quarta-feira, 3 de setembro de 2025

O CELULAR CAIU NA PRIVADA?

É MELHOR SABER E NÃO PRECISAR USAR DO QUE PRECISAR USAR E NÃO SABER.

Credita-se a Colombo o descobrimento da América — embora os vikings da Groenlândia o tenham precedido em 500 anos — e a Cabral o do Brasil — embora Duarte Pereira tenha desembarcado dois anos antes no litoral do que hoje são os estados do Pará e do Maranhão.

 

Da mesma forma, o iPhone (lançado em 2007) é visto como o “divisor de águas”, embora o Nokia 9000 Communicator e o BlackBerry Inter@ctive Pager 8500 já oferecessem funcionalidades similares no final dos anos 1990 — o próprio termo “smartphone” foi usado pela primeira vez pela Ericsson em 1997. Mas isso não muda o fato de que a Apple e Steve Jobs foram os maiores responsáveis pela conversão dos telefones móveis sem fio de longo alcance em computadores pessoais ultraportáteis.


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


No instante em que se inicia o julgamento que eleva a história da República, o chefe da organização criminosa do golpe, preso no domicílio e trancado em seus rancores, opera nos bastires para rebaixar o pé-direito da democracia.

Na sessão de ontem foram ouvidos os advogados de Mauro Cid, Alexandre Ramagem, Almir Garnier e Anderson Torres. Faltam argumentar as defesas de Jair Bolsonaro, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto. Uma suposta crise de soluços (ou diarreia, segundo os maledicentes) impediu o “mito” de comparecer presencialmente nesta terça, e tudo indica que ele não estará presente nas quatro sessões remanescentes. Durante suas considerações iniciais, o ministro relator criticou tentativas de interferência internacional no julgamento, citou as medidas cautelares impostas a Bolsonaro e as investigações contra o filho do pai (03, o lesa-pátria) por obstrução da Justiça e declarou que a soberania nacional “jamais será vilipendiada, negociada ou extorquida”. O PGR Paulo sustentou que Bolsonaro liderou a organização criminosa responsável pelos atentados de 8 de janeiro de 2023, ataques às urnas eletrônicas, planos para assassinar autoridades, incitações de atos antidemocráticos, acampamentos em defesa de intervenção militar, uso da “Abin Paralela” para investigar opositores ao governo e aparelhamento da PRF para prejudicar as eleições.

Bolsonaro recorreu a Tarcísio de Freitas e Arthur Lira para tentar destravar no Congresso uma proposta de anistia que o inclua. Na tentativa de ser apontado como herdeiro político, o governador não só prometeu o indulto como enfiou os pés no pântano da anistia que a Câmara hesita em aprovar. 

Se o discurso de Xandão serviu para alguma coisa, foi para sinalizar que a morte judicial de Bolsonaro e seus comparsas mais graúdos é anterior a si mesma. Para alguns analistas, o ministro se afastou das normas jurídicas ao injetar política durante a leitura do relatório, que deveria ser apenas um resumo do processo, sem juízo de valor nem antecipação do voto. 

A fartura de provas tornou o discurso político desnecessário. Política numa hora dessas serve apenas para fornecer pano para o figurino de vítima de golpistas indefensáveis. Mas Moraes acertou no olho da mosca ao torpedear a anistia. Afinal, condenar e prender os culpados é fundamental, mas conviver com a articulação pró-anistia mostra que o filme do atraso não termina com os veredictos.


Ao consolidar em um único dispositivo funcionalidades até então pulverizadas em múltiplos aparelhos — telefone, PC, câmera, reprodutor de música, GPS, agenda, calculadora —, o smartphone se tornou nossa principal ferramenta de acesso à internet — um verdadeiro “canivete suíço eletrônico” que usamos par navegar na web, gerenciar e-mails, acessar redes sociais, fazer transações bancárias, compras online, tirar fotos, ouvir música, enfim, para quase tudo que até poucos anos atrás dependíamos do desktop ou do notebook para fazer. 


Se ainda mantemos um PC em casa, é porque determinadas tarefas requerem tela grande, teclado e mouse físicos, além de mais memória e poder de processamento do que os smartphones oferecem — daí o Windows vir perdendo espaço, aqui no blog, para o sistema móvel Android, que comanda aparelhos Samsung, Motorola, Xiaomi, Realme, Pixel etc., e para o iOS, cuja participação é menor porque roda somente no hardware da própria Apple, tornando a gama de modelos mais limitada e cara.


