Mostrando postagens classificadas por data para a consulta política é como as nuvens. Ordenar por relevância Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens classificadas por data para a consulta política é como as nuvens. Ordenar por relevância Mostrar todas as postagens

domingo, 13 de julho de 2025

CROQUETES DE CARNE

OS MELHORES PRESENTES QUE A VIDA NOS DÁ SÃO AS LEMBRANÇAS, E  OS PIORES SÃO AS SAUDADES.

 

No último domingo, vimos como fazer baurus iguais aos que eu comia na Leiteria Lírico, nos idos anos 1980. Hoje, a bola da vez são os croquetes de carne — os servidos lá eram dourados por fora, úmidos por dentro... enfim, deliciosos. 


Esse petisco surgiu na França e se popularizou no Brasil com diversas variações de recheio, mas o de carne moída se destaca por ser uma maneira de reaproveitar sobras de carne (como ensinou Lavoisier, o bife que sobra vira picadinho, e o picadinho que sobra, croquete de carne). Além de ser uma receita econômica, o preparo é simples, e você pode servir como tira-gosto, acompanhado de caipirinha, cerveja, vodca-tônica, uísque, etc.


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


Magalhães Pinto ensinou que política é como as nuvens: a gente olha e elas estão de um jeito; olha de novo, e já mudaram. Acompanhar essas mudanças é como trocar o pneu com o carro em movimento — e, graças à polarização, o que já era ruim conseguiu piorar.
Einstein dizia que duas coisas são infinitas: o Universo e a estupidez humana. A prova cabal desse axioma é o eleitorado tupiniquim repetir, a cada eleição, o que Pandora fez uma única vez. Em 2018, a desgraça que escapou da caixa se chamava Jair Bolsonaro — eleito para evitar que o país fosse presidido por um presidiário. Em 2022, elegeu-se o mesmo presidiário retrocitado (então libertado, descondenado e reabilitado politicamente), numa espécie de desforra surreal: o mal menor era livrar-se da perpetuação do estrupício golpista no poder. E como nada é tão ruim que não possa piorar, a polarização promete novo embate em 2026 entre a esquerda lulopetista e a direita bolsonarista. 
Bolsonaro está inelegível e na bica de ser sentenciado por tentativa de golpe de Estado, mas “Micheque”, “Dudu Bananinha” e Tarcísio de Freitas disputam a "honra" de lhe servir de bonifrate — a exemplo do que Haddad fez por Lula em 2018. Lula, mesmo combalido pela idade, pela saúde e pelos maiores índices de rejeição de sua trajetória, não abre mão de disputar um quarto mandato, e para isso está disposto a aumentar ainda mais o déficit público — o maior da história republicana desta banânia — com seus pacotes de bondades populistas e eleitoreiras. 
Há duas semanas, havia no palácio um presidente enfraquecido à procura de um discurso. Mas quem tem padrinho não morre pagão — mesmo que o padrinho seja vermelho, tenha chifres, cascos e rabo em ponta de seta. Lula foi agraciado pelos adversários com dois inimigos que teria pedido a Deus, se porventura acreditasse em Deus — os bilionários e o Tio Sam — e retirou da mochila duas ferramentas velhas de guerra: a luta de classes e o nacionalismo. 
Se virasse roteiro de cinema, a conjuntura das últimas semanas renderia uma tragicomédia. Deve doer nos operadores da oposição bolsonarista perceber que comprometem a cena ao fazer o papel de vassalos desastrados, num enredo confuso em que o protagonista é um gorila cor de laranja, o coadjuvante é um capitão golpista — e o epílogo é a cadeia.

Você vai precisar de:

 

1) 1 kg de patinho ou coxão-mole; 

2) 2 batatas médias;

3) 1 colher (sopa) de manteiga; 

4) 3 dentes de alho picados; 

5) 1 cebola média picada ou ralada; 

6) ½ pimentão médio picado (sem as sementes);

7) ½ xícara de farinha de trigo e o mesmo tanto de farinha de rosca; 

8) 1 xícara de leite; 

9) 2 ovos (clara e gema); 

10) Um pacote (100 g) de queijo parmesão ralado; 

11) Sal, pimenta do reino, cheiro verde e molho inglês a gosto.

Se não sobrou nada do churrasco de domingo, limpe um pedaço de patinho ou coxão-mole, cozinhe na pressão junto com as batatas, deixe esfriar e passe tudo pelo processador (ou duas vezes por moedor convencional).

 

Aqueça a manteiga numa panela de tamanho adequado, coloque a carne e as batatas já processadas ou moídas e, sempre mexendo com uma colher de pau, acrescente os ovos, o alho, a cebola, o cheiro-verde, o pimentão, o queijo ralado e os demais temperos, a farinha dissolvida no leite, e continue mexendo. 

