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sábado, 23 de novembro de 2024

ELE NÃO SABIA DE NADA

QUANDO A GENTE IMAGINA QUE JÁ VIU O PIOR DAS PESSOAS, APARECE ALGUÉM PARA MOSTRAR QUE O MAL É INFINITO.

 

Sob Bolsonaro, o absurdo era tramado com a naturalidade de um batizado. Adorno tétrico da trama, o assassinato de Lula, Alckmin e Moraes forneceria a apoteose necessária para virar a mesa da democracia em grande estilo. Mas o imprevisto costuma ter voto decisivo na assembleia dos acontecimentos, e as consequências sempre chegam depois.
 
"Quem espera sempre alcança", reza a sabedoria popular. Sempre que se via em apuros, Bolsonaro recorria ao versículo multiuso: "conhecereis a verdade e a verdade vos libertará" (João, 8:32). A Operação Contragolpe proporcionou seu encontro com a verdade, mas, ao invés de libertá-lo, a verdade o empurrará à cadeia. 

Até o momento, quatro militares de alta patente e um policial federal foram presos. Bolsonaro, Braga Netto e Mauro Cid estão entre os 37 indiciados pela "suposta" tentativa de golpe — "suposta" porque, como sabemos, sempre há a possibilidade de o que tem rabo de jacaré, couro de jacaré, boca de jacaré e dentes de jacaré ser, na verdade, um coelhinho branco.
 
Em junho de 2022, numa reunião em que o presidente foi filmado rosnando contra a democracia e o bobo da corte dizendo que era preciso virar a mesa antes das eleições, o general Mário Fernandes, número dois da Secretaria-Geral da Presidência, fez coro com os insurretos: 
"...É muito melhor assumir um pequeno risco de conturbar o país [...], para que aconteça antes, do que assumir um risco muito maior de conturbação no 'day after', né? Quando a fotografia lá for de quem a fraude determinar". 

Segundo a PF, o "day after" do general incluía uma carnificina que só não aconteceu por falta de adesão da tropa.
 
Bolsonaro perdeu a reeleição e colecionou derrotas nos pleitos municipais. A inelegibilidade o excluiu da cédula de 2026, mas a vitória de Trump o animou a conceder entrevistas em série, pregando uma "pacificação" escorada numa anistia inusitada. A cada vez mais provável condenação criminal pende como uma espada de Dâmocles sobre seu plano de controlar a sucessão no campo da direita.
 
Em público, Valdemar Costa Neto — ex-presidiário do Mensalão e indiciado na última terça-feira — insiste na tese abilolada de que Bolsonaro "não tem nada a ver com nada". Nos bastidores, porém, a cúpula do PL já admite que subiu no telhado a pretensão mimetizar Lula em 2018, registrando uma candidatura legalmente inviável.
 
A esta altura, falar em solidariedade afronta o razoável, mesmo nos insanos territórios da extrema-direita, e a construção de uma chapa conservadora, sem o veneno golpista do "mito", já começa a ser articulada. Mesmo porque os parlamentares do Centrão são conhecidos por carregar o caixão, não por pular na cova com o defunto. 
 
Cabe aos representantes da direita construir uma alternativa sensata, e a Tarcísio de Freitas, o primeiro da fila, tirar a mão da alça do caixão, trocando uma reeleição praticamente certa para o governo de São Paulo pela aventura de concorrer disputar o Planalto em 2026. Na seara da esquerda, Lula diz que concorrerá ao quarto mandato "se tiver saúde" — se tivesse juízo, o macróbio indicaria um sucessor para recompor o arco conservador que o reabilitou, não por gostar dele, mas para se livrar do refugo da escória da humanidade.
 
Indiciado, Bolsonaro renovou a pose de perseguido. Mas demonizar Moraes perdeu o nexo quando quando o delator Mauro Cid, os ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica (que não aderiram ao golpe) os investigadores da PF, as togas que avalizam os despachos de Moraes e o procurador-geral Paulo Gonet se juntaram à hipotética confraria de perseguidores.
 
Em 1986, ainda capitão da ativa, Bolsonaro amargou 15 dias de prisão disciplinar por publicar na revista Veja o artigo "O salário está baixo". No ano seguinte, a mesma revista revelou que ele e outro capitão planejavam explodir bombas nos quartéis se o aumento do soldo ficasse abaixo de 60%. O então ministro do Exército pediu a expulsão dos insurretos, mas o Superior Tribunal Militar acatou a tese da defesa.
 
Bolsonaro trocou a caserna por um mandato de vereador e outros 7 de deputado federal. Em 1991, defendeu o retorno do regime de exceção e o fechamento temporário do Congresso. Em 1994, disse que preferia "sobreviver no regime militar a morrer nesta democracia". Em 1999, afirmou que "a situação do país seria melhor se a ditadura tivesse matado mais gente" (incluindo o então presidente FHC). Em 2016, 
ao votar favor do impeachment de Dilma, homenageou o torturador da ditadura Carlos Alberto Brilhante Ustra. 

