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quinta-feira, 30 de outubro de 2025

O HALLOWEEN E O SEGUNDO CAPÍTULO SOBRE NOTEBOOKS

DEUS É UMA CONSTRUÇÃO LUCRATIVA E AUTOSSUSTENTÁVEL DAS IGREJAS DO MUNDO.

A origem do Halloween é incerta. Acredita-se que tudo começou com o Samhain dos antigos celtas, que festejavam a passagem do ano em 31 de outubro. Posteriormente, visando atenuar o cheiro pagão da festa, o papa Gregório III mudou o Dia de Todos os Santos de 13 de maio para 1º de novembro, e o papa Gregório IV estendeu a observância do All Saints Day (1º de novembro) e do All Souls Day (2 de novembro) a todos os católicos, fortalecendo as celebrações católicas em oposição às práticas pagãs.

Por influência dos ingleses, todo 31 de outubro os americanos decoram suas casas e ruas com temas "assustadores", e crianças fantasiadas de bruxas, múmias, fantasmas e caveiras ameaçam pregar peças em quem lhes negar guloseimas. No Brasil, a data se popularizou a partir de filmes e, mais recentemente, da Internet — para o gáudio dos comerciantes que vendem doces, fantasias e decorações. Vale destacar que o Dia do Saci foi instituído como forma de valorizar nosso folclore e a figura do Saci-Pererê, mas a iniciativa foi tão bem-sucedida quanto a campanha de Bolsonaro à reeleição (detalhes nesta postagem).

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Quando o Windows 11 transformou meu Dell Inspiron Intel Core i7/1TB/8GB numa carroça, resolvi aposentá-lo e usar um desktop com CPU Intel quad-core i7-4790 3.6GHz, 32 GB de RAM DDR3 e SSD de 2 TB — um verdadeiro portento, mas que não atendia aos requisitos do novo sistema da Microsoft. Quando a máquina apresentou um problema cuja solução seria a troca da placa-mãe, eu a substituí por um Mac Pro e dei uma banana para o Windows.

Notebooks são ideais para quem precisa de mobilidade, mas também funcionam muito bem como computadores de mesa — basta conectá-los a um monitor e a um combo de teclado e mouse (cabeado ou wireless). Por outro lado, custam mais caro que desktops de configuração equivalente e, como a maioria dos recursos de hardware é integrada à placa-mãe, as possibilidades de upgrade se limitam à memória RAM e ao SSD — e, em alguns casos, ao processador.


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


Lula vive um dilema do tipo Dr. Jekyll e Mr. Hyde — personagens do romance Strange Case of Dr. Jekyll and Mr. Hyde, do escocês Robert Louis Stevenson, que também é autor de A Ilha do Tesouro.  

Na campanha de 2022, o então candidato sinalizou que não permitiria que o monstro ocupasse o corpo do médico para reivindicar outra reeleição. "Eleito, serei presidente de um mandato só", prometeu. Agora, alardeia até na Indonésia o desejo prematuro de obter um quarto mandato.

Lula não sabe como separar o médico do monstro. Até Janja deve ter dificuldades para saber quando está falando com o presidente ou com o candidato. Seu ministro do marketing, deveria mandar confeccionar dois broches, um com a letra 'P' e outro com a letra 'C'. No discurso de Jacarta, Lula usaria o broche de presidente, evitando passar pelo ridículo de dizer ao presidente indonésio coisas como "eu vou disputar um quarto mandato no Brasil", ou que chegou aos 80 anos "com a mesma energia" de quando tinha 30.

Noutros tempos, vigorava a ideia de que cargo eletivo era um calvário para o qual se era convocado pelos correligionários. Depois que FHC comprou a PEC da reeleição, admitir a volúpia pelo poder passou a ser sinal de franqueza. Mas Lula exagera no desprezo à etiqueta.

Ulysses Guimarães ensinava que "o Itamaraty só dá ou tira voto no Burundi" (uma minúscula república africana). No exercício da diplomacia presidencial, o Sun Tzu de Atibaia exagera ao levar sua candidatura para passear na Ásia. Políticos que não ambicionam o poder erram o alvo, mas aqueles que só ambicionam o poder viram alvo.


A obsolescência programada é um artifício usado pela indústria para estimular a troca de aparelhos por modelos de última geração, supostamente superiores, mesmo que os "velhos" estejam em boas condições de conservação e funcionamento. No entanto, de tempos em termos a evolução tecnológica nos obriga a substituir nossos dispositivos computacionais celulares e computadores por modelos novos, compatíveis com as exigências dos sistemas e programas atuais.


