segunda-feira, 14 de abril de 2025

DE VOLTA ÀS VIAGENS NO TEMPO — 17ª PARTE

AOS 40, VOCÊ ESPERA PELOS 50, E AOS 50, PELOS 60. 30 É O FIM DA JUVENTUDE. 40 É QUANDO VOCÊ PARA DE SE ENGANAR.

As viagens no tempo são matematicamente possíveis, até porque os fenômenos da dilatação temporal e do tempo negativo já foram comprovados experimentalmente. No entanto, nada que contenha matéria pode alcançar e muito menos ultrapassar a velocidade da luz, que é o limite máximo universal. 


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José Saramago escreveu que "a cegueira é um assunto particular entre as pessoas e os olhos com que nasceram". No Brasil, a eleição recorrente de criminosos e a paixão nacional por bandidos de estimação não deixam dúvidas de que o Nobel português sabia exatamente do que estava falando.
Em dezembro de 2022, quando deveria transferir a faixa presidencial a seu sucessor, Bolsonaro preferiu se homiziar na cueca do Pateta e avaliar, de uma distância segura, as consequências dos atos de vandalismo cometidos por "inocentes úteis" que ele cooptou defendendo a ruptura democrática ao longo de toda sua gestão e durante todo o processo eleitoral. 
O plano era pressionar as FFAA a darem aquele empurrãozinho democrático, tipo estado de sítio com toque de recolher seletivo e AI-5 gourmet, mas faltou combinar com os comandantes do Exército de da Aeronáutica. Graças à leniência do Judiciário — palco de encenações morais e pirotecnias processuais quando se trata de "expoentes" da política nacional, o Messias que não miracula segue livre, leve e solto, promovendo manifestações em defesa dos "pobres coitados" que, vejam só!, foram condenados por crimes que eles realmente cometeram. 
A prisão do "mito" dos apedeutas descerebrados e seus comparsas golpistas são favas contadas, mas o aparente recuo estratégico do STF em alguns casos e o arquivamento do inquérito sobre a fraude no cartão de vacina são no mínimo preocupantes. Lula, réu em mais de 20 processos e condenado em dois deles a mais de 24 anos de reclusão, deixou a carceragem da PF em Curitiba depois de míseros 580 dias e voltou ao Planalto, imbuído da nobre missão de derrotar o espantalho autoritário.
Como Charles De Gaulle não disse: “Le Brésil n’est pas un pays sérieux.” 

 

Mesmo que assim não fosse, o recorde de velocidade batido pela Parker Solar Probe em dezembro do ano passado (692 mil km/h) corresponde a míseros 0,064% da velocidade da luz. Para complicar, ainda que a tecnologia nos permitisse superar a velocidade da luz e retornar ao passado, teríamos de lidar com os paradoxos temporais


conjectura de proteção cronológica obsta qualquer retorno a um ponto do passado e impede a continuidade de uma curva fechada do tipo tempo alcançar novamente o ponto de partida. Além disso, o princípio de autoconsistência sugere que qualquer evento capaz de gerar um paradoxo ou criar inconsistências no Universo tem probabilidade zero de ocorrer. Em outras palavras, uma viagem ao passado só poderia acontecer se ela não alterasse o presente.

 

No filme O Som do Trovão, alguém pisa em uma borboleta e desencadeia uma série de mudanças drásticas, como a ascensão de um líder fascista. Fora da ficção, o matemático e meteorologista Edward Lorenz percebeu que arredondamentos em dados como temperatura, umidade e pressão podem alterar drasticamente a previsão do tempo. Já a franquia De volta para o futuro explora os paradoxos temporais — ou seja, a possibilidade de o viajante alterar o passado de forma a interferir no presente — levando-nos a crer que voltar ao passado é impossível, mesmo sendo uma possibilidade matematicamente admissível. 


Na física clássica, conhecer as condições iniciais permite calcular com precisão a trajetória de uma bala ou o movimento dos planetas, mas a teoria do caos, aplicada ao estudo de sistemas dinâmicos, mostra que pequenas perturbações podem crescer exponencialmente, tornando previsões de longo prazo inviáveis — fenômeno conhecido como efeito borboletaPor outro lado, estudos demonstram que um viajante do tempo que entrasse numa curva rumo ao passado poderia seguir caminhos diferentes sem alterar o resultado de suas ações, pois qualquer tentativa de mudar o que já aconteceu criaria um linha de tempo alternativa à linha original a partir do ponto de mudança. E como a própria chegada ao passado já seria uma mudança, esse viajante se materializaria numa nova linha do tempo, onde nada que ele fizesse mudaria o curso da história em sua linha do tempo original.

 
Se cada decisão que tomamos cria uma linha do tempo alternativa, é possível voltar ao passado sem dar azo a paradoxos como o do Avô. Mas essa é apenas mais uma entre muitas teorias que, apesar de matematicamente plausíveis, carecem de comprovação experimental. E sem múltiplos universos e linhas do tempo alternativas, um loop infinito de causas e efeitos seria criado, da mesma forma que uma pedra jogada num lago cria ondas concêntricas em direção à margem.

