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quarta-feira, 18 de setembro de 2024

DANDO NOME AOS BOIS



Patriotismo e chauvinismo parecem conceitos semelhantes à primeira vista, mas carregam diferenças profundas. Confundir um com o outro é como misturar alhos com bugalhos, capitão-de-fragata com cafetão de gravata ou a obra do mestre Picasso com a pica de aço do mestre-de-obras. Chamamos patriotismo a um sentimento baseado em valores nobres, voltado para o bem-estar do país. Já a palavra chauvinismo deriva do nome de um soldado francês, Nicolas Chauvin, famoso pela lealdade cega a Napoleão Bonaparte, donde o termo ser usado com o sentido de nativismo irracional, fanático, com pitadas de psicopatia. 


Como exemplo de patriotismo, cito as manifestações pelas Diretas-Já nos anos 1980; como exemplo de chauvinismo, a depredação das sedes dos Três Poderes protagonizada em 8 de janeiro de 2023 por uma récua de bolsonaristas lunáticos (com o perdão da redundância), que cantam o hino nacional para pneus, pedem ajuda a ETs e trotam para a Avenida Paulista sempre que seu "mito" sopra o berrante.

 

Em tempos de polarização, o que os peseudopatriotas chamam de patriotismo é na verdade um chauvinismo viceral, guiado pelo ódio a quem pensa diferente (veja-se o Brexit no Reino Unido e à invasão do Capitólio no EUA). No Brasil, esse fenômeno ganhou força durante a disputa presidencial de 2018 (não que campanhas eleitorais movidas pelo ódio sejam novidade nesta banânia), mas sua origem remonta ao final dos anos, quando Lula plantou a semente da cizânia com seu discurso de "noff contra eleff" (lembrando que os embates entre PT e PSDB eram mais ou menos civilizados). 


O detalhe — e o diabo mora nos detalhes — é que a raiva, quando industrializada, costuma ter um desfecho ruim. Jânio renunciou. Collor foi impichado. Bolsonaro perdeu a reeleição, ficou inelegível e vive sob a ameaça de uma sentença criminal (que, lamentavelmente, demora a acontecer). E a última pesquisa Quaest trouxe dados preocupantes para o Planalto e para o comitê eleitoral do PSOL em São Paulo: às vésperas do primeiro turno, a aliança de Boulos com Lula ainda não decolou — o apadrinhado atraiu apenas 43% dos eleitores paulistanos que votaram em seu padrinho na sucessão presidencial de 2022. 


Observação: Devido a essa "lulodependência", o vexame será compartilhado pelo padrinho se o afilhado não passar para segundo turno. Nessa hipótese, Lula perderia tanto para a direita representada por Tarcísio de Freitas, padrinho de Nunes, quanto para a ultradireita personificada em Marçal, que cresceu à revelia de Bolsonaro.

 

O cenário segue de empate triplo, mas Nunes e Marçal cresceram além da margem de erro, e Boulos ficou abaixo do patamar tradicional da esquerda (em Sampa), que gira em torno de 30%. Para agravar a situação, o ex-chefe do MTST vem perdendo terreno em áreas onde esperava crescer.


Em última análise, o mago memes e dos recortes foi enfeitiçado pelo próprio feitiço no debate da TV Cultura. Privado pelas artimanhas do sorteio de trocar farpas com os dois candidatos mais bem-postos nas pesquisas, Marçal esmerou-se nas provocações ao quinto colocado, levou uma cadeirada, tentou a administrar a agressão com método. Percebendo que seu plano de migrar da posição de encrenqueiro profissional para a de vítima havia micado, recalibrou rapidamente o discurso, queixou-se da falta de solidariedade dos adversários e declarou-se pronto para a guerra. Aprendeu da pior maneira um velho ensinamento de Tancredo Neves: a esperteza, quando é muita, engole o dono.

 

Costuma-se dizer que macaco esconde o rabo para falar mal do rabo alheio. Ao cobrar serenidade de Datena depois de fustigá-lo na noite de domingo, Marçal sentou-se no próprio cinismo. Vivo, Charles Darwin diria que a campanha municipal de São Paulo é a prova de que o ser humano não só parou de evoluir como fez o caminho inverso, rumo às cavernas.