 

Quando a massa ficar bem homogênea, desligue o fogo, deixar esfriar, unte as mãos com um pouco de óleo, enrole os croquetes (o tamanho fica a seu critério), passe-os na farinha de trigo, depois numa mistura de ovo batido e água e então na farinha de rosca. Separe a quantidade que for você consumir, coloque os que sobrarem num pote (tipo Tupperware) com tampa e guarde na geladeira por até 3 dias ou no congelador por até 3 meses (proceda da mesma maneira se sobrarem croquetes fritos, e use o forno, o micro-ondas ou a airfryer para reaquecer).

 

Esquente bem o óleo numa panela ou frigideira do borda alta (mergulhe um palito de fósforo no óleo; quando ele acender, é porque está no ponto) e frite os croquetes em pequenas quantidades, de modo a evitar que o óleo esfrie e encharque a fritura. Quando estiverem dourados, transfira-os para uma travessa forrada com toalhas de papel, deixe absorver o excesso de gordura e sirva.

 

Dicas: Se preferir, asse os croquetes no forno preaquecido a 200°C por 20 a 30 minutos (de acordo com a potência do seu forno). Para que eles fiquem mais crocantes, deixe-os na geladeira por pelo menos uma hora antes de fritar. Para deixar o recheio ainda mais saboroso, coloque um pedaço de muçarela ou gorgonzola dentro de cada croquete (ou de alguns croquetes, ao gosto do freguês).


Bom proveito.

quinta-feira, 24 de abril de 2025

DE VOLTA ÀS VIAGENS NO TEMPO — 20ª PARTE

NÃO HÁ CÉU NEM VIDA APÓS A MORTE. SÓ TEMOS ESTA VIDA PARA APRECIAR O GRANDE PROJETO DO UNIVERSO.

De acordo com a teoria do Big Bang e o modelo cosmológico padrão, tudo que existe no Universo surgiu de uma singularidade — um ponto de densidade e temperatura infinitas — que se expandiu há cerca de 13,8 bilhões de anos, dando origem ao espaço-tempo e a um mar de partículas fundamentais e radiação eletromagnética. 

Cerca de 400 mil anos após o início da grande expansão, prótons e elétrons começaram a se unir, formando os primeiros átomos de hidrogênio. Nuvens de gás primordial, então, colapsaram sob sua própria gravidade, dando origem às primeiras estrelas, no interior das quais fusão nuclear passou a forjar elementos mais pesados que o hidrogênio e o hélio. À medida que consumiam seu combustível, essas estrelas massivas entravam em colapso, explodindo como supernovas e espalhando seus elementos pelo cosmos — eventos tão intensos que suas forças gravitacionais acabaram por moldar galáxias inteiras.

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Menos de um mês depois de colocar Bolsonaro e outros sete integrantes do "núcleo crucial" da trama golpista no banco dos réus, a 1ª Turma do STF repetiu a dose com outros seis acusados. Pelo andar da carruagem, os 33 denunciados estarão acomodados dentro de ações penais até o final de maio, e o líder da ORCRIM, sentenciado até setembro. E de nada adianta posar de vítima no hospital. Os ministros já sinalizaram que barrarão a PEC da anistia caso ela seja aprovada no Congresso. 

A teoria do Big Bang é respaldada por evidências concretas, como a radiação cósmica de fundo (o "eco"do Big Bang) e a observação do afastamento das galáxiasque indica a contínua expansão do Universo. Mas de onde veio essa singularidade inicial continua sendo um dos maiores mistérios da ciência, mesmo porque o espaço como conhecemos começaram ali. Diversas teorias tentam explorar esse "antes", mas nenhuma foi capaz de se firmar com consistência ou comprovação experimental. Como disse Sócrates (469–399 a.C.), "só sei que nada sei".

Até o final do século XIX, práticas médicas como o uso de sanguessugas para curar febres e a trepanação para liberar "espíritos malignos" eram comuns. Mas a medicina evoluiu muito nos últimos anos. Quando Steven Hawking foi diagnosticado com esclerose lateral amiotrófica, em 1963, os médicos lhe deram dois anos de vida, mas ele viveu até 2018, quando trabalhava em uma das ideias mais ousadas da física moderna: os universos paralelos.

Dez dias antes de sua morte, Hawking e seu colega James Hartle submeteram ao Journal of High-Energy Physics um estudo que propunha algo impressionante: o Big Bang pode não ter sido um evento único, mas a origem de incontáveis universos. Em alguns, haveria planetas como a Terra, com sociedades e indivíduos parecidos conosco. Em outros, talvez os dinossauros jamais tenham sido extintos. E em muitos, as leis da física seriam completamente diferentes.