 

Em 2020, ao anunciar sua demissão do ministro da Saúde, Nelson Teich assinalou que "a vida é feita de escolhas". E com efeito: basta dobrarmos à direita em vez de à esquerda numa encruzilhada da vida para que uma porção de consequências se materializem no futuro. A ideia básica (sintetizada magistralmente pelo Conselheiro Acácio como "as consequências vêm sempre depois") é que eventos no presente decorrem de eventos do passado e dão margem aos eventos que ocorrerão no futuro. 

 

Tudo parece se acomodar numa inexorável linha do tempo, mas uma das muitas esquisitices da mecânica quântica é a possibilidade de uma mesma partícula poder estar em dois lugares simultaneamente e causa e efeito coexistirem. Assim, o "evento A" pode ser a causa do "evento B" e, ao mesmo tempo, consequência do evento que ele próprio causou. Esse fenômeno — chamado de superposição e ilustrado pelo experimento conhecido como Gato de Schrödinger — ressalta a estranheza do comportamento das partículas em nível quântico, onde a realidade só "se define" quando é observada. 


ObservaçãoNo sistema binário, um bit só pode valer 0 ou 1, mas um qubit (bit quântico) pode existir com diferentes probabilidades para cada valor, permanecendo em superposição até que seja medido.

 Além da superposição, uma propriedade chamada emaranhamento permite que o estado de um qubit esteja diretamente ligado ao estado de outro, independentemente da distância entre eles, dando azo a cálculos extremamente eficientes e rápidos quando comparados com os do sistema binário tradicional.

 

Da feita que a natureza não está obrigada a obedecer aos postulados da teoria que tenta explicá-la, uma seta do tempo que aponta sempre na mesma direção não passa de um pressuposto. Assim, é preciso deixar a prancheta de lado e buscar na natureza algum indício de uma superposição de eventos que revogue o princípio da causalidade (o Conselheiro Acácio que coloque as barbichas de molho).

 

Por outro lado, viajar para o passado só faz sentido quando admitimos a existência do tempo e o comparamos a uma estrada pela qual se pode avançar em velocidade constante, acelerar, desacelerar e até mesmo parar. Talvez a causalidade não seja tão absoluta quanto imaginamos, e se a realidade for uma tapeçaria tecida com fios de múltiplas possibilidades, como fica o observador nesse bordado quântico? 


The answer, my friend, is blowing in the wind.

 

Continua...

domingo, 13 de abril de 2025

PIZZA DE PÃO DE FORMA

NÃO EXISTE AMOR MAIS VERDADEIRO DO QUE O AMOR POR PIZZA.

No início dos anos 2000, empolgado com o sucesso de um concurso estadual que elegeu as 10 melhores receitas de pizzas marguerita, o então coordenador de Turismo da Secretaria de Esportes do Estado de São Paulo instituiu o dia 10 de julho (data do encerramento da efeméride) como "dia da pizza". 

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Deflagrado no Congresso antes do trânsito de todas as ações penais, o debate sobre anistia inocula no devido processo legal o vírus da politização da Justiça. A semana começou com Hugo Motta dos Conchaves dizendo que a anistia não era prioridade e terminou com o Planalto concordando com uma meia anistia — negociada pelo próprio Motta — que reduza as penas das sardinhas da tentativa de golpe sem beneficiar os tubarões.
Enquanto Bolsonaro simula compaixão pelo que chama de "pobres coitados" (pois na verdade ele está preocupado com o próprio pescoço) a facção bolsonarista da Câmara diz ter obtido as 257 assinaturas necessárias à conversão do projeto de anistia numa emergência. Motta não é obrigado pautar a votação, mas, devido à pressão, articula com Lula e ministros do Supremo uma saída. 
A exemplo do que ocorreu com a turma da corrupção, o bloco do golpe joga com o tempo. Há um ano, 63% dos brasileiros entrevistados pelo Datafolha informa eram contra a anistia; agora são 56%. Para 36%, as penas deveriam ser menores; 34%, são adequadas; outros 25%, acham que deveriam ser maiores.
Seja qual for o desfecho de um eventual acordo entre os poderes, um pedaço da sociedade torcerá o nariz. Pelo menos um terço dos brasileiros concluirá que o Brasil corre o risco de deixar de ser o país do jeito para tudo para virar um país que não tem jeito, onde decisões judiciais envelhecem antes da conclusão do parto.

 
Considerando que a pizza marguerita — basicamente uma pizza de muçarela acrescida de rodelas de tomate e folhas ou pesto de manjericão — custa de R$ 70 a $ 100 (no delivery), a versão feita com pão de forma une sabor e economia, desde que se abra mão do forno à lenha e da borda recheada — afinal, nada é perfeito.