Da feita que os fabricantes de smartphones parceiros desenvolvem suas próprias UIs (interfaces de usuário) a partir do Android "bruto" que recebem do Google, ícones, botões, menus, layouts e informações na tela podem variar. Embora a maioria dos recursos seja provida pelo sistema e estar presente na maioria dos aparelhos — mesmo que com implementações diferentes —, alguns são exclusivos de modelos específicos de cada fabricante.


Nos smartphones com certificações IP (Ingress Protection), o primeiro número indica a resistência contra poeira e o segundo, contra água. Por exemplo, IP52 garante proteção contra respingos, enquanto IP68 permite imersão em água doce de até 1,5 metro de profundidade, por até 30 minutos — limites máximos que, particularmente, não recomendo testar, pois o fato de o aparelho poder lidar com situações específicas (como chuva ou queda no vaso sanitário) não significa que possamos entrar com ele na piscina ou no mar.

 

Observação: Nesta sequência sobre relógios de pulso, mencionei que a classificação WR (Water Resistant) assegura proteção contra pingos de chuva e respingos de água da torneira, que relógios classificados como 3 ATM (ou 30 m, ou 100 ft) não precisam ser tirados do pulso para lavar o carro ou dar banho no cachorro, por exemplo, mas não são Dive Watches. Disse ainda que ícones da alta relojoaria suíça oferecem modelos adequados à prática de esportes aquáticos, incluindo mergulho com ou sem tanque de ar, mas a preços estratosféricos, mas que modelos da Seiko, Orient, Technos, Timex e Magnum classificados com 10 ATM (ou 100 m, ou 300 ft) têm preços mais realistas e suportam banhos de piscina e até de mar, mas quem pratica mergulho — mesmo sem tanque de ar — deve optar por um Dive Watch com classificação 30 ATM (ou 300 m, ou 1.000 ft) e coroa rosqueada.

 

Voltando aos smartphones, o Moto G75 que comprei no ano passado para substituir meu Galaxy M23 — que estacionou no Android 14 — me conquistou por oferecer proteção IP68 e certificação MIL-STD-810H — que garante funcionamento em altitudes de até 4.570 m, sob temperaturas de -20°C a 55°C e 95% de umidade relativa do ar, resistência a vibrações intensas e quedas de até 1,5 m) — além de cinco atualizações de sistema e patches de segurança até 2029. Mesmo assim, acho arriscado entrar com ele na piscina ou no mar para tirar fotos sem protegê-lo com uma capinha à prova d’água. Aliás, vale lembrar que a Apple dotou o iPhone com proteção IP68 em 2016, mas deixou claro que danos provocados por água ou outros líquidos não são cobertos pela garantia.

 

A combinação de eletrônicos e água faz do celular molhado um pesadelo. Para piorar, quedas acidentais na piscina ou na privada são relativamente comuns, bem como a exposição a uma chuva tão inesperada quanto intensa. Nessas situações, cada segundo conta para salvar aparelhos com proteção IP65 ou inferior. 

 

O primeiro passo é desligar o aparelho — para evitar que um curto-circuito queime a placa principal —, tirar a capinha e qualquer acessório conectado, remover o chip (e o cartão de memória, se houver) e secar tudo o melhor possível com um pano macio que não solte fiapos. Limpe as aberturas — como o conector de fone de ouvido e a porta de carregamento — com um cotonete seco, mas evite chacoalhar o celular, pois isso pode espalhar a umidade para áreas internas mais sensíveis.

 

O truque do arroz até funciona, mas não tão bem quanto a sílica gel, que absorve a umidade com mais rapidez e segurança: coloque o aparelho e os sachês em um pote e mantenha-o fechado por 24 a 48 horas. Areia de gato e farinha de aveia também absorvem a umidade, mas, a exemplo do arroz, a poeira dos grãos e outras impurezas sólidas podem entrar no dispositivo, agravando ainda mais a situação. 

 

Secadores de cabelo, micro-ondas, fornos elétricos ou a gás devem ser evitados, já que o calor intenso pode deformar as peças plásticas e causar danos irreversíveis aos componentes internos. Para secar a parte interna de um celular cuja tampa não pode ser removida com facilidade, posicione-o diante de um ventilador, em um lugar arejado e abrigado do sol, e deixe secar naturalmente. Evite tentar religá-lo durante o período de secagem, pois a umidade remanescente pode causar curto-circuito.