No caso dos PCs, máquinas com mais de cinco anos de uso não rodam o Windows 11, e o suporte ao Windows 10 foi encerrado no último dia 14. No caso dos smartphones, modelos de entrada com dois ou três anos de uso deixam de receber atualizações do sistema e patches de segurança, e mesmo quem não se preocupa com segurança acaba numa sinuca de bico: o WhatsApp deixou de rodar recentemente nas versões anteriores ao Android Lollipop (5.0) e em iPhones que "estacionaram" no iOS 12.5.7Nessa hora, é importante escolhermos um aparelho que atenda nossas necessidades, caiba em nosso orçamento e não se torne ultrapassado antes de terminarmos de pagá-lo.

Recentemente, a Samsung e a Motorola passaram a oferecer sete atualizações do Android para seus modelos premium e cinco para algumas versões intermediárias. Já os notebooks trazem o Windows 11 pré-instalado — alguns modelos mais baratos trazem apenas uma distro Linux ou sequer incluem sistema operacional, mas isso é outra conversa. Interessa dizer que um PC com mais anos de estrada dificilmente será compatível com o Windows 11, e continuar com a versão anterior significa deixar de receber correções de erros e atualizações de segurança.

Num mundo ideal, a maioria de nós compraria um computador novo a cada três ou quatro anos e trocaria de celular na metade desse tempo. O problema é que vivemos num país de terceiro mundo, com salários de quinto e a maior carga tributária do planeta, mas isso não muda o fato de que, mais ora, menos ora, a troca será inevitável. Se for o seu caso, a boa notícia é que o site da Amazon oferece diversos modelos com processadores de última geração, armazenamento em SSD, excelente custo-benefício e descontos expressivos.

O Dell Inspiron I15 é sopa no mel para quem não pode gastar muito. O processador Intel Core i3 de 12ª geração, combinado com 8GB de RAM e SSD de 512GB, garante um desempenho ágil no uso diário, com inicialização rápida e resposta imediata na multitarefa, e a tela de 15,6 polegadas Full HD com taxa de atualização de 120Hz oferece conforto visual, cores vivas e fluidez nas imagens. O preço baixou de R$3.199 para R$2.879, e pode ser parcelado em até dez vezes sem acréscimos.

Se você precisa de um notebook mais potente, mas acessível, o Lenovo IdeaPad Slim 3 15IRH10 integra processador Intel Core i5 de 13ª geração, 8GB de RAM DDR5, SSD de 512GB e e tela WUXGA de 15,3 polegadas. A bateria promete autonomia de 10 horas, e o carregamento rápido garante 2 horas de uso com apenas 15 minutos na tomada. O preço atual é de R$3.120, que também pode ser dividido em 10 parcelas mensais sucessivas.

O ASUS Vivobook 15 X1504VA-NJ1745W é um exemplo de equilíbrio entre desempenho e estilo. Equipado com CPU Intel Core i5 de 13ª geração, 16GB de RAM DDR, SSD de 512GB e tela Full HD de 15,6 polegadas, ele garante inicializações quase instantâneas, alto desempenho em tarefas de produtividade, navegação e até jogos leves, além de imagens nítidas. O modelo está em oferta na Amazon por R$2.969 (antes R$3.599), com parcelamento em até doze vezes.

Para quem deseja potência real, seja para jogos, edição de vídeos ou softwares pesados, o Lenovo LOQ-E traz o Intel Core i5-12450HX com NVIDIA GeForce RTX 3050, 8 GB de RAM, SSD de 512 GB e tela Full HD de 15,6 polegadas com taxa de atualização de 144Hz, além de teclado retroiluminado ABNT2 com bloco numérico, ideal para longas sessões de uso. Ele está disponível por R$4.299, com parcelamento em até dez vezes.

Continua...

sexta-feira, 24 de outubro de 2025

MENTIRAS QUE SOAM VERDADEIRAS

É MELHOR UM FIM HORROROSO DO QUE UM HORROR SEM FIM.  

A maioria de nós já ouviu dizer que avestruzes enterram a cabeça na areia quando estão assustados, que preguiças são preguiçosas, que porcos são sujos, que golfinhos estão sempre sorrindo, que elefantes nunca esquecem, que Lula foi absolvido e que Bolsonaro foi condenado injustamente. Só que nada disso é verdade. 