Você vai precisar de:
 
— 1 pacote de pão de forma;
 
— 1 cebola grande picada;
 
— 1 sachê de molho pronto para pizza;
 
— 1 tomate vermelho, mas firme, cortado em rodelas;
 
— 4 dentes de alho; 
 
— Sal, pimenta do reino e orégano a gosto;
 
— 500 g de presunto fatiado ou picado;
 
— 500 g de muçarela fatiada ou picada;
 
— Azeitonas (pretas ou verdes, a seu critério);
 
— Folhinhas de manjericão;
 
— Azeite extravirgem.
 
Pré-aqueça o forno a 180°C.
 
Refogue a cebola e o alho no azeite com 2 colheres (sopa) de água, acrescente o molho para pizza, acerte o ponto do sal e da pimenta e vá mexendo até apurar. Quanto obtiver uma consistência cremosa, desligue o fogo e reserve.
 
Remova as bordas das fatias de pão, unte a assadeira com azeite e acomode-as de modo a cobrir totalmente o fundo (corte uma ou mais fatias em pedaços e use-os para preencher as lacunas).
 
Despeje o molho sobre a "massa", cubra com uma camada de muçarela e outra de presunto, finalize com mais uma camada de muçarela, salpique o orégano e, se quiser incrementar, polvilhe parmesão ralado. Finalmente, distribua as rodelas de tomate e as azeitonas, de modo que cada fatia receba pelo menos uma de cada, coloque a assadeira no forno preaquecido, retire quando o queijo "borbulhar", regue com mais um fio de azeite, decore com as folhinhas de manjericão e sirva em seguida.

Bom proveito.

sábado, 12 de abril de 2025

BACKUPS

QUEM TEM DOIS TEM UM, QUEM TEM UM NÃO TEM NENHUM.
 
Nos primórdios da era PC, dizia-se que havia dois tipos de usuários: os que já tinham perdido os dados do HDD e os que ainda iriam perder. 

Com a popularização da Internet e o advento da Web 2.0, passamos a acreditar que os dados online são eternos... até que uma receita que favoritamos suma do site de culinária, uma música seja removida da lista de reprodução do serviço de streaming ou um artigo pretendíamos ler em outro momento passe a ser protegido por paywall.
 
Segundo um estudo publicado no ano passado, 38% dos links ativos em 2013 deixaram de funcionar. Para sites governamentais, o percentual é de 13%; para links da Wikipédia, 11%. Então, mesmo que seja prático e conveniente manter na nuvem cópias de dados importantes e arquivos de difícil recuperação, a melhor maneira de não ser pego no contrapé é criar backups e armazená-los em pendrives ou HDDs/SSDs externos. 

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Tanto na política quanto na vida, não se deve contar com o ovo que a galinha ainda não botou. Bolsonaro achava que o projeto da anistia para o 8 de janeiro estava no papo, mas o presidente da Câmara, que prefere desintoxicar a atmosfera apostando numa articulação que leve o Supremo a rever penas leoninas,  levou o pé à porta. O bolsonarismo passou a operar na base do vai ou racha, e rachou: os líderes do centrão se recusaram assinar o requerimento que empurraria a proposta para o plenário a toque de caixa. 
No ato pró-anistia deste domingo, Bolsonaro atraiu cerca de 45 mil muares à mais paulista das avenidas, valeu-se de Malafaia para chamar Moraes de cínico e manipulador, criticar a imprensa, defender o general Braga Netto — que segundo ele foi preso injustamente — e voltou a pedir clemência para uma tentativa de golpe que diz não ter existido. Se não existiu, o caso seria de absolvição. Se existiu, como mostrou a PF, trata-se de um inusitado pedido de perdão preventivo que terminaria por beneficiar o alto-comando do golpe. 
De repente, o ato da Paulista, concebido para irradiar a força de Bolsonaro, virou crepúsculo.
 
No caso de páginas da Web, podemos usar a opção "Salvar como PDF". Softwares e serviços on-line que não usam arquivos propriamente ditos, como apps de mensagens, clientes de email, bancos de dados, etc., permitem exportar dados ou criar um arquivo comprimido com extensão PDF, TXT ou CSV, mas vale destacar que em alguns casos — como backups do WhatsApp salvos no Google Drive, OneDrive ou iCloud — a restauração só pode ser feita dentro do mesmo serviço.
 
Redes sociais, serviços de streaming e outros webservice não oferecem opções de exportação, mas é possível criar backups com o Pocket, cuja versão premium salva tanto os links quanto arquivos de texto completos das páginas. Para uso público, cópias de webpages podem ser salvas em web.archive.org ou em archive.is.
 
Convém criar backups dos backups e salvá-los numa pasta local no Dropbox, no OneDrive ou no Google Drive. Pode parecer excesso se cautela, mas "quem tem dois tem um, e quem tem um não tem nenhum".

sexta-feira, 11 de abril de 2025

DE VOLTA ÀS VIAGENS NO TEMPO — 16ª PARTE

ÀS VEZES, O MÍNIMO É O BASTANTE.

