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segunda-feira, 22 de julho de 2024

BUG DO MILÊNIO EM EDIÇÃO REVISTA E ATUALIZADA

VIVA CADA DIA COMO SE FOSSE O ÚLTIMO; UMA HORA VOCÊ ACERTA.


Em meados da década de 1950, quando os primeiros mainframes foram criados, o hardware custava caríssimo e cada byte contava. Os programadores precisavam espremer seus códigos no menor espaço possível, e escrever o ano com dois dígitos em vez de quatro proporcionava uma economia colossal. 

A possiblidade de as máquinas enlouquecerem quando os relógios saltassem de 23h59 em 31/12/99 para 00h00 de 01/01/00 foi relativizada, já que os programas de então estariam mortos e sepultados no ano 2000. No entanto, era preciso manter a compatibilidade dos novos softwares com os antigos, e o jeito foi continuar registrando o ano com dois dígitos. Conforme a "virada" se aproximava, a expectativa de que o "00" fosse interpretado como uma volta a janeiro de 1900 aumentava. Centenas de bilhões de dólares foram gastos com medidas preventivas. Na França, o Crédit Agricole gastou quase € 140 milhões e a France Telecom, € 160 milhões. A empresa de trens francesa SNCF parou seus trens entre 23h55 e 00h15. Mas acabou que o temido bug do milênio foi muito peido e pouca bosta. 

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Cresce a pressão no Partido Democrata para que Biden desista de concorrer à reeleição. Depois de dizer que só retiraria sua candidatura se sua saúde o exigisse, o macróbio foi diagnosticado com Covid e cancelou um comício que faria em Las Vegas. Trump, por sua vez, renovou o entusiasmo num discurso de mais de uma hora em Milwaukee. Começou emotivo, pregando união e prometendo "um amanhã rico e maravilhoso” para cidadãos de todas as raças, religiões, cores e credos", mas o tom ameno foi abandonado. Quando parou de ler o teleprompter, o peruquento voltou a atacar democratas e a chamar imigrantes de criminosos, a falar em fraude eleitoral, referir-se à Covid como "vírus chinês", a mentir sobre dados da inflação e a desenhar um país à beira do apocalipse. Repetiu o mote "drill, baby, drill" — espécie de grito de guerra pró-exploração de petróleo e gás — e afirmou não ser "inimigo da democracia", mas seu "salvador". Como se costuma dizer, o lobo perde o pelo, mas não abandona o vício. Entrementes, aliados da vice-presidente Kamala Harris vêm se movimentando nos bastidores para garantir que ela seja a escolhida como líder da chapa caso Biden se afaste. A ver o que vai dar.

Não se sabe se o dinheiro investido ajudou a evitar o desastre, já que as falhas foram igualmente pontuais na Itália, na Coreia do Sul e em outros países que não investiram em prevenção. No Brasil, o governo federal montou uma "sala de situação" do setor elétrico. O governador de São Paulo criou um site para acompanhar os efeitos da "catástrofe" no Estado e o prefeito da capital, antevendo a possibilidade de panes em semáforos causarem congestionamentos monstruosos, colocou 2.700 funcionários da CET de prontidão. Mas os relógios deram meia-noite e nada de incomum aconteceu. Não no réveillon de 2000, pelo menos.
 
Na última sexta-feira (19), um "apagão cibernético" levou ao cancelamento de milhares de voos, causou problemas de comunicação em várias partes do mundo e paralisou sistemas bancários e serviços de emergência. Os impactos foram mais sentidos nos EUA, na Austrália e em alguns países europeus, mas aplicativos do Bradesco, Pan, Neon e Next e fintechs amanheceram com problemas também no Brasil. Nas redes sociais, memes com os dizeres"o bug do milênio chegou 24 anos atrasado" e que "deveria ser rebatizado de Bug Rubens Barrichello" começaram a pipocar já no início da manhã.
 
Pivôs do imbróglio, Microsoft e CrowdStrike se apressaram a identificar e corrigir o "problema subjacente", mas reconheceram que intermitências pontuais poderiam persistir por horas ou dias a fio, já que a natureza do problema exigia a reinicialização manual dos sistemas afetados. 
Em entrevista à imprensa, o CEO da CrowdStrike — empresa de segurança cibernética reconhecida mundialmente por seu sistema de detecção e resposta a ameaças — reconheceu que um bug numa atualização do Falcon Sensor foi o responsável pelas falhas do Azure da Microsoft e pediu desculpas pelo transtorno (nem o Linux nem MacOS apresentaram instabilidades).  
 