No que tange aos avestruzes, as fêmeas colocam a cabeça no buraco que usam como ninho para virar os ovos várias vezes durante o dia — se realmente enterrassem a cabeça para não ver o perigo, como diz a lenda, as pobres aves morreriam asfixiadas. 


As preguiças se movem devagar porque seu metabolismo as obriga a economizar energia, e como não andam sobre as solas dos pés, mas se arrastam com suas longas garras, sua locomoção nas árvores e no solo é lenta e desajeitada. Por outro lado, elas se movem velozmente na água e dormem cerca de 10 horas por dia — bem menos que os gatos e outros animais domésticos.


Os porcos são animais naturalmente asseados. Eles defecam longe de onde comem, dormem e acasalam, mas, como não conseguem suar, refrescam-se chafurdando na lama — o que lhes dá a aparência de sujos. Por outro lado, é impossível manter-se limpo quando se vive confinado num chiqueiro pequeno, superlotado e imundo.


Os golfinhos são brincalhões e parecem sorrir porque o formato de suas mandíbulas cria essa ilusão. Mas são incapazes de mudar de expressão, e podem ser surpreendentemente desagradáveis e traiçoeiros, chegando a atacar outros mamíferos marinhos e até pessoas quando se sentem ameaçados.


Os elefantes possuem o maior cérebro entre os mamíferos terrestres. Seu lobo temporal — extremamente desenvolvido — permite memorizar cheiros, vozes, lugares, hierarquias, vínculos familiares e comandos de voz. Eles são capazes de reconhecer outros elefantes — e até humanos — após décadas de separação, bem como de manter relações complexas dentro da manada, que a matriarca conduz por rotas migratórias antigas, guiada por lembranças de locais com água e comida.


Assim como afirmar que “os elefantes não esquecem” é uma simplificação poética embasada na ciência, dizer que os eleitores brasileiros fazem, a cada dois anos, por ignorância, o que Pandora fez uma única vez por curiosidade, é uma simplificação poética embasada na mitologia grega.


Celebrizada pelo jornalista Ivan Lessa, a máxima segundo a qual os brasileiros esquecem, a cada 15 anos, o que aconteceu nos últimos 15, ilustra a quintessência da falta de memória — ou de preparo — do nosso eleitorado. Aliás, em momentos distintos da ditadura, Pelé e o ex-presidente João Figueiredo alertaram para o risco de misturar brasileiros e urnas em eleições presidenciais. Ambos foram muito criticados, mas como contestá-los, se lutamos tanto pelo direito de votar para presidente e elegemos gente como Lula, Dilma e Bolsonaro?


Em 135 anos de história republicana, 35 brasileiros foram alçados à Presidência pelo voto popular, eleição indireta, linha sucessória ou golpe de Estado. Em agosto de 1961, a renúncia de Jânio Quadros ladrilhou o caminho para o golpe de 1964, que depôs João “Jango” Goulart do Palácio do Planalto e deu início a duas décadas de ditadura militar.


Em 1989, depois de 29 anos sem votar para presidente e podendo escolher entre Ulysses Guimarães, Mário Covas e Leonel Brizola — de um cardápio com mais de 20 postulantes — a plebe ignara preferiu despachar Collor e Lula para o segundo turno. O caçador de marajás de mentirinha derrotou o desempregado que deu certo por 683.920 a 215.177 votos válidos, provando que memória histórica e senso crítico não são pré-requisitos para exercer o direito de voto.


Collor foi empossado em março de 1990 e penabundado em dezembro de 1992. Em 1994, graças ao bem-sucedido Plano Real, Fernando Henrique Cardoso, então ministro da Fazenda de Itamar Franco, elegeu-se presidente no primeiro turno. Picado pela “mosca azul”, comprou a PEC da Reeleição.


Como quem parte, reparte e não fica com a melhor parte é burro ou não tem arte, o tucano de plumas vistosas renovou seu mandato no ano seguinte — novamente no primeiro turno. Mas não há nada como o tempo para passar. Em 2002, sem novos coelhos para tirar da velha cartola, não conseguiu eleger seu sucessor: Lula derrotou José Serra por 61,27% a 38,73% dos votos válidos.


Em 2006, apesar do escândalo do mensalão, o petista venceu Geraldo Alckmin por 60,83% a 39,17% dos votos válidos. Em 2010, visando manter aquecida a poltrona que tencionava disputar dali a quatro anos, fez eleger um “poste” — Dilma Rousseff —, que pegou gosto pelo poder, fez o diabo para se reeleger, entrou em curto-circuito e foi desligada em 2016, pondo fim a 13 anos e fumaça de lulopetismo corrupto.


