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segunda-feira, 27 de agosto de 2018

QUE MALDADE COM O HADDAD



A farsa de que Lula será candidato é uma fake news do PT que conta com o patrocínio da Justiça Eleitoral, muito lenta para varrer a impostura, e boa parte da imprensa, que se compraz em divulgá-la. Trata-se, portanto, de fake news capaz de causar danos incomensuravelmente maiores do que qualquer outra divulgada nas redes sociais. É também mais um exemplo de como Lula e o PT lançam mão das regras democráticas (no caso, o registro provisório da candidatura no TSE) para tentar corroer por dentro a democracia. A farsa confunde os brasileiros semianalfabetos, como mostra a última pesquisa Datafolha, embaralhando a campanha como um todo. A intenção de Lula e PT é fazer chicana até que seja impossível deixar de colocar a foto do condenado na urna eletrônica, e assim tentar viabilizar a eleição do seu poste por meio de um ardil feito sob medida para enganar quem não consegue ler e escrever além do próprio nome. Depois de tudo o que Lula e o PT fizeram no poder e continuam a fazer fora dele, acho espantoso que ainda haja gente, mesmo de centro-esquerda, que os considere do “campo democrático” e possíveis aliados, como é o caso de Fernando Henrique Cardoso.

Não só concordo com o jornalista como vou mais além: a meu ver, Fernando Haddad terá sérias dificuldades para viabilizar sua candidatura, quando mais não seja porque seu nome não é uma unanimidade nem mesmo dentro do partido, e a tão almejada transferência de votos está longe de ser automática.

Observação: Vale lembra que Lula está preso. Não fosse sua ativa participação na campanha de Dilma, a anta vermelha não teria sido eleita sequer para presidir uma prosaica reunião de condomínio. Portanto, sem Lula a tiracolo Haddad não passa de um ilustre desconhecido — que, para piorar, é rejeitado onde é conhecido.

O único cargo eletivo que o "candidato-vice" na chapa tríplex petista conquistou em toda a sua carreira for o de prefeito de Sampa — ou de poste número dois de Lula, melhor dizendo —, mas sua administração medíocre não lhe garantiu a reeleição (pelo contrário, contrariando todas as pesquisas e expectativas, o outsider João Doria derrotou o petista no primeiro turno — proeza jamais alcançada neste município desde quando as eleições para prefeito passaram a ser em dois turnos). Agora, Haddad se tornou refém do discurso do próprio partido, cuja estratégia é levar o nome do criminoso de Garanhuns até as últimas consequências. Mas outras questões sensíveis, como o desgaste da sigla em razão das denúncias de corrupção e o pouco tempo de exposição no horário eleitoral obrigatório, também se atravessam no caminho do poste vermelho.

Como ponderou J.R. Guzzo (leia a íntegra do texto na postagem de ontem), ao aceitar na frente de todo mundo o papel de objeto inanimado, sem vontade própria e disposto a tudo para servir aos interesses de um homem que pensa unicamente em si mesmo, Haddad está descendo ladeira abaixo, como no tango de Gardel. Tornou-se um cúmplice integral do grupo de arruaceiros que está no comando do partido. É o instrumento-chave da tentativa de sabotar a eleição com a farsa do “duplo cenário”, da litigação judiciária de má fé, da “intervenção da ONU”, da foto do não-candidato na urna eletrônica e tudo o mais que possa fraudar o processo eleitoral com a produção de desordem. Enfim, ao oferecer-se como voluntário para a posição de “poste”, está contribuindo diretamente para destruir o futuro de seu partido

Na minha modestíssima opinião, a decisão do TSE acerca da fantasiosa candidatura de Lula será um divisor de águas. Tanto é que, preocupados com a possibilidade de a Justiça Eleitoral se balizar pelo princípio da celeridade e botar água no chope da petralhada já nos próximos dias, os chicaneiros do pulha de Garanhuns pediram aos ministros que lhes seja assegurada a utilização de todos os meios e recursos que lhe são inerentes. Isso porque a produção de provas pode ser negada pelo relator — afinal, o que há para ser provado quando o impugnado está preso, cumprindo pena decorrente de condenação em segunda instância, e isso é um fato público e notório? 

O receio do PT é que, em não havendo produção de provas, as alegações finais se tornam desnecessárias, e o tribunal pode decidir a questão no início de setembro, e não no final do mês, como o partido gostaria. Embora a Lei da Ficha-Limpa estabeleça com clareza meridiana que a condenação por tribunal colegiado torna um candidato inelegível, os petralhas querem ganhar tempo para que o padim Lula apareça no horário eleitoral obrigatório — que vai começar a nos aporrinhar na próxima sexta-feira. 

Há quem afirme que o esticamento do imbróglio favorece Haddad, pois a vinculação do “poste” ao criador, exposta ao eleitor por mais tempo no rádio e na TV, facilita a tal transferência de votos. No entanto, mesmo que o horário político obrigatório seja tido e havido como uma varinha mágica capaz de tornar um “picolé de chuchu” palatável, transformar uma sonhática em presidente ou fazer de um extremista de direita um candidato viável, só saberemos até que ponto a coisa funciona na prática depois que as inserções forem ao ao ar.

Para concluir, em abono à minha tese sobre a “confiabilidade” das pesquisas eleitorais, confiram o que diz o historiador Marco Antonio Villa no vídeo a seguir:


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sábado, 18 de agosto de 2018

O CHEFE, A CADEIA E A ELEIÇÃO



A revista digital Crusoé detalhou como Lula comanda o PT de dentro da prisão e manipula a sucessão presidencial com a ajuda de comparsas, cujo registro na OAB lhes garante acesso irrestrito à carceragem da PF e permite que atuem como como moleques de recado do petralha. Foi através desses esbirros que Lula isolou Ciro Gomes e articulou com o PCdoB o ingresso de Manoela d’Ávila como “trice” na inusitada chapa tríplex petista, apenas para citar os exemplos mais notórios.

Lula transformou sua cela num verdadeiro comitê de campanha. Prova disso é que a Lava-Jato, em manifestação à Justiça Federal de Curitiba, reclamou do acesso irrestrito de Gleisi Hoffmann e Fernando Haddad ao criminoso. 

Parece haver, em realidade, uma aparente tentativa de ludibriar as regras fixadas para visitação do encarcerado, possibilitando assim a visita em qualquer dia, desde que o visitante seja advogado”, disseram os procuradores. E mais: “As visitas não têm por objetivo a defesa judicial do apenado, senão a de possibilitar, por parte de Luiz Inácio Lula da Silva, a condução e a intervenção no processo eleitoral de quem materialmente está inelegível, transformando o local onde cumpre pena — a sede da Polícia Federal — em seu comitê de campanha”.