Mais de 29 mil clientes CrowdStrike utilizam o Falcon, incluindo empresas dos setores de varejo, saúde, serviços financeiros. A ferramenta inspeciona tudo que acontece nas máquinas para prevenir e neutralizar ataques, mas a falha na atualização de sexta-feira foi fatal para o Windows 
— que, ironicamente, é useiro e vezeiro em brindar os usuários com atualizações problemáticas

Menos de 1% dos computadores corporativos com o sistema da Microsoft foram afetados pela falha (pior seria o problema tivesse sido causado um ataque hacker, já que isso abalaria seriamente a credibilidade do Falcon, que serve justamente detectar e prevenir ataques cibernéticos). Como os criminosos se valem de casos de grande repercussão para disparar mensagens com instruções enganosas e ludibriar suas vítimas, recomenda-se aos usuários domésticos do Windows redobrar os cuidados com mensagens que usem a CrowdStrike como gancho. 

ObservaçãoUma reedição revista e atualizada do "bug do milênio" deve ocorrer às 3h1min7 de 19 de janeiro de 2038, quando os processadores de 32 bits, que contam o tempo desde 1970, chegarão ao limite de segundos e pararão de funcionar, continuarão funcionando com a data errada ou iniciarão uma contagem regressiva de  2.147.483.647 até zero. Atualmente, a maioria dos chips é de 64 bits, mas alguns sistemas usados na operação de servidores ainda são baseados na arquitetura de 32 bits. Enfim, quem viver verá.

Barbas de molho, pessoal.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

BUG DO MILÊNIO — A HISTÓRIA SE REPETE


NINGUÉM É VELHO DEMAIS PARA APRENDER NEM NOVO DEMAIS PARA ENSINAR.

Há exatos 20 anos, o mundo roía as unhas na expectativa da "virada do milênio", que supostamente enlouqueceria todos os computadores quando os relógios saltassem as 23h59 para 00h00 e os calendários, de 31/12/99 para 01/01/00, data que as máquinas interpretariam como 1º de janeiro de 1900.

Todo computador dispõe de um relógio interno e depende dele executar corretamente um sem-número de tarefas — como verificar se sua conta de telefone venceu, por exemplo, ou se está na hora de ligar a iluminação pública. Devido ao assim chamado "bug do milênio", os servidores das empresas de telefonia poderiam entender que os clientes estariam devendo 100 anos de serviço, o que provavelmente resultaria na suspensão da linha e na cobrança de multas e juros que eles não conseguiriam pagar nem que vivessem outros 100 anos. No caso das luzes, a cidade poderia ficar às escuras se o programa interpretasse que o dia seguinte ainda não havia chegado — e jamais chegaria, a menos que alguém lhe explicasse que 00 é maior que 99.

Lá pelos idos de 1950, quando os primeiros computadores foram criados, a quantidade de dados que os monstruosos mainframes eram capazes de adicionar caberia num prosaico disquete de 1,44 MB (tipo de mídia que só seria criada décadas depois), e escrever o ano com dois dígitos em vez de quatro representava uma economia colossal. Além disso, achava-se que até o ano 2000 os programas de então teriam sido aposentados, o que, de fato, aconteceu, mas pouca gente se deu conta de que os novos continuaram a registrar o ano com dois dígitos para manter compatibilidade com os antigos.

Noves fora algumas intercorrências pontuais, o bug do milênio foi muito peido e pouca bosta. Houve falhas em terminais de ônibus na Austrália, em equipamentos de medição de radiação no Japão e em alguns testes médicos na Inglaterra. Alguns sites da Web mostraram a data 1/1/19100. Mas isso não evitou que o pânico se espalhasse mundo afora nem que fossem gastos cerca de US$ 300 bilhões em medidas preventivas.

Em Brasília, montou-se uma “sala de situação” do setor elétrico para eventuais distúrbios no fornecimento de energia; o governo paulista criou um site para acompanhar os efeitos da “catástrofe” (havia preocupação em áreas-chave, como saúde, segurança pública, transportes, recursos hídricos e administração penitenciária) e a prefeitura da capital colocou 2700 funcionários da CET em standby no Réveillon, diante da possibilidade de panes em semáforos ou congestionamentos anormais. Quando os relógios deram meia-noite e nada de incomum aconteceu, os servidores foram desmobilizados e puderam curtir a virada do século, ainda que com algum atraso.