Desde que Marçal revelou que se faz de idiota nos debates porque "o público gosta disso" aguardava-se um fato que justificasse o uso do ponto de exclamação que se escuta quando as pessoas dizem "não é possível!" Pois bem, o sinal foi dado: no debate Rede TV-UOL, constatada a impossibilidade de controlar quem age ou reage como se tivesse parafusos a menos, optou-se por banir o risco de que a patifaria resultasse num replay parafusando-se as cadeiras no chão. 


Se no último domingo a cadeira foi a grande vencedora, no debate de ontem quem se destacou foi a mediadora, que conduziu com firmeza as duas horas do programa. Nunes passou o debate inteiro — fora os instantes em que ele esteve se digladiando com Marçal — tentando grudar em Boulos a pecha de defensor da legalização das drogas; este, por sua vez, disse que Nunes a Marçal são faces da mesma moeda (porque buscam o vínculo com o bolsonarismo), mas que o primeiro é ruína e o outro, o abismo.

Nos embates anteriores adotou-se de tudo em matéria de endurecimento das regras — do puxão de orelhas à proibição do celular, passando pela expulsão da sala. Especula-se agora sobre o que virá depois da cadeira parafusada. Coleira? Focinheira? Jaula?
 
A conferir.

sábado, 7 de setembro de 2024

ELEIÇÕES 2024 — POLARIZAÇÃO, BAIXARIA E CEGUEIRA MENTAL DÃO O TOM


 
Faltando menos de um mês para as eleições municipais, Ricardo Nunes, Guilherme Boulos e Pablo Marçal estão tecnicamente empatados, Tábata Amaral aparece em 4º lugar e José Luiz Datena carrega a lanterninha. 
Pelo que se pôde inferir dos debates e do anacrônico "horário eleitoral gratuito" — gratuito para os partidos e candidatos, já que quem paga a conta somos nós — nenhum deles tem condições de administrar nem carrinho de pipoca, quanto mais a maior metrópole da América Latina. A proposta de Tábata é a "menos pior", mas, a julgar pelas pesquisas, a moça precisa de um milagre para chegar ao segundo turno. 
 
No Brasil, presidente, governadores, prefeitos e senadores são eleitos com base no sistema majoritário, e deputados (federais e estaduais) e vereadores, pelas regras do sistema proporcional. Como eu comentei esses dois sistemas em outra postagem, vou resumir a ópera relembrando somente que, em municípios com mais de 200 mil eleitores inscritos, se nenhum candidato a prefeito obtiver 50% + 1 dos votos válidos no primeiro turno, os dois mais votados disputarão uma segunda eleição 
— conhecida como "segundo turno" — que é decidida por maioria simples, ou seja, vence o candidato mais votado.

ObservaçãoNos últimos 24 anos, o segundo turno das eleições paulistanas foi disputado por um candidato da esquerda contra um da direita. Mesmo em 2016, quando Dória venceu no primeiro turno, Haddad ficou em segundo lugar. Seguido esse padrão, um embate final entre dois candidatos da direita — no caso, Marçal e Nunes — é no mínimo improvável. Nesse cenário, Boulos deve representar a esquerda. Resta saber quem será seu oponente. Datena parece não ter a menor chance, e Tábata tem menos de um mês para se consolidar na disputa.
 
Situações desesperadoras exigem medidas desesperadas, mas abster-se de votar, votar em branco, anular o voto ou recorrer ao "voto útil" no primeiro turno é estupidez, mas a nefasta polarização vem produzindo pleitos plebiscitários, e um eleitorado despreparado, mal-informado e eivado de apedeutas e idiotas de carteirinha tende a votar não no candidato com quem mais se identifica, mas naquele que supostamente tem mais chances de derrotar o candidato "deles", o que acaba falseando o resultado final do pleito.
 
Magalhães Pinto ensinou que "política é como as nuvens; a gente olha e elas estão de um jeito, olha de novo e elas já mudaram" e Ciro Gomes, que "eleição é filme, pesquisa é frame". Se admitirmos
 que a opinião de alguns milhares de entrevistados representa fielmente o que pensam 9,32 milhões paulistanos aptos a votar, o resultado das pesquisas constitui um "instantâneo" do humor do eleitorado no momento da abordagem. O bom senso recomenda analisar os números com a devida cautela, mas explicar isso a quem sofre de cegueira mental é como dar remédio a um defunto.
 