Com o impeachment da mulher sapiens, Michel Temer passou de vice a titular do cargo. Num primeiro momento, a troca de comando pareceu alvissareira. Depois de mais de uma década ouvindo garranchos verbais de um semianalfabeto e frases desconexas de uma destrambelhada que não sabia juntar sujeito e predicado, ter um presidente que sabia falar — até usando mesóclises — foi como uma lufada de ar fresco numa catacumba. Mas há males que vêm para o bem e bens que vêm para pior.


O prometido “ministério de notáveis” revelou-se uma notável agremiação de corruptos, e a “ponte para o futuro”, uma patética pinguela. Depois que sua conversa de alcova com Joesley Batista veio a lume, Temer pensou em renunciar, mas foi demovido por sua tropa de choque.


Escudado das flechadas de Janot pelas marafonas da Câmara, o nosferatu que tem medo de fantasma concluiu seu mandato-tampão como pato manco e transferiu a faixa para um mix de mau militar e parlamentar medíocre travestido de outsider antissistema, que se tornou o pior mandatário tupiniquim desde Tomé de Souza.


Para provar que era amigo do mercado e obter o apoio dos empresários, o estadista que sempre acreditou em Estado grande e intervencionista e lutou por privilégios para corporações que se locupletam do Estado há décadas, foi buscar Paulo Guedes..


Para provar que era inimigo da corrupção e obter o apoio da classe média, o deputado adepto das práticas da baixa política, amigo de milicianos, que em sete mandatos aprovou apenas dois projetos e passou por oito partidos diferentes, todos de aluguel, foi buscar Sérgio Moro. 


Para obter o apoio das Forças Armadas, o oficial de baixa patente, despreparado, agressivo e falastrão, condenado por insubordinação e indisciplina e enxotado da corporação, foi buscar legitimidade numa penca de generais saudosos da ditadura.


Bolsonaro obrigou Moro a reverter uma nomeação, tomou-lhe o Coaf, forçou-o a substituir um superintendente da PF e esnobou seu projeto contra a corrupção. O ex-juiz fingiu que não viu, tentou negociar e, por fim, desembarcou do governo para tentar salvar o pouco prestígio que lhe restava.


Bolsonaro desautorizou Guedes, interferiu em seu ministério, sabotou seus projetos e, com o Centrão, enterrou de vez a agenda econômica. A maneira como gerenciou a pandemia de Covid foi catastrófica. Os crimes comuns e de responsabilidade cometidos pelo aspirante a genocida só ficaram impunes graças à leniência de Rodrigo Maia e Arthur Lira, que presidiram a Câmara durante sua gestão, e à cumplicidade de Augusto Aras, seu antiprocurador-geral.


Bolsonaro jamais escondeu a admiração pela ditadura militar e a vocação para o autoritarismo. Em 2019, poucos meses após a posse, reconheceu que não nasceu para ser presidente, mas para ser militar, embora tenha passado menos anos no Exército do que na política e, ao longo de 27 anos no baixo clero da Câmara, tenha apresentado 172 projetos, relatado 73 e aprovado apenas dois.


Na eleição de 2014, ao ver o poste de Lula derrotar o neto corrupto de Tancredo, Bolsonaro resolveu disputar a Presidência “com a cara da direita”. Ignorado pelo PP, que apoiou a campanha de Dilma, lançou seu ultimato: “Ou o partido sai da latrina ou afunda de vez”. Graças à Lava-Jato, a sigla afundou de vez. Graças à sua pregação antipetista, Bolsonaro renovou seu mandato como deputado mais votado do Rio de Janeiro, saltando de 120,6 mil votos em 2010 para 464,5 mil em 2014.


Derrotado em 2022 graças à sua nefasta gestão, Bolsonaro pôs em marcha a tentativa de golpe que lhe rendeu a condenação a 27 anos e 3 meses de prisão, além do pagamento de multa e indenização. O acórdão publicado na terça-feira (22) abriu o prazo de cinco dias para a interposição de embargos de declaração e de 15 dias para embargos infringentes.


Os embargos de declaração servem apenas para pedir esclarecimentos sobre o texto do acórdão — nada de rediscutir o mérito. Já os embargos infringentes permitiriam um novo julgamento no plenário, mas o Supremo já decidiu em outros casos que eles só são admissíveis quando há pelo menos dois votos favoráveis à absolvição — condição que, adivinhe, não se aplica à condenação do ex-presidente. Ele cumpre prisão domiciliar desde agosto e pode ser enviado ao Complexo Penitenciário da Papuda antes do final do ano.