Por mais fantástico que isso soe, a ideia de multiversos não é puro devaneio: ela nasce de cálculos matemáticos sólidos, enraizados em teorias como a inflação cósmica e a mecânica quântica. Se confirmada, essa teoria implicaria que há infinitas versões de você, de mim, deste texto sendo escrito — e de outras versões jamais escritas.

Mas aí vem a questão-chave: como testar isso? Se os outros universos são desconectados do nosso, como poderíamos detectá-los? Essa é a crítica dos céticos — e lhe assiste razão. A ciência se baseia em evidências testáveis. Por enquanto, o multiverso ainda caminha na tênue linha entre o rigor matemático e a especulação filosófica, mas muitas dessas hipóteses encontram respaldo na Relatividade Geral, o que lhes confere certo grau de legitimidade científica. O multiverso, hoje, representa uma fronteira fascinante entre a imaginação e a investigação científica.

No fim das contas, nossa compreensão do cosmos ainda está engatinhando, e cada avanço dá azo a novas perguntas. Mas se há algo que a história da ciência nos ensina, é que aquilo que hoje parece misticismo, amanhã pode ser evidência.

Seja em um universo ou em mil, somos apenas poeira de estrelas tentando entender o céu — e isso, por si só, já é incrível.
 
Continua...

sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

DE VOLTA À NOVELA DO WINDOWS 10

A PIOR DECISÃO É A INDECISÃO.

Dentre as inúmeras restrições que a Microsoft sempre impôs à instalação do Windows 11 em máquinas antigas, o Trusted Platform Module 2.0 era um requisito "inegociável", e o fim do suporte ao Win10, previsto para outubro de 2025, uma decisão irreversível. Mas não há nada como o tempo para passar.
 
Como o Win10 continua presente em 60% dos PCs mundo afora e a adesão à versão atual ficou aquém das expectativas, a empresa decidiu oferecer um ano adicional de atualizações de segurança para o Win10 — o serviço custa US$ 30 e não inclui novos recursos, correções de bugs e suporte técnico. 

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

O fim de ano em Brasília virou uma xepa. Arthur Lira enfiou na sacola milionárias emendas de comissão que não foram nem sequer votadas nas comissões, deixando no chinelo o orçamento secreto, e Davi Alcolumbre arrematou diretorias de agências reguladoras. No afã de aprovar o pacote de corte de despesas, o Planalto entrou no clima de fim de feira e librou R$ 4,2 bilhões em emendas de comissão — por um feitiço do acaso, R$ 73 milhões das verbas redirecionadas foram para Alagoas, o estado do imperador da Câmara. 
O atropelo das comissões e a ocultação dos padrinhos das verbas por trás das assinaturas de líderes partidários vão na contramão das decisões do Supremo sobre emendas. 
Na área das agências reguladoras, a amoralidade e os maus costumes não são menores. Cabe a Planalto indicar os diretores das agências e ao Senado aprová-las ou não. Mas Lula terceirizou a Alcolumbre o gerenciamento do tabuleiro sobre o qual acabam de ser escolhidos 17 diretores de agências como a de Aviação Civil, a de Transportes Terrestres e até a de Vigilância Sanitária — a
 conversão de agências reguladoras em mercadoria de xepa, que normalmente é só mais um sintoma da decomposição da política, passou a ser uma temeridade depois que os apagões de São Paulo iluminaram os porões da Aneel.
A pretexto de reagir ao descontrole das contas nacionais e ao prometido protecionismo de Donald Trump, o mercado promoveu altas desenfreadas do dólar, puxando para cima a inflação e levando o Copom a jogar nas nuvens a taxa básica de juros, cuja elevação faz explodir a dívida pública. O pacote fiscal que o governo desembrulhou para cortar despesas ficou obsoleto antes mesmo de ser aprovado pelo Congresso, e o Brasil, rodopiando em torno dos mesmos problemas como um cachorro que morde o próprio rabo, meteu-se num círculo de suposições infalíveis: economistas de fora do governo, com a reputação intacta, sustentam que o crescimento não é sustentável, e os de dentro, com suas técnicas de vodu, enfiam as agulhas nos bonecos errados.
Embora houvesse sobre a mesa R$ 50 bilhões em emendas parlamentares e algo como R$ 520 bilhões em gastos tributários que mimam o patrimonialismo nacional com isenções de impostos e favores fiscais, resolveu-se passar a faca na política de reajuste do salário-mínimo e nos benefícios para pobres, idosos e deficientes. No Ano Novo, o crescimento econômico será menor e o desemprego, maior. Mas quem se importa? Os sinos do Natal abafam o uivo dos cachorros loucos!
 