Uma das características da democracia brasileira é produzir "salvadores da Pátria". Vimos isso em 1989 com Collor, em 2002 e 2006 com Lula e em 2018 com Bolsonaro. Talvez a história se repita em 2026, tendo como protagonista o "coach motivacional" que teve a candidatura ao Planalto barrada pelo TSE, conseguiu se eleger deputado federal, foi impedido de assumir e agora mira a prefeitura paulistana com um olho e a Presidência com o outro. 

A exemplo de Bolsonaro em 2018, Marçal se vende como candidato "antissistema", mas já acena uma aproximação com o sistêmico União Brasil, que um dos principais partidos do Centrão. Se for eleito, cairá no colo do UB, exatamente como o "mito" caiu no colo do Centrão — e lhe deu o orçamento secreto em troca do engavetamento de 150 pedidos de impeachment. 
 
Campanha eleitoral movida a ódio não é novidade por estas bandas, mas terminou mal todas as vezes que a raiva foi industrializada com propósitos políticos: Jânio renunciou, Collor foi impichado, Bolsonaro perdeu a reeleição, está inelegível, vive sob a sombra de uma sentença criminal esperando para acontecer enquanto posa de cabo-eleitoral de luxo. 
A diferença entre ele e Marçal é que as redes sociais dão a este um alcance maior que o daquele

Com a repetição do fenômeno de forma mais turbinada na seara municipal paulistana, resta torcer para que o eleitor despache a aberração antes que ela se consolide como um fenômeno eleitoral. A despeito de estar claro que se trata de um produto estragado, quem tem que comprá-lo ou não é o eleitor.

sexta-feira, 6 de setembro de 2024

FATOS, MITOS, BOATOS E TEORIAS DA CONSPIRAÇÃO (FINAL)

PARA QUEM NÃO TEM NADA, METADE É O DOBRO.


Nos anos 1970, a pretexto de "limpar registros desfavoráveis" sobre a seita e seu fundador, membros da Igreja da Cientologia roubaram arquivos confidenciais do governo americano e de embaixadas e consulados estrangeiros

Conhecida como Operação Branca de Neve, essa ação foi considerada teoria da conspiração até vir a lume o envolvimento de mais de 5 mil "agentes secretos" — entre membros da igreja, funcionários públicos corruptos ou chantageados e investigadores particulares.

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

No debate do último domingo, Marçal deixou claro que seu objetivo era irritar os adversários e desviar a atenção das acusações que ele sabia que viriam. Funcionou: o momento em que ele quase levou um pescoção repercutiu muito mais que a questão das fraudes bancárias em Goiás. 

Na noite seguinte, aboletado no centro do Roda Viva da TV Cultura, o "influencer" parecia outro. Até tentar ensinar a jornalista Malu Gaspar a fazer jornalismo e levar uma invertida. A partir de então o espírito de porco da noite anterior tomou o centro da roda, com um entrevistado ora passivo-agressivo, ora só agressivo, que foi ficando mais arrogante enquanto fazia cortes (foram 11) para suas redes sociais, propunha soluções  mirabolantes para espalhar prosperidade e — pasmem! — cantava "Diário de um Detento", dos Racionais MCs, para reforçar a narrativa de "filho da periferia".  De quebra, culpou os adversários pelo baixo nível dos debates e reclamou de ser "atacado de forma deselegante". 

Inspirado na profecia de Nelson Rodrigues — de que "os idiotas vão tomar conta do mundo; não pela capacidade, mas pela quantidade" —, Marçal afirmou que produz idiotices em série porque o eleitor, por idiota, deseja esse tipo de mercadoria, porém a inanição de sua pauta de propostas leva a crer que idiota é quem vota num sujeito como ele.

Campanha eleitoral movida a ódio não é novidade no Brasil, mas a coisa terminou mal todas as vezes que a raiva foi industrializada com propósitos políticos: Jânio renunciou, Collor foi impichado e Bolsonaro perdeu a reeleição, está inelegível e vive sob a sombra de uma sentença criminal esperando para acontecer — e isso depois de torrar bilhões em verbas orçamentárias secretas na compra do engavetamento de mais de quase 150 pedidos de impeachment.

Houve tempos em que a mídia controlava as massas. Com a Internet, as massas passaram a controlar a mídia, e o idiota da aldeia, que só tinha direito à palavra no boteco, passou a ter o mesmo direito de um ganhador do Premio Nobel. 