Há males que o tempo cura, males que vêm para pior e males que pioram com o passar dos anos. Lula 3.0 é uma reedição piorada das versões 1 e 2 e, como nada é tão ruim que não possa piorar, o macróbio quer, porque quer, disputar a reeleição em 2026 — para nossa alegria (risos nervosos).


Vale lembrar que o ministro Fachin tomou a decisão teratológica de anular as condenações de Lula em caráter eminentemente processual. Como o mérito não foi analisado, o ex-presidiário não foi absolvido. Em outras palavras, o ministro agiu como um delegado que manda soltar um criminoso porque ele foi preso em flagrante pela Guarda Civil Metropolitana, e não pela Polícia Militar. Mesmo assim, o macróbio eneadáctilo alega que foi inocentado — e sua claque amestrada acredita.


As consequências da inconsequência do eleitorado tupiniquim são lamentadas todos os dias, inclusive por quem abriu a Caixa de Pandora achando que estava escolhendo o menor de dois males — o que só se justificaria se não houvesse outra opção. Tanto em 2018 quanto em 2022 havia alternativas; só não viu quem não quis ou não conseguiu, porque sofre do pior tipo de cegueira, que é a mental.

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Reza uma velha (e filosófica) anedota que quando Deus estava distribuindo benesses e catástrofes naturais pelo mundo recém-criado, um anjo apontou para o que seria futuramente o Brasil e perguntou: Senhor, por que brindas essa porção de terra com clima ameno, praias e florestas deslumbrantes, grandes rios e belos lagos, mas não desertos, geleiras, vulcões, furacões ou terremotos? E o Criador respondeu: Espera para ver o povinho filho da puta que vou colocar lá.


Resumo da ópera:


Bolsonaro foi eleito em 2018 graças ao antipetismo, mas a emenda ficou pior que o soneto. Sua nefasta passagem pelo Planalto resultou na “descondenação” de Lula e culminou com seu terceiro mandato, que vem se revelando pior do que os anteriores. E a possibilidade de ele se reeleger é assustadoramente real, mesmo porque, ironicamente, seu maior cabo eleitoral é Bolsonaro — e seus filhos despirocados, claro.


Se Sérgio Moro não tivesse trocado a magistratura pelo ministério da Justiça no desgoverno do capetão, é possível que a Lava-Jato ainda estivesse ativa e operante, e Lula ainda estivesse cumprindo pena em Curitiba, na Papuda ou no diabo que o carregue. Tanto ele quanto Bolsonaro são cânceres que evoluíram para metástases e, portanto, se tornaram inoperáveis. Mais cedo ou mais tarde, a Ceifadora livrará o Brasil desse mal. Até lá, a abjeta polarização seguirá a todo vapor — a menos que uma “terceira via” surja e se consolide ao longo do ano que vem.


Políticos incompetentes e/ou corruptos que ocupam cargos eletivos não brotam nos gabinetes por geração espontânea; se estão lá, é porque foram eleitos por ignorantes polarizados, que brigam entre si enquanto a alcateia de chacais se banqueteia e ri da cara deles — e dos nossos, de brinde.


Einstein teria dito que o Universo e a estupidez humana são infinitos, mas salientou que, no tocante ao Universo, ele ainda não tinha 100% de certeza. Alguns aspectos de suas famosas teorias não sobreviveram à passagem do tempo, mas sua percepção da infinitude da estupidez humana deveria ser bordada com fios de ouro nas asas de uma borboleta e pendurada no hall de entrada do Congresso.


Não há provas de que boas ações produzam bons resultados. A lei do retorno é mera cantilena para dormitar bovinos, mas insistir no mesmo erro esperando produzir um acerto é a melhor definição de imbecilidade que conheço, e más escolhas inevitavelmente geram péssimas consequências — como temos visto a cada eleição presidencial desde 2002.


Triste Brasil.


segunda-feira, 15 de setembro de 2025

AINDA SOBRE A CONDENAÇÃO DOS ASPIRANTES A GOLPISTAS

NÃO HÁ MAL QUE SEMPRE DURE NEM BEM QUE NUNCA TERMINE.