O PT registrou a candidatura do molusco minutos antes do deadline (19h00 da última quarta-feira). Para o partido, minuto poupado é minuto ganho, já que a estratégia é manter o comandante da ORCRIM como cabeça da chapa até o último instante e, se possível, impedir a substituição de seu nome e foto nas urnas funerárias — ops, urnas eletrônicas — pelos de Fernando Haddad ou de outro poste qualquer (vale lembrar que o prazo para troca de candidatos termina em 17 de setembro).

Desde a noite da última quarta-feira, pelo menos 7 pedidos de impugnação foram protocolados no TSE contra a candidatura do petralha. No dia seguinte, a ministra Rosa Weber, atual presidente da Corte, manteve Luís Roberto Barroso na relatoria dos processos (como os questionamentos foram distribuídos por sorteio para Barroso e Admar Gonzaga, a defesa de Lula pediu ao tribunal para definir o relator).

Lula está inelegível, e a rejeição de sua candidatura são favas contatas — a questão não é “se”, mas sim “quando” o tribunal dará a decisão final (o prazo para a apresentação de pedidos de impugnação termina no próximo dia 22, e o tribunal tem até o dia 17 do mês que vem para rejeitar candidaturas que não preenchem os requisitos de admissibilidade). Mas o PT e a defesa do molusco vão continuar tumultuando o processo enquanto puderem. Vejam que, provocado por essa caterva, o Comitê de Direitos Humanos da ONU emitiu um comunicado “solicitando ao Brasil que tome as medidas necessários para que o candidato do PT à Presidência nas eleições 2018, Luiz Inácio Lula da Silva, preso e condenado na Operação Lava-Jato, possa desfrutar e exercer seus direitos políticos enquanto estiver na prisão” — o que faz tanta diferença quanto um peido num furacão, já que se trata apenas de uma recomendação e o Estado brasileiro não tem obrigação de cumpri-la.

O fato é que Lula sempre gozou de regalias “em respeito ao cargo que exerceu”. Resta saber que respeito merece alguém que desonrou o cargo, entrando para história como o primeiro ex-presidente desta Banânia preso por crime comum.

O juiz Sérgio Moro, ao expedir o mandado de prisão, deu ao petralha a opção de se entregar voluntariamente. Em vez disso, Lula armou um espetáculo midiático fenomenal, exilando-se no Sindicato dos Metalúrgicos de SBC e se entregando um dia depois que o prazo concedido terminara. Também lhe foi designada uma sala especial na sede da PF em Curitiba, com chuveiro quente, TV de plasma, aparelho de som, esteira ergométrica e outras mordomias, mas, como todo bom petista, ele pega o braço todo quando alguém lhe estende a mão.     

Para os procuradores da Lava-Jatoo fato de ser executada pena restritiva de liberdade em estabelecimento especial não significa que ao apenado seja permitido receber a visita de tantas pessoas, em qualquer dia, como vem ocorrendo”. 

Desde sua prisão, em 7 de abril, a “alma viva mais honesta do Brasil” vem recebendo dia sim, outro também, visitas da senadora Gleisi Hoffmann, de amigos, correligionários, familiares e advogados encarregados de sua defesa. O MPF adverte que “a juntada de instrumento de mandato aos autos é para o exercício da defesa nos autos judiciais da execução penal e não para o exercício de atividade política, como aparenta”. “A prerrogativa do Advogado permite o exercício legítimo do mandato conferido pela parte, não o abuso ou a visita para fins políticos. Parece haver, em realidade, uma aparente tentativa de ludibriar as regras fixadas para visitação do encarcerado, possibilitando assim a visita em qualquer dia, desde que o visitante seja advogado”.

Observação: A presidente do PT, que virou a principal porta voz de Lula para ditar as coordenadas ao partido e aliados nas negociações eleitorais desde que foi qualificada como integrante da defesa, está licenciada da OAB, e ainda que assim não fosse, ela não poderia integrar a banca de defesa de Lula, já que o artigo 30 do Estatuto da Advocacia proíbe a membro do Poder Legislativo advogar contra empresa pública — e a Petrobras é assistente de acusação do MPF no caso do triplex.

Os procuradores da Lava-Jato dizem ainda haver elementos de que “uma série de condutas, praticadas por Lula, pessoalmente ou por meio de seus defensores constituídos, aparentemente não estão em consonância com os limites impostos pela lei de execução penal e pelas regras ditadas pelo juízo (...) atos esses que tangenciam a prática de falta disciplinar imputável ao custodiado e que, em condições outras, poderiam redundar em imposição de sanção disciplinar”.

Além de Gleisi e Haddad, a força-tarefa cita outros petistas que viraram advogados de Lula no processo da execução penal, entre os quais Wadih DamousLuiz Carlos Sigmaringa Seixas e Emídio Pereira. “Lula está cumprindo pena em regime fechado e não em regime penal diferenciado”, adverte o MPF. “Esse regime de pena foi imposto pelo TRF-4, referendado pelo STJ e pelo STJ, que, por certo, conhecem as regras de execução penal em regime fechado, que não se coaduna com visitas para fins políticos”.

Para concluirSegundo Augusto Nunes, tanto Lula quanto Marcola comandam organizações criminosas e estão presos por tratarem o código penal a socos e pontapés. A diferença é que o chefão do PCC não esconde a condição de bandido, enquanto o dono do PT se disfarça de candidato a presidente. Lula quer sair da cadeia para cuidar em liberdade da campanha eleitoral. Marcola poderia reivindicar o mesmo privilégio se tivesse resolvido disputar o governo de São Paulo. Com o apoio da coligação PT-PCC, ele estaria bem melhor nas pesquisas que Luiz Marinho, escalado por Lula para perder a eleição de outubro.

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quinta-feira, 16 de agosto de 2018

A NOVELA DO REGISTRO DO CRIMINOSO CANDIDATO



Dentro de algumas semanas, se o imprevisto não tiver voto decisivo na assembleia dos acontecimentos, Cármen Lucia deixará a presidência do STF e assumirá o lugar de Toffoli na segunda turma da corte — que já vem sendo chamada jocosamente de Jardim do Éden pelos criminosos da Lava-Jato, devido às derrotas que o trio de laxantes togados Toffoli/Mendes/Lewandowski têm imposto ao relator, ministro Edson Fachin.