Sem outra fonte de renda além do salário de parlamentar, a "Famiglia Bolsonaro" comprou mais de 100 imóveis, 51 dos quais foram pagos total ou parcialmente em espécie. Em "O Negócio do Jair", a jornalista Juliana Dal Piva revela o método usado pelo clã para acumular milhões de reais e construir um projeto político iniciado com o emprego de parentes e coordenado pela segunda esposa. O livro detalha ainda as relações da família com o ex-capitão do Bope Adriano da Nóbrega, que virou chefe da milícia de Rio das Pedras e do Escritório do Crime, e acabou executado em 2020 por policiais militares baianos e fluminenses.  
 
Em meio à pandemia, Bolsonaro desdenhou do vírus, disse que a reação da população e da imprensa era "histeria", chamou a Covid de "gripezinha de nada" e demitiu Mandetta da Saúde porque o médico "estava se achando estrela", nomeou um sucessor que não durou um mês no cargo, e colocou em seu lugar o general Eduardo 
"um manda e o outro obedece" Pazuello. 
 
relatório da CPI da Covid apontou uma dúzia de crimes, mas o genocida saiu ileso graças à subserviência do antiprocurador Augusto Aras, e escapou de 140 pedidos de impeachment porque Rodrigo Maia "viu erros, mas não crimes de responsabilidade", e Arthur Lira avaliou que "todos os pedidos que analisou eram inúteis". 

Ao longo de toda a gestão, o pior mandatário desde Tomé de Souza não só incentivou como participou de atos antidemocráticos, chamou Moraes de canalha e Barroso de filho da puta, transformou o 7 de Setembro em apologia ao golpe de Estado, e por aí afora. Mas o dito ficou pelo não dito. 
 
Derrotado nas urnas, o capetão-golpista se encastelou no Alvorada até a antevéspera da posse de Lula. Mestre em tirar a castanha com a mão do gato, escafedeu-se para a Flórida (EUA) e se homiziou na cueca do Pateta por 89 dias, retornando somente quando poeira dos atos terroristas do 8 de janeiro já havia baixado. 

Observação: Se Bolsonaro não conspirasse 24/7 contra a democracia, não se associasse à a Covid, não rosnasse para o Legislativo e o Judiciário, não se amancebasse com QueirozZambelli, Collor, milicianos e que tais, talvez o ex-tudo (ex-retirante, ex-metalúrgico, ex-sindicalista, ex-presidiário, ex-condenado etc.) ainda estivesse gozando férias compulsórias na carceragem da PF em Curitiba. Mas de nada adianta chorar sobre o leite derramado.
 
Desde a última terça-feira que só se fala na Operação Contragolpe e seus impactos na situação do ex-presidente — uma novela que começou há anos e deve entrar pelo ano que vem, já que novidades surgem dia sim, outro também, e a última peça nunca fica pronta. 

Moraes deve enviar a PGR, nesta segunda-feira, o relatório de 884 páginas que recebeu da PF, mas Gonet dificilmente denunciará os indiciados até o final do ano, e o tempo necessário para alinhar todas as investigações conduzidas pode empurrar a denúncia para depois do recesso judiciário. O recebimento da denúncia pelo STF abrirá prazo para a instrução da ação penal. 

Espera-se que a sentença saia ainda em 2025, para não contaminar as eleições de 2026. Com as penas impostas aos envolvidos no 8 de janeiro variando entre 16 e 18 anos, é provável que, em caso de condenação, o Messias que não miracula permaneça inelegível por mais tempo que os anos que lhe restam de vida. 

Bolsonaro disse a Veja que "jamais compactuaria com qualquer plano para dar um golpe". Lavou as mãos sobre o plano que previa o assassinato de Lula, Alckmin e Moraes. Se alguém cometeu algum crime, ele não sabia. Collor também não sabia do esquema PC, e Lula, do Mensalão. O "eu não sabia" é um velho conhecido dos brasileiros, que reaparece sempre que algum personagem capaz de tudo pede à nação que o veja como como um incapaz de todo.
 
O Brasil terá que aprender a conviver com um Bolsonaro inelegível, indiciado e indefensável. Não será fácil, e ficará mais difícil à medida que o indiciamento evoluir para denúncia, ação penal e provável condenação. Essa convivência pode ser longa, já que a Justiça, conhecida por tardar mas não falhar, move-se em solo brasileiro a velocidade de um cágado perneta. 

O fato de a deusa Themis ter sido retratada sentada diante do STF indica que quem recorre àquela corte precisa ter paciência de : dependendo de quem julga e de quem é julgado, a sentença pode demorar 20 horas ou 20 anos (haja vista as condenações de Maluf, de Collor e do próprio Lula).

Triste Brasil.

sexta-feira, 1 de novembro de 2024

CONTOS DA CAROCHINHA

O IMPOSSÍVEL SÓ EXISTE ATÉ QUE ALGUÉM DUVIDE E PROVE O CONTRÁRIO


Quando se trata de Histórias da Carochinha, poucas superam o Gênesis. Segundo a peça basilar das religiões abraâmicas, Deus criou o mundo em seis dias e descansou no sétimo, depois de ter criado o homem à sua imagem e semelhança (!?). 