Em 2015, Jair Bolsonaro começou a pavimentar o caminho que o levaria ao Palácio do Planalto. A dois meses do pleito de 2018, todas as pesquisas de intenção de voto apontavam a vitória da coligação da esquerda — embora o cabeça da chapa fosse ficha-suja e estivesse cumprindo pena de prisão. Mas quis o destino (ou alguém cujo nome permanece nas sombras) que um atentado a faca livrasse o então candidato do nanico PSL dos debates, evitando que ele fosse trucidado em rede nacional pela invejável oratória de Ciro Gomes.

 

A pouco mais de um mês do primeiro turno, o TSE rejeitou a quimérica candidatura do então presidiário mais famoso da história deste país. Como Jaques Wagner declinou do papel de bonifrate, o Partido dos Trabalhadores que nao trabalham anunciou oficialmente a substituição de Lula por Fernando Haddad. Mesmo assim, as empresas de pesquisa continuaram dando como certa a vitória de “Luladdad” e a eleição de Dilma para o Senado. 


A mulher sapiens ficou a ver navios, mas, com a volta de seu criador, foi recompensada pelo "golpe" (como a petralhada se refere ao impeachment da anta) com a presidência do Banco do Brics e um salário anual de meio milhão de dólares. Já o combo de mau militar e parlamentar medíocre, incompetente até para gerir um prosaico carrinho de pipoca, surfou na onda do antipetismo e derrotou a marionete de Lula no segundo turno por uma diferença de 10,8 milhões de votos válidos (houve 2,5 milhões de votos em branco e 8,6 milhões de votos nulos).

 

Depois de construir uma carreira parlamentar tão longa quanto inexpressiva, Bolsonaro forneceu a prova cabal de que o Brasil não é um país sério. Para mostrar que era amigo do mercado e obter o apoio dos empresários, o estatista que acreditava em Estado grande e intervencionista, que sempre lutou por privilégios para corporações que se locupletavam do Erário havia décadas, foi buscar Paulo Guedes, que embarcou em uma canoa que deveria saber furada. 

 

Para demonstrar que era inimigo da corrupção e obter o apoio da classe média, o deputado que, em sete mandatos, percorreu 8 partidos de aluguel e sempre foi adepto das práticas da baixa política e amigo de milicianos, foi buscar Sergio Moro, que embarcou em uma canoa que deveria saber furada. E para obter o apoio das Forças Armadas, o oficial de baixa patente, despreparado, agressivo e falastrão, condenado por insubordinação e indisciplina e enxotado da corporação, foi buscar legitimidade em uma fieira de generais, que embarcaram em uma canoa que deveriam saber furada. 

 

Não podia dar certo — como de fato não deu. O ora ex-presidente e futuro presidiário se revelou o pior mandatário desde Tomé de Souza. Sua admiração pela ditadura militar e vocação para tiranete se acentuaram ao longo de sua nefasta gestão. As “acusações” que o ministro demissionário Sergio Moro fez sobre ingerência política no comando da PF foram comprovadas na gravação da reunião ministerial de abril de 2020. O ministro Celso de Mello autorizou a abertura de um inquérito para apurar os fatos, mas a apuração virou pizza com sua aposentadoria do STF


A despeito de a CPI do Genocídio lhe imputar a essa criatura desprezível uma dezena de crimes associados às políticas públicas de combate à pandemia, e dos mais de 140 pedidos de impeachment protocolados, a inação de Rodrigo Maia, a cumplicidade de Arthur Lira e a subserviência abjeta de Augusto Aras asseguraram a permanência do estrupício no cargo até dezembro de 2022. 

 

Mandrião de quatro costados, o ex-presidente trabalhava, em média, 18 horas por semana a menos que um trabalhador celetista e 14 a menos que um servidor público federal da administração direta (conforme o estudo "Deixa o homem trabalhar?", de Dalson Figueiredo, Lucas Silva e Juliano Domingues). Em 2019, houve dias em que ele trabalhou 12 horas, mas cargas horárias superiores a cinco horas diárias só foram registradas em trânsito (como em 18 de novembro de 2021, na volta de Doha, no Catar, para Brasília). Se aplicado o mesmo critério, o tempo gasto com motociatas pelo país, comendo farofa nas ruas de Brasília ou passeando de jet-ski no Guarujá seria considerado jornada de trabalho. 
 