Uma enxurrada de críticas levou a gigante do software a recuar na questão do TPM. Mesmo afirmando que o upgrade em máquinas "inelegíveis" pode causar problemas de compatibilidade, que os computadores podem não receber atualizações — incluindo as críticas e de segurança — e que eventuais danos não são cobertos pela garantia do fabricante, a empresa, além de 
fornecer informações sobre a instalação, também adicionou um passo a passo detalhado para reverter o update em caso de incompatibilidade (até 10 dias a partir da atualização, através da própria página de "Configurações" do Win11).
 
E. T.  O Windows 12 já está no forno. 

quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

SOMOS FEITOS DE POEIRA DE ESTRELAS?

PARA ENCONTRAR RESPOSTAS É PRECISO PRIMEIRO COMPREENDER AS PERGUNTAS.


Em 2022, cinco anos após cientistas do Reino Unido, Alemanha e China terem encontrado nosso antepassado mais remoto — o Saccorhytus, que viveu há 540 milhões de anos e seria o ancestral dos peixes e, por extensão, dos seres humanos —, um estudo revelou que a grande boca cercada por espinhos fora interpretada erroneamente como brânquias, e que a afinidade evolutiva do microfóssil estava ligada aos ecdisozoários.

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Uma das maiores virtude do ser humano é reconhecer as próprias limitações, mas há seres humanos e seres humanos. Do alto de um ego de proporções "zepelinianas", Lula já se definiu como uma ideia e se comparou a Jesus Cristo. Agora, aos 79 anos, afirma ter a energia que tinha aos 30. 
À luz detergente da realidade, alegações como essa se traduzem em ilusão. Desde o início do atual (e queria Deus derradeiro) mandato, sua alteza passou por uma cirurgia no quadril e uma blefaroplastia, teve pneumonia e bursitecaiu no banheiro e foi submetido a duas cirurgias para drenar uma hemorragia intracraniana. 
Envelhecer em gozo de boas condições mentais e físicas é motivo de comemoração, mas as diferenças entre o xamã petista de agora e o de duas décadas atrás evidenciam que 79 anos não são 57 (idade que ele tinha ao ser eleito pela primeira vez). 
Lula poderia ter abrilhantado sua biografia cedendo espaço na ribalta ao sair do segundo governo com 80% de aprovação popular e seguindo como a eminência mais clara da política brasileira, mas o ego inflado o levou a apostar na insistência. 
Hoje, o macróbio mal chega à metade daquele índice, segundo pesquisas atuais, e já vê a antes remota hipótese de não concorrer à reeleição sendo posta na mesa de avaliações sobre o cenário de 2026 como uma possibilidade objetiva.

Escoradas no Gênesis, que teria sido escrito por Moisés por volta de 1500 a.C, as religiões abraâmicas sustentam que Deus criou o mundo e Adão e Eva em seis dias (em outubro de 4004 a.C.) e descansou no sétimo. Segundo a Ciência, o Universo tem 13,78 bilhões de anos, a Terra, 4,5 bilhões de anos, os primeiros microrganismos surgiram há cerca de 3,5 bilhões de anos, os primatas, há 65 milhões de anos, os primeiros hominídeos, há 20 milhões de anos, e a separação entre os ramos que levaram aos humanos e aos chimpanzés ocorreu entre 6 e 8 milhões de anos atrás.

O gênero Homo surgiu há cerca de 2,5 milhões de anos. O Homo Habilis sucedeu ao Australopithecus e o Homo Sapiens evoluiu do Homo Erectus há coisa de 300 mil anos). O Sahelanthropus Tchadensis foi o precursor de uma linhagem de primatas iniciada pelo Orrorin tugenensis, que foi primeiro hominídeo bípede. 

Observação: Curiosamente, a "mulher sapiens" nasceu em Belo Horizonte (MG) em 1947 d.C., foi eleita presidenta do Brasil em 2010, reeleita em 2014 e impichada em 2016 — mas isso é outra conversa. 
Continente Africano, especialmente a região correspondente ao atual Quênia e Etiópia, é considerado o "berço da humanidade", onde nossos ancestrais desenvolveram características como o polegar opositor e o bipedismo, e de onde eles emigraram entre 100 mil e 50 mil anos atrás para diversas partes do planeta.

Outras teorias sugerem que a colonização dos demais continentes começou há cerca de 1,9 milhão de anos, quando o Homo erectus já era um ser mais avançado. A essa primeira saída seguiram-se outras duas: uma há 650 mil anos e a mais recente, há 130 mil anos. Cada vez que se deparavam com grupos que haviam saído antes, eles se cruzavam, deixando descendentes (clique aqui para saber mais sobre a evolução humana). 