Como não há mal que sempre dure nem bem que nunca termine, em 2038 os processadores de 32-bit perderão a capacidade de contar o tempo. O busílis da questão (como eu havia adiantado nesta postagem de 2017) é a limitação da arquitetura de 32-bit, que atingirá seu ápice às 3h14min7 de 19 de janeiro de 2038. Mais ou menos da mesma forma que se previa que acontecesse na virada do século, as máquinas não conseguirão diferenciar 2038 e 1970, o primeiro ano no qual todos os sistemas atuais passaram a medir o tempo.

Continua na postagem de amanhã.

quarta-feira, 12 de abril de 2017

VOCÊ SE LEMBRA DO BUG DO MILÊNIO? POIS EXISTE OUTRO A CAMINHO!

VIVA CADA DIA COMO SE FOSSE O ÚLTIMO. UMA HORA VOCÊ ACERTA…

Conforme o ano 2000 se aproximava e os réquiens dos arautos do apocalipse subiam de tom, fanáticos e teóricos da conspiração enchiam os bolsos, aproveitando-se dos desinformados que realmente acreditavam que a humanidade não veria o alvorecer do novo século ― ou milênio, conforme a versão, embora tanto um como o outro só começariam um ano depois, em 1º de janeiro de 2001.

Mas o mundo não acabou em 2000, nem em 2001, nem em 2012 (a despeito do apregoaram os adeptos da “Profecia Maia” durante todo aquele ano). O Brasil é que quase foi para o buraco neste começo de século ― graças a certo nordestino pobre e analfabeto, que conquistou a presidência, institucionalizou a corrupção e se fez suceder por uma rematada incompetente, mas isso também é outra história.

Passando ao mote desta postagem, os “veteranos” da computação pessoal devem estar lembrados do proverbial Bug do Milênio, que, à zero hora de 1º de janeiro de 2000, destamparia a versão digital da mitológica Caixa de Pandora. Para melhor entender essa história, é preciso ter em mente que, à luz das soluções de hardware atuais, os computadores daquela época eram “movidos a manivela” e os programas que eles rodavam, compatíveis com seus padrões. 

Apenas para que os leitores mais novos tenham uma ideia, o PC que eu usava na virada do século era um “poderoso” 80286 de 40 MHz com 2 MB de RAM e 40 de HD). Como os componentes de hardware eram caríssimos ― 1KB de memória custava cerca de US$ 100 ―, os programadores se viam obrigados a espremer seus códigos no menor espaço possível. Cada byte contava, e se armazenar datas no formato DD/MM/AA  2 bytes, não havia porque registrar o ano com 4 algarismos ― o ganho pode parecer pífio, mas num banco de dados de 1.000.000 de pessoas, por exemplo, a diferença é considerável). A questão é que, com a virada de 1999 para 2000, os sistemas associariam 00 a 1900.

O problema era conhecido desde meados da década de 50, mas foi solenemente ignorado até 1985, quando o livro Computers in Crisis, de Jerome e Marilyn Murray, alertou a todos do que estava por vir. Em 1996, com a reedição do livro, a merda bateu no ventilador: ainda que os sistemas mais modernos já fossem escritos de modo a não ser afetados pelo “bug”, a maioria das empresas, por economia ou comodidade, não se havia adaptado à nova realidade. Assim, temia-se que a passagem do ano estabelecesse o caos absoluto no mercado financeiro ― onde valores positivos se tornariam negativos e boletos seriam emitidos com um século de atraso, por exemplo ― na navegação aérea, nas usinas nucleares, nos sistemas de transmissão de energia e fornecimento de água, enfim, em toda sorte de atividades controladas por sistemas computacionais. 

A perspectiva aziaga levou falsos profetas e fanáticos religiosos a ganhar fortunas com a venda de kits de sobrevivência e forçou governos a montar comitês especiais de contingência e grupos internacionais de cooperação ― como o que foi criado pelo Banco mundial. Mas as consequências ficaram bem aquém das expectativas; além de alguns problemas pontuais ― como máquinas de cartão de crédito que pararam de processar pedidos, um reator nuclear japonês que teve o monitoramento de radiação comprometido e máquinas de tickets de ônibus que pararam de validar as transações na Austrália, por exemplo ―, nada muito mais preocupante foi observado.

Resumo da opera: Para alguns, o Bug do Milênio foi uma ameaça real; para outros, não passou de mera tempestade em copo d’água, até porque países como Itália e Coreia do Sul, que, ao contrário de dos EUA, não investiram quase nada em prevenção de danos, não registraram maiores problemas. Aliás, o serviço de apoio americano a pequenos comércios esperava receber milhares de pedidos de ajuda, mas contabilizou apenas 40 telefonemas na primeira semana de 2000, e nenhum deles relatou qualquer problema crítico.