 

Água do mar, refrigerante, sucos e outros líquidos podem acelerar a corrosão da placa-mãe. Nesse caso, recomenda-se mergulhar o celular em água limpa por um a três minutos, enxaguar e secar com um pano macio. Ao final da secagem, se o telefone não ligar ou apresentar problemas como tela piscando, manchas, som abafado etc., convém procurar ajuda especializada. Uma limpeza interna com produtos adequados evita a ocorrência de corrosão e oxidação, que podem resultar na perda temporária — ou mesmo permanente — de funcionalidades do aparelho.

 

Boa sorte.

terça-feira, 2 de setembro de 2025

SOBRE CHATBOTS DE IA

ARMAS NÃO MATAM PESSOAS. PESSOAS MATAM PESSOAS.

Nelson Rodrigues dizia que "toda unanimidade é burra", mas tudo que é demais enche, e a dicotomia não é exceção. A exemplo da polarização na política, opiniões antagônicas sobre IA pululam como baratas no esgoto — e quem mais fala é justamente quem menos deveria falar.

 

O termo "inteligência artificial" foi cunhado em 1956 por John McCarthy, que o usou pela primeira vez nos convites para um evento no Dartmouth College, sobre a capacidade das máquinas de realizar tarefas humanas. Já a IA propriamente dita tem como um de seus pais Alan Turing — tido também como pai da computação —, e hoje está presente nos mais diversos setores, embora ainda enfrente inúmeros desafios, da interpretabilidade e do viés algorítmico às questões éticas.


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


Começa hoje o julgamento mais emblemático dos últimos tempos, em que os cinco ministros que compõem a Primeira Turma do STF decidirão a sorte de Jair Bolsonaro e de sete comparsas do chamado "núcleo crítico do golpe". Na definição de Tocqueville, a história é uma galeria de quadros onde há poucos originais e muitas cópias. O golpe falhado de Bolsonaro foi uma tentativa canhestra de reviver o Brasil pós-64. O que será pendurado na historiografia nacional como um quadro original é o julgamento dos golpistas pelo Supremo Tribunal Federal.

A história da tentativa de golpe é, na verdade, o registro dos crimes e das loucuras que levaram um capitão destrambelhado e sua tropa de degenerados — as "minhas Forças Armadas" — a tramar a desgraça da democracia. Registra-se também a maneira qualificada como a democracia lida com gente que tão desqualificada-

Na Presidência e fora dela, os maiores excessos a que o “mito” foi submetido sempre foram os de moderação, mas a condescendência diminuiu na proporção direta da aproximação do julgamento — que pode lhe render mais de 40 anos de prisão. 

Enquanto a Justiça aperta o cerco em torno do réu mais famoso desde Lula, outro espetáculo se desenrola na conjuntura política desta banânia. Como nos circos de antigamente, em que palhaços entretinham o público enquanto os verdadeiros artistas se preparavam para o picadeiro, uma disputa eleitoreira conseguiu ofuscar o que deveria ser celebrado: o cerco histórico às finanças do PCC. 

A queda de braço entre Tarcísio de Freitas, os ministros Lewandowski e Haddad, e o chefe da PF, Andrei Passos, é tão constrangedora quanto previsível: "É a maior operação da história", proclamou Lewandowski. Atingiu "o andar de cima" do PCC, ecoou Haddad. Tarcísio, incomodado com o esforço federal para capitalizar os dividendos políticos, postou um vídeo eleitoreiro reivindicando o protagonismo da inteligência paulista, enquanto Passos envenenou a atmosfera sugerindo vazamentos de informações sigilosas e lamentando que apenas seis das 14 ordens de prisão foram cumpridas.

A disputa é ironicamente contradita por uma frase em que Haddad quase acerta: "Espero que nossa coordenação com os estados se intensifique. Que deixemos as disputas menores para combater o crime em uníssono, como política de Estado." 

Faltou definir "uníssono", pois o que se vê é uma algaravia eleitoreira que ameaça desperdiçar o excelente trabalho conjunto de servidores federais e estaduais dos dez estados envolvidos na megaoperação.

 

Novidades sempre geraram incertezas, e incertezas sempre geraram insegurança. No tempo das cavernas, tempestades, terremotos, eclipses e outros fenômenos naturais eram atribuídos a forças sobrenaturais. Isso levou ao misticismo e, deste, às religiões. Na Idade Média, a Igreja receava que a prensa de Gutemberg propiciasse a proliferação de ideias "heréticas e subversivas", ameaçando seu controle sobre a ordem social, política e religiosa.

