsonaro reagiu com inusitado
respeito e inesperada compostura: "Não
vejo isso como retaliação", disse o presidente, ainda sob efeito da
pancada. Se Bolsonaro reagisse
como Bolsonaro, diz Josias de
Souza, ele esfregaria na cara do inquilino da Casa Branca a expressão preferida
do próprio: "Isso é fake News, tá
ok?". Em se tratando do mito, porém, a ficha demora a cair: "Se for o caso, falo com o Trump, tenho um
canal aberto com ele."
Bolsonaro ainda
não se deu conta de que sua relação especial com a Casa Branca foi uma espécie
de conto do vigário que o levou a entregar a Trump a base espacial de Alcântara, a liberação da catraca do
Brasil para turistas americanos, a importação de uma cota extra de etanol
americano e até amor verdadeiro, e, em troca, só recebeu pauladas. Dizer que o
Brasil quis derrubar a cotação do real de propósito para se tornar mais
competitivo no agronegócio, prejudicando os produtores americanos, é bullshit de um Trump que tenta adular o eleitorado interno às vésperas de
disputar uma reeleição difícil. Goofy já
disse que ama Donald Duck, mas
diplomacia não é coisa para amadores nem para amantes. Em condições normais, a
relação pessoal dos dois deveria ser regulada pela Lei Maria da Penha, mas, na briga dos
Estados Unidos com o Brasil, quem apanha é o interesse tupiniquim.
Agora o cúmulo dos cúmulos deste governo desajustado: O debate sobre a volta da prisão em segunda instância transformou nosso indômito presidente no segundo desaparecido político do regime bolsonarista. O primeiro foi o Fabrício Queiroz, o "faz-tudo" da família Bolsonaro.
Quando Fernando Bezerra, líder do governo no Senado, articula a coleta de assinaturas para retardar a votação do projeto sobre prisão prisão em segunda instância, diz Josias de Souza, a plateia fica autorizada a suspeitar que há um sósia de Bolsonaro no Palácio do Planalto.
O silêncio do presidente é estridente. O Bolsonaro legítimo, todos sabem, elegeu-se enrolado na bandeira da moralidade. Eleito, esse Bolsonaro inflexível com os maus costumes nomeou para o posto de ministro da Justiça Sergio Moro, um personagem que o presidente enxergava como símbolo nacional do combate à corrupção. De repente, o sósia do Planalto suja com o seu silêncio a imagem daquele Bolsonaro da campanha eleitoral.
Alguém se fazendo passar por Bolsonaro decerto nomeou Fernando Bezerra para o posto de líder. Trata-se, como também se sabe, de um ex-apoiador de Lula, ex-ministro de Dilma, cliente de caderneta da Lava-Jato. Agora, Bezerra se associa ao PT na articulação para retardar a volta da prisão na segunda instância.
Com o nó no pescoço, o líder do governo tenta afrouxar a corda. O pior é que ele é o único a fugir do nó. Há na Esplanada ministros investigados e denunciados. Há até um ministro condenado por improbidade. Há na casa de Bolsonaro um filho, Flávio, sob suspeita de peculato e lavagem de dinheiro. O Bolsonaro legítimo jamais silenciaria diante de um quadro assim.
Alguém precisa organizar uma incursão nos porões do Alvorada. O Bolsonaro genuíno, o autêntico, deve estar aprisionado em algum recanto sombrio do palácio residencial
Agora o cúmulo dos cúmulos deste governo desajustado: O debate sobre a volta da prisão em segunda instância transformou nosso indômito presidente no segundo desaparecido político do regime bolsonarista. O primeiro foi o Fabrício Queiroz, o "faz-tudo" da família Bolsonaro.
Quando Fernando Bezerra, líder do governo no Senado, articula a coleta de assinaturas para retardar a votação do projeto sobre prisão prisão em segunda instância, diz Josias de Souza, a plateia fica autorizada a suspeitar que há um sósia de Bolsonaro no Palácio do Planalto.
O silêncio do presidente é estridente. O Bolsonaro legítimo, todos sabem, elegeu-se enrolado na bandeira da moralidade. Eleito, esse Bolsonaro inflexível com os maus costumes nomeou para o posto de ministro da Justiça Sergio Moro, um personagem que o presidente enxergava como símbolo nacional do combate à corrupção. De repente, o sósia do Planalto suja com o seu silêncio a imagem daquele Bolsonaro da campanha eleitoral.
Alguém se fazendo passar por Bolsonaro decerto nomeou Fernando Bezerra para o posto de líder. Trata-se, como também se sabe, de um ex-apoiador de Lula, ex-ministro de Dilma, cliente de caderneta da Lava-Jato. Agora, Bezerra se associa ao PT na articulação para retardar a volta da prisão na segunda instância.
Com o nó no pescoço, o líder do governo tenta afrouxar a corda. O pior é que ele é o único a fugir do nó. Há na Esplanada ministros investigados e denunciados. Há até um ministro condenado por improbidade. Há na casa de Bolsonaro um filho, Flávio, sob suspeita de peculato e lavagem de dinheiro. O Bolsonaro legítimo jamais silenciaria diante de um quadro assim.
Alguém precisa organizar uma incursão nos porões do Alvorada. O Bolsonaro genuíno, o autêntico, deve estar aprisionado em algum recanto sombrio do palácio residencial
Que Deus nos ajude.