Mas não há nada como o tempo para passar, e um novo bug ameaça os computadores com uma volta no tempo para 13 de dezembro de 1901, a ocorrer pontualmente às 03h14min08s de 19 de janeiro de 2038. Mas isso é assunto para uma próxima postagem.

Com Oficina da Net.

DE LISTA DE JANOT À LISTA DE FACHIN - E LULA LÁ

Era uma terça-feira como qualquer outra. Ou pelo menos era o que parecia até o final da tarde, quando se veio a saber que “Lista de Janot”, promovida a “Lista de Fachin”, elencava 9 ministros de Temer, 29 senadores, 42 deputados federais (entre eles, os presidentes da Câmara e do Senado), três governadores e um ministro do TCU, além de 29 outros políticos e autoridades que, a partir de agora, são oficialmente investigados pelo STF. E uma segunda lista, enviada a outros tribunais, exibe orgulhosamente os nomes dos ex-presidentes Lula, Dilma e FHC (o impichado Fernando Collor também é investigado, mas no STF, pois, embora se inclua na seleta confraria de ex-presidentes da Banânia, ele é senador por Alagoas e, portanto, tem direito a foro privilegiado).

Volto ao assunto quanto tiver acesso aos desdobramentos, até porque a “nova lista” apenas “oficializou o que já se sabia extraoficialmente”. Resta aguardar a suspensão do sigilo para, aí sim, saber quem é quem no Piauí e que parte da caca toca a cada um dos investigados ― que insistem em se esconder atrás de meias verdades, tipo "ser investigado não quer dizer que se é culpado" e juram de mãos postas e pés juntos que são inocentes, que todas as doações que receberam foram legais, que suas contas foram aprovadas pela Justiça Eleitoral e toda essa merda ― quase tão enojante quanto a história do “golpe”, que anta vermelha às vezes reconta num projeto de portunhol risível, noutras, num arremedo de francês de galinheiro de dar dó. Pior que isso, só mesmo ouvir o chefe da gangue se comparar a Cristo, dizer-se a alma viva mais honesta da galáxia e, fazendo qualquer coisa de palanque ― de caixote de fruta ao esquife da finada esposa ― berrar aos quatro ventos que ele e só ele é a salvação para o Brasil, embora esteja mais sujo que pau de galinheiro e não passe de um monte de lixo que há muito deveria ter sido enterrado em algum aterro sanitário.

A propósito: O molusco é citado por Edson Fachin em onze pedidos de inquérito. Onze! O primeiro e mais importante, relatado por 6 delatores, trata dos pagamentos de propina à ORCRIM comandada por ele ― Marcelo Odebrecht fala sobre Lula e seus gerentes, Antonio Palocci e Guido Mantega, em 15 termos de depoimento. O segundo trata dos pagamentos de propina por meio de palestras fraudulentas, da reforma do sítio em Atibaia e da compra do prédio do Instituto Lula. O terceiro trata dos 4 milhões de reais repassados ao Instituto Lula pelo departamento de propinas da Odebrecht. O quarto é aquele que envolve os pagamentos de propina para seu irmão, Frei Chico. O quinto trata de seu trabalho como lobista da Odebrecht junto a Dilma Rousseff ― no caso, ele tentou beneficiar a empreiteira na hidrelétrica de Jirau, mas fracassou porque a anta já havia favorecido uma concorrente. O sexto trata do pagamento de propina para a campanha de Fernando Haddad, em 2008 ― e não é um caso de caixa 2; a empreiteira repassou dinheiro a João Santana em troca de "medidas legislativas favoráveis aos interesses da companhia". O sétimo apura o assalto à Sete Brasil ― de acordo com Marcelo Odebrecht, Lula decidiu ratear a propina de 1% sobre o valor dos contratos entre os funcionários da estatal e o PT. O oitavo revela sua tentativa de obstruir a Lava-Jato aprovando a MP 703. O nono é uma beleza: os 3 milhões de reais pagos pelo departamento de propinas da Odebrecht à Carta Capital. O décimo trata do dinheiro que o departamento de propinas da Odebrecht repassou para seu filho caçula. Por último, mas não menos importante, o décimo-primeiro investiga se o molusco eneadáctilo traficou influência para favorecer a Odebrecht em Angola.