 

Podemos comparar o passado a um lugar distante que gostaríamos de visitar. No entanto, enquanto uma viagem à Disneylândia ou ao Coliseu depende basicamente de quanto podemos gastar, viajar para tempos idos é bem mais complicado — mesmo sendo uma possibilidade matematicamente plausível à luz da Relatividade Geral.

Einstein teorizou que a experiência do fluxo do tempo é relativa (dependendo do observador e da situação), contrariando a ideia do relógio mestre de Newton, que mantinha o tempo sincronizado em todo o universo. Já o astrofísico Paul Sutter definiu o tempo como a progressão aparente dos eventos do passado para o futuro, numa evolução que parece contínua e irreversível. Por outro lado, embora esteja provado que o tempo passa mais lentamente conforme o observador se move mais depressa — como ilustra o paradoxo dos gêmeos e comprovam diversos experimentos feitos com relógios atômicos em satélites artificiais e sondas espaciais —, faltam explicações concretas e consensuais sobre a possibilidade de voltar no tempo. 

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Pesquisa Datafolha confirmou a tendência observado pela Quaest: 53% dos entrevistados são a favor da prisão de Bolsonaro e 56% são contra a anistia aos golpistas. Apesar disso, 52% acham que o "mito" não será preso, contra 41% que ainda têm fé na Justiça. A pesquisa ouviu 3.054 pessoas em 172 municípios entre os dias 1º e 3 de abril.

A despeito da rejeição popular, Bolsonaro reuniu 44,5 mil pessoas no último domingo, na avenida Paulista, num movimento pró-anistia orquestrado pelo pastor Silas Malafaia. Na Câmara, bolsonaristas pressionam o presidente da Casa para pautar a PL da anistia e, assim, livrar Bolsonaro da prisão. No entanto, Hugo Motta tem sinalizado que não pretende atender à demanda da extrema direita. 

Dias antes, o senador Sergio Moro marcou presença no evento de lançamento da candidatura de Ronaldo Caiado à Presidência. Questionado sobre a situação jurídica de Bolsonaro, o ex-juiz da Lava-Jato e ex-ministro da Justiça do crápula golpista preferiu não comentar. Mas ao dizer que espera a união da direita centro direita em torno do nome do governador de Goiás, Moro sinaliza que descarta qualquer apoio a Bolsonaro. Pelo menos isso. 


A maioria das leis e equações usadas pelos físicos é simétrica no tempo e pode ser revertida, mas basta falar em viagens no tempo para alguém abrir a torneirinha da entropia e aguar o chope. Ken D. Olum Allen Everett, do Departamento de Física e Astronomia da Tufts University, apontaram falhas na teoria de Ronald Mallet (vide capítulo anterior), mas nem tudo são críticas. 

No livro "Como construir uma máquina do tempo", o autor de artigos científicos britânico Brian Clegg escreveu que nem todos os físicos concordam que o dispositivo planejado por Mallet possa funcionar, mas que a possibilidade é interessante o suficiente para que se promova uma tentativa experimental. 
 
Mallet continua realizando experimentos, mas deixa claro que os resultados "não são como no cinema; não acontecem depois de duas horas, ao custo do que se pagou pelo ingresso". Perguntado sobre as implicações éticas de voltar ao passado, ele cita o filme de 1994 "Timecop — O Guardião do Tempo", no qual Jean-Claude Van Damme interpreta um policial que trabalha para uma agência que regulamenta viagens no tempo, e se diz fã de Interestelar, que lida com ideias sobre como o tempo impacta pessoas no espaço diferentemente de pessoas na Terra e cujo embasamento científico foi alavancado pelo envolvimento do Nobel de física Kip Thorne.
 
Às vésperas de completar 80 anos, Mallet dificilmente conseguirá voltar até a Nova York dos anos de 1950 e reencontrar o pai, mas a magia do cinema pode lhe oferecer um vislumbre do passado. E se tanto a arte imita a vida quanto a vida imita a arte, talvez um dia as viagens no tempo se tornem tão corriqueiras quanto os voos internacionais, que eram inconcebíveis até 1909, quando Louis Blériot partiu de Les Barraques, na França, e chegou a Dover, na Inglaterra, 37 minutos depois.

No livro A Ordem do Tempo, o físico Carlo Rovelli, pioneiro nas pesquisas sobre gravidade quântica em loop,  sustenta que o tempo como o percebemos pode ser apenas uma ilusão resultante de nossa interação com o Universo em grande escala, e que basta remover certas suposições clássicas (como a ideia de um fluxo universal) para entender a física fundamental sem a necessidade de um tempo absoluto. 

Em outras palavras, o tempo é como um truque de mágica — real para quem assiste, mas sem existência própria nos bastidores do universo quântico. Nesse contexto teórico, o tempo deixa de ser uma variável contínua e absoluta e se torna algo que emerge das relações entre os eventos quânticos. 