Depois que as redes sociais deram asas à idiotice, a melhor vacina contra a desqualificação política seira a qualificação do voto. Mas isso parece cada vez mais um sonho irrealizável.


Também foi considerada conspiratória a denúncia de que a NSA plantava escutas ilegais, coletava dados de celulares e monitorava ou uso que os americanos faziam da Internet. O ataque ao World Trade Center serviu de "desculpa" para aumentar essa vigilância — a agência esgrimiu a necessidade de sacrificar algumas liberdades individuais em prol da segurança nacional —, mas uma matéria publicada pelo The Washington Post em 2014 revelou que quase 90% dos dados coletados eram de internautas sem qualquer conexão com terrorismo.

Em 1998, o U.S. Departament of State revelou que, no auge da Guerra Fria, o então Dalai Lama e a outros líderes tibetanos receberam milhões de dólares da CIA para atuar em prol do enfraquecimento do comunismo na China e na URSS, e que a agencia manteve locais secretos de treinamento militar para monges tibetanos no Colorado (USA). 

Observação: Dalai Lama é o título dado ao líder espiritual do povo tibetano e transferido de uma pessoa para outra através de um processo chamado tulku (ou "reencarnação de Avalokiteshvara"). Quando um Dalai Lama morre, Lamas sêniores buscam seu sucessor. Se uma criança testada demonstra características espirituais notáveis e/ou reconhece objetos pessoais que pertenceram ao Dalai Lama anterior, ela é submetida a um treinamento religioso (que pode durar anos) e, após ser oficialmente entronizada, assume o papel de líder espiritual e político do Tibete.
 
Em abril de 1919, enquanto negociava o Tratado de Versalhes para encerrar a Primeira Guerra Mundial, o presidente americano Woodrow Wilson contraiu gripe espanhola e sofreu um derrame que o deixou parcialmente incapaz. Como seu médico pessoal se recusou a assinar o atestado de incapacidade, o vice Thomas R. Marshall não foi promovido a titular; como o real estado de saúde do paciente foi mantido em segredo, a primeira-dama Edith Wilson se autoproclamou "guardiã" do marido e atuou como "presidente de fato" até o término de seu mandato, em março de 1921 (lembrando que a 25ª Emenda, que trata da sucessão presidencial em casos de incapacidade, só foi ratificada em 1967). 
 
Em 1993, 
a pretexto de estudar ionosfera da Terra, as Forças Armadas dos EU criaram o Projeto HAARP. Os conspirólogos alegaram tratar-se de uma arma secreta de controle do clima que seria capaz de desativar satélites inimigos, desestabilizar nações e manipular a mente das pessoas. As autoridades envolvidas no projeto refutarem qualquer propósito sinistro, mas as teorias conspiratórias persistem até hoje, havendo inclusive culpe o projeto enchentes no Rio Grande do Sul.

Capitaneado pela CIA durante a Guerra Fria, Projeto MK Ultra usou abusou de alucinógenos, hipnose, privação sensorial e outras técnicas arrepiantes para controlar a mente das pessoas, e como as cobaias apresentavam sintomas clássicos de paranoia, suas denúncias não eram levadas a sério. Nos anos 1970, porém, Church Committee descobriu mais de 200 mil documentos arquivados erroneamente, e o projeto se tornou um dos maiores exemplos de abuso de poder por parte de uma agência governamental. Segundo os teóricos da conspiração, a CIA seguiu com as experiências espúrias mesmo depois que a maracutaia veio à lume.
 
Um esquema sem título oficial, mas que teve a veracidade comprovada, causou a morte de milhares de americanos durante a Lei Seca. Devido à proibição da produção, importação e venda de bebidas alcoólicas no território norte-americano nos anos 1920/30, produtos à base de etanol usados na fabricação de materiais de limpeza eram redestilados, engarrafados e vendidos no mercado negro. Visando inibir o consumo ilegal dessa bebida, o governo passou a adicionar metanol ao etanol, mas exagerou na dose e matou mais de 10 mil pessoas.
 