A julgar pelo que temos hoje, teria sido melhor se o Criador tivesse encerrado a obra no quinto dia.

Ainda segundo o texto bíblico, todos falavam a mesma língua no mundo pós-diluviano até os babilônios construirem a famosa Torre de Babel, quando então Deus disse: "Eles formam um só povo e falam uma única língua; o que começaram a construir não lhes será impossível. Venham, vamos confundir a língua deles para que não se entendam mais."

Hoje, sabemos que o Universo surgiu há cerca de 13,8 bilhões de anos, que a Terra tem 4,5 bilhões, que nossos ancestrais começaram a desenvolver uma linguagem verbal há centenas de milhares de anos, e que as primeiras formas de escrita surgiram por volta de 4000 a.C.

CONTINUA APÓS A VERGONHA NACIONAL

 

Passou o santo, passou a festa. Findas as eleições, o interesse dos políticos pelas agruras da população, tão falso quanto eles próprios, deu lugar àquilo que realmente lhes interessa: a disputa pela presidência na Câmara e no Senado, a anistia do 8 de janeiro e a volta do pagamento das emendas Pix. 
Bolsonaro, que amargou nas urnas a derrota de seu extremismo, já fala abertamente em incluir no projeto da anistia um artigo anulando a sua inelegibilidade. A Câmara lhe ofereceu a sobrevida do projeto de anistia em troca do apoio do PL ao deputado Hugo Motta, candidato ao trono ora ocupado por Arthur Lira, e Davi Alcolumbre, provável substituto de Rodrigo Pacheco, é a favor de tudo e contra qualquer outra coisa, desde que não atrapalhem o seu retorno à presidência do Senado. E todos se unem em torno de uma abjeta articulação que visa reabrir o cofre das espúrias emenda Pix, barradas por uma liminar do ministro Flávio Dino. 
Nossos valorosos congressistas não levam o país nem para a esquerda, nem para a direita. Empurram-no para o fundo do poço.

Das mais de 7 mil línguas faladas atualmente nos 195 países reconhecidos pela ONU, 23 cobrem mais da metade da população mundial. O português é o idioma oficial de 9 países e conta com cerca de 260 milhões de falantes (213 milhões só no Brasil). 

Em um país com 5.570 municípios espalhados por 8,5 milhões de quilômetros quadrados, não é surpresa que um gaúcho da fronteira não compreenda um cearense, por exemplo. E vice-versa. Mas a pergunta é: será que outros animais também se comunicam entre si?

Estudos indicam que cães compreendem nossa linguagem como os bebês. Com treinamento adequado, esses animais podem aprender até mil palavras, embora não seja capaz de "conversar" com seus pares. Os elefantes são conhecidos por sua memória extraordinária, que permite lembrar de cheiros, vozes e lugares especiais. Já os c
himpanzés, gorilas e orangotangos se comunicam (inclusive com os humanos) através de gestos e sinais, e os cachalotes, mediante sons que formam "fonemas".

Donos do segundo maior cérebro em relação ao corpo, os golfinhos possuem uma inteligência próxima à humana e uma habilidade de comunicação altamente desenvolvida. É comum vê-los brincando de “vôlei” subaquático e, em alguns casos, ensinando os filhotes a usar ferramentas. Alguns pesquisadores sugerem que eles sejam como espécie "alienígena" vivendo entre nós, mas num mundo tão diferente que compreendê-los seria como conversar com um ET.

Orcas, conhecidas erroneamente como "baleias assassinas" (na verdade, são golfinhos), vivem em grupos que compartilham "dialetos". Cientistas já ensinaram uma orca a dizer "hello" e "good-bye", e vêm tentando segmentar os sons de outros golfinhos em “sílabas”. Sabe-se que esses mamíferos usam assobios e cliques tanto para se relacionar entre si quanto para captar o ambiente por ecolocalização.

Não se sabe ao certo se as plantas interagem diretamente conosco, mas biólogos observaram que algumas espécies emitem uma névoa de compostos químicos para alertar outras plantas da presença de predadores como insetos herbívoros. Esse mecanismo já era conhecido desde os anos 1980, mas foi só recentemente que pesquisadores japoneses conseguiram capturar imagens em tempo real dessa “comunicação”.

Sempre que achamos que já vimos tudo, a natureza vem e nos surpreende com algo novo.

sábado, 13 de julho de 2024

O ESTADISTA E O DEMAGOGO.


O ESTADISTA GOVERNA PENSANDO NAS PRÓXIMAS GERAÇÕES. 
O POPULISTA GOVERNA PENSANDO NAS PRÓXIMAS ELEIÇÕES.