Mas a dança das cadeiras não para por aí: na última terça-feira, a menos de dois meses do primeiro turno da mais nebulosa e conturbada eleição da história desta Banânia, Luiz Fux transferiu a presidência do TSE para sua colega Rosa Weber. Durante a cerimônia, sem citar nomes, mas numa clara alusão ao caso do criminoso de Garanhuns, a ministra afirmou que “se não houver impugnação (contestação da candidatura), pode haver o exame “de ofício” (sem que o tribunal seja provocado).

Também postulante ao Palácio do Planalto, João Amoedo, do partido Novo, deverá apresentar dois pedidos ao TSE assim que o prazo para contestações de candidaturas for aberto: o primeiro será a impugnação da candidatura de Lula, e o segundo, que o molusco seja impedido de participar da campanha e proibido de indicar um substituto.

Durante a cerimônia de posse da ministra Rosa, a procuradora-geral Raquel Dodge salientou que é dever da Justiça Eleitoral garantir que apenas os elegíveis possam concorrer, de modo a evitar que candidatos inelegíveis gastem recursos públicos em suas campanhas. A procuradora deixou claro, também, que deverá impugnar a candidatura de Lula, uma vez que, à luz da Lei da Ficha-Limpa, condenados em segunda instância não podem disputar cargos eletivos.

O PT registrou a candidatura do molusco no finalzinho da tarde de ontem. Resta saber se o relator sorteado decidirá monocraticamente ou se submeterá o caso ao plenário. De qualquer forma, para evitar que o horário eleitoral obrigatório tenha início (no dia 31 de agosto) com nomes de candidatos indefinidos, o TSE deve tomar a decisão o quanto antes.

Vamos acompanhar.

ATUALIZAÇÃO:

Raquel Dodge impugnou a candidatura do molusco já na noite de ontem. O questionamento será analisado pelo ministro Luís Roberto Barroso, vice-presidente do TSE e relator do pedido de registro. A justificativa é que Lula está inelegível por ter sido condenado em segunda instância, conforme certidão do TRF-4 apresentada por Dodge ao TSE

Nossas leis leis foram criadas e aprovadas por políticos, de modo que seria esperar demais que elas fossem grandes coisas (diz o ditado que "quem sai aos seus não degenera"). A Resolução 23.548 do TSE exige certidões criminais emitidas pela Justiça Federal de 1ª e 2ª instâncias onde “o candidato tenha o seu domicílio eleitoral”. A despeito de estar "hospedado" na PF de Curitiba, Lula tem como domicílio eleitoral o município de São Bernardo do Campo, em São Paulo, e a condenação que o enquadra na Lei da Ficha-Limpa foi proferida pela Justiça Federal do Paraná e confirmada pelo TRF-4, em Porto Alegre. Como era de se esperar, a defesa do petralha se apegou a esse “detalhe” para adiar o inevitável. 

Alegando não serem obrigados a entregar as certidões criminais emitidas pela Justiça Federal do Paraná e de Porto Alegre, os chicaneiros lulistas buscam, mais uma vez, procrastinar e tumultuar o processo. A Justiça pode se valer do artigo 23 para decidir, porque a condenação do "candidato" é um fato público e notório (reza esse artigo da lei complementar número 64, de 1990, que “o tribunal formará sua convicção pela livre apreciação dos fatos públicos e notórios, dos indícios e presunções e prova produzida, atentando para circunstâncias ou fatos, ainda que não indicados ou alegados pelas partes, mas que preservem o interesse público de lisura eleitoral”), mas é mais provável que a decisão final só saia dentro de mais algumas semanas. Enquanto isso, a bolsa cai, o dólar dispara, a insegurança jurídica campeia solta e o país para, enquanto o dramalhão se desdobra em diversos capítulos. 

Resumo da ópera: tudo indica que Lula será proibido de disputar o Planalto, e o PT sabe que registrou um candidato-fantasma. Ao lançar a absurda “chapa tríplex”, onde o vice e a trice de hoje serão o cabeça e o vice de amanhã, o partido buscou, mais uma vez, desmoralizar a Justiça e enganar o eleitor. Enquanto isso, os advogados do labrego vermelho fazem o diabo para esticar um processo que todos sabem que não dará em nada. Mas um "mito" que se tinha na conta de invulnerável e acabou confinado numa cela de 15 metros quadrados tem o direito de viver no Mundo da Lua. Todavia, isso não significa que a Justiça deva compactuar com essas aleivosias e que o cidadão de bem desta Banânia seja feito de trouxa.

Lula, que ainda conta com um número absurdo de apedeutas dispostos a segui-lo cegamente até o inferno, precisa transferir votos para seu “poste”, mas o sonho do PT é sua fantasiosa candidatura se esvanecer somente após 17 de setembro, quando já não daria mais tempo de retirar a foto do molusco das urnas. Como se não bastasse, o candidato-fake usa o Tesouro Nacional para ludibriar o eleitorado, financiando sua aleivosia com dinheiro público — seu, meu e de todos os contribuintes. A PGR já avisou que exigirá o ressarcimento dos gastos. Para Raquel Dodge, o candidato-fantasma deve ser impedido de fazer campanha “sub judice” — ou seja, enquanto aguarda a decisão final sobre sua inelegibilidade —, evitando gastos injustificáveis de recursos que devem financiar apenas as campanhas dos elegíveis.

Com a palavra, a Justiça.

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sexta-feira, 10 de agosto de 2018

O DEBATE NA BAND E A VAQUINHA DO PT



Na noite passada, oito candidatos à presidência participaram do primeiro debate eleitoral de 2018, promovido pela Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão. Como sói acontecer quando há muitos candidatos, acusações mútuas se sobrepuseram à desejável apresentação de projetos de governo, e as questões apresentadas foram usadas pelos participantes como armas para explorar as fragilidades dos demais concorrentes. E bota fragilidade nisso: dificilmente alguém em pleno uso das faculdades mentais, em havendo alternativa, cogitaria de votar em alguém daquela caterva, mesmo que fosse para presidir uma prosaica reunião de condomínio de periferia.

Guilherme Boulos contribuiu para tornar o cirquinho mambembe mais engraçado, afirmando que Henrique Meirelles, do MDB, não era o único candidato de Michel Temer: havia ali “50 tons de Temer”. Lula, impedido pela Justiça de participar da efeméride, classificou como “censura” o fato de um veículo de comunicação ser cerceado em seu “direito de informar”. Quanto civismo!