Projeto Sunshine, conduzido secretamente pelos EUA nos anos 1950, visava entender os efeitos da radiação nuclear no corpo humano. As amostras de tecidos eram obtidas de cadáveres (não raro roubados de cemitérios), e os 
ossos de crianças recém-nascidas, suscetíveis aos efeitos do estrôncio-90, eram especialmente valiosos para o estudo. Em 1995, o presidente Bill Clinton desclassificou os documentos, mas o altíssimo custo moral do projeto continua ensejado discussões sobre ética em práticas científicas.

quinta-feira, 5 de setembro de 2024

SEGURANÇA NUNCA É DEMAIS

PRIMEIRO VÊM AS RISADAS, DEPOIS AS MENTIRAS E FINALMENTE O TIROTEIO.

Links encurtados ocupam menos espaço na tela dos smartphones e consomem menos caracteres nas postagens no Xwitter. Embora não ornem com segurança, eles se
 tornaram tão comuns que a gente clica neles sem pensar duas vezes, embora seja possível checá-los com ferramentas de verificação de links curtos, como o GetLinkInfo e o UnshortenIt. 

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Voltando ao debate dos prefeitáveis na TV Gazeta, Marçal deixou claro como o sol do meio-dia que seu objetivo era irritar os adversários e desviar a atenção das acusações que ele sabia que viriam. A estratégia funcionou: o momento em que ele quase levou um pescoção repercutiu bem mais que a questão das fraudes bancárias em Goiás. Na noite seguinte, aboletado no centro do Roda Viva da TV Cultura, o candidato do PRTB parecia outro, mas só até tentar ensinar a colunista d'O Globo Malu Gaspar a fazer jornalismo. 
A partir de então, o espírito zombeteiro da noite anterior tomou o centro da roda, com um entrevistado ora passivo-agressivo, ora só agressivo, que foi ficando mais arrogante enquanto fazia cortes (foram 11) para suas redes sociais, propunha soluções soluções mirabolantes para espalhar prosperidade e — pasmem! — cantava "Diário de um Detento", dos Racionais MCs, para reforçar a narrativa de "filho da periferia". De quebra, culpou os adversários pelo baixo nível dos debates e reclamou de ser "atacado de forma deselegante". Parecendo se inspirar na profecia de Nelson Rodrigues — de que "os idiotas vão tomar conta do mundo; não pela capacidade, mas pela quantidade" —, "Pablito" declarou que produz idiotices em série porque o eleitor, por idiota, deseja esse tipo de mercadoria, porém a inanição de sua pauta de propostas leva a crer que idiota é quem vota num sujeito como ele. 
Campanha eleitora movida a ódio não é novidade no Brasil — que o digam JânioCollor e Bolsonaro. Mas a coisa terminou mal todas as vezes que a raiva foi industrializada com propósitos políticos: o cachaceiro renunciou, o Rei-Sol foi impichado e o refugo da escória da humanidade perdeu a reeleição, foi declarado inelegível e vive sob a sombra de uma sentença criminal esperando para acontecer — e isso depois de torrar bilhões em verbas orçamentárias secretas na compra do engavetamento de mais de quase 150 pedidos de impeachment.
Houve um tempo em que a mídia controlava as massas. Com a Internet, as massas passaram a controlar a mídia, o idiota da aldeia, que só tinha direito à palavra no boteco, onde enchia a cara a se expressava sem prejudicar a coletividade, passou a ter o mesmo direito de um ganhador do Premio Nobel. Depois que as redes sociais deram asas à idiotice, a melhor vacina contra a desqualificação política seira a qualificação do voto. Mas isso parece cada vez mais um sonho irrealizável.

Caso o endereço do site não apareça ou apareça parcialmente na tela do smartphone, tocar na barra de endereços do navegador permite visualizar o URL completo e conferir a parte final (que é exibida depois do nome do domínio). As subseções invadidas do site geralmente ficam ocultas nos diretórios do serviço e contêm elementos como /wp-content//wp-admin/ ou /wp-includes/

Observação: Algo assim logo após o nome de domínio indica que o site foi comprometido (lembrando que páginas com a extensão .php são comuns, mas, combinada com o caminho de diretório, essa extensão se torna uma evidência convincente de culpa). Se o nome do site parecer suspeito, excluir o final do URL e deixar apenas o nome do domínio levará à página verdadeira, que é diferente da falsa tanto no assunto quanto no design. 
 
O ideal é verificar todos os links antes de clicar, até porque alguns ataques independem de qualquer ação da vítima (basta acessar o site infectado). No computador, posicionar o ponteiro do mouse sobre um link (sem clicar) permite conferir o URL de destino; no smartphone, deve-se manter o dedo sobre o link para para abrir um menu pop-up com diversas opções. 

