Em pareceria com o site ultraesquerdista de Glenn Greenwald, a Folha soltou neste domingo mais uma leva de “mensagens tóxicas” atribuídas a Sérgio Moro e procuradores da Lava-Jato. Desta vez a acusação é de
que foram discutidas estratégias para vazar
informações sigilosas da delação da Odebrecht sobre a Venezuela durante
o recrudescimento do regime de Nicolás
Maduro.
Pegando carona nesse circo de horrores, o oráculo de festim Datafolha — cujas sondagens eleitorais feitas em 2018 apontavam para a vitória do fantoche de Lula
sobre Bolsonaro e a eleição da ex-presidanta
Dilma para o Senado por Minas Gerais — ora afirma que seus mapas astrais indicam que 58%
dos entrevistados que tiveram conhecimento dos diálogos de Moro com os
procuradores da Lava-Jato reprovam a conduta do hoje ministro da Justiça. Talvez as entrevistas tenham sido realizadas defronte ao Instituto Lula ou ao Sindicato dos Metalúrgicos de SBC, mas para a maioria dos analistas políticos, palpiteiros
de plantão e assemelhados, os ataques a Moro fizeram crescer a sua popularidade e habilitaram-no a disputar
(com chances reais de vencer) a eleição presidencial em 2020. Josias de Souza escreveu em
sua coluna do último dia 2 que, ao apontar supostos excessos do ex-juiz, o PT e as legendas que gravitam na órbita de Lula ainda não notaram, mas estão fabricando um adversário político
de grande potencial, criando um pesadelo do qual talvez tenham dificuldades
para acordar mais tarde.
A revista Veja, que
ora engrossa a ala do replicadores do material vazado pelo Intercept — proveniente de uma “fonte anônima” —, publicou
na edição desta semana uma
longa matéria de capa assinada por Glenn
Greenwald, Edoardo Ghirotto, Fernando Molica, Leandro Resende e Roberta
Paduan. Esse pool de repórteres investigativos afirma que uma nova leva de diálogos demonstram que Moro alertou Dallagnol para o fato de o MPF
não ter incluído uma informação considerada importante por ele na denúncia de
um réu, e a partir daí “investiga” julga
e condena o procedimento do ex-juiz na condução dos processos da Lava-Jato em
Curitiba.
No editorial, a revista assegura que, ao contrário daqueles que
fomentam o ódio ou se aproveitam dele, seus compromissos não são com
pessoas ou partidos, que sempre foi — e continua — a favor
da Lava-Jato, que a luta contra a
corrupção tem sido um dos pilares de sua história, mas que os diálogos
publicado nessa edição violam o devido processo legal, pedra fundamental do
estado de direito e, portanto, como veículo de mídia responsável, não pode apoiar
posturas como essa. A meu ver, sua mudança de viés jornalístico não demora a refletir
no número de assinantes — entre os quais se inclui este obscuro articula — , que tende a se igualar em breve ao de eleitores do PSTU ou do PC do B. O que é uma pena, pois Veja sempre foi implacável com os
crimes cometidos por Lula e pelo PT, como comprovam as dezenas de matérias de capa publicadas ao longo das últimas décadas, sem mencionar a famosa entrevista com Pedro Collor, publicada em 1992, que foi decisiva para o impeachment do ex-caçador de marajás de araque, hoje senador pelo PTB de Alagoas, réu na Lava-Jato e aliado de Lula.
Dora Kramer, cuja
coluna quase sempre vale a leitura,
pondera que a nova leva de mensagens “toxicas” requer uma avaliação
diferenciada sobre a repercussão na decisão a ser tomada pelo STF sobre a
suspeição dele no caso Lula/triplex
e na reação da opinião pública. A reportagem feita em parceria com o site Intercept não “bate” da mesma maneira
nesses dois ambientes. Na Justiça, pode ser que os diálogos influenciem a
posição dos ministros — embora o voto do decano
Celso de Mello, considerado crucial,
já estivesse pronto antes da publicação desta sexta-feira, 5, sempre pode haver
mudanças de posições até a decretação do resultado do julgamento. Além disso,
diz Dora, a situação de Moro pode se complicar, não porque as
mensagens mostrem produção de provas falsas, mas devido à evidência de que o
juiz teria atuado como ministro de instrução, figura inexistente na nossa
legislação.
Já na opinião pública, e aqui entramos no terreno político, nada indica que possa haver maiores danos além dos já provocados entre aqueles que questionam a posição de Moro desde que ele aceitou ser ministro da Justiça. Seu núcleo de apoiadores mais fiéis não se abala com isso. Ao contrário, ignora o valor dos ritos legais e celebra o papel de justiceiro. Esses dois agrupamentos não “conversam” entre si.
Já na opinião pública, e aqui entramos no terreno político, nada indica que possa haver maiores danos além dos já provocados entre aqueles que questionam a posição de Moro desde que ele aceitou ser ministro da Justiça. Seu núcleo de apoiadores mais fiéis não se abala com isso. Ao contrário, ignora o valor dos ritos legais e celebra o papel de justiceiro. Esses dois agrupamentos não “conversam” entre si.
Um Moro
popular não significa um Moro imune
à lei — Lula é popular e está preso
com mais de dez processos nas costas. Não há, por isso, risco a “desmonte” da Lava-Jato semelhante ao que ocorreu com
a operação Mãos Limpas na Itália. De certo, conclui a jornalista, temos apenas o fato de que Moro não poderá ambicionar uma vaga no STF, e que, se quiser seguir na vida pública, sua única opção é a
via político-partidária-eleitoral, cujos desmandos combateu como juiz.
Vamos ver até onde essa merdeira vai chegar.