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quinta-feira, 13 de abril de 2017

SOBRE O PRÓXIMO "BUG DO MILÊNIO"

NUNCA DESISTA DO SEU SONHO. SE ACABOU NUMA PADARIA, PROCURE EM OUTRA!

Em sua edição “original”, o Bug do Milênio decorreu do formato da data (DD/MM/AA) que os programadores vinham usando desde sempre, embora o latido tenha sido bem pior do que a mordida (detalhes nesta postagem). Já na edição revista e atualizada, prevista para janeiro de 2038, o problema é outro (aliás, a questão da data poderá trazer novos aborrecimentos na virada do ano de 9999 para 10000, mas não faz sentido nos preocuparmos com isso, pois nenhum de nós estará por aqui na data aprazada.

Voltando a 2038 ― se é que “voltar” se aplica ao caso em tela ―, o tal “bug” se deve à maneira como os processadores dos computadores contam o tempo. Para entender isso melhor, primeiro é recomendável relembrar alguns conceitos sobre a base binária ― que você pode conferir nesta postagem ―, até porque, sabendo o que são bits, bytes e seus múltiplos, fica mais fácil compreender o que será visto a seguir.

No alvorecer da computação pessoal, os processadores eram de 16-bit ― grandeza que remete ao tamanho de seus registradores. Colocando a coisa de forma bem simples, o “registro” do chip é o “local onde ele armazena os ‘endereços’ dos dados que precisa acessar para processar os dados”. Na arquitetura de 16-bit, a capacidade dos chips é limitada a 65.539 “endereços diferentes”, ao passo que na de 32-bit, que se tornou padrão no final do século passado, essa capacidade aumentou para respeitáveis 232, que corresponde a 4.294.967.295 “endereços”. Uma evolução e tanto, mas insuficiente: metade desses “endereços” é usada pelo chip na contagem do tempo ― que teve início em 1º de janeiro de 1970 ―, e 2.147.483.647 segundos nos levam até 1º de janeiro de 2038 (mais exatamente às 03h14min08s desse dia).

Não se sabe exatamente como os sistemas computacionais irão se comportar quando atingirem esse limite; é possível que alguns continuar a funcionar com a data incorreta (se a contagem for zerada e reiniciada), mas os que dependem da data precisa para executar suas tarefas certamente entrarão em colapso. Aliás, essa limitação da arquitetura de 32-bit é responsável também pelo fato de esses processadores não “enxergarem” mais de 4 GB de RAM, inobstante a capacidade dos pentes instalados ― atualmente, computadores de configuração mediana integram 8 GB ou mais de memória física, mas essa “fartura” só faz diferença caso eles disponham de chips de 64-bit, capazes de gerenciar nada menos que 264 endereços, que correspondem, na base decimal, a mais de 18 quintilhões (ou 18.446.744.073.709.551.616, para ser exato). Em tese, essa arquitetura permite gerenciar mais de 17 bilhões de gigabytes de RAM, embora a maioria dos PCs de grife que a gente encontra no mercado raramente suportam mais que 64 GB.

Há tempos que os processadores, sistemas operacionais e uma quantidade significativa de aplicativos são “de 64-bit”. O Windows é disponibilizado em versões de 64-bit desde 2005, e o Mac OS X, desde 2011, mas diversos sistemas usados na operação de servidores (como o Unix) ainda são baseados na anacrônica arquitetura de 32-bit ― espera-se que eles sejam modernizados nos próximos 21 anos, até porque é bem provável que, nesse entretempo, chips de 32-bit se tornem peças de museu.

MONTESQUIEU NÃO CHEGOU AO BRASIL ― Por Marco Antonio Villa.

Nunca na história recente da democracia brasileira o desequilíbrio os Poderes esteve tão evidente. Juízes, desembargadores e ministros ocupam o primeiro plano da cena política. São os atores principais. Abandonaram os autos dos processos. Ocupam os microfones com naturalidade. Discursam como  políticos. Invadem competências de outros poderes, especialmente do Legislativo. No caso do Supremo Tribunal Federal, a situação é ainda mais grave. Aproveitando-se da inércia do Congresso Nacional, o STF legisla como se tivesse poder legal para tal, interpreta a Carta Magna de forma ampliada, chegando até a preencher supostas lacunas constitucionais. Assumiu informalmente poderes constituintes e sem precisar de nenhum voto popular. Simplesmente ocupou o espaço vazio.