A Cosmologia revela que o Universo passou por três grandes eras desde o Big Bang: a era da radiação, a da matéria e a atual, da energia escura. A segunda foi marcada pela transição da matéria primordial, que consistia principalmente em prótons, nêutrons, elétrons e fótons, para a formação dos primeiros átomos neutros de hidrogênio e hélio. A descoberta de que os elementos químicos são forjados no interior das estrelas é atribuída ao astrofísico britânico Arthur Eddington, um dos pioneiros na compreensão dos processos nucleares que ocorrem nas estrelas.

A jornada da matéria começa em gigantescas nuvens cósmicas (conhecidas como nebulosas), compostas principalmente de hidrogênio e hélio, que serviram como berçário para a formação de estrelas. Sob a influência da gravidade, regiões densas no interior dessas nuvens começam a colapsar, formando protoestrelas. À medida que uma protoestrela se contraia, a temperatura e a pressão em seu núcleo aumentavam, gerando reações nucleares que transformam hidrogênio em hélio e liberam imensas quantidades de energia luminosa.

O verdadeiro espetáculo cósmico ocorre quando estrelas massivas atingem o fim de suas vidas e explodem em supernovas, espalhando elementos mais pesados que o hélio, como carbonooxigênio e nitrogênio, essenciais para a vida como a conhecemos.

Ainda não se sabe qual supernova forneceu os elementos pesados que compõem nosso sistema solar, mas a conexão entre estrelas e seres humanos é inegável. Cada átomo do nosso corpo carrega uma história cósmica, remontando às profundezas do universo. Supõe-se que a explosão de uma supernova próxima enriqueceu a região do espaço onde nosso sistema se formou com os elementos necessários para o surgimento dos planetas e da vida. 

Embora essa hipótese seja fascinante, ainda há muito a descobrir e confirmar.

sábado, 7 de setembro de 2024

ELEIÇÕES 2024 — POLARIZAÇÃO, BAIXARIA E CEGUEIRA MENTAL DÃO O TOM


 
Faltando menos de um mês para as eleições municipais, Ricardo Nunes, Guilherme Boulos e Pablo Marçal estão tecnicamente empatados, Tábata Amaral aparece em 4º lugar e José Luiz Datena carrega a lanterninha. 
Pelo que se pôde inferir dos debates e do anacrônico "horário eleitoral gratuito" — gratuito para os partidos e candidatos, já que quem paga a conta somos nós — nenhum deles tem condições de administrar nem carrinho de pipoca, quanto mais a maior metrópole da América Latina. A proposta de Tábata é a "menos pior", mas, a julgar pelas pesquisas, a moça precisa de um milagre para chegar ao segundo turno. 
 
No Brasil, presidente, governadores, prefeitos e senadores são eleitos com base no sistema majoritário, e deputados (federais e estaduais) e vereadores, pelas regras do sistema proporcional. Como eu comentei esses dois sistemas em outra postagem, vou resumir a ópera relembrando somente que, em municípios com mais de 200 mil eleitores inscritos, se nenhum candidato a prefeito obtiver 50% + 1 dos votos válidos no primeiro turno, os dois mais votados disputarão uma segunda eleição 
— conhecida como "segundo turno" — que é decidida por maioria simples, ou seja, vence o candidato mais votado.

ObservaçãoNos últimos 24 anos, o segundo turno das eleições paulistanas foi disputado por um candidato da esquerda contra um da direita. Mesmo em 2016, quando Dória venceu no primeiro turno, Haddad ficou em segundo lugar. Seguido esse padrão, um embate final entre dois candidatos da direita — no caso, Marçal e Nunes — é no mínimo improvável. Nesse cenário, Boulos deve representar a esquerda. Resta saber quem será seu oponente. Datena parece não ter a menor chance, e Tábata tem menos de um mês para se consolidar na disputa.
 
Situações desesperadoras exigem medidas desesperadas, mas abster-se de votar, votar em branco, anular o voto ou recorrer ao "voto útil" no primeiro turno é estupidez, mas a nefasta polarização vem produzindo pleitos plebiscitários, e um eleitorado despreparado, mal-informado e eivado de apedeutas e idiotas de carteirinha tende a votar não no candidato com quem mais se identifica, mas naquele que supostamente tem mais chances de derrotar o candidato "deles", o que acaba falseando o resultado final do pleito.
 
Magalhães Pinto ensinou que "política é como as nuvens; a gente olha e elas estão de um jeito, olha de novo e elas já mudaram" e Ciro Gomes, que "eleição é filme, pesquisa é frame". Se admitirmos
 que a opinião de alguns milhares de entrevistados representa fielmente o que pensam 9,32 milhões paulistanos aptos a votar, o resultado das pesquisas constitui um "instantâneo" do humor do eleitorado no momento da abordagem. O bom senso recomenda analisar os números com a devida cautela, mas explicar isso a quem sofre de cegueira mental é como dar remédio a um defunto.
 