Observação: Bolsonaro gastou mais tempo em almoços (média de 1,3 hora) do que em reuniões com ministros de estado (menos de 1 hora). Durante a pandemia, participou apenas de cinco eventos envolvendo explicitamente o tema “vacina”, investindo, em média, 0,9 hora por compromisso — totalizando três almoços. Na manhã do dia 8 de julho de 2021, mês em que o Brasil ultrapassou as 500 mil mortes pela Covid, conversou durante 50 minutos com devotos no cercadinho defronte ao Alvorada (a maior parte do tempo foi gasta com piadas), e chegou a dizer que sua agenda andava “meio folgada”. 

 

Ao longo dos quatro anos em que conspurcou a Presidência, o "mito" dos anencéfalos reafirmou ad nauseam sua autoridade com frases como “quem manda sou eu”, “minha caneta funciona” e “não sou um presidente banana”. Na célebre reunião ministerial de abril de 2020, esbravejou: Não vou esperar foder [sic] a minha família toda, de sacanagem, ou amigos meus, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence à estrutura nossa. Vai trocar! Se não puder trocar, troca o chefe dele! Não pode trocar o chefe dele? Troca o ministro! E ponto final! Não estamos aqui pra brincadeira.” 


Em 2018, a parcela minoritária do eleitorado que apoiou o fantasioso "outsider anti establishment" o fez por absoluta falta de opção, e, portanto, não comemorou sua vitória, mas sim a derrota da marionete do então presidiário. Em 2022, esses "isentões" ajudaram a eleger Lula porque era imperativo evitar mais quatro anos (ou sabe Deus quantos) sob a batuta de um genocida golpista, e a quimérica terceira via — tida como a solução para furar a polarização, acabou virando parte do problema devido a egos avantajados, falta de projetos e carência de apoio popular.


O que Bolsonaro mais fez durante seu mandato — além de gozar férias paradisíacas no litoral paulista e em cidades turísticas da costa catarinense, promover motociatas e fazer campanha pela reeleição — foi atacar o TSE e o STF. Se o Brasil fosse uma democracia como manda o figurino, essa aberração teria sido deposta muito antes dos discursos golpistas do 7 de Setembro; numa republiqueta de bananas presidida por um ex-presidiário convertido em ex-corrupto por conveniência da alta cúpula do Judiciário, não chega a espantar que um pedido de desculpas mal ajambrado, rascunhado às pressas por um ex-presidente de nada saudosa memória, levasse muita gente a acreditar (ou a fazer de conta que acreditava) que o
 escorpião da fábula estava sinceramente arrependido.

 

Disse o poeta que  não há nada como o tempo para passar, e o Conselheiro Acácio, que as consequências sempre vêm depois. Inobstante a pressão dos aliados do capetão, do lobby abjeto do filho do pai, da ingerência igualmente abjeta de Donald Trump na soberania nacional e da ignóbil proposta de anistia que tramita no Congresso, Bolsonaro e sete cúmplices na tentativa de golpe de Estado foram condenados a pesadas penas privativas de liberdade. 

 

A inédita condenação dos militares graduados do “núcleo crucial da trama golpista” mostrou que o Brasil foi capaz de dar um passo à frente, mas os veredictos são meras reticências. Por mais que o voto teratológico de Fux (embora não inexplicável tenha reavivado as brasas da esperança do gado bolsonarista, quem enxerga as coisas como elas realmente são — e não como gostaria que fossem — sabe que as chances de reforma da decisão da Primeira Turma são quase inexistentes. Os bolsomínions mais radicais prometiam forrar as ruas caso o “mito” fosse condenado, mas o que se viu foram uns poucos gatos pingados em prantos, abraçados ridiculamente a bandeiras dos EUA e do Brasil. 

 

Uma vez publicado o acórdão, as defesas terão cinco dias para apresentar embargos declaratórios, que servem para esclarecer aspectos obscuros da decisão, mas costumam ser usados para protelar o trânsito em julgado. Já os embargos infringentes só são admissíveis, à luz da jurisprudência do STF, quando há quatro ou mais votos divergentes em decisões plenárias ou dois ou mais votos em decisões das turmas. No caso em tela, somente o ministro Fux divergiu do relator. 


Se algumas das defesas seguir por esse caminho, Moraes negará seguimento ao recurso; se os advogados ingressarem com embargos infringentes, caberá à própria Turma decidir manter ou não a decisão monocrática do do relator, e Dino, Cármen e Zanin certamente acompanhariam Moraes. Assim, as chances de o caso ser reexaminado pelo plenário da Corte são próximas de zero, e ainda que assim não fosse, nada garante que as demais togas divergiriam de Moraes, Dino, Cármen e Zanin.


