A trajetória do Windows teve altos e baixos e foi marcada por dois “divisores de águas". O primeiro foi o Win95, que promoveu a sistema operacional autônomo o que até então era uma simples interface gráfica (e custou à Microsoft US$ 300 milhões em publicidade, mas isso é outra conversa). O segundo foi o Windows 10, lançado em 2015 como SaaS (sigla em inglês para “software como serviço”).
Para quem não se lembra, até a chegada do Win10 a Microsoft lançava novas versões do sistema de tempos em tempos”. O WinME chegou em 2000, o XP, um ano depois, o Vista, só no final de 2006, o Seven, em outubro de 2009, e o Eight, em 2012. A cada
lançamento, os usuários precisavam adquirir a mídia de instalação numa loja
parceira da Microsoft — ou nos melhores camelódromos do ramo,
a critério de cada um e por sua conta e risco, já que as cópias piratas custavam
uma fração infinitesimal do preço das originais, mas não raro funcionavam mal
ou vinham recheadas de malware.
Observação: Durante
décadas, o uso de software
pirata foi muito popular e sua comercialização, extremamente lucrativa. Tanto que, no final de 2014, quando todos
aguardavam ansiosamente a chegada do Windows
9 e a Microsoft anunciou que
nova versão se chamaria Windows 10,
os cibercriminosos já ofereciam links para sites maliciosos que supostamente
disponibilizavam o download gratuito da edição que nunca chegou a existir (visando infectar os espertinhos com uma carga de pragas digitais).
Dependendo do intervalo entre os lançamentos, a
configuração física do computador tornava-se incompatível com a nova versão, já que naquela época a indústria do hardware substituía componentes de
ponta por modelos ainda mais avançadas em períodos cada vez mais curtos. Nesse
caso, o jeito era fazer uma “operação casada” (upgrade de hardware + atualização
do sistema) ou modernizar o equipamento em uso, fosse instalando mais memória
RAM, fosse substituindo a CPU (processador principal) por um modelo
mais moderno e veloz, ou mesmo adicionando um segundo drive de HD ou
substituindo o original por um
modelo mais rápido e de maior capacidade.
O Windows 10
pôs fim a essa ciranda. Com a política de atualizações implementada pela Microsoft quando passou a fornecer o sistema como serviço, os Service Packs
(pacotes de atualizações cumulativas que aprimoravam a segurança e/ou
adicionavam melhorias de desempenho e suporte a novos tipos de hardware) deixaram
de existir, mas juntaram-se às tradicionais atualizações mensais de qualidade,
liberadas sempre na segunda terça-feira do mês (Patch
Tuesday), os novos updates
semestrais de conteúdo. Desde então, os usuários obtêm a cada seis meses, de
forma gratuita e horizontal, uma versão atualizada do sistema, com novos
recursos, funções e uma porção de outros aprimoramentos.
Para estimular a adoção do Win10 — e atingir a ambiciosa meta de um bilhão de instalações em
apenas 3 anos — a Microsoft concedeu
o prazo de um ano para usuários de PCs com hardware compatível e que rodassem cópias
seladas do Win7 SP1 ou dos Win8/8.1 fazerem gratuitamente a evolução. A estratégia de marketing funcionou, embora a bilionésima instalação tenha
sido alcançada com 18 meses de atraso (mesmo assim, a
mãe da criança comemorou em grande estilo, oferecendo aos usuários um pacote de wallpapers comemorativo).
Os updates semestrais resultam em novas versões, que são
identificadas por um número de quatro algarismos, que identificam o ano e o mês
em que a versão foi lançada. Na prática, porém, a teoria pode ser outra: a versão
liberada no semestre passado é a
2004, embora não tenha chegado em abril, mas no final de maio (mês 05). A
próxima, 2009, já foi disponibilizada para desenvolvedores parceiros e usuários inscritos no programa
Windows Insider, mas só deve começar a ser distribuída via
Windows Update agora em outubro (mês 10).
Quem quiser abreviar a espera pode baixar os arquivos da página do Windows 10 no site da Microsoft e fazer a atualização manualmente, lembrando que os pioneiros são reconhecidos pela flecha espetada no peito: todas os updates de conteúdo lançados até agora — versões 1511, 1607, 1703, 1709, 1803, 1809, 1903, 1909 e 2004 — aporrinharam, em menor ou menor grau, uma parcela significativa de usuários (mais detalhes na sequência de postagens sobre updates problemáticos, que eu publiquei a partir de 2 de maio p.p.). O Update de Abril (2004), por exemplo, trouxe problemas de compatibilidade com o software Intel Optane Memory Pinning em máquinas com Intel Optane Memory, exibição de tela azul da morte devido a softwares e drivers que ainda precisavam ser atualizados para suportar a nova versão, e por aí vai (vide relatos publicados por usuários no fórum da Intel, no Twitter e no Hub de Feedback do Windows).
Continua...