Atribui-se indevidamente a Charles de Gaulle a autoria da frase "le Brésil n’est pas un pays serieux", mas esse equívoco não torna esta banânia menos banânia. A versão oficial da descoberta do Brasil é uma fraude, a independência foi comprada, a Proclamação da República foi um golpe militar (o primeiro de muitos), 8 dos 38 chefes do executivo foram apeados do cargo prematuramente (começando por Deodoro da Fonseca) e 2 dos 5 presidentes eleitos diretamente desde a redemocratização acabaram impichados — seriam 3 se Rodrigo Maia e Arthur Lira tivessem cumprido seu papel constitucional. 
 
Nosso "melhor" presidente foi Tancredo Neves, que morreu sem tomar posse. Em 1989, após quase 30 anos de jejum de urna, nosso ilustríssimo eleitorado, podendo escolher entre 22 candidatos alguém como Ulysses Guimarães, Mario Covas ou Leonel Brizola, escalou para o embate final um caçador de marajás demagogo e populista e um ex-metalúrgico populista e demagogo. E o resto é história recente. 
 
Tenho saudades do PSDB 
— falo do partido de Mário Covas, Franco Montoro e Fernando Henrique, não da agremiação anedótica que tenta se reerguer das cinzas com a candidatura de José Luiz Datena à prefeitura de São Paulo, que chega a dar pena). Mas nem os tucanos, conhecidos por mijar no corredor quando há mais de uma banheiro, nem os paulistanos, que já votaram em rinoceronte para vereador e elegeram prefeitos do quilate de Jânio Quadros, Luíza Erundina, Paulo Maluf, Celso Pitta e Fernando Haddad, merecem alguém com histórico de recuos eleitorais como o do apresentador do Brasil Urgente.
 
Datena filiou-se ao PT em 1992 e subiu no palanque para apoiar Lula em 1989. Migrou para o PP em 2016, mas desistiu de disputar a prefeitura de Sampa quando veio a público um desvio de R$ 358 milhões da Petrobras para o partido. Ingressou PRP e desfilou por outros 7 partidos (DEM, MDB, PSL, UNIÃO, PSC, PDT e PSB) até finalmente pousar no ninho dos tucanos. 
Em 2018, já no DEM, candidatou-se ao Senado e chegou se afastar da TV, mas voltou atrás: "Pensei bem, refleti, conversei muito com a minha família, com Deus, com poucos amigos, e achei que ainda não era a hora." 

Em 2020, o apresentador foi cotado para vice na chapa de Bruno Covas, mas retirou a candidatura. Em 2022, recém-filiado ao PSL, trovejou: "Desta vez é pra valer!". Apesar de ter afirmado que só lhe interessava a Presidência, preferiu concorrer ao Senado com apoio de Bolsonaro — isso depois de declarar que não votou em ninguém depois de Lula, que "apoiou Bolsonaro o cacete". Chegou a liderar as pesquisas, mas anunciou sua desistência, desistiu de desistir e desistiu de desistir de desistir no último dia do prazo para deixar a TV. 
 
Se nada mudar até outubro, o embate final pela prefeitura de Sampa será entre  Ricardo Nunes e Guilherme Boulos. O primeiro foi promovido de vice a titular com a morte de Bruno Covas e postula a reeleição com as bênçãos do governador bolsonarista Tarcísio de Freitas; o segundo é o psicanalista das massas e eterno líder do MTST que conta com o apoio do xamã petista que, a exemplo da Carolina na canção de Chico Buarque, recusa-se a perceber que "o tempo passou na janela". Mas não é só.

Lula estimulou alta do dólar (que chegou a R$ 5,70) ao lançar dúvidas sobre a necessidade de cortar gastos e culpar o presidente do BC por todas as mazelas que enfrentando. Pressionado por Haddad, mudou o discurso, interrompendo a sangria do real. Para 53% dos 2 mil entrevistados ouvidos entre 5 e 8 de julho (muitos dos quais não são capazes de achar o próprio rabo usando as duas mãos e uma lanterna), as declarações irresponsáveis do xamã petista não foram a causa da alta dólar, mas 34% pensam o contrário e 13% não souberam responder (isso deixa claro em que plano o jogo político se desenrola no Brasil).
 
O discurso falacioso de Lula ressoou bem em boa parte da população. Para 87% dos entrevistados, os juros "estão muito altos" e 67%, acham que "o governo não deve satisfação ao mercado, mas aos mais pobres" (seja lá o que isso quer dizer). Interessa dizer que o fato de a maioria da população não entender o que aconteceu foi ótimo para o petista mas péssimo para o Brasil. O discurso que ele proferiu na posse da nova presidente da Petrobras deveria entrar para a história como uma das manifestações públicas mais fantasiosas e ofensivas já feitas por um presidente no Brasil. Não houve mentiras novas, mas a forma como as velhas falácias foram reunidas contribuiu para sintetizar o quadro lamentável em que o país se encontra desde que o demiurgo foi reconduzido ao Planalto após se livrar da prisão por corrupção.
 