O projeto criminoso de poder petista ao longo de 13 anos destruiu a institucionalidade produzida pela Constituição de 1988. Cabe registrar que até então não tínhamos um pleno funcionamento das instituições. Contudo, havia um relativo equilíbrio entre os poderes e um respeito aos limites de cada um. Mas este processo acabou sendo interrompido pelo PT.

O petrolão foi apenas uma das faces deste projeto que apresou a estrutura de Estado. E que lá permanece. Depois de quase um ano da autorização para a abertura do processo do impeachment, pouco ou nada foi feito para despetizar a máquina governamental. Pedro Parente, quando assumiu a presidência da Petrobras, afirmou que havia uma quadrilha na empresa. Porém, o tempo passou e nada foi apresentado. O que sabemos sobre a ação do PT e de partidos asseclas na empresa deveu-se à ação da Justiça. Foram efetuadas investigações internas? Funcionários foram punidos? Os esquemas de corrupção foram eliminados? A empresa buscou ressarcimento do assalto que sofreu? Como explicar que bilhões foram desviados da Petrobras e seus gestores não foram sequer processados?

Se a nova direção da Petrobras foi omissa, o mesmo se aplica a um dos pilares do projeto criminoso de poder petista, o BNDES. Foi um assalto. Empréstimos danosos ao interesse público foram concedidos sem qualquer critério técnico. Bilhões foram saqueados e entregues a grupos empresariais sócios do PT. Porém, até o momento, Maria Silvia Bastos Marques não veio a público expor, ainda que sucintamente, a situação que encontrou ao assumir a presidência do banco. E os empréstimos a Cuba? E às republicas bolivarianas? E para as ditaduras da África negra?

Não é possível entender o silêncio das presidências da Petrobras e do BNDES. Por que não divulgam a herança maldita que receberam? Desinteresse? Medo? Não é politicamente conveniente? Por que os brasileiros só tomaram — e continuam tomando — conhecimento das mazelas da Petrobras e do BNDES através dos inquéritos e processos judiciais? Por que os presidentes, ex-diretores e demais responsáveis não foram processados pelos novos gestores?

Se o Executivo continua refém da velha ordem, o mesmo se aplica ao Legislativo. O Congresso Nacional se acostumou ao método petista de governar. Boa parte dos parlamentares foram sócios da corrupção. Receberam milhões de reais indiretamente do Estado. Venderam emendas constitucionais, medidas provisórias, leis e até relatórios conclusivos de comissões parlamentares de inquéritos. Tudo foi mercantilizado. E os congressistas participantes do bacanal da propina lá continuam. Desta forma, diversamente de outros momentos da nossa história (1961, 1964 e 1984-85), o Congresso não tem voz própria na maior crise que vivemos. Quais deputados e senadores poderão se transformar em atores à procura de uma solução política? Quem tem respeitabilidade? Quem fala em nome da nação?

Tanto no Executivo como no Legislativo a velha ordem se mantém com apenas pequenas alterações. Colaboradores ativos do petismo, sócios entusiasmados do maior saque estatal da nossa história, ocupam importantes postos nos dois poderes. Há casos, como o de Leonardo Picciani, que seriam incompreensíveis a algum analista estrangeiro que não conhecesse a hipocrisia da política brasileira. O deputado votou contra a abertura do processo do impeachment e, mesmo assim, foi premiado com o cargo de ministro do novo governo. Boa parte da base parlamentar que sustentou os governos criminosos do PT agora apoia Michel Temer, sem, em momento algum, ter efetuado alguma autocrítica.

É justamente devido às contradições dos outros dois poderes que o Judiciário acabou invadindo o espaço que constitucionalmente não é o seu. Isto não significa que opere sem divergências. Pelo contrário. Basta recordar os constantes atritos entre os responsáveis pela Lava-Jato e alguns ministros do STF, o que também não é recomendável.

O que é inquestionável é o desequilíbrio entre os poderes. Mais ainda, a supremacia do Judiciário. É um desserviço ao Estado democrático de Direito o enorme poder dos juízes, também porque, mas não apenas por isso, sequer receberam um voto popular. E continuam incólumes ao controle democrático. O que diria o Barão de Montesquieu de tudo isso?

Marco Antonio Villa é historiador

Bom feriadão a todos.