Um evento quântico comum pode envolver duas partículas que se movem para frente no tempo, alteram-se mutuamente em algum momento e seguem rumo ao futuro por caminhos diferentes. Se uma delas entrar numa curva fechada do tipo tempo, ela poderá voltar e reassumir a posição que ocupava antes da interação, influenciando a própria transformação e anulando os estados paradoxais que poderiam ter consequências inaceitáveis no futuro. 
 
Continua...

quinta-feira, 10 de abril de 2025

PROTEJA SUA PRIVACIDADE

PREVENIR ACIDENTES É DEVER DE TODOS

 

A Internet é imprescindível em nosso dia a dia, mas, como toda ferramenta, o risco de "acidentes" está na maneira como ela é usada. O DNS (sigla para Domain Name System), por exemplo, permite acessar as web[ages digitando os respectivos URLs em vez dos endereços IP.


Todavia, além de não serem seguros, os parâmetros fornecidos pelos provedores de acesso (ISP) abrem espaço para um bombardeio de anúncios e põem em risco a privacidade dos internautas. Mas a boa notícia é que existem diversos provedores de DNS que bloqueiam anúncios, rastreadores e sites maliciosos e são gratuitos fáceis de usar, tanto em PCs quanto em smartphones Android, entre os quais eu destaco AdGuard DNS.


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Em seus delírios de grandeza, Lula achou que recebeu um terceiro mandato não das urnas, mas do próprio Criador, que o incumbiu de desempenhar o papel de divindade num país cada vez mais profano. Agora, mesmo com a popularidade derretendo como uma bola de neve no inferno, ele ainda lidera as pesquisas, seja num embate improvável com o golpista inelegível, numa disputa com Ronaldo Caiado (que já anunciou que concorrerá ao Planalto em 2026), num embate com Tarcísio de Freitas (candidatíssimo, mas ainda enrustido), ou em cenários rocambolescos com oponentes surreis, como Pablo Marçal, Michelle Bolsonaro, Gusttavo Lima, Felipe Neto ou outra aberração saída do laboratório da pós-política tupiniquim.
Ao nomear correligionários e aliados para cargos de direção, Lula deu azo ao ressurgimento de escândalos como o Mensalão e o Petrolão e anulou conquistas alcançadas durante o governo Temer. Ainda em janeiro de 2023, soube-se que a ministra Daniela Carneiro havia se enrolado numa esquisita relação eleitoral com milícias da Baixada Fluminense, e o ministro Juscelino Filho com o uso do dinheiro de emendas parlamentares para beneficiar fazenda da família no Maranhão. Ela deixou o comando da pasta do Turismo, mas ele continuou no cargo apesar de novos enroscos — como recebimento de diárias, uso de avião da FAB em agenda pessoal, emprego de funcionário fantasma e autorização para "despacho" informal do sogro no gabinete ministerial. O ministro devolveu diárias, mas não dirimiu dúvidas sobre outras acusações.
Lula poderia ter vetado a indicação de Juscelino, teve nova chance quando o ministro cavou uma agenda em São Paulo como pretexto para voar em jato da FAB para um leilão de equinos e perdeu mais uma oportunidade quando a PF indiciou o auxiliar por desviar verbas do antigo orçamento secreto. Embora tenha dito que afastaria o ministro quando e se viesse a denúncia, permitiu que o denunciado saísse a pedido. Um acinte.
A sobrevida de um ministro que nem deveria ter sido nomeado revelou que seu chefe não aprendeu que, com tantos erros novos por cometer, não é preciso repetir erros antigos. Contemporizar com malfeitorias uma vez é negligência, duas é reincidência, três é inconveniência e quatro é indecência. Nos dois primeiros mandatos, o petista suou a camisa para produzir escândalos como o mensalão e o petrolão. Na terceira gestão, incorporou escândalos que já chegaram prontos. Lula disse que todos têm direito à presunção de inocência, mas deveria ter notado que beira de cofre público não é melhor lugar para um ministro provar uma inocência autopresumida. Agora, ele assiste à explosão de um escândalo da era Bolsonaro dentro de seu governo — que há meses o noticiário deixou claro que era um escândalo policial esperando para acontecer.


No Windows, abra o menu Iniciar, digite Configurações de Rede na barra de pesquisa e clique em Alterar as configurações do adaptador. Em seguida, dê um clique direito na conexão de rede que você está utilizando, depois selecione Propriedades > “Protocolo de Internet Versão 4 (TCP/IPv4), clique em Propriedades > Usar os seguintes endereços de servidor DNS, digite os endereços do AdGuard DNS (94.140.14.14 e 94.140.15.15) e clique em OK para salvar as alterações.