“É sempre uma grande alegria voltar à Petrobras e ver essa empresa pujante, resistente a tantas tentativas de desmonte e dilapidação de seu patrimônio”, discursou o responsável maior pelas tentativas de desmonte e dilapidação do patrimônio da Petrobras. Segundo Lula, a culpa foi da Lava-Jato e da "elite política e econômica deste país" que não tem compromisso com a soberania do Brasil e a melhoria de vida do nosso povo". "Tentaram destruir a Petrobras antes mesmo de sua criação [...] a história jamais esquecerá os editoriais dos grandes veículos de comunicação que preferiam ver o petróleo brasileiro entregue de mão beijada a empresas estrangeiras", perorou sua excelência.
 
Lula reclamou das tentativas de privatizar a Petrobras e de mudar seu nome — o que seria, segundo ele, "negar sua origem 100% brasileira" 
—, comentou a perda de controle governamental sobre a Eletrobras e a Vale e associou a isso à demora para indenizar as vítimas das tragédias de Mariana e Brumadinho, disse que "numa empresa com muitos donos ninguém manda", e que ela "não cumpre o papel social que deveria cumprir". Em outras palavras, o que o presidente quer é ser "dono" de todas as empresas em que conseguir meter a mão.
 
Lula disse que patrocinou o maior ciclo de investimento da companhia (em 2003), exaltou as descobertas do pré-sal e louvou as ações dos governos petistas na área de petróleo. Acusou a Lava-Jato do desmonte e da privatização da Petrobras. "Se o objetivo fosse de fato combater a corrupção, que se punisse os corruptos, deixando intacto o patrimônio do nosso povo. Mas o que foi feito não foi isso. O que foi feito foi uma tentativa de destruir a imagem da empresa." Resta saber quais corruptos deveriam ser punidos depois ele próprio e mais de 100 condenados pela Lava-Jato se livraram das acusações por questões processuais. 

Observação: Ex-coordenador da força-tarefa no paraná, Deltan Dallagnol rebateu as acusações com números: "Nós punimos os corruptos: foram 533 acusados, mais de 250 condenações e um total de 2600 anos de pena. A Lava Jato recuperou mais de R$ 15 bilhões para a sociedade, sendo que R$ 6 bilhões foram devolvidos à Petrobras, que os seus governos petistas destruíram e rapinaram".
 
A alturas tantas, inebriado pela própria narrativa, Lula preparou o tereno para a própria defesa defendendo presidentes do passado. Mencionando o que chamou de "mentiras sobre a Petrobras", disse que Getúlio Vargas "se matou porque fizeram uma denúncia de corrupção contra ele, mas nunca provaram a corrupção que ele tinha feito", e que Juscelino Kubitschek "foi acusado de ter um apartamento em Copacabana, mas nunca se provou o apartamento do Juscelino". 
Na sequência, relembrou a derrota do Brasil para a Alemanha por 7×1 na final da Copa de 2014 e classificou-a como um castigo divino: "E Deus é justo, nós tomamos de 7 a 1 naquela Copa do Mundo da Alemanha. Já que é para castigar, vamos castigar". 
 
Lula é um castigo muito pior que o 7 a 1.

quinta-feira, 4 de julho de 2024

DICAS ÚTEIS

MELHOR SABER FAZER E NÃO PRECISAR DO QUE PRECISAR FAZER E NÃO SABER.

1 - É comum recorrermos ao Histórico para reabrir abas do navegador que fechamos acidentalmente, mas o atalho de teclado Ctrl + Shift + T (no Mac, as teclas Cmd + Shift + T) produz o mesmo resultado de forma mais fácil e rápida. 
O truque, que funciona com os principais browsers (Chrome, Firefox, Edge etc.), pode restaurar as abas fechadas em sequência (basta repetir o comando) e até reabrir uma janela que foi fechada com várias abas ativas.
 
2 - Um vazamento envolvendo dezenas de bilhões de dados foi identificado pelo grupo de cibersegurança Security Discovery. Para conferir se seu email foi contemplado, acesse o site Have I Been Pwned?, que registra contas vítimas desse tipo de cibercrime.

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Em sua 12ª edição, o Fórum Jurídico de Lisboa ganhou o apelido de Gilmarpalooza. A diferença em relação ao festival musical é que os shows mais atraentes do evento que tem o decano do STF como promoter não estão no palco principal, mas nos eventos paralelos — festas, jantares, coquetéis, e por aí vai.

Formalmente, o Gilmarpalooza começou na quarta-feira (26); informalmente, o rito inaugural foi o coquetel servido na véspera, na cobertura lisboeta do dono da Riachuelo, Flávio Rocha, onde roçaram cotovelos e interesses parlamentares, juízes e plutocratas. O orquidário emprestou seu aroma para o jantar do aniversário de 55 anos de Arthur Lira. Foi patrocinado por João Camargo, do grupo Esfera Brasil, cujo propósito é unir o privado e o público.