Mas o molusco teve direito a “um debate para chamar de seu” — cortesia de seus imprestáveis apoiadores, que promoveram um “debate paralelo” pelas redes sociais, com a hashtag #DebateComLula, onde foi divulgada uma carta em que o petralha criticou o veto à sua participação na TV (alguém esperava algo diferente?), além de vídeos com entrevistas e pronunciamentos recentes do criminoso — que também está proibido pela Justiça de dar entrevistas, mas quem se importa? Como se não bastasse, o PT promoveu uma “vaquinha online”, que arrecadou mas de R$ 500 mil em doações ofertadas por bocós que ainda babam os ovos do imprestável de Garanhuns. Quanta devoção!

Observação: A princesa vermelha Gleisi Hoffmann — também identifica como “coxa” e “amante” nas planilhas de propinas da Odebrecht — chegou atrasada ao “debate paralelo”, porque foi participar do ato realizado pela militância, nas cercanias da Band, em protesto contra a exclusão de seu amado líder do debate.

Ciro Gomes criticou a reforma trabalhista defendida por Alckmin; Marina classificou o acordo do centrão, costurado pelo tucano, como uma aliança “só por tempo de televisão”, Bolsonaro se indispôs com Ciro e abriu mão do seu tempo de resposta quando Boulos o chamou de “racista e homofóbico”, afirmando que não estava ali para bater boca com gente como o líder do MTST

Cabo Daciolo, candidato pelo Patriota, definiu-se como “servo do Deus vivo” e disparou contra tudo e todos. Meirelles, como era esperado, foi associado ao presidente mais impopular desde o fim da ditadura e, pouco habituado ao papel de candidato, teve dificuldade para defender sua política econômica. Na falta de opção melhor, frisou que não trabalhou nem para Lula e nem para Temer, mas “para o País”. Curiosamente, foi ele quem mais cresceu nas buscas digitais durante o debate.

Diversos candidatos elogiaram a Lava-Jato, sobretudo Álvaro Dias, que reiterou o convite a Sérgio Moro para ser seu ministro da Justiça e prometeu transformar a operação contra a corrupção “em uma política de Estado”. 

Ao final, ficou nítida a impressão de que o debate não passou de um desdobramento da rodada de sabatinas anteriores. Com a indefinição sobre a situação de Lula e do PT, os participantes se mostraram ressabiados e buscaram somente se apresentar aos eleitores nesta mais que confusa disputa presidencial. A meu ver, quem venceu o debate foi o sono. Eu mesmo adormeci no início do segundo bloco.

Vamos ver como ficam as coisas quando o horário político obrigatório começar a torrar nossa paciência pelo rádio e pela TV.

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sábado, 4 de agosto de 2018

AINDA SOBRE A INELEGIBILIDADE DE LULA


Ao decidir arquivar mais uma ação — desta vez movida por um advogado goiano — com vistas à pronta declaração da inelegibilidade de Lula e, consequentemente, impedi-lo de registrar sua candidatura, o ministro Luiz Fux, atual presidente do TSE, disse, referindo-se especificamente ao caso do petralha, “vislumbrar” uma “inelegibilidade chapada” — isto é, que não deixa dúvidas.

Apesar da expressão, Fux não entrou no mérito da ação por considerá-la incabível: “Não obstante vislumbrar a inelegibilidade chapada do requerido [Lula], o vício processual apontado impõe a extinção do processo”, escreveu o ministro no despacho datado do dia 31 de julho e divulgado na quarta, 1 de agosto.

Fux considerou que o autor da ação é um cidadão comum, “despido de legitimidade ativa amparada na lei”. Conforme a legislação eleitoral, só podem mover processos contra registros eleitorais candidatos adversários, partidos políticos, coligações partidárias ou o Ministério Público Federal. Aliás, o mesmo entendimento foi adotado pela ministra Rosa Weber, durante o recesso, quando negou uma ação semelhante movida pelo Movimento Brasil Livre.

Como dito no post da última quinta-feira, mesmo com Lula condenado em segunda instância e enquadrado na Lei da Ficha-Limpa — circunstância que embasa a afirmação de Luiz Fux —, o PT deve registrar sua candidatura na data limite, cabendo à corte eleitoral decidir sobre a impugnação do pedido. No entanto, a manifestação de Fux sobre o caso específico do molusco tem muito mais “peso” do que as declarações “genéricas”, digamos assim, que ele vinha dando desde que o TRF-4 manteve a condenação do petista e aumentou a pena de 9 anos e meio para 12 anos e 1 mês de prisão. Aliás, há poucos dias, sem citar Lula nominalmente, Fux disse com todas as letras que candidatos atingidos pela Lei da Ficha-Limpa e barrados pelo TSE não deveriam buscar liminares na Justiça para forçar concorrerm sub judice.

Vale relembrar que os partidos só podem  alterar suas chapas até 17 de setembro, e se os prazos de defesa do TSE forem rigorosamente cumpridos, até lá a decisão sobre a novela da candidatura de Lula já será conhecida. Embora caiba recurso ao STF, o PT pode a qualquer momento substituir Lula por Fernando Haddad (ou Jaques Wagner, que já recusou o convite, mas continua sendo o preferido dos caciques da ORCRIM e do próprio criminoso de Garanhuns), mas manter o deus pai da Petelândia no páreo até o último instante é uma estratégia do partido para não perder relevância política, sobretudo nas eleições para governador, deputado e senador. 

Tradicionalmente, o PT é bem votado no Rio Grande do Sul, e em Minas Gerais, se a candidatura de Fernando Pimentel não resultar em sua eleição para o governo do estado, servirá ao menos para rachar o eleitorado numa disputa PT x PSDB.

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sexta-feira, 3 de agosto de 2018

CIRO GOMES SABATINADO NA GLOBO NEWS




 Desde a última segunda-feira que a Globo News vem sabatinando os pré-candidatos e candidatos à Presidência que mais pontuaram nas pesquisas eleitorais. O programa se chama CENTRAL DAS ELEIÇÕES 2018, vai ao ar às 22h30 e conta com a participação de jornalistas e comentaristas como Miriam Leitão, Valdo Cruz, Merval Pereira, Andréia Sadi, Fernando Gabeira, Gerson Camarotti, Mario Sergio Conti, Cristiana Lobo e Roberto D'Ávila. Entre segunda e quarta foram entrevistados Álvaro Dias, Marina Silva e Ciro Gomes; Alckmin, que deveria participar na noite desta quinta-feira, trocou a data com Jair Bolsonaro, que, segundo o próprio, não teria conseguido reagendar um compromisso.