 

No século XVIII, a Revolução Industrial deu azo ao "Ludismo", que se caracterizou pela destruição de teares mecanizados; no século passado, a energia atômica gerou preocupações quanto a seu potencial uso para fins destrutivos; e neste, a IA se tornou a bola da vez. Mas receio e preocupação são uma coisa; fobia e pavor (medos patológicos), outra bem diferente. E, parafraseando Martin Luther King, "nada no mundo é mais perigoso do que a ignorância"

 

Num primeiro momento, os teares mecanizados geraram desemprego, mas o aumento da produtividade criou novos empregos e melhorou a qualidade de vida da população. Assim, além de se adaptarem às novas tecnologias, as pessoas minimamente racionais não demoraram a percebem os benefícios que as novidades proporcionam. Por outro lado, não se pode esquecer o que Einstein disse sobre a estupidez humana.

 

Confundindo os estúdios de Hollywood com o Oráculo de Delfos e inspirando-se em filmes de ficção como 2001: Uma Odisseia no EspaçoExterminador do Futuro e Superinteligência, os palpiteiros de plantão veem na IA uma força hostil que fatalmente dominará a humanidade. Portanto, é imperativo desmistificar mitos e garantir ela seja desenvolvida de forma responsável, utilizada com bom senso pelas pessoas e regulamentadas com vistas a sua aplicação ética e responsável.

 

Chatbots como ChatGPT, Gemini, Copilot, Meta AI e afins podem reduzir o tempo gasto em tarefas repetitivas e demoradas, como transcrição de áudios, elaboração de resumos, busca de referências e formatação de textos. A transcrição de áudio está disponível somente para assinantes das versões pagas do GPT e do Gemini, mas é possível usar ferramentas gratuitas como o Google Pinpoint e o NotebookLM para obter a transcrição de arquivos, tanto no computador como no celular. 

 

Essas ferramentas podem ainda processar e resumir textos, buscar referências, apontar fontes, links, citações, autores, datas, e por aí afora, mas é importante ter em mente que, dependendo do assunto e do uso que será feito das informações, é fundamental checar as respostas, pois sempre existe a possibilidade de erros e "alucinações". A maioria das versões gratuitas oferece recursos para formatar textos, redigir emails, relatórios, roteiros e resumos, gerar gráficos e tabelas, organizar agendas, planejar rotinas, distribuir tarefas, planejar horários, dividir atividades em etapas e criar cronogramas diários, semanais ou mensais — seja de forma integrada a aplicativos de calendário, seja como suporte autônomo. 

 

Resumo da ópera: a IA é uma aliada, não uma concorrente. Longe de substituir talentos humanos, essas ferramentas ampliam possibilidades e aceleram processos, mas deixam o julgamento estético e ético para as pessoas de carne e osso. Nunca é demais lembrar que armas não matam pessoas; pessoas matam pessoas. O problema não está na ferramenta em si, mas no uso que se faz dela. 


No fim das contas, a IA não é mocinha nem vilã, apenas mais um reflexo de quem a cria e de quem a usa. O que nos deve preocupar não são as máquinas, mas as mentes que as desenvolvem e as mãos que as operam.

segunda-feira, 1 de setembro de 2025

WINDOWS SANDBOX — FINAL

QUEM DANÇA EM TODOS OS CASAMENTOS CHORA EM TODOS OS FUNERAIS. 

 

Por ser extremamente popular (72% de participação no mercado mundial), o Windows é mais suscetível a pragas e mais visado pelos cibercriminosos do que os concorrentes, mas conta com antimalware e firewall nativos tão eficientes quanto as melhores soluções de varejo.

Guardadas as devidas diferenças, o mesmo raciocínio se aplica ao Android (70%) e ao iOS (28%). No sistema do Google, o Play Protect checa automaticamente a segurança dos aplicativos no momento da instalação, mas pode ser convocado a qualquer momento, bastando acessar a Play Store, tocar em sua foto de perfil, selecionar a opção Play Protect e pressionar o botão Verificar. 


A Apple não oferece nada parecido para o iOS, e tampouco recomenda soluções de terceiros, mas dificulta a instalação de aplicativos fora da App Store e submete os programas criados por desenvolvedores parceiros a uma rigorosa revisão — que não é infalível, mas reduz os riscos de malware. 