Há dinheiro público no custeio da revoada que deixou o Congresso às moscas. Pelo menos 160 autoridades dos Três Poderes e de governos estaduais foram para Lisboa. Quem não foi tomar vinho português está pulando fogueira de São João ou desfrutando do ócio remunerado. Para que o Gilmarpalooza alcance a perfeição falta apenas incluir um painel de debates sobre ética e decoro. Matéria-prima não falta.


3 - O pacote de recursos Galaxy AI foi o principal destaque das três versões do Galaxy S24 lançadas em 17 de janeiro. A Samsung informou que as novidades contemplarão também celulares mais antigos, como os das séries Galaxy S23, Galaxy S23 FE, Galaxy Z Fold5 e Flip5, e Galaxy Tab S9, mas não revelou se outros modelos também receberão as novas funcionalidades nem quais delas seriam eventualmente liberadas para esses dispositivos.
 
4 - Até recentemente, o Gmail para Android não contava com um botão "Selecionar tudo", o que nos obrigava a selecionar manualmente as mensagens que queríamos excluir, arquivar ou mover. Mas o botão foi criado e vem sendo implantado gradualmente, devendo estar disponível em breve para todos a base de usuários. 
 
5 - Aplicativos de bancos e de autenticação não permitem capturas de tela no Android. A medida é louvável do ponto de vista da segurança, mas isso não a torna menos incomodativa. Para burlar a proibição, podemos fotografar a tela com um segundo celular ou recorrer a aplicativos de terceiros, mas vale lembrar que podemos obter bons resultados ativando a captura de tela no Google Assistente. Para isso: a
bra o app do Google no celular Android, toque no ícone do perfil, selecione Configurações, toque em Google Assistente > Geral > Usar contexto da tela e ative a opção Usar captura de tela. Feito isso, é só dizer OK Google (ou manter o dedo sobre o botão Home), tocar no ícone de microfone, solicitar a captura da tela (perguntando em voz alta "O que está na minha tela?") e fazer o compartilhamento ou salvar o print na galeria do celular.
 
6 - Se preferir recorrer a um programa de terceiros, baixe o AZ Screen Recorder da Google Play Store e conceda-lhe permissão para se sobrepor a outros apps. Um botão flutuante repleto de opções será exibido no lado direito da tela. Para tirar o print, abra o app que restringe as screenshots, toque no botão flutuante e no ícone que representa uma maleta de ferramentas e ative a opção Captura de tela. Feito isso, toque no ícone da câmera fotográfica (que aparecerá na lateral esquerda da tela) e selecione Iniciar para tirar o print (que será salvo na pasta AzScreenRecorder criada pelo app no telefone). Outra opção é o XRecorder, que também é gratuito e funciona basicamente da mesma maneira.
 
6 - Se seu Android está lento e travando com frequência, o problema pode ser o acúmulo de dados em cache — área da memória que armazena arquivos temporários visando agilizar a execução dos aplicativos. O Google aprimorou o gerenciamento do cache nas versões mais recentes do sistema, mas a limpeza manual ainda se faz necessária, sobretudo em aparelhos com capacidade de armazenamento limitada. Para fazer a faxina, toque em Configurações > Aplicativos, selecione os apps um de cada vez e, em Armazenamento, toque em Limpar cache

Observação: Com ferramentas como o CCleaner é possível limpar o cache de todos os aplicativos com uma tacada só. 

sexta-feira, 28 de junho de 2024

VOTEM NELAS... (FINAL)

 

Misturar religião com política sempre foi má ideia em qualquer lugar do mundo, mas é ainda pior num país onde a "bancada evangélica" se locupleta com propina em ouro, via bíblia e no pneu. O projeto de lei do deputado-pastor Sóstenes Cavalcante — visando penalizar vítimas de estupro que abortam com o dobro da cana prevista para os estupradores — teve a urgência aprovada numa votação simbólica que demorou cerca de 20 segundos. 

Arthur Lira, o imperador da Câmara, aliou-se à banda fundamentalista, mas, mastigado no asfalto e nas redes sociais, achou por bem deixar a análise do mérito da proposta indecente para depois das eleições, quando os parlamentares estarão menos suscetíveis às pressões da opinião pública. Sob Lira, a Câmara sempre operou como uma espécie de monarquia onde reina a esculhambação. Surpreendido pelo desgaste, o imperador da Câmara se converteu num humilde servo da coletividade: "Somos uma Casa de 513 parlamentares. Qualquer decisão é colegiada." Pausa para as gargalhadas.

ObservaçãoLira enfrentou várias acusações ao longo de sua carreira política, mas deixou de ser réu no STF depois que a 1ª Turma acolheu um parecer da PGR favorável à anulação de uma denúncia de corrupção passiva contra ele​, mas o deputado continua enrolado com uma denúncia de sua ex-esposa, que o acusou de estupro. Gente fina é outra coisa.
 