Uma das características da democracia brasileira é produzir "salvadores da Pátria". Vimos isso em 1989 com Collor, em 2002 e 2006 com Lula e em 2018 com Bolsonaro. Talvez a história se repita em 2026, tendo como protagonista o "coach motivacional" que teve a candidatura ao Planalto barrada pelo TSE, conseguiu se eleger deputado federal, foi impedido de assumir e agora mira a prefeitura paulistana com um olho e a Presidência com o outro. 

A exemplo de Bolsonaro em 2018, Marçal se vende como candidato "antissistema", mas já acena uma aproximação com o sistêmico União Brasil, que um dos principais partidos do Centrão. Se for eleito, cairá no colo do UB, exatamente como o "mito" caiu no colo do Centrão — e lhe deu o orçamento secreto em troca do engavetamento de 150 pedidos de impeachment. 
 
Campanha eleitoral movida a ódio não é novidade por estas bandas, mas terminou mal todas as vezes que a raiva foi industrializada com propósitos políticos: Jânio renunciou, Collor foi impichado, Bolsonaro perdeu a reeleição, está inelegível, vive sob a sombra de uma sentença criminal esperando para acontecer enquanto posa de cabo-eleitoral de luxo. 
A diferença entre ele e Marçal é que as redes sociais dão a este um alcance maior que o daquele

Com a repetição do fenômeno de forma mais turbinada na seara municipal paulistana, resta torcer para que o eleitor despache a aberração antes que ela se consolide como um fenômeno eleitoral. A despeito de estar claro que se trata de um produto estragado, quem tem que comprá-lo ou não é o eleitor.

sexta-feira, 26 de julho de 2024

CÂMBIO MANUAL, AUTOMÁTICO OU AUTOMATIZADO? (PARTE IV)

GENTE QUE PENSA QUE SABE TUDO É UM PÉ NO SACO DE QUEM SABE ALGUMA COISA.


Até pouco tempo atrás, apenas veículos "premium" tinham transmissão automática, mas os brasileiros finalmente se renderam ao conforto proporcionado pela automação: a participação do câmbio manual, que era de quase 80% em 2012, caiu para 37% em 2022 e deve bater nos 5% em 2030 (desconsiderando as picapes compactas, já que apenas 11% são automáticas). 

O pedal da embreagem ainda marca presença em compactos com motores 1.0 aspirados e alguns modelos de viés esportivo, mas as versões de topo de linha são todas automáticas ou equipadas com câmbio CVT (falaremos disso mais adiante). Os veículos com transmissão automatizada, por sua vez, custam menos e são mais fáceis de manter, mas eram 7,5% em 2015 e agora são apenas 1,4%.
 
 O câmbio automático tradicional (com conversor de torque), o CVT e o automatizado são tecnologias diferentes, mas todas desobrigam o motorista de acionar a embreagem e trocar manualmente as marchas. Basicamente, é preciso apenas ligar o motor, colocar a alavanca na posição "D" (de Drive) e dirigir. Nas manobras, basta mudar a alavanca de "D" para "R" (de Ré") — nem é preciso acelerar, pois a função "creeping" faz o carro avançar ou recuar lentamente. Alguns modelos oferecem a troca de marchas sequencial pela própria alavanca ou por "borboletas" (shift paddles) instaladas atrás do volante, mas só é possível selecionar a marcha imediatamente superior ou inferior de cada vez (isto é, não dá para passar de 1ª para 3ª ou reduzir de 4ª para 2ª, por exemplo).

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

A despeito de Nicolás Maduro responder a uma acusação de narcoterrorismo e seu governo estar sob investigação no Tribunal Penal Internacional por crimes contra a humanidade, Lula o recepcionou em palácio com pompa e circunstância, disse que ditadura na Venezuela era mera "narrativa", comparou a resistência ao jogo de cartas marcadas naquele país aos ataques de Bolsonaro ao sistema eleitoral brasileiro e deixou claro que via com bons olhos a recondução ao poder do farsante que há duas décadas e meia manipula regras, aparelha instituições, viola direitos humanos, corrompe as Forças Armadas, asfixia a imprensa e inabilita adversários.

Lula louvou por antecipação a "lisura" e o "clima de confiança e entendimento" do pleito marcado para amanhã, e o déspota retribuiu ameaçando um "banho de sangue" e uma guerra civil se ele não for reeleito. Em entrevista a agências internacionais, o petista disse que "ficou assustado" com a declaração do tirante, que ironizou:" "Quem se assustou que tome um chá de camomila".

