COMO SÃO
MARAVILHOSAS AS PESSOAS QUE NÃO CONHECEMOS BEM.
O aumento exponencial dos riscos que nos espreitam na Web leva-nos
a questionar se o antivírus realmente oferece proteção eficaz, e infelizmente a
resposta é não. Todavia, até que surja coisa melhor, o jeito é investir
num arsenal de defesa responsável, que, além do antivírus propriamente dito,
ofereça um firewall e seja capaz de barrar/neutralizar ameaças como spyware, rootkit, botnet, scareware, hijacker e afins.
Li certa vez na BBC
(e acho até que cheguei a republicar) que um computador conectado à Internet
sem qualquer proteção pode ser infectado em menos de 10 segundos. Na pesquisa, feita com um PC rodando o Windows XP
e conectado em banda larga, o primeiro código malicioso que deu as caras foi o Sasser — um dos worms que mais rapidamente
se espalhavam pela Web naquela época. Uma vez infectada, a máquina baixava uma
série de programas a partir de sites suspeitos e passava a buscar outras máquinas
para infectar. Em questão de minutos, 100% da capacidade de processamento da CPU
era utilizada em tarefas relacionadas com algum tipo de malware.
Segurança absoluta é Conto da Carochinha, mas a insegurança aumenta significativamente quando não investimos em proteção. John McAfee, criador de um dos primeiros antivírus comerciais e
fundador da empresa de segurança homônima, diz que essas ferramentas se
baseiam numa tecnologia ultrapassada, que as soluções desenvolvidas pelos
crackers para burlar a proteção são bem mais criativas e avançadas, e que, se e quando precisa acessar a Internet a partir
de um smartphone, compra um aparelho (da Samsung), e troca por um novo quando volta a precisar.
John McAfee é um doido de pedra. Mas um
doido de pedra que foi programador da NASA. É certo que ele foi demitido porque
dormia sobre a mesa, depois de passar as manhã enchendo o rabo de uísque e
cheirando intermináveis carreiras de cocaína. Que foi expulso da
Northeast Louisiana State University
por transar com uma de suas alunas, e da
Univac
de Bristol, no
Tennessee, por vender
maconha. Mas também é certo que, em 1986, quando soube que dois paquistaneses
haviam criado aquilo que poderia ser considerado o primeiro vírus de
computador, ele fundou a
McAfee Associates, pensando,
inicialmente, em desenvolver ferramentas antivírus e distribuí-las gratuitamente,
mas o sucesso foi tamanho que, em 1991, todas as maiores empresas dos EUA
usavam seu programa — pelo qual já era cobrada uma pequena taxa de
licenciamento, que lhe rendia
US$ 5
milhões por ano (para saber mais sobre a história do
antivírus, siga
este link). Detalhe: Em 2011, sua empresa
foi vendida para a gigante
Intel
pela bagatela de
US$ 7,7 bilhões.
Observação: Um
estudo da FireEye dá conta de que 82%
dos malwares desaparecem por completo depois de uma hora. Em média, 70% só
existem uma vez. Assim, os gigantescos bancos de dados dos fabricantes dos
antivírus são cemitérios de malwares
que jamais afetarão os usuários. Daí a popularização da heurística na detecção
de softwares mal-intencionados, que permite identificá-los a partir de seu
comportamento, mas que, em contrapartida, consomem muitos recursos e apresentam
resultados difíceis de interpretar.
Desde as mais priscas eras que o Windows é tido e havido como um sistema menos seguro do que o as distribuições
Linux e o MacOS (que não são imunes ao malware, que isso fique bem claro). Mas
a razão disso não tem a ver com qualidade, e sim com popularidade. O sistema da
Microsoft abocanha quase 80% do seu
segmento de mercado, ao passo que o OS X,
da Apple, fica com 14% e as
distribuições Linux, com 1,63%. Se
você fosse um “programador do mal””, para qual deles direcionaria seus códigos
maliciosos? Pois é. E a história se repete no âmbito dos dispositivos móveis, onde
o Android lidera com 75% da
preferência dos usuários de smartphones e tablets, contra 23% do iOS (dados da Statcounter Global Stats referentes a abril de 2019).
Em números absolutos, existem bem menos pragas para dispositivos
ultraportáteis do que para desktops e notebooks, em parte porque os celulares
só se toraram “inteligentes” em 2007, quando Steve Jobs lançou o iPhone.
Mas isso tende a mudar, considerando que mesmo numa republiqueta de bananas
como a nossa — que no mês passado perdeu o posto de 7.ª economia do mundo para a
Indonésia — há 220 milhões de celulares
para uma população estimada em 207,6 milhões de habitantes.
Engana-se quem acha que não é preciso se
preocupar com a segurança digital de smartphones, sobretudo se o sistema for o Android, que é visado pela bandidagem não só devido a sua popularidade, mas também por ser um software livre, de código aberto. É fato que, ao longo do
tempo, os antivírus se tornaram volumosos e lentos, sobretudo quando passaram a
oferecer funções extras que nada têm a ver com a proteção antimalware. Por outro lado, volto a frisar que, enquanto não inventarem coisa melhor, o
jeito é escolher uma boa ferramenta de proteção e usar e abusar do bom senso ao
navegar na Web.
Felizmente, não faltam opções, e as suítes gratuitas cumprem
seu papel, embora exibam toneladas de propaganda (
quando você não paga por um
produto, é porque o produto é você). Para quem não leva um escorpião na
carteira, a boa notícia é que os pacotes de segurança pagos custam bem menos para o
Android do que para o
Windows PCs, e mesmo as versões gratuitas
vêm recheadas de recursos que vão além da pura e simples proteção contra o
malware. Na avaliação feita pela
AV-Test, o
Sophos Mobile Security foi a que se saiu melhor na detecção
de pragas em tempo real, além de oferecer recursos antirroubo, bloqueador de
chamadas, navegação segura e outros mimos. Para detalhes da avaliação, clique
aqui;
para download diretamente do
Google Play
Store, clique
aqui.
O
Kaspersky Lab também se saiu bem na detecção de pragas e oferece conjunto de recursos robusto, com bloqueio, limpeza e
localização remotos do aparelho (úteis no caso de perda ou roubo), bloqueio de
chamadas, filtragem de mensagens e navegação segura/proteção anti-phishing.
Igualmente bem avaliado, o
McAfee Mobile
Security detectou malwares descobertos nas últimas quatro
semanas (contadas a partir da data em que o teste foi realizado) em 100% das
vezes e se saiu muito bem em relação à usabilidade. Dentre outros acréscimos
interessantes, ele conta com ferramentas antifurto, bloqueio de chamadas,
navegação segura com proteção contra phishing, otimizador de bateria,
verificação de privacidade, bloqueio de aplicativos e a capacidade de salvar
dados pessoais num cartão
SD ou na
nuvem. O ponto negativo, por assim dizer, é que ele não suporta todos os tipos
de criptografia.
Para saber como se saíram os demais apps testados pela
AV-Test, clique
aqui.