O que marca as decisões dos pseudo-representantes do povo são seus interesses pessoais. Ideologia é história da Carochinha. Contam-se nos dedos os congressistas que mantêm sua posição apesar da pressão dos "formadores de opinião" eleitos por nichos da população. Os que não seguem a manada para não ficar isolados fazem-no por interesses cruzados — como a troca de favores entre grupos no momento em que se definem os candidatos à sucessão do presidente da Casa. Aliás, a enxurrada de projetos de lei que o chefão da Câmara desengavetou neste final de primeiro semestre é tão flagrantemente eleitoreira que desmente a postura de "grande líder" político que ele pretende transmitir. 

Fez o "L" esperando picanha? Prepare-se para a pica. Lula quer isentar de impostos o frango — que "é a carne que o povo consome" — e sobretaxar os cortes "nobres", consumidos por pessoas de "alto padrão". Escorar-se no consumo para equalizar a desigualdade social não é uma ideia brilhante, mas, vindo de quem vem, isso não causa espécie. 
A decisão foi criticada por setores do agronegócio e supermercados, que defendem uma cesta básica nacional mais ampla e foram surpreendidos pela ausência da proteína animal na lista — que inclui desde o tradicional arroz e feijão até farinha. Como se vê, além "dirigir" os olhos no retrovisor, Lula parece enxergar o Brasil como um imenso sertão nordestino.
Segundo a Associação Brasileira de Supermercados, não é possível segregar os tipos de carne para reduzir a zero os cortes mais consumidos pela população de baixa renda, já que o boi é dividido em quarto dianteiro e quarto traseiro. 
Tampouco faz sentido discriminar a população com mais poder aquisitivo nem empurrar-lhe goela abaixo delícias como jabá e farinha de macaxeira.
 
A leniência com que tratam os
 próprios interesses demonstra a que vieram nossos deputados e senadores. Anistias dos mais variados graus, desde a multas partidárias por desrespeito à legislação eleitoral até a quem participou da tentativa golpista na Praça dos Três Poderes. Políticos dessa laia, que não se dão ao respeito como representantes do povo, ajudam a desacreditar as instituições. São parasitas que vivem à custa dos cidadãos comuns. Seu apetite é pantagruélico e sempre cabem mais verbas e regalias em suas gargantas sem fundo.

Ulysses Guimarães e Michel Temer dominaram a Câmara por anos a fio, mesmo quando fora da presidência, mas os atuais presidentes submergem assim que perdem o poder, razão pela qual a paga pelos favores tem de ser feita de imediato. 

A busca desesperada de Lira para se manter acima da linha-d’água provoca uma crise institucional que mina sua atuação e desgasta mais ainda a imagem do Congresso. Talvez estena na hora de votar nas putas. Está visto que votando nos filhos delas esta banânia dificilmente reencontrará seu norte.

quarta-feira, 26 de junho de 2024

VOTEM NELAS. NOS FILHOS DELAS NÃO RESOLVE


O maior problema do Brasil remonta à criação do mundo segundo o Gênesis. Reza a lenda que, a alturas tantas, um anjo questionou o Criador por proteger de catástrofes naturais a região que mais adiante acomodaria o Brasil: "
Senhor, por que destinastes a essa porção de terra clima ameno, praias e florestas deslumbranes, grandes rios e belos lagos, mas não desertos, geleiras, vulcões, furações ou terremotos?" E Deus respondeu: "Espera e verás o povinho filho da puta que vou colocar lá." 

Dito e feito. Vivemos num país surreal. Nossa independência foi comprada, a Proclamação da República foi um golpe militar (o primeiro de uma série) e o voto é um "direito obrigatório" do cidadão. Em 133 anos de história republicana, três dúzias de brasileiros chegaram à Presidência pelo voto popular ou por eleição indireta, linha sucessória e golpe de Estado. Desses, oito, começando pelo primeiro (Deodoro da Fonseca), deixaram o cargo prematuramente. Entre os cinco que foram eleitos pelo voto direto desde a redemocratização, dois acabaram impichados. Se o "mito" dos cabeças-ocas não ingressou nessa seleta confraria, foi graças à conivência de Rodrigo Maia, à cumplicidade de Arthur Lira e à subserviência chapada de Augusto Aras.
 
Nossa democracia lembra aquelas fotos antigas de reis africanos que imitavam os trajes, trejeitos e enfeites dos governantes de nações mais evoluídas, mas não aprendiam suas virtudes. Na fotografia, banânia aparece como uma democracia de Primeiro Mundo, mas a realidade do dia a dia mostra pouco mais que uma cópia barata e malsucedida do artigo legítimo. 

Temos uma Constituição e até uma corte constitucional — onde os juízes, chamados de ministros, usam togas negras como os reis africanos usavam cartolas, e escrevem (às vezes até uma frase inteira) em latim. Temos procuradores gerais, parciais, federais, estaduais, municipais, especializados em acidentes do trabalho, patrimônio histórico, meio ambiente, infância, urbanismo e praticamente todas as demais áreas da atividade humana. Temas uma Câmara Federal e um Congresso Nacional. Temos eleições a cada dois anos e mais de 30 (!?) partidos políticos. Não nos falta nada, exceto a democracia, que ficou só na foto. 