Observação: Os softwares disponibilizados pela Google Play Store também são verificados, mas não com o mesmo rigor, e os usuários podem instalar APKs de fontes pouco confiáveis.


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


A Receita Federal revelou na quinta-feira 28 que uma organização criminosa ligada ao PCC movimentou R$ 52 bilhões em postos de combustíveis entre 2020 e 2024. A sofisticação do esquema chamou atenção dos investigadores, que identificaram o envolvimento de pelo menos 40 fundos de investimentos no maior centro financeiro do país, utilizando fintechs para inserir os valores no sistema financeiro formal.

Diante dos números bilionários, Fernando Haddad apresentou sua receita: "secar a fonte dos recursos para impedir que a atividade criminosa seja abastecida". A lógica é simples e, à primeira vista, irrefutável: “Se você prende uma pessoa, mas o dinheiro fica à disposição do crime, essa pessoa é substituída por outra. Estamos falando de operações que bloquearam mais de 100 imóveis, veículos e patrimônios que podem chegar aos bilhões. Assim você efetivamente estrangula o crime”, ensinou o ministro da Fazenda.

A proposta de intervenção estatal para "secar" recursos no sistema financeiro desperta ecos incômodos na memória econômica brasileira. Em 1985, José Sarney tentou uma fórmula mágica — o "canetaço" — para controlar a inflação galopante herdada dos desgovernos militares. Não funcionou. Fernando Collor foi ainda mais radical: congelou ativos financeiros, incluindo valores em contas-correntes e cadernetas de poupança, como forma de "enxugar a liquidez" e exterminar o "Dragão da Inflação". As consequências foram desastrosas: quebra de contratos, paralisia da economia e um trauma coletivo que marcou uma geração de brasileiros. Em outras palavras, a emenda ficou pior que o soneto.

O bloqueio de patrimônio criminoso é ferramenta jurídica estabelecida, respaldada pelo devido processo legal, e não se compara aos confiscos indiscriminados do passado, que atingiram poupadores honestos. Ainda assim, a história nos ensina cautela. Quando o Estado promete soluções simples para problemas complexos — sejam eles a inflação descontrolada ou o crime organizado —, convém lembrar que a linha entre a intervenção cirúrgica e o remédio que mata o paciente pode ser mais tênue do que imaginamos.

 

Tecnicamente, a distribuição de aplicativos para o iPhone fica restrita à App Store, mas a possibilidade de baixá-los dos sites dos respectivos desenvolvedores e de lojas alternativas (marketplaces) existe na União Européia desde a versão 17.5. Como os apps rodam em sandboxes, "tudo que acontece numa sandbox fica na sandbox", mas somente uma boa suíte de segurança — ainda que com acesso limitado ao sistema — protege o usuário de ataques de rede, links de phishing, softwares com acesso não autorizado a dados, sites falsos, spyware e ameaças que exploram vulnerabilidades em browsers e aplicações web. 


Falando em sandbox, a Microsoft finalmente integrou ao Windows um ambiente virtual onde é possível executar aplicativos ou arquivos suspeitos sem pôr em risco o sistema como um todo. Quando essa sandbox é fechada, tudo que foi feito lá desaparece como se nunca tivesse existido: arquivos, alterações no sistema, programas instalados, nada é salvo ou mantido após o encerramento. Se um arquivo tentar instalar um vírus, por exemplo, esse vírus ficará restrito ao ambiente virtual, e desaparecerá junto com ele sem deixar rastros. É como se houvesse um computador separado dentro do próprio PC, pronto para ser usado e descartado sem consequências. 


Windows Sandbox requer Windows 10 Pro, Enterprise ou Windows 11 com pelo menos 4 GB de RAM — a quantidade recomendável é 8 GB ou mais — e suporte à virtualização ativado no BIOS ou na UEFI, conforme o caso (saiba mais sobre virtualização nesta postagem). Para habilitar o recurso, vá ao Painel de Controle > Programas > Ativar ou desativar recursos do Windows, marque a opção Windows Sandbox, reinicie o computador (note que a sandbox só aparece na lista de recursos do Windows em computadores que atendem aos aos requisitos retrocitados). 