A poucos dias da eleição, o déspota venezuelano já não faz discursos, despeja no microfone ganidos apocalípticos de um cachorro louco. Seu comportamento consolida o sepultamento do plano do Sun Tzu de Atibaia de mediar um processo de conciliação naquele país. O funeral começou com a inabilitação de Maria Corina Machado, e a cova foi aberta com o bloqueio do registro da candidatura de Corina Youris, o Plano B da oposição. Maduro joga terra em cima da pretensão de Lula ao insinuar que não aceitará uma eventual derrota para Urrutia, o derradeiro representante oposicionista numa disputa marcada pela opacidade, pela sabotagem e por prisões arbitrárias. 
Por mal dos pecados, na Venezuela a posse do presidente eleito acontece quase seis meses depois das eleições — tempo suficiente para o tiranete de merda fabricar seu apocalipse sanguinário. 

Em linhas (bem) gerais, o que diferencia as três tecnologias é o modo como cada uma recebe, desmultiplica e transmite o torque e a potência do motor para as rodas motrizes. Na transmissão automática tradicional, um sistema planetário atua conforme as exigências do propulsor, dispensando as engrenagens de tamanhos diferentes que representam as marchas nas versões manual e automatizada. O conversor de torque faz o papel da embreagem, permitindo que motor e câmbio girem separadamente em rotações diferentes. Como essas rotações são transmitidas por um sistema hidráulico, as trocas de marcha são quase imperceptíveis, mas as arrancadas ficam mais "letárgicas" — quem gosta de queimar pneus e produzir densas nuvens de fumaça deve escolher um automático com motor de responsa, como o Ford Mustang 5.4 GT 500.
 
A transmissão automatizada surgiu em meados do século passado, mas foi somente nos anos 1990 que o avanço dos sistemas eletrônicos e a miniaturização dos componentes permitiram sua aplicação em veículos pesados e, mais adiante, em carros de passeio. Ela utiliza basicamente a mesma caixa de mudanças usada na versão manual, onde um conjunto de eixos, engrenagens de tamanhos diferentes, garfos e luvas de engate produzem as diversas relações (ou marchas, geralmente 5 para frente e 1 para trás), e um sistema de embreagem convencional, só que controlado por um robô que analisa a rotação do motor, aciona a embreagem e seleciona a marcha mais adequada a cada situação específica

Por ser uma solução mais econômica, a transmissão automatizada serviu para atender a demanda dos motoristas que migrariam alegremente para um carro automático se o preço fosse mais palatável. No entanto, enquanto a venda dos automáticos decuplicou na última década, os automatizados vêm perdendo terreno ano após ano — em 2014 eles somaram 178 mil emplacamentos, mas no ano passado não chegaram sequer a 2% do total de veículos emplacados.
 
Como o próprio nome sugere, a transmissão automatizada de dupla embreagem utiliza duas embreagens, uma para as marchas pares e a ré, outra para as marchas ímpares. Quando uma marcha é selecionada, a embreagem correspondente é desacoplada e a outra, engatada simultaneamente, proporcionando trocas mais rápidas e acelerações e respostas mais precisas. Essa tecnologia foi desenvolvido pela BorgWarner nos anos 80, lançada comercialmente pela Volkswagen em 2003 — com o nome de Direct Shift Gearbox (DSG) — e largamente utilizada no automobilismo de alto desempenho por equipes de Rallye e GT, já que as trocas são mais rápidas e precisas.

Ainda que essa solução funcione bem no Porsche 911, na Ferrari 488 GTB, no Lamborghini Aventador e em outros esportivos "de verdade", a ideia de usá-la nos populares para oferecer uma alternativa mais barata ao conversor de torque levou as montadoras a priorizarem o custo em detrimento da eficiência. Nos últimos anos, a Renault deixou de oferecer a opção automatizada para o Sandero e o Logan e a Fiat, para o Uno. Já a Volkswagen preferiu substituí-la pelo câmbio automático "puro" no Gol e no Voyage.
 
Para não encompridar ainda mais este post, trataremos da transmissão continuamente variável (CVT) na próximo capítulo.

terça-feira, 16 de julho de 2024

AINDA SOBRE O TERRAPLANISMO E 0 MODELO COSMOLÓGICO

SE O PROBLEMA TIVER SOLUÇÃO, NÃO SE PREOCUPE, POIS ELA VIRÁ. SE O PROBLEMA NÃO TIVER SOLUÇÃO, DE NADA VAI ADIANTAR VOCÊ SE PREOCUPAR.

 

O fato de existirem sectários do terraplanismo em pleno século XXI se deve a uma combinação de fatores psicológicos, sociais e culturais que eu resumiria como estupidez em estado puro


Não faltam motivos para desconfiar das instituições governamentais, mas refutar evidências científicas e abraçar teorias conspiratórias, como a de que as grandes potências escondem a verdade sobre o verdadeiro formato Terra, é coisa de napoleão de hospício. Por outro lado, essas aleivosias oferecem explicações simplificadas para questões complexas, e isso as torna atraentes para quem tem apenas dois neurônios em curto-circuito. 