 

No Android, acesse as configurações do smartphone, toque em Rede e internet ou em Conexões (o nome pode variar dependendo do fabricante), toque e mantenha pressionada a rede Wi-Fi à qual você está conectado, toque em Modificar rede (ou Gerenciar configurações de rede. procure por Configurações de IP ou algo similar, toque em DHCP, selecione Estático, role a tela até encontrar os campos DNS 1 e DNS 2, digite os endereços do AdGuard DNS e toque em Salvar para confirmar as alterações.

quarta-feira, 9 de abril de 2025

DE VOLTA ÀS VIAGENS NO TEMPO — 15ª PARTE

AS ROSAS CAEM, OS ESPINHOS FICAM.


Vimos que viajar no tempo é uma possibilidade teórica prevista na Teoria da Relatividade e que os efeitos da dilatação temporalilustrados magistralmente pelo Paradoxo dos Gêmeos, já foram comprovados experimentalmente

Até que a tecnologia permita acelerar uma espaçonave a uma velocidade próxima à da luz, não saberemos o que o século XXX nos reserva nem poderemos saborear um filé de brontossauro com os Flintstones na cidade pré-histórica de Bedrock. Mas talvez isso seja apenas uma questão de tempo: como vimos no oitavo capítulo, um engenheiro da NASA está desenvolvendo um motor capaz de impulsionar uma nave a 99% da velocidade da luz, e existem outras possibilidades promissoras, como motores de Alcubierre e conceitos baseados na energia do vácuo.

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A aprovação de um projeto de anistia depende da ronco das ruas. No último domingo, o ato na Paulista concebido para irradiar a força do faraó da direita foi um crepúsculo: segundo dados da USP, apenas 44,5 mil bolsonaristas atenderam ao chamamento — mais que o dobro dos 18,3 mil que se reuniram em Copacabana, mas quatro vezes menos do que os 185 mil que estiveram na avenida em fevereiro do ano passado e menos de 5% da previsão dos organizadores (1 milhão). A título de contextualização, Sampa tem 11,45 milhões de habitantes e a Grande São Paulo, 21 milhões.
Enquanto o STF constrói o sarcófago, os governadores 
Tarcísio, Caiado, Zema e Ratinho Jr. atuam embalsamadores, de olho nos votos dos devotos. Na manifestação, o faraó de fancaria acusou o Supremo de conluio com Lula em 2022, disse que há um plano para matá-lo e reafirmou que vai disputar a Presidência no ano que vem, mesmo inelegível (esquecendo de lembrar ou lembrando de esquecer que ele pode estar na cadeia em outubro de 2026). A construção da vitória da direita em 2026 é mero exercício de quiromancia. Por enquanto, sobressai o constrangimento de erguer uma alternativa supostamente democrática a partir do embalsamamento de uma múmia golpista. 
Sob reserva, líderes do Centrão na Câmara dizem que não concordam com o projeto da anistia, mas que o líder do PL está cumprindo seu papel ao tentar angariar apoios. Bolsonaro insiste que não será beneficiado, mas aliados admitem que a anistia seria a primeira etapa na construção de algum tipo de salvo-conduto, já que o ex-presidente pode pegar até 40 anos de prisão por crimes como tentativa de golpe e de abolição violenta do Estado democrático. O movimento hoje é para que o Congresso dê aval a uma proposta que enquadre os manifestantes do 8 de janeiro apenas nos crimes de dano ou depredação, o que, se aprovado, enfraqueceria a acusação de que Bolsonaro liderou os atos golpista para retomar o poder. 
Depois de três décadas defendendo a ditadura militar, o refugo da escória da humanidade deveria terminar seus dias na cadeia. Lamentavelmente, o risco de isso não acontecer num país como o Brasil é considerável. Basta lembrar que Lula foi preso em 7 de abril de 2018 e solto após míseros 580 dias, embora suas penas nos processos do tríplex e do sítio somassem 25 anos e as sentenças condenatórias tivessem transitado em julgado no STJ. Mesmo sendo septuagenário, o petista sobreviveu para subir a rampa no Palácio do Planalto pela terceira vez e ameaçar disputar a reeleição em 2026 (que Deus nos livre de mais essa desgraça).

Supõe-se que os buracos de minhoca se formem no fundo dos buracos negros e funcionem como atalhos cósmicos, permitindo percorrer quase instantaneamente os milhares ou milhões de anos-lua que separam dois pontos no espaços-tempo, neste ou em outro universo, no presente ou em outro momento da linha do tempo. Todavia, sua existência ainda não foi comprovada experimentalmente — até porque o buraco negro mais próximo da Terra fica a quase 1.600 anos-luz. 

Mesmo que existem, esses "túneis" tendem a ser minúsculos e instáveis (para suas paredes não colapsarem, seria preciso uma grande quantidade de matéria exótica, cuja massa negativa poderia se converter em energia negativa, mas não há evidências de que esse tipo de matéria exista no Universo. Demais disso, tampouco se sabe eles têm "entrada e saída" ou ambas as bocas "engolem" matéria.