Para usar a ferramenta, basta clicar no ícone do Windows Sandbox, no menu Iniciar, copiar o arquivo do sistema principal, colar dentro da janela da sandbox e executá-lo normalmente, como se estivesse em outro computador. Isso inclui instaladores, aplicativos portáteis, arquivos compactados com programas internos e até documentos que pareçam estranhos. Mas é importante não transferir arquivos de dentro da sandbox de volta para o seu PC real sem ter certeza de que eles estão limpos.

 

A despeito das semelhanças com uma máquina virtual tradicional, o Windows Sandbox é mais simples e rápido, pois não exige configuração prévia, instalação de sistema ou alocação de recursos, além de ocupar menos espaço na memória. É só abrir e usar, lembrando que, embora seja uma forma prática de evitar problemas, especialmente com ameaças como ransomware, trojans e spywares, ele não substitui antivírus e firewall, nem tampouco dispensa cuidados com emails suspeitos e downloads desconhecidos. 


Divirta-se.

domingo, 31 de agosto de 2025

BIFE À MILANESA SEM FORNO NEM GLÚTEN

DITA POR UM SUJEITO DE PALETÓ, A MENTIRA PASSA A SE CHAMAR "MÁ INFORMAÇÃO".

Sempre tem gente brigando com a balança, gente intolerante ao glúten e gente intolerante ao glúten brigando com a balança. A receita de hoje é sopa no mel para essa gente.


Sem a fritura por imersão, o bife à milanesa fica menos calórico; sem a farinha de trigo, fica livre do glúten, que mesmo em pequenas quantidades pode causar reações adversas em pessoas com doença celíaca ou alergia ao trigo e seus derivados. 


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


O Brasil teve pelo menos dez planos de segurança pública nas últimas duas décadas. Os resultados foram pífios para o Estado, mas exuberantes para o crime. A megaoperação deflagrada nesta quinta-feira contra o PCC mostra o quanto a esculhambação estatal contribuiu para a organização da criminalidade. 

Estima-se que foram movimentados mais de R$ 30 bilhões de origem criminosa. O PCC controla postos de abastecimento, transaciona imóveis e aplica em fundos de investimento de fintechs próprias. O tráfico de drogas vai virando um ramo secundário do empreendimento. 

Alheias ao tiroteio da campanha eleitoral fora de época, PF e policiais estaduais, Receita Federal, Secretaria de Fazenda de São Paulo, Ministério Público federal e estadual juntaram-se harmoniosamente na força-tarefa anti-PCC. Ficou entendido que, se os governantes trocarem a artilharia pela colaboração republicana, talvez passem a desfrutar de aparatos tão organizados quanto o crime. 

Valorizando o que tem de bom, o Estado terá um caminho árduo, mas chegará a algum lugar. Apostando em planos cenográficos, rodopiarão a esmo.

 

Para servir dois comensais, você vai precisar de:

 

— 400 g de filé mignon ou alcatra fatiados em bifes (2 unidades por pessoa);


— 1/2 de xícara (chá) de farinha de mandioca branca, crua e fina; 


— 1/2 xícara (chá) de farinha de mandioca comum;


— 1 ovo;


— 1 pitada de colorau;


— Sal e pimenta-do-reino a gosto;


— Óleo (de canola ou girassol). 

 

Enquanto espera o forno aquecer a 220ºC, coloque os bifes sobre uma tábua de carne, cubra com filme plástico e bata até deixá-los finos (a espessura deve ser uniforme). Tempere com o sal e a pimenta e reserve.

 

Coloque a farinha de mandioca branca (crua e fina) em uma tigela, quebre o ovo em outra, adicione um pouco de água filtrada, uma pitada de sal, outra de pimenta, e bata até misturar bem. Em outra tigela, misture a farinha de mandioca comum com o colorau.

 

Passe os bifes primeiro na farinha de mandioca branca, depois no ovo batido e finalmente na farinha de mandioca comum misturada com o colorau — apertando bem para que a farinha adira perfeitamente — acomode-os numa assadeira untada, grande o suficiente para evitar sobreposições (use duas assadeiras se necessário).

 

Pingue o óleo sobre cada bife (em zigue-zague e em movimentos rápidos), leve ao forno e deixe assar por  25 minutos. Findo esse tempo, vire os bifes, gire a assadeira e deixe assar por mais 15 minutos (ou até eles ficarem bem dourados).

 

Seque com papel absorvente e sirva com fritas, salada verde, arroz ou outro acompanhamento, a seu critério (lembrando que rodelas ou gomos de limão não podem faltar).