Jamais clique em links recebidos por email, SMS, WhatsApp etc. para acessar sites de bancos, administradoras de cartões de crédito, lojas virtuais, órgãos públicos etc. Em sendo necessário, digite manualmente o URL na barra de endereços do navegador.

Lembre-se: Macaco velho não pula em galho seco nem mete a mão em cumbuca.

sábado, 31 de agosto de 2024

A SAGA DO CORREIO DE VOZ (CONTINUAÇÃO)

TOME CONSELHO NO VINHO, MAS DECIDA DEPOIS, COM ÁGUA.

Vimos no post de quinta-feira como dar sumiço ao ícone de notificação de correio de voz sem ouvir o recado, como impedir que ele apareça e como cancelar o serviço de correio de voz. 

Se você preferir desativar os alertas de caixa postal no Android, toque em Configurações > Notificações > Configurações avançadas > Notificações flutuantes > Desativado. 

Para desativar a pré-visualização de notificações na tela de bloqueio para todos os aplicativos, ainda em Notificações, toque em Notificações de bloqueada e marque a opção Ocultar conteúdo. Se quiser desativar a pré-visualização a aplicativos específicos, toque no ícone da engrenagem (ao lado de Exibir conteúdo) e desmarque os desejados.

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Um dos operadores da campanha de Ricardo Nunes define a ascensão de Pablo Marçal nas pesquisas como "um despertador". Nessa versão, o prefeito de São Paulo teria acordado para a urgência de uma reação, mas a entrevista que ele concedeu à GloboNews teve o efeito contrário: o telespectador que não foi vencido pelo sono nem trocou de canal diante do carisma de pedra de gelo e timbre monocórdio do candidato à reeleição quando, questionado sobre o desempenho precário do município no último Ideb, atribuiu o flagelo à pandemia da Covid e não explicou como cidades com arcas bem menores e submetidas ao mesmo vírus tiveram desempenhos superiores. 
Já quem conseguiu driblar o efeito barbitúrico dessa lengalenga foi recompensado com outras ofensas a sua inteligência, como quando o alcaide negou que tenha dificultado o acesso ao aborto legal na cidade ao suspender o serviço no Hospital Vila Nova Cachoeirinha, unidade de referência. De resto, ele desconversou sobre temas espinhosos, como a presença do PCC nas empresas concessionárias de ônibus e a suspeita do seu envolvimento e de uma empresa de sua família na máfia das creches.
Nunes parece acreditar que a simples aparição de Bolsonaro na sua propaganda eleitoral televisiva potencializará sua votação junto ao eleitorado conservador. Ou seja, quem esperava por uma reação pessoal do prefeito deve puxar uma cadeira. Ou um ronco.

Se acontecer de uma notificação de correio de voz não desaparecer depois que você ouviu o recado (ou o minuto de silêncio), ou reaparecer depois que você reinicia o celular, toque em Configurações > Aplicativos > Telefone > Armazenamento

A opção Limpar cache elimina os arquivos temporários — o que, em tese, melhora o desempenho do aplicativo — e  Limpar dados remove configurações, contas, preferências, e quaisquer outros dados armazenados pelo aplicativo — que volta a ser virgem como uma vestal. Uma vez que limpeza de dados desfaz as configurações personalizadas e apaga informações salvas localmente, convém você fazer um backup das informações importantes. 

Observação: app Telefone faz parte do sistema Android e suas funcionalidades básicas não dependem de dados locais, de modo que ele deve continuar funcionando normalmente após a limpeza de dados, que também não afeta os contatos, já que eles ficar armazenados na conta do Google, no SIM-Card ou na memória interna do aparelho. Mas a lista de números bloqueados pode ser afetada, de modo que convém fazer um backup antes de limpar os dados.
 
A ajuda do Google sugere limpar os dados da Play Store como forma de eliminar a incomodativa notificação de ofertas que o sininho exibe quando não há oferta nenhuma, ou seja, você toca no sininho a tela que se abre em seguida informa que "está tudo em dia"). Antes, porém, verifique se seu aparelho está rodando a versão mais recente do Android e se não há atualizações pendentes para os aplicativos instalados. Se tudo estiver nos conformes, desabilite as notificações de ofertas e promoções nas configurações do próprio aplicativo. 