Não sou fã incondicional da Globo, mas nem por isso demonizo a emissora — ao contrário de muitos, sobretudo a patuleia ignorante. No entanto, acho que programas de entrevistas e debates permitem avaliar melhor as propostas e opiniões dos candidatos do que o horário político obrigatório, um troço incomodativo e sem sentido, mas que os políticos disputam com unhas e dentes e custa caro para os contribuintes. Para quem não sabe, essas inserções na programação do rádio e da TV, nos anos eleitorais, é gratuita para os candidatos, mas deveria ser bancada pelas emissoras, já que o direito de transmissão tem caráter de serviço público e é explorado mediante concessões. O correto, a meu ver, seria elas assumirem esse compromisso no momento em que recebessem as concessões, em vez de ser ressarcidas via compensação fiscal — para se ter uma ideia, em 2010 a “propaganda gratuita” custou R$ 850 milhões aos cofres públicos. Por essas e outras, tenha em mente que, quando o programa que você estiver ouvindo pelo rádio ou vendo pela TV for interrompido pelo blábláblá dos candidatos, é você quem está pagando a conta.

Depois de flertar com o Centrão, que acabou apoiando o candidato tucano, Ciro Gomes apostava numa coligação com o PSB, que fechou um acordo de apoio mútuo com o PT. Na entrevista, ele falou sobre o isolamento de sua candidatura, comentou sobre a política econômica que pretende implantar para resolver os problemas do Brasil de uma vez por todas em no máximo dois anos, que inclui o controle do Executivo sobre o Banco Central). Também lamentou que Lula e o PT terem trabalhado para inviabilizar sua aliança com o PSB: “Quando eu entrei nessa luta eu sabia bastante bem que eu era um cabra marcado para morrer. Trabalham juntos para me isolar o PMDB do Michel Temer, o PSDB do Geraldo Alckmin e o PT do Lula. Devo ter alguma coisa bem interessante para mostrar ao povo”.

Homem inteligente e político experiente, mas com discurso mais afinado com a parcela pensante da esquerda — o que exclui a militância petista —, Ciro já tentou sensibilizar os órfãos de Lula dizendo que sua vitória seria a única chance de o petralha sair da cadeia, já que ele considera sua condenação injusta e, se eleito, colocará juízes e membros do ministério público de volta em “suas caixinhas”. 

Em outro momento da entrevista, não hesitou em chamar Temer, Cunha, Moreira Franco e Padilha de ladrões, o que denota uma visão seletiva da corrupção que tomou conta da política tupiniquim. Questionado sobre o que disse a propósito da prisão de Lula, o cearense de Pindamonhangaba (SP) respondeu que o país vive uma “anarquia institucional”, “um estado de baderna”. Chegou mesmo a afirmar que, ao falar na tal “caixinha”, quis dizer devolver as instituições às funções previstas na Constituição.

Mais adiante, Ciro criticou a estratégia do PT de insistir na candidatura de Lula: “Se o Lula não é candidato como o senso comum acha, é arriscado ou não é arriscado trazer o país para dançar à beira do abismo? E aí a disputa é comigo. Eles não estão pensando no país, essa burocracia do PT. Eles não querem que eu seja quem vai liderar mudança no pensamento progressista brasileiro”, completou.

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quinta-feira, 2 de agosto de 2018

AINDA SOBRE AS ELEIÇÕES E A CANDIDATURA DE LULA



De acordo com a Lei da Ficha-Limpa — que, ironicamente, foi sancionada pelo próprio Lula em 2010 —, réus condenados em segunda instância ficam impedidos de disputar eleições. Assim, a candidatura do petista é, em última análise, uma obra de ficção, mas capaz de tumultuar a já conturbada sucessão presidencial.

Nossas leis, em sua maioria, dão margem a interpretações ambíguas que os chicaneiros de plantão exploram a mais não poder. A lei da Ficha-Limpa, por exemplo, estabelece que o candidato que tiver o registro negado por um juiz eleitoral, mas recorrer dessa decisão,poderá efetuar todos os atos relativos à campanha eleitoral, ficando a validade dos votos a ele atribuídos condicionada ao deferimento de seu registro por instância superior. Na prática, isso pode resultar em “candidaturas sub judice”, mediante as quais condenados em segunda instância poderiam fazer campanha amparados em liminares e obter o registro definitivo no caso de virem a ser absolvidos.

Luiz Fux, que dentro de alguns dias será sucedido por Rosa Weber na presidência do TSE, defende que o plenário do Supremo ratifique o entendimento de que condenados em segunda instância não podem sequer ter a candidatura registrada pela Justiça Eleitoral, nem mesmo de forma provisória, ficando impedidos, consequentemente, de fazer campanha.

O PT tem consciência da inelegibilidade de seu eterno presidente de honra, mas insiste em sua candidatura e pretende registrá-la em 15 de agosto, quando se encerra o prazo legal estabelecido pela Justiça Eleitoral. Assim, acreditam os dirigentes da ORCRIM, o TSE não terá tempo de cassar a candidatura do molusco até 17 de setembro, a partir de quando seu nome e foto já não poderão ser substituídos nas urnas eletrônicas pelos do poste que concorrerá à Presidência em seu lugar. 

A impugnação de candidaturas não é feita de ofício; é preciso que outros candidatos, partidos, coligações partidárias ou o MPF apresentem o pedido para que a Justiça o analise e, em sendo o caso, casse a candidatura irregular. Dessa decisão cabem recursos ao próprio TSE (embargos declaratórios) e ao STF (recurso extraordinário), e se a definição final sair após as eleições, há a possibilidade de anulação do pleito.

Nesse entretempo, vale tudo para manter Lula em evidência e vender a aleivosia de perseguição política, condenação sem provas e outras bobagens que tais. Aliás, é por isso que o PT nega a existência de um Plano B, embora ele não só existe mas tem nome — Fernando Haddad ou Jaques Wagner

O ex-governador da Bahia, que é o preferido de Lula, já declinou do convite. Raposa velha, Wagner prefere concorrer ao Senado e garantir mais 8 anos de imunidade parlamentar — embora o Supremo tenha decidido que só cabe foro privilegiado em casos de crimes cometidos durante o exercício do mandato, o político baiano sabe dos benefícios de ter um cargo no Legislativo, e como é acusado de ter recebido R$ 82 milhões em propina e doações eleitorais da Odebrecht e da OAS em troca de favorecer as empreiteiras nos contratos para a reforma da Arena Fonte Nova, em Salvador, a conclusão é óbvia. Resta, portanto, Haddad, que não só foi mal avaliado na prefeitura de São Paulo — único cargo elegível que teve até hoje, e para o qual não conseguiu se reeleger —, mas também encontra resistências dentro do próprio partido. Todavia, por absoluta falta de opções o PT poderá ser obrigado a engoli-lo.