Nossas eleições são subordinadas a todo tipo de patifaria, do voto obrigatório e horário eleitoral "gratuito"  às deformações propositais que entopem a Câmara Federal com políticos das regiões que têm menor número de eleitores. O resultado é um monumento à demagogia, à corrupção e à estupidez. 

Os eleitores são, em sua esmagadora maioria, ignorantes, desinformados e desinteressados, e a Justiça Eleitoral, criada para dar ao país eleições exemplares, permite a produção dos políticos mais ladrões do mundo. Temos mais de 30 legendas que se alimentam dos fundos partidário ( R$ 1,1 bilhão) e eleitoral (R$ 4,9 bilhões) bancados pelo dinheiro dos impostos pagos pelo "contribuintes". Algumas legendas não têm um miseros deputado ou senador no Congresso, mas seus donos enchem os bolsos leiloando suas cotas de tempo no horário eleitoral obrigatório. 

Mulheres e minorias são manipuladas pelas direções partidárias, que controlam quem tem acesso a financiamento público. Acordos políticos são urdidos surdina e os parlamentares (ou a maioria deles) votam com base em interesses pessoais. Milicias e fações criminosos têm representantes no Congresso, nas Assembleias Legislativas estaduais e nas Câmaras Municipais. Candidatos só entram em algumas regiões se tiverem proteção dos criminosos, e os moradores são "convidados a votar na "turma da casa". 

ObservaçãoComo se essa putaria franciscana com nosso dinheiro não bastasse, uma parcela substantiva dos trilhões achacados anualmente dos "contribuintes" escoa pelo ralo da corrupção e quase tudo que resata é usado para custear a máquina pública, de modo que nunca há recursos para investir em Saúde, Segurança Pública, Saneamento Básico, Educação etc.

Em abril, o déficit nominal atingiu o recorde de R$ 1,043 trilhão (no acumulado de 12 meses) e a mudança da meta do arcabouço fiscal para 2025 pirou o que já era ruim. Lula tem um xilique sempre que se fala em déficit fiscal em corte de gastos, forçando Haddad a inventar novas maneiras de arrancar dos "contribuintes" os bilhões que faltam para equilibrar as contas. 

Ex-poste de Lula na prefeitura de Sampa e ex-preposto do então presidiário mais famoso do Brasil no pleito presidencial de 2018, o ministro colecionou muitas vitórias como capataz da Fazenda de Lula 3, mas seu déficit zero virou ficção, o superávit tornou-se uma lenda, a estratégia da resolução da encrenca pelo aumento de arrecadação se exauriu, o dólar disparou, a inflação superou a meta de 3% prevista para o ano e o governo foi como que intimado a cortar gastos

Haddad e sua colega do Planejamento expuseram ao chefe o buraco produzido no Tesouro pelas benesses concedidas ao empresariado (somando-se as renúncias tributárias e os subsídios financeiros, a conta foi a R$ 646 bi no ano passado). Lula ficou "extremamente mal impressionado", mas não deu mostras de que pretende usar o fação. Chegou-se a cogitar que em breve a Fazenda teria outro capataz, como se trocar as rodas da carroça quando o problema está no burro adiantasse alguma coisa.

Lula "dirige" esta republiqueta de bananas com os olhos no retrovisor, mas é incapaz de ver o reflexo do responsável pelas próprias mazelas — que ele atribui ao presidende do BC que herdou de Bolsonaro. Na véspera da reunião em que o Copom decidiu pausar a sequência de cortes na Selic, o petista acusou Campos Neto de "trabalhar para prejudicar o país": "A única coisa desajustada no Brasil neste momento é a política do Banco Central

A decisão de interromper os cortes foi unânime, ou seja, os quatro diretores escalados por Lula — incluindo Gabriel Galípolo, cotado para ser o próximo presidente da instituição — também votaram a favor. Diante das críticas de petista, o Copom sinalizou que os juros estão altos por causa do desequilíbrio das contas do governo

Observação: A unanimidade deixou Lula na incômoda posição de derrotado e Campo Neto, na de bode expiatório gasto, que forneceu munição contra si ao participar do jantar oferecido (em sua homenagem) pelo governador bolsonarista de São Paulo. Em 31 de dezembro, o economista estará livre para colocar seu bolsonarismo a serviço da candidatura presidencial de Tarcísio de Freitas, mas nem por isso o vermelho das contas nacionais será tingido de azul.
 
Os direitos dos cidadãos representam a área mais notável das semelhanças entre nossa democracia bananeira e os reis africanos que aparecem nas fotos-símbolo do colonialismo. Nunca houve tantos direitos escritos nas leis nem o poder público foi tão incompetente para mantê-los. O Congresso não representa a vontade soberna do povo, e há uma recusa sistemática em combater o crime por parte de nove entre dez políticos com algum peso. 
Pode passar pela cabeça de alguém que exista democracia num país como esse? 

Talvez esteja na hora de votar nas putas. Está visto que elegendo os filhos delas a trajetória ziguezagueante desta banânia dificilmente reencontrará seu norte.

Continua...