ObservaçãoO nome "buraco de minhoca" (ou "buraco de verme", na tradução literal de "wormhole") surgiu de uma analogia usada para explicar o fenômeno: da mesma forma que um verme que perambula pela casca da maçã poderia pegar um atalho para o lado oposto abrindo caminho através do miolo da fruta, um viajante que passasse por um buraco de minhoca poderia chegar ao lado oposto do universo através de um túnel topologicamente incomum. 

Toda a matemática usada para criar buracos de minhoca teóricos se baseia na Relatividade Geral, que não consegue descrever o centro dos buracos negros nem tampouco é compatível com a física quântica. No entanto, o cientista português João Rosa propôs em um artigo publicado no arXiv que a chamada gravidade híbrida generalizada-Palatini — uma extensão da Relatividade Geral que flexibiliza as relações entre matéria/energia e espaço/tempo — permitiria a criação de buracos de minhoca atravessáveis. 

Para contornar a exigência de energia negativa, Rosa sugeriu que as entradas dos túneis fossem estruturadas em camadas, como cascas de cebola duplas e finas, feitas de matéria comum. Essa proposta ainda precisa ser amplamente debatida e testada, mas representa um passo importante na busca por soluções para a viabilidade dos buracos de minhoca.
 
Segundo o astrofísico americano Ron Malletque construiu uma respeitável carreira acadêmica estudando buracos negros e a Relatividade geral, seria possível usar o laser para formar um "feixe de luz circundante", produzir uma curvatura no espaço-tempo e, atravessar esse "túnel" e voltar ao passado ou avançar para o futuro. Mas ele reconhece que sua "máquina do tempo" ainda não foi comprovada na prática, e que existem desafios significativos a serem superados — entre os quais a necessidade de criar fontes de energia extremamente poderosas e materiais capazes de suportar as enormes forças geradas pela rotação do anel laser.

Continua...

terça-feira, 8 de abril de 2025

RASTREAMENTO CONSENTIDO VIA FIND MY DEVICE

TEMPO PERDIDO NUNCA É RECUPERADO.

Num ambiente cada vez mais hostil, podemos querer saber onde estão nossos parceiros, filhos, pais idosos, e por aí afora. O WhatsApp possibilita o compartilhamento de localização em tempo real por 15 minutos, 1 hora, 8 horas, ou até que a pessoa monitorada encerre o compartilhamento. 

O recurso permite visualizar no mapa a trajetória do contato, e pode ser usado para coordenar encontros, monitorar deslocamentos e assegurar a segurança de amigos e familiares.

Para usar a ferramenta, basta iniciar uma conversa com o contato que você deseja monitorar, clicar no clipe de papel (na barra de digitação), depois em Localização, selecionar Localização em tempo real, tocar em Continuar e definir por quanto tempo a localização deverá aparecer no chat da conversa como um quadro do Google Maps. 

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Os bolsonaristas se referem à cabeleireira Débora Rodrigues do Santos como "a mãe de família que foi condenada a 14 anos de prisão por ter usado batom para pichar a estátua da Justiça com a frase 'Perdeu, Mané'", esquecendo de lembrar (ou lembrando de esquecer) que ela é ré por ter praticados crimes como associação criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado. 

Depois que o ministro Luiz Fux apresentou um pedido de vista — quando já havia dois votos favoráveis à condenação de Débora — "Xandão" autorizou a ré a aguardar o resultado do julgamento em prisão domiciliar. 

A PF identificou uma interrupção nos diálogos do WhatsApp entre dezembro de 2022 e a primeira quinzena de fevereiro de 2023 — o que sugere que Débora tentou apagar provas do envolvimento de nos atos, e a PGR apontou que ela participou do acampamento golpista em frente ao Quartel General do Exército em Brasília). 

Moraes anotou em seu voto que a acusada "estava indiscutivelmente alinhada à dinâmica criminosa, como se infere do vídeo divulgado por sites jornalísticos, no qual ela vandaliza a escultura e, após, mostrando as mãos conspurcadas de batom vermelho, comemora, sorrindo em direção à multidão que invadira a Praça dos Três Poderes e outros prédios públicos". 

O caso de Débora encosta no Supremo a imagem de uma instituição cujas decisões tomadas no calor da política acabam sendo percebidas como injustas. Um ministro da corte classificou como "exacerbada" a pena proposta para a "pichadora do batom", e talvez por isso o procurador-geral tenha dado uma mãozinha para baixar a fervura, pedindo o arquivamento do inquérito sobre os cartões de vacina e que a cabeleireira aguarde a conclusão do julgamento em prisão domiciliar. 

Num ambiente altamente polarizado, afloram dilemas e contradições de uma corte que, ao combater excessos, pode acabar cometendo os seus próprios, minando a autoridade que busca preservar.

Outra opção é a guia "Pessoas" no Find My Device. Ela facilita o encontro de amigos e familiares em shoppings, hipermercados, festivais ao ar livre etc. Ao selecionar uma pessoa em sua lista de contatos, você saberá a localização da pessoa, a porcentagem de bateria do dispositivo, o tempo desde a última atualização de localização e como chegar até o local onde está o contato. 