Para manter o cirquinho funcionando nesse entretempo, seis gatos pingados iniciaram na última terça feira a uma absurda greve de fome diante do STF, em protesto contra a prisão do criminoso de Garanhuns. Para o próximo dia 4, data da convenção nacional do PT, seus dirigentes estão programando um jejum de 24 horas em apoio a essa estapafúrdia greve de fome. 

Mas não é só: Lula acha que, mesmo cumprindo pena, tem direito a gravar entrevistas, participar de debates, enfim, fazer campanha como se não tivesse contas a acertar com a Justiça. Felizmente, até agora a juíza substituta Carolina Moura Lebbos, da 12ª Vara Federal de Curitiba, negou todos esses pedidos absurdos — vale lembrar que o petralha não é um “preso político”, mas sim um político preso, e que a narrativa de golpe, de conspiração para impedi-lo de concorrer à sucessão presidencial visa apenas insuflar a militância desvairada, que ainda acredita nesse batido ramerrão.

A cada minuto nasce um trouxa neste mundo, e os que nascem no Brasil parecem vir com o título eleitoral enfiado no rabo. Pobre país!  

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sábado, 28 de julho de 2018

TOFFOLI REJEITA HC EM FAVOR DE LULA



Muito se especulou sobre a possibilidade de a petralhada se valer do cumpanhêro Dias Toffoli para soltar seu amado líder. O zum-zum-zum começou depois do quase-domingo-negro (refiro-me ao final de semana em que um trio de deputados petistas mancomunados com um desembargador plantonista militante do TRF-4 tentou libertar o criminoso de Garanhuns da cadeia), já que três viagens oficiais de Temer ao exterior estavam previstas para este mês, e certamente provocariam mais uma estúpida “dança das cadeiras” entre os presidentes dos Poderes (volto a essa questão mais adiante).

Com Cármen Lúcia na presidência da Banânia e Toffoli de plantão no Supremo, os defensores do criminoso de Garanhuns teriam uma oportunidade de ouro para tirá-lo da cadeia, diziam os arautos da desgraça. Mas o que aconteceu até agora foi somente um pedido de habeas corpus, protocolado por um advogado em busca dos 15 minutos de fama, que acabou rejeitado pelo vice-presidente da Corte. “O caso não se enquadra na previsão do artigo 13, inciso VIII, do Regimento Interno deste Supremo Tribunal, em especial ante a possibilidade de incidência do entendimento da Corte segundo o qual é inadmissível o habeas corpus que se volta contra decisão monocrática do relator da causa no STJ não submetida ao crivo do colegiado por intermédio do agravo interno, por falta de exaurimento da instância antecedente”, justificou o ministro. A propósito: Temer deve retornar da África ainda neste final de semana.

Voltando à dança das cadeiras, pela terceira vez neste ano, devido a uma interpretação vaga da Constituição, uma viagem do presidente da República ao exterior produz um rodízio entre os presidentes dos Poderes e acarreta custos adicionais e dispensáveis para os escorchados contribuintes. O presidente da Câmara, que atualmente figura em primeiro lugar na linha sucessória, poderia muito bem ter assumido o Planalto, já que sua candidatura à Presidência era apenas uma estratégia para valorizar o “passe” do DEM numa eventual coligação (e com efeito, nesta quinta-feira o partido declarou oficialmente seu apoio à candidatura do tucano Geraldo Alckmin). Já o atual presidente do Senado, que é o próximo na linha sucessória, deverá mesmo disputar a reeleição, o que torna compreensível, mas não justificável, sua preocupação em arrumar uma viagenzinha ao exterior.

Observação: Pela lei, presidente, governador ou prefeito com intenção de concorrer a outro cargo eletivo precisa se desincompatibilizar — ou seja, renunciar ao mandato — até seis meses antes do pleito. Como o Brasil está sem vice-presidente, quem deveria substituir Temer é Rodrigo Maia ou, na falta dele, Eunício Oliveira, mas suas excelências estão mais preocupadas em não ficar sem mandato depois de outubro do que com seus deveres constitucionais. Mas o simples deslocamento da ministra Cármen Lúcia também acaba alterando a rotina do STF. Em sua ausência, o vice-presidente (que atualmente é Dias Toffoli) assume, e na ausência deste, como aconteceu no começo do mês, quando Toffoli estava passando férias na Europa, a Corte fica sob o comando do decano (ministro mais antigo), que atualmente é Celso de Mello. É uma movimentação que não se justifica e deveria ter sido evitada na origem, quando a Constituição foi votada, ou ser revista logo em seguida. Um país com finanças públicas tão críticas não tem por que continuar insistindo em alternativas que implicam mais gastos. 

O problema é que mudar essa bizarrice exige a aprovação de uma emenda constitucional — coisa que está fora de cogitação enquanto durar a intervenção federal na Segurança do Rio de Janeiro. Alguma coisa precisa ser feita, é claro, mas falta vontade política. Como na velha anedota, não se pode consertar a goteira enquanto a chuva não parar, mas não é preciso mais consertá-la quando o tempo abrir, pois aí a pingadeira terá parado.

Com os avanços da tecnologia e das telecomunicações, essa dança das cadeiras deixou de fazer sentido. No EUA, o presidente viaja para qualquer parte sem deixar o cargo. É inadmissível que, por uma preocupação particular de não ficar sem mandato, os presidentes da Câmara e do Senado precisem improvisar viagens ao exterior sempre que o presidente da República se ausenta do país. Os contribuintes não têm por que continuar arcando com mais essa despesa.

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domingo, 10 de junho de 2018

ISTO É BRASIL ― TEM JEITO NÃO



Na última quinta-feira, o STF deu início ao julgamento de duas ações — uma do PT e outra do Conselho Federal da OAB — contra a condução coercitiva de investigados para a realização de interrogatórios. Esse procedimento vinha sendo largamente utilizado em investigações da PF até o final do ano passado, quando o ministro Gilmar Mendes o proibiu através de uma liminar monocrática. Como toda ação produz uma ração, o número de prisões temporárias cresceu 31,75% nos primeiros quatro meses de 2018 (em relação ao mesmo período do ano anterior). 