Observação: Se essa récua de alienados fosse minimamente instruída (e não fartamente estrumada), poder-se-ia dizer que a aleivosia resulta de uma interpretação equivocada da Navalha de Occam — segundo a qual a melhor solução é a que apresenta a menor quantidade de premissas possíveis, mas isso é outra conversa.


Com a popularização da Internet e das redes sociais, a mídia deixou de dominar as massas e passou a ser controlada por elas. As massas são despreparadas, ignorantes, rudes e perniciosas, mas quem dá voz a burros perde o direito de reclamar dos zurros. 


A "prova de fogo" para a validação de uma teoria é a observação experimental. Medições feitas a partir de telescópios espaciais ultra sofisticados reafirmaram o Big Bang como a teoria mais bem aceita quando se trata da origem e evolução do Universo, mas isso não a torna "definitiva".


Ao promulgar a Constituição de 1988, Ulysses Guimarães afirmou que ela não era perfeita (e que ela própria o reconhecia ao admitir reforma). Mutatis mutandis, o mesmo vale para o Modelo Cosmológico Padrão, e a recente descoberta de galáxias mais distantes (e ainda mais antigas) justifica por si só uma revisão.

 

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


O atentado que Trump sofreu no último sábado reposicionou as peças no tabuleiro da disputa presidencial americana. A pré-candidatura do peruquento, que havia acusado o golpe da condenação criminal em maio, ganhou novo fôlego graças ao sniper incompetente. Resta a quem prefere o democrata caduco ao republicano maluco torcer para que a pontaria do próximo atirador seja melhor. 
Em banânia, o episódio reacendeu a teoria conspiratória segundo a qual a facada desfechada pelo inimputável de fancaria no bucho de Bolsonaro foi uma armação que serviu de pretexto para o "mito" fugir dos debates televisivos, onde seria trucidado pela oratória de Ciro Gomes. 
O deputado André Janones, um dos aliados mais ferrenhos de Lula, postou nas redes sociais: "Agora sabemos o que o miliciano foi fazer nos EUA assim que deixou a presidência. É a 'Fakeada' fazendo escola". 

 

Galáxias são coleções de centenas de bilhões de estrelas ligadas gravitacionalmente entre si. Como tudo mais, elas estão sujeitas à ação do tempo e sofrem de uma espécie de problema de idade — que os cientistas vêm estudado para compreender melhor a evolução espaço-tempo cósmico. 


De acordo com o modelo padrão, a matéria teria começado a ser formar na época do universo primordial (cerca de 400 mil anos depois do Big Bang), quando elétrons e prótons se atraíram e formaram os primeiros átomos de hidrogênio. 


Até então, tudo que existia eram partículas livres dividindo o espaço-tempo com partículas fundamentais da radiação eletromagnética, e a fusão nuclear desses elementos deu origem a todos os demais elementos químicos conhecidos.

 

As primeiras estrelas se formaram a partir de nuvens de gás primordiais. Quando seu combustível (hidrogênio e hélio) esgotou, elas colapsaram em supernovas — que podem produzir um brilho milhões de vezes maior que o da estrela antes da explosão, bem como gerar uma força gravitacional suficiente para formar galáxias. 


O modelo padrão permite cotejar a distância dos corpos celestes com sua idade relativa ao Big Bang pela cor de sua luz — o desvio para o vermelho leva em conta a expansão do Universo e, consequentemente, o afastamento entre as galáxias, e as distâncias medidas pela observação não podem ser alteradas.


A idade surge do modelo teórico de um universo em expansão previsto pela Teoria da Relatividade Geral, mas o Webb encontrou galáxias com desvios (para o vermelho) maiores que o previsto e, portanto, com idades superiores às pressupostas pela teoria do Big Bang


Observação: Hubble já havia encontrado indícios de galáxias mais antigas, mas as observações que ele permitia eram bem mais limitadas. As novas imagens mostram galáxias bem formadas que aparecem cedo demais na evolução cósmica, sugerindo que o Big Bang precisa ser atualizado à luz dessas novas observações.

 

A pergunta que se coloca é: teria havido um período de rápida formação de galáxias primordiais seguido por outro em que novas galáxias levaram mais tempo para se formar? 


A resposta pode estar em teorias alternativas, como a que pressupõe a existência de épocas intermediárias na evolução do cosmos. Como anotou o físico Marcelo Gleiser em O Caldeirão Azul, nenhuma teoria criada pelo homem é perfeita; a realidade é sempre um pouco mais complexa.

 

Que o digam os terraplanistas.