Vale destacar que, por questões de privacidade, o aplicativo precisa ser ativado manualmente. A partir desse momento, o usuário é notificado sempre que o rastreamento estiver em funcionamento, garantindo controle total sobre quem pode acessar sua localização.

segunda-feira, 7 de abril de 2025

DE VOLTA ÀS VIAGENS NO TEMPO — 14ª PARTE

A CIÊNCIA É MUITO MAIS QUE UM CORPO DE CONHECIMENTOS. É UMA MANEIRA DE PENSAR.

Em um Universo infinito, a existência de clones não é apenas uma possibilidade, mas uma imposição matemática. Tudo o que existe é formado por partículas elementares que se combinam de maneiras diversas, criando desde uma massa amorfa de moléculas até seres vivos. 


O que entendemos por realidade é apenas uma "imagem" escolhida pelo Universo para o imenso número de partículas que o compõem, e um universo infinito com um número finito de combinações possíveis de partículas enseja a existência de "universos-espelho", com galáxias, planetas e até cópias de nós mesmos.


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


Em 2022, ao conceder a Lula um inusitado terceiro mandato, a maioria apertada do eleitorado pensou ter livrado o país de uma urucubaca. Hoje, segundo a Quaest, seis em cada dez brasileiros acham o que o macróbio não deve se candidatar em 2026 e 55% dizem que não votariam nele de jeito nenhum. Se o petista ainda se mantém à frente de hipotéticos adversários, é porque Bolsonaro, mesmo tendo estrelado uma Presidência tóxica e tramado um golpe que deve mandá-lo para a cadeia, se recusa a desocupar a moita. O empate técnico do mito do pau oco com seu principal adversário nas pesquisas mostra que o problema do projeto eleitoral da esquerda é o próprio candidato. 

Convencido de que sua impopularidade se deve à falta de comunicação — o brasileiro deveria se ajoelhar no milho e pedir perdão por não valorizar o museu de novidades em que se converteu seu terceiro mandato — Lula entregou o comando da SECOM ao marqueteiro Sidônio Pereira. Ainda segundo a Quaest, metade dos brasileiros avaliam que suas aparições só pioram as coisas, 56% dizem que o Brasil está na contramão, 71% se queixam do descumprimento de promessas e 81% sustentam que o ele deveria fazer um governo diferente. Como se vê, de nada adianta trocar a roda da carroça se o problema é o burro.


Como uma grande quantidade de matéria gera uma força gravitacional igualmente imensa, capaz de curvar o próprio Universo, estamos, na prática, vivendo na superfície de uma gigantesca "bexiga" tridimensional. Porém, assim como uma formiga, ao caminhar sobre a superfície de uma esfera, só pode se mover para adiante, para trás ou lateralmente, nós estamos "presos" a uma superfície tridimensional inserida em uma esfera 4D, e viajar em linha reta inevitavelmente leva de volta ao ponto de partida — como no jogo Pac-Man, onde o personagem sai por um lado da tela e reaparece no outro, em um movimento contínuo.

 
Se a energia escura produz o efeito oposto ao da massa, uma imensa quantidade dessa energia esticaria o Universo, e essa curvatura negativa lhe daria o formato de uma batata Pringles quadridimensional (embora difícil de imaginar, o conceito é válido para os matemáticos). Por outro lado, se considerarmos que a quantidade de massa e de energia escura são equivalentes, uma anula a outra, resultando em um Universo plano, como uma folha de papel. 
 
Num Universo plano, infinito e ilimitado, uma viagem em linha reta não terminaria no ponto onde começou, mas numa borda cósmica além da qual não haveria nada, ou, mais provavelmente, em infinitos "universos-espelho", com clones da Terra e habitantes que são cópias de nós mesmos. 
 
Como o Universo vem se expandindo desde o Big Bang — ou melhor, as galáxias estão se afastando umas das outras —, se pudéssemos voltar no tempo, veríamos as galáxias se aproximando até se fundirem, em um Universo cada vez menor, mas ainda assim infinito, produzindo um novo pico de densidade como o que originou o Big Bang.
 
Entretanto, por mais fascinante que a hipótese de um Universo infinito e multiversal possa ser, a  possibilidade de explorar esses "universos-espelho" ou de viajar no tempo esbarra na velocidade da luz, que a física moderna define com limite universal e instransponível. Sem a ajuda da dilatação temporal, usar um buraco de minhoca como atalho para alcançar pontos remotos do cosmos se torna impossível. Afinal, a expansão do Universo pode ser ilimitada, mas nossas viagens através dele — no tempo ou no espaço — estão condenadas a seguir as regras impostas pela imutabilidade dessa velocidade.
 
Mas não há nada como o tempo para passar, e como disse Arthur C. Clarke, "a única maneira de descobrir os limites do possível é ir além deles, rumo ao impossível".