Voltando à sessão de quinta feira: depois que o ministro-deus proferiu seu interminável voto contra as conduções coercitivas, a sessão foi suspensa — dado o “avançado da hora” e a compromissos que diversos ministros já tinham agendado para aquela noite, o julgamento será retomado na sessão plenária do próximo dia 13. Não foi a primeira vez (e certamente não será a última) que decisões importantes são adiadas devido ao horário e a outros compromissos dos ministros, que, nunca é demais lembrar, são regiamente pagos para exercer suas funções na nossa mais alta Corte. Um exemplo notório foi a inesquecível sessão em que se decidiu que a corte poderia decidir o pedido de habeas corpus preventivo do sevandija de Garanhuns, mas em seguida decidiu não decidir, achando pouco razoável trabalhar um dia até depois da meia-noite, mas completamente aceitável que time da toga aproveite a Páscoa para inventar de um feriadão de quase duas semanas. Isso é Brasil, minha gente!

Voltando a Gilmar Mendes, nunca é demais relembrar as definições (lapidares) de Luis Roberto Barroso, para quem o colega é uma mistura do mal com o atraso e pitadas de psicopatia, ou de J.R. Guzzo, que define o ministro como uma fotografia ambulante do subdesenvolvimento brasileiro, mais um na multidão de altas autoridades que constroem todos os dias o fracasso do país. E não sem razão. Senão vejamos.

O mês de junho começou do mesmo jeito que maio terminou, isto é, com o laxante de toga soltando presos ligados de alguma forma à Lava-Jato. Na última segunda-feira, foram libertados quatro doleiros presos pela PF na operação Câmbio, desligo — desdobramento da Lava-Jato deflagrado em maio, que apura a atuação de doleiros na movimentação de 1,6 bilhão de dólares em 52 países. 
Para embasar a soltura, o superministro argumentou que “os crimes foram praticados sem violência ou grave ameaça, e que a prisão preventiva não pode ser justificada para tentar assegurar a recuperação dos desvios, já que eles poderiam ser movimentados mesmo com os suspeitos presos”.

Desde 15 de maio, o "soltador-geral da República" já libertou 19 investigados que haviam sido presos por determinação do juiz federal Marcelo Bretas ― que é o responsável pela Lava-Jato no Rio de Janeiro e, pasmem, admirador confesso do molusco abjeto (isso é Brasil, minha gente!). A recorrência dos episódios levou o magistrado a encaminhar ofício ao ministro, afirmando que “a corrupção não pode ser vista como um crime menor”.

A soltura de Orlando Diniz, ex-presidente da Fecomércio do Rio, revela duas críticas contumazes à ação de Gilmar Mendes. Uma delas é soltar presos com quem ele mantém alguma relação pessoal ou profissional — Diniz patrocinou o instituto de direito criado pelo ministro. No ano passado, ganhou destaque na mídia o episódio em que, sem o menor constrangimento, o catártico togado mandou evacuar, digo, soltar — e não uma, mas três vezes — o empresário fluminense Jacob Barata, de cuja filha o notável jurista foi padrinho de casamento. Também libertou presos em processos que não necessariamente seriam de sua competência, como Paulo Preto, ex-diretor da Dersa, e não apenas uma, mas duas vezes — eu já ouvi falar de criminoso reincidente, mas juiz reincidente? Isto é Brasil, minha gente! (A rima foi involuntária).

A atuação do ilustre magistrado vem suscitando críticas dentro e fora do STF. Só no ano passado, sua insolência foi alvo de seis pedidos de impeachment ― dois dos quais foram arquivados pelo senador Estrupício Oliveira antes mesmo de terem qualquer tramitação. O último, apresentado no dia 22 de dezembro, foi embasado num abaixo-assinado virtual com 1,7 milhão de apoios e fundamentado na conduta incompatível de Mendes com a honra, a dignidade e o decoro de suas funções. No mês passado, mais um pedido de impedimento entrou para sua coleção, desta feita por iniciativa do renomado jurista Modesto Carvalhosa.

Gilmar Mendes não se abala; antes pelo contrário: segue soltando gente da pior catadura, a exemplo do doleiro Antônio Cláudio Albernaz Cordeiro, libertado no último dia 5, a despeito de ter admitido à PF que funcionava como uma espécie de caixa de dinheiro vivo para propinas da Odebrecht no Rio Grande do Sul (depoimento no inquérito que investiga esquema de propinas envolvendo delatores e o ministro da Casa Civil, Eliseu Quadrilha, conhecido como Bicuíra pelo departamento de propina da empreiteira). A pergunta que não quer calar é: quem será o próximo?

Segundo O SENSACIONALISTA, Mendes é o padroeiro dos encarcerados, o desatador de nós daqueles que anseiam pela liberdade, o protetor dos falsos arrependidos. O ministro destronou todos os santos dos presidiários da Papuda; até as imagens de Jesus foram trocadas por suas fotos de toga, o que combina mais com pessoas religiosas e de bem. Afinal, a grande capa preta cobre mais do corpo que os minúsculos panos do Nazareno. O Pai-Nosso aos poucos também é substituído por orações a Gilmar, embora nem sempre se respeite o português correto. "Venha a nós o vosso habeas corpus, seja feita vossa vontade, assina os pedido e solta os réu".

Para concluir, mais uma patuscada da quadrilha vermelha: nesta sexta-feira, sob o comando da senadora-ré Gleisi Hoffmann, o PT lançou a candidatura do criminoso de Garanhuns ao som de um jingle enjoadinho. A “solenidade” se deu em Minas Gerais, o segundo maior colégio eleitoral do Brasil, onde, segundo as pesquisas de intenções de voto, Dilma e Aécio (!?) são os nomes mais cotados para o Senado (depois os políticos reclamam quando ouvem dizer que o Congresso se tornou um antro de criminosos). 

Ao divulgar a peça, o PT diz: “O povo brasileiro nunca sofreu tanto quanto agora e só há uma pessoa que pode acabar com a tristeza do povo: Luiz Inácio Lula da Silva”. O vídeo termina com fala bastante repetida pelo Exterminador do Plural em seus discursos: “Os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, mais jamais vão conseguir deter a chegada da primavera”. Resta saber se Gleisi já decidiu se a nova sede do governo federal será o Palácio de Pinhais ou o Presídio do Planalto.