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segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

O FIM DOS TEMPOS SEGUNDO SEI LÁ QUEM (PARTE 3)

INCÊNDIOS CAPAZES DE QUEIMAR MILHÕES DE HECTARES COMEÇAM COM UMA SIMPLES FAGULHA.
Depois de criar o céu, a Terra, o dia, a noite, e de dar nome aos bichos, às plantas e às coisas, Deus definiu as perplexidades e as situações inusitadas criando... Fernando Collor.
Com uma pena de oito anos e dez meses de reclusão a lhe pesar na lomba, o "Rei-Sol" fez uma aparição inesperada
 (Surpresa!) na cerimônia de posse do novo ministro da Justiça (Pasmo!), acomodou-se na fileira destinada a ex-presidentes (Assombro!) ao lado de Sarney, a quem já chamou de ladrão (Estupefação!), e a uma cadeira de distância de Alexandre de Moraes (Espanto!). Todos os oradores o ignoraram ao desfiar nomes em seus salamaleques; Lula e Lewandowski mencionaram Sarney e Moraes, fingindo não ver o personagem que se imiscuía entre eles.
Deveu-se a presença do futuro presidiário nos salões do Planalto à negligência do STF. Condenado em maio do ano passado, o ex-caçador de marajá de araque interpôs um recurso chamado tecnicamente de "embargo declaratório" — que não se presta a rediscutir o mérito do processo, mas apenas para reivindicar o esclarecimento de eventual contradição ou omissão na decisão. A PGR sustentou que o embargante tenta "reabrir a discussão da causa, promover rediscussão de premissas fáticas e provas, além de atacar, por meio de via indevida, os fundamentos do acórdão condenatório". 
O recurso já deveria ter indeferido e a execução da pena, iniciado, porém, numa evidência de que o crime é perto, mas a Justiça mora muito longe, o Supremo espera, espera, espera, espera...
Collor age como se desejasse reforçar com sua presença a crença segundo a qual, na política, nada se cria, nada se transforma, tudo se corrompe. 
Deus, como se sabe, está em toda parte. Mas deixou de ser full time desde que criou Collor.

Catástrofes naturais, asteroides, cometas, invasões alienígenas e guerras permeiam as previsões apocalípticas que os arautos do "juízo final" trombeteiam há milênios. Se dependesse dessa confraria de lunáticos, o mundo já teria acabado pelo menos treze vezes nos últimos trinta anos. 
 
Em 29 de abril de 1988, um fanático religioso de nome Leland Jensen previu que o cometa Halley seria puxado para a órbita da Terra, causando uma enorme destruição global (como foi dito no capítulo anterior, a passagem do cometa pela Terra havia ocorrido dois anos antes, de modo que, àquela altura, ele já estava bem longe no espaço. 

Em 26 de março de 1997, a aproximação do cometa Hale-Bopp gerou rumores de que uma nave alienígena vinha a reboque, e que a Nasa escondia a informação para evitar pânico. A história levou à criação da seita Heaven´s Gate, que dizia preparar os fiéis para o fim do mundo — no dia 29, trinta e nove sectários se suicidaram, esperando que suas almas fossem levadas pelos extraterrestres.  Além disso, interpretações duvidosas das centúrias de Nostradamus levaram os conspirólogos do apocalipse a alardear que o ano de 1999 "traria do céu o grande rei do terror”, mas as consequências não foram além do pânico que a notícia causou. 
 
No final do século XX, temia-se que os computadores enlouqueceriam quando os relógios saltassem de 23h59 de 31/12/99 para 00h00 de 01/01/00, pois o "00" seria interpretado como como uma volta a janeiro de 1900. Mas o "Bug do Milênio" foi "muito peido para pouca bosta". 
Foram gastos US$ 300 bilhões com medidas preventivas, e apenas umas poucas falhas foram registradas em terminais de ônibus na Austrália, em equipamentos de medição de radiação no Japão e em testes médicos na Inglaterra. 

Em Brasília, montou-se uma “sala de situação” do setor elétrico para lidar com eventuais distúrbios no fornecimento de energia; o então governador de São Paulo criou um site para acompanhar os efeitos da “catástrofe” (havia preocupação em áreas-chave, como saúde, segurança pública, transportes, recursos hídricos e administração penitenciária), e o prefeito da capital paulista colocou 2 700 funcionários da CET de prontidão no Réveillon, antevendo a possibilidade de panes em semáforos e congestionamentos anormais (quando os relógios deram meia-noite e nada de incomum aconteceu, os servidores foram desmobilizados e puderam curtir a virada do século, ainda que com algum atraso).
 