Dito isso, resta aos sectários do Messias que não miracula apostar na anistia, que é outra miragem: se essa aberração for aprovada pela Câmara e pelo Senado, será vetada por Lula; se o Congresso derrubar o veto, o STF a julgará inconstitucional. Em última análise, a irresignação dos bolsonaristas serve apenas para acirrar a tensão entre os Poderes e carimbar na testa dos parlamentares a pecha de "Cupinchas do Trump".

 

A defesa de Bolsonaro já se equipa para pedir sua prisão domiciliar — que ele já vem cumprindo desde 4 de agosto por ter desobedecido medidas cautelares. Talvez o trânsito em julgado da condenação arraste gente para as ruas — como a prisão de Lula arrastou em abril de 2018. Mas o Brasil não parou em 2018 e não vai parar agora. Malafaia et caterva reuniram mais de 80 mil manifestantes no Rio e São Paulo no feriado da Independência, mas esse número está longe de representar a maioria dos brasileiros — que, aliás, é contra a anistia.


Segundo dados colecionados pelo Datafolha, 50% dos entrevistados defendem a prisão de Bolsonaro, 43% são contra e 7% responderam que "não sabem". É preocupante o fato de metade do eleitorado ter dificuldade para se situar no mundo e, pior se dar conta de estar sendo tratado como morador do fundo do quintal imaginário da calopsita laranja que pousou na Casa Branca. Também preocupante é o fato de o Congresso discutir a anistia de quem ainda nem foi preso. Governadores conservadores, supostamente democráticos, prometem indulto a Bolsonaro caso cheguem ao Planalto. Empresários fazem cara de nojo para o STF.


Ao evitar o golpe, o Brasil deu ao mundo a impressão de que superou a barbárie. Em editorial publicado neste sábado, o jornal francês Le Monde anotou que a condenação do núcleo crucial da tentativa de golpe é "uma prova de maturidade para um país que esteve submetido ao arbítrio e à brutalidade de uma ditadura militar". Tudo verdade. Mas quem presta atenção aos fatos percebe que, se os otimistas se descuidarem, o Brasil corre o risco retornar à selvageria antidemocrática sem atingir o estágio intermediário de algo que, no futuro, possa pelo menos ser chamado de bons tempos.


Incitado pelo traidor Eduardo Bolsonaro, o terror da Casa Branca pode aplicar mais sanções — que também não mudarão o curso das coisas. Ainda pode haver tumulto, já que os líderes do bolsonarismo não estão preocupados com o país, e sim com os próprios umbigos. Os aspirantes a herdeiros políticos do prisoner-to-be circulam como urubus em torno do moribundo, reivindicando um pedaço de seu legado eleitoral. Ainda haverá muito dedo no olho e gritaria, uma vez que os eleitores insistem em fazer a cada eleição, por ignorância, o que Pandora fez uma única vez por curiosidade.

 

Para concluir este romance, relembro a saga de um ex-estudante de São Petersburgo que escritor russo Fiódor Dostoiévski descreveu em Crime e Castigo, e que os criminosos sempre se baseiam na relação de custo-benefício. Bolsonaro e seus cúmplices assumiram o risco da prisão acreditando no antídoto da anistia que seus comparsas no Parlamento se esforçam para aprovar. No entanto, da mesma forma que cometeram erros elementares no planejamento do golpe, erraram ao não levar em conta outros efeitos da condenação. 

 

Depois do trânsito em julgado, o STM deve cassar as patentes dos militares condenados — incluindo Bolsonaro, que deixou a caserna pela porta dos fundos, mas, por força de lei, recebeu a patente de capitão. Infelizmente, ele não perderá suas remunerações de parlamentar aposentado e de ex-presidente. Dos demais militares condenados, somente Mauro Cid se manterá tenente-coronel, já que foi apenado com anos de prisão em regime aberto (mas já adiantou que pretende deixar o Exército e se mudar para os EUA).

 

Os danos qualificados e a destruição de bens tombados acarretaram penas privativas de liberdade e responsabilidade patrimonial solidária no valor de R$ 30 milhões. Todos os integrantes do núcleo crucial da tentativa de golpe — Bolsonaro e Ramagem em especial — devem permanecer inelegíveis por oito anos contados a partir do término do cumprimento das penas. Na testa de Bolsonaro — um péssimo militar, deputado antidemocrático e misógino e presidente inepto e de mentalidade golpista-fascista — o STF carimbou o fim de seu prazo de validade política.