 

É possível que algum app de otimização ou gerenciador de arquivos que você instalou esteja causando essa anormalidade. Para conferir, desinstale o dito cujo e verifique se isso resolve o problema. Se não resolver, desative todas as notificações de todos os aplicativos, reinicie o smartphone e reative apenas as notificações que você realmente precisa receber. Se ainda assim problema persistir, desinstale e reinstale o app da Play Store; se nem assim resolver, o jeito é recorrer ao "tratamento de choque", ou seja, reverter o dispositivo às configurações de fábrica e recomeçar do zero.

 

Boa sorte.

quinta-feira, 29 de agosto de 2024

A SAGA DO CORREIO DE VOZ

O RISO É ATEMPORAL, A IMAGINAÇÃO NÃO TEM IDADE E OS SONHOS SÃO ETERNOS.


"Secretárias eletrônicas" e "bipes" foram muito populares nos anos 1980/90, mas perderam o protagonismo depois que as TELES passaram a oferecer serviços de correio de voz e BINA (acrônimo de "B Identifica o Número de A"). 

De um tempo a esta parte, o preço mais acessível dos "pacotes de serviços" oferecidos pelas operadoras de telefonia celular vem desestimulando as pessoas a manter um telefone fixo em casa, e quem ainda tem raramente se dá ao trabalho de ouvir os recados que algum desavisado ainda se dá ao trabalho de gravar. Já os celulares exibem desde sempre o número de quem está ligando e listam as ligações pedidas. Caso o ID de chamada esteja bloqueado, o aparelho que recebe a ligação exibe algo como número privado, não identificado ou restrito

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Ao avalizar a fraudulenta reeleição de Maduro, o TSJ da Venezuela impôs a Lula o impudor de, por assim dizer, ficar com o derrière exposto na janela. Intimados pelas circunstâncias a se reposicionar, os mandatários do Brasil e da Colômbia conversam por telefone, mas hesitam em reconhecer o óbvio. A colóquio incluía o presidente mexicano, que, acometido pela síndrome do que estava por vir, retirou-se da negociação, livrando-se preventivamente do constrangimento de admitir em público a obviedade de que a Venezuela se tornou uma ditadura clássica.
O constrangimento é maior para Lula, que, agrilhoado a vícios ideológicos do passado, demora a se dar conta de que, em se aplicando seus conceitos à conjuntura brasileira, Bolsonaro, admirador confesso da ditadura militar, não seria senão um personagem ligeiramente antidemocrático, e 8 de janeiro e o golpe falhado, meras contingências aceitáveis.
No calor da fraude da autoproclamação de sua reeleição, Maduro prometera ao assessor internacional de Lula que divulgaria as atas com os resultados individualizados das seções eleitorais da Venezuela em "dois ou três dias", mas, para surpresa de ninguém, voltou atrás, sabedor de que a Corte Suprema da Venezuela, outra instância submetida a suas conveniências, avalizaria, como de fato avalizou, seu autogolpe ao proibir a divulgação das atas eleitorais — pavimentando o caminho que pode levar à prisão do rival oposicionista Edmundo González e de sua madrinha política Maria Corina.
Emparedada, a diplomacia brasileira evolui rapidamente do constrangimento para o vexame. Lula sempre contemporizou com o depravação do chavismo, o que o torna corresponsável pela encrenca venezuelana. Em 2013, o petista gravou um vídeo para uma campanha de Maduro no qual dizia que o governo do tiranete de merda representava "a Venezuela que Chávez sonhou".
No ano, recém-aboletado no trono, o reizinho desenrolou o tapete vermelho para o autocrata sanguinário. Na sequência, defendeu a reinserção da Venezuela no Mercosul, afirmou ditadura é um "conceito relativo" e que, sob Maduro, a ditadura venezuelana é pura "narrativa ficcional". Deu no que está dando: a execução de manifestantes, a prisão indiscriminada de patrícios sublevados, a potencialização da diáspora venezuelana e a. abjeta leniência do Planalto.
Em teoria, o Itamaraty mantém o compromisso de não reconhecer a vitória de Maduro enquanto não vierem à luz as atas da eleição de 28 de julho (que, como já se sabe oficialmente, não virão e ponto final). Na prática, submetida à contingência de que o rompimento de relações com a Venezuela não convém a esta banânia, a diplomacia bananeira reconhece tacitamente a reeleição fraudulenta do ditador sacripanta, condenando-se a conviver com ele num instante em que metade dos brasileiros respira aliviada por ter se livrado do projeto ditatorial de Bolsonaro (pela margem mixuruca de 1,8% dos votos).
Pior do que a nudez inesperada é o nu que não causa espanto. Lula converte a derrocada do "cumpanhêro" venezuelano num processo de erosão da sua popularidade, como se disputasse com o refugo da escoria do golpismo o posto de líder da oposição.
 