Observação: Os computadores dependem de um relógio interno para executar corretamente diversas tarefa, como verificar se sua conta de telefone venceu ou se está na hora de ligar a iluminação pública, por exemplo. Assim, achava-se que o famigerado bug faria os servidores das empresas de telefonia entenderem que você estaria devendo 100 anos de serviço, o que provavelmente resultaria na suspensão de sua linha e na cobrança de multas e juros que você não conseguiria pagar nem sem vivesse outros 100 anos. No caso das luzes, a cidade poderia ficar às escuras se o programa interpretasse que o dia seguinte não havia chegado — e ele jamais chegaria, a menos que alguém explicasse ao software que 00 é maior que 99. Em meados dos anos 1950, quando os primeiros mainframes foram criados, a quantidade de dados que eles eram capazes de armazenar caberia num prosaico disquete de 1,44 MB (tipo de mídia que só seria criada décadas depois). Portanto, escrever o ano com dois dígitos em vez de quatro representava uma economia colossal. Além disso, achava-se que os softwares de então seriam aposentados bem antes da virada do milênio — o que realmente aconteceu, só que ninguém levou em conta que os novos programas continuaram a registrar o ano com dois dígitos para manter compatibilidade com os antigos. 
 
Em 1986, Richard Noone publicou 5/5/2000 ICE: THE ULTIMATE DISASTER, no qual anotou que o fim do mundo decorreria de um alinhamento de planetas que cobrira a Antártida com uma camada de gelo de 5 quilômetros de espessura. Ninguém morreu congelado, mas o livro vendeu feito pão quente. Anos depois, o apresentador cristão de rádio e TV Harold Camping previu que uma série de terremotos assolaria o planeta em 21 de maio de 2011, e que somente 3% da população mundial iria para o céu. Quando a data passou, ele mudou a previsão para 21 de outubro e disse que em maio teria havido somente um “julgamento espiritual”.
 
Também em 2011 circulou pelo mundo o temor de que o "Arrebatamento" estava próximo, e que Jesus voltaria do Reino do Céu para resgatar os justos de alma pura e condenar os pecadores a serem governados pelo anticristo — que seria auxiliado por um falso profeta e a própria Besta do Apocalipse — e enfrentariam um caos que duraria sete anos. Depois desse período, Jesus voltaria com seu exército dos justos para instaurar a paz e reinar soberano por mil anos, quando finalmente ocorreria o Juízo Final. Pelo visto, o Messias decidiu seus planos!
 
Uma antiga crença Viking relacionada ao ciclo da vida, morte e renascimento preconizava que Odin, o principal deus do panteão nórdico, seria morto por um lobo gigante em fevereiro de 2014, quanto então o mundo acabaria e os dois únicos sobreviventes dariam início a uma nova civilização. Outra previsão apocalíptica, mas embasada em pesquisas científicas, alardeou que a Terra deixaria de girar em 16 de janeiro de 2013, causando furacões e terremotos que poriam fim à raça humana. 
 
De acordo com um artigo publicado na "Nature Geoscience" em janeiro do ano passado, o núcleo interno da Terra "quase parou de girar em 2009 e inverteu seu sentido de sua rotação". A matéria foi assinada por pelos cientistas Xiaodong Song e Yi Yang, da Universidade de Pequim, que pesquisam o fenômeno desde 1995. 

A rotação do núcleo interno é impulsionada pelo campo magnético gerado no núcleo externo e equilibrada pelos efeitos gravitacionais do manto. Para conduzir a pesquisa, Yang e Song analisaram ondas sísmicas de terremotos quase idênticos que atravessaram o núcleo interno da Terra seguindo trajetórias semelhantes desde a década de 1960. Ainda segundo os pesquisadores, "um ciclo de oscilação dura cerca de sete décadas", o que significa que o núcleo muda de direção aproximadamente a cada 35 anos.

Observação: Processadores de 32-bit deixarão de contar o tempo às 03h14 de 19 de janeiro de 2038. A partir daí os computadores deixarão de diferenciar 2038 de 1970 (o primeiro ano em que todos os sistemas atuais passaram a medir o tempo). Quando o limite de 2.147.483.647 segundos for atingido, as máquinas deixarão de computar os segundos seguintes, darão início a uma contagem negativa (de -2.147.483.647 até zero), deixarão de funcionar ou continuarão funcionando com a data incorreta. A boa notícia é que a Microsoft distribui versões de 64-bit para o Windows desde 2005, e o macOS opera exclusivamente em 64-bit desde 2011. Assim, chips de 32-bit serão coisa do passado em 2038, mas não se descarta a possibilidade de alguns dispositivos específicos sofrerem com o bug, especialmente em infraestruturas de ambientes industriais.