 

Bom apetite e até o mês que vem.

sábado, 30 de agosto de 2025

O ÚLTIMO REFÚGIO DOS CANALHAS

BRONCOS, MAS CAPAZES DE DIVIDIR O POVO AINDA MAIS BRONCO EM FACÇÕES EXTREMISTAS FANÁTICAS

Se o patriotismo é “o último refúgio dos canalhas”, como diz o escritor inglês Samuel Johnson (1709-1784), então esse refúgio está lotado no Brasil, onde lulopetistas e bolsonaristas se esmeram em transformar esse sentimento de pertencimento a uma comunidade nacional em arma política para fins eleitorais.

Dias atrás, Lula e seus ministros participaram de uma reunião usando bonés azuis onde se lia “O Brasil é dos brasileiros”, um constrangedor contraponto governista aos bonés vermelhos Make America Great Again  — o movimento político nacionalista liderado por um lunático chamando Donald Trump. Ainda estamos a mais de um ano da eleição presidencial, mas já é possível antever que essa patacoada será o grande mote do lulopetismo na campanha.

 

O patriotismo fajuto que o xamã petista abraçou não tem qualquer relação com os reais interesses e necessidades da Pátria. Ao presidente e seus marqueteiros só interessa explorar eleitoralmente o elo afetivo dos brasileiros entre si e deles com o lugar em que nasceram ou escolheram viver, no momento em que o Brasil é agredido pelos EUA de Trump. 


No limite, Lula quer se confundir com a própria ideia de pátria, e não à toa, na reunião ministerial, a título de reafirmar sua disposição para defender o Brasil contra os EUA, leu um discurso de Getúlio Vargas, o autocrata que quis inventar uma identidade brasileira moldada conforme seus propósitos autoritários. 

 

Nesse discurso, Vargas denunciava “forças internacionais” que se uniram aos “eternos inimigos do povo humilde”, que “procurarão, atingindo minha pessoa e o meu governo, evitar a libertação nacional e prejudicar a organização do nosso povo”.

 

Como se percebe, Lula se vê como Vargas, isto é, como a própria personificação do Brasil e de seu povo — donde se conclui que qualquer ataque a ele equivale a crime de lesa-pátria cometido por traidores do Brasil. Não é à toa que o slogan do governo, apresentado na reunião, passará a ser “Do lado do povo brasileiro”, que substituirá o “União e reconstrução”. Em vez de união, o lulopetismo agora quer que se escolha um lado — o do “povo brasileiro”, obviamente encarnado em Lula.

 

Enquanto isso, “patriotas” bolsonaristas, que há anos prejudicam o País, esmeram-se em criar uma crise nacional sem precedentes a título de livrar da cadeia o “mito” que, a exemplo de Lula, também se considera a própria encarnação do Brasil. Nesse contexto, mobilizar uma força estrangeira para pressionar magistrados tidos como inimigos do ex-presidente seria, na verdade, um gesto para salvar o País e a democracia brasileira. 

 

O brado retumbante de Jair Bolsonaro — “Brasil acima de tudo” — é tão verdadeiro quanto uma nota de três dólares. Dono de um próspero empreendimento familiar, dedicado a fazer dinheiro com rachadinhas e afins sob a proteção de mandatos políticos, o ex-presidente golpista nunca se importou com partidos, com o decoro parlamentar, com a Constituição ou com o Brasil. Seu propósito sempre foi e continua a ser a exploração do ressentimento de eleitores insatisfeitos com a política para acumular patrimônio pessoal. 


Bolsonaro, que jamais respeitou a farda que um dia vestiu e que foi capaz de conspurcar seguidamente o 7 de Setembro, invoca o patriotismo não no sentido de inspirar união e orgulho, e sim com o objetivo de semear o antagonismo, do qual extrai votos e poder. Nessa guerra entre patriotas de fancaria, perdemos todos. 


De um lado, temos um entreguista que, com a expectativa de safar-se da cadeia, pôs-se a serviço de um governante estrangeiro que humilha o Brasil como quem dá um peteleco numa mosca. De outro, temos um contumaz oportunista, convencido de ter encontrado a fórmula para ganhar mais um mandato presidencial sem a necessidade de apresentar programas de governo e soluções efetivas para os reais problemas brasileiros. 


No meio dos dois ficam os brasileiros (fodidos e mal pagos) que amam seu país e só querem um governo decente.


Com Estadão