Você pode configurar sue aparelho para não exibir o ID abrindo o app Telefone, tocando nos três pontinhos e fazendo o ajuste em Configurações > Serviços complementares > Exibir ID de chamada, mas não deixe de confirmar se, feita essa configuração, o aparelho ainda é capaz de fazer ligações  se não for, restabeleça o "status quo ante" e solicite o bloqueio ligando do próprio aparelho para *144 (TIM), 1052 (Claro) ou *8486 (VIVO).

Observação: Números desconhecidos costumam ser associadas a trotes, golpes ou coisa ainda pior (como celulares roubados, que não raro acabam nas mãos de presidiários). Mas ocultar o ID resguarda nossa privacidade, evitando, entre outras coisas, que nosso número seja repassado para empresas de telemarketing. A boa notícia é que é podemos ocultar nosso número de forma "seletiva", ou seja, apenas em determinadas ligações (para saber como proceder, clique aqui). No entanto, quem realmente se preocupa com sua privacidade deve ligar de um orelhão (e aproveitar enquanto eles ainda existem). 

A utilidade do serviço de caixa postal minguou com a popularização dos aplicativos de mensagens, mas saber quem está ligando antes de atender a ligação permite recusar chamadas inconvenientes, e o identificador continua sendo um artigo de primeira necessidade. 

Nosso país tem 213 milhões de habitantes, mais de 250 milhões de celulares ativos, dos quais 169 milhões usam o WhatsApp. Nos EUA, o mensageiro da Meta perde longe para o Facebook Messenger e, pasmem!, para o vetusto SMS, que, entre nós, é usado quase que exclusivamente por empresas (para enviar confirmações de compras online, pagamentos de boletos e confirmação de login, por exemplo) e por serviços de emergência (para enviar alertas de tempestades ou desastres naturais, também por exemplo).
 
Empresas de telemarketing contratam serviços de bots para mapear números ativos — daí as ligações "caírem" quando a gente atende —, e sempre tem quem só encerra a ligação quando ouve a mensagem de caixa postal, gerando notificações que ficam "penduradas" no display até a gente ligar para o número do serviço de correio de voz e ouvir recado (ou vários segundos de silêncio, em muitos casos).
 
Podemos nos livrar dessa encheção de saco enviando um SMS com a palavra SAIR para 555, no caso do Claro Recado, ou para 5550, no caso do Vivo Recado. Clientes da TIM devem ligar para *144 e pedir o cancelamento ao atendente (isso também pode ser feito na Claro e na Vivo pelos número 1052 e 1058, respectivamente). 

Também é possível unir o inútil ao desagradável tocando em Configurações > Aplicativos > Telefone > Notificações > Categorias de Notificações e desligando a chavinha ao lado de Correio de Voz (no iPhone, toque em Ajustes > Telefone > Notificações > Avisos e desative a opção respectiva). Isso não desabilita a caixa postal, apenas evita que o ícone de mensagem recebida seja exibido no canto superior direito da tela, ao lado do relógio do sistema. 

Observação: Cadastrar o número do telefone (fixo ou celular) no Procon e/ou no Não Me Perturbe diminui a aporrinhação das ligações-fantasmas, mas não bloqueia pedidos de doações nem ligações de empresas de pesquisa ou cobrança. 
 
Se você não quer ser importunado por notificações inoportunas, toque em Configurações > Aplicativos > Gerenciar Permissões > Notificações e defina quais aplicativos podem lhe enviar alertas. Outra opção é usar o Modo Foco, que bloqueia os aplicativos e pausa as notificações por um período determinado (apenas funções como Telefone e Relógio ficam acessíveis). 

Para ativar o Modo Foco e estipular o tempo durante o qual ele permanecerá ativo, toque em Configurações > Modos e rotinas > Trabalho, siga as instruções e aproveite o embalo para conhecer outros "modos", como Sono, Cinema, Direção, Exercício, etc.

Continua...