Cá entre nós, é uma palhaçada essa nossa “Justiça Eleitoral” ficar cozinhando o galo para exaltar o óbvio. Até porque não se trata de uma questão de alta indagação jurídica, mas de puro bom senso. Afinal, como conceber a possibilidade de um criminoso condenado e encarcerado (e com mais seis ações penais nas contas) concorrer à presidência da República? Só mesmo neste projeto mal-acabado de democracia mambembe ― que o PT só faltou rebatizar de BRASUELA! Vade retro, Satanás!

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terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

EX-MINISTRO DE DILMA ACABOU COM A ESPERANÇA DE LULA PARA 2018



Maurício Lima publicou ontem na sessão RADAR, em Veja: "Coube a Eugênio Aragão, ex-procurador da República e ministro da Justiça nos estertores do governo de Dilma, trazer Lula à realidade. Logo após ser condenado em segunda instância, o petista teve uma conversa franca com Aragão, doutor em Direito pela Universidade alemã Ruhr-Universität Bochum. Na ocasião, o ex-presidente ouviu do amigo e especialista: 'Esqueça candidatura, presidente. Com essa decisão do tribunal, você está inelegível'”.

Diante disso, seria recomendável que Lula abrisse os olhos de Gleisi Hoffmann, Humberto Costa, Lindbergh Farias e outros pitbulls delirantes da sua tropa de choque, que continuam negando um plano PT, embora seja público e notório que o partido considera há tempos os nomes de Jaques Wagner e de Fernando Haddad para ocupar a vaga do molusco nas próximas eleições.

Ex-governador e atualmente no cargo de secretário de Desenvolvimento Econômico da Bahia, Jaques Wagner sempre figurou como o mais cotado, embora desse sinais de que prefere disputar uma vaga no Senado a ir para o sacrifício. Já Fernando Haddad tem feito articulações para que o PT se aproxime de partidos de centro-esquerda, na tentativa de uma aliança (segundo O Estado publicou na semana passada, o movimento foi avalizado por Lula).

Nesta segunda-feira, porém, a PF fez buscas no apartamento de Wagner, como parte da Operação Cartão Vermelho, que apura irregularidades na contratação de serviços de demolição, reconstrução e gestão da Arena Fonte Nova, em Salvador. A obra, segundo laudo da PF, foi superfaturada em valores que, corrigidos, podem chegar a mais de R$ 450 milhões, e grande parte teria sido desviada para o pagamento de propina e o financiamento de campanhas eleitorais.

Em nota, a sempre delirante presidente nacional do PT qualificou as denúncias como “campanha de perseguição contra o Partido dos Trabalhadores e suas principais lideranças”. Vale lembrar que Gleisi é alvo de 10 ações no STF, sendo 7 criminais e 3 indenizatórias, e, segundo Veja publicou na edição impressa da semana passada, acusada em três investigações de receber R$ 23 milhões em propina. Pelo andar da carruagem, o julgamento do processo em que ela e o marido, o ex-ministro Paulo Bernardo, são acusados de corrupção e lavagem de dinheiro deverá ser pautado para julgamento já no mês que vem.

Jaques Wagner foi governador da Bahia por dois mandatos consecutivos (2007-2014) e deputado federal por três mandatos. No governo Lula, ele foi ministro do Trabalho (2003) e das Relações Institucionais (2005/2006), além de ter chefiado o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (2004). No governo da Rainha-Bruxa do Castelo do Inferno, o petralha foi ministro da Defesa (2014) e da Casa Civil (2015) e chefe de gabinete da presidanta (2016), 

A portaria com o projeto de concessão para a realização das obras da Arena Fonte Nova foi publicada no ano de 2009 pelo governo baiano, então chefiado por Wagner. De acordo com a delegada Luciana Matutino Caires, responsável pela operação Cartão Vermelho, ex-governador petralha teria levado R$ 82 milhões em propina. Mas a situação do ex-prefeito de Sampa também não é das mais confortáveis. 

Em junho do ano passado, Haddad foi alvo da Operação Cifra Oculta (outro desdobramento da Lava-Jato). Na ocasião, os investigadores pediram sua condução coercitiva, mas a Justiça negou. O inquérito havia sido aberto em novembro de 2015, após a delação do empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC, e o relatório de indiciamento de Haddad (além de Vaccari e outros investigados) foi enviado à Justiça Eleitoral em janeiro passado, quando ele foi indiciado por falsidade ideológica eleitoral. A pena é de reclusão até cinco anos se o documento é público ou reclusão de até três anos se o documento é particular.

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domingo, 25 de fevereiro de 2018

LULA E A ESQUERDA INCORRIGÍVEL



Mesmo sendo tão inverossímil quanto conversa de camelô paraguaio, o discurso da cúpula petista, segundo o qual "não existe plano B" à candidatura de Lula, parece sensibilizar uma parcela da população ― aquela que que vai morrer acreditando que o petralha foi condenado “sem provas”, que Dilma foi vítima de um “golpe” e que Michel Temer é o culpado pela crise econômica parida pela gerentona de galinheiro. 

Aliás, o presidente cuja legitimidade essa gente questiona ― a despeito de tê-lo conduzido e reconduzido ao Palácio do Jaburuem 2010 e 2014, ao votar na anta vermelha para presidente da Banânia ― pode ser traiçoeiro, dissimulado, corrupto, usurpador e o que for, mas basta comparar os indicadores econômicos atuais com os números dos anos anteriores à sua posse para concluir que a economia, pelo menos, está no rumo certo.

Do palanque, os próceres vermelhos entoam a cantilena do lawfare, mas, nos bastidores, dão como certa a inelegibilidade do demiurgo de Garanhuns, cuja situação se agrava a cada dia que passa. Petralhas notórios, como Gleisi Hoffmann, Humberto Costa e Lindbergh Farias (apenas para citar os mais radicais) gritam em público que não existe democracia no Brasil, mas se escondem no Congresso Nacional para desfrutar das “imunidades parlamentares”; falam em exterminar os adversários, mas se alinham com Aécio Neves para receber em troca o apoio de sua quadrilha; dizem que a Justiça se vendeu para permitir a fabricação de provas contra Lula, mas continuam entupindo os tribunais com recursos, ameaças e advogados caros. 

E põe caro nisso: a equipe que defende Lula, composta por especialistas em absolvição de criminosos, cobra em dólares por hora. De acordo com as apurações da Operação Jabuti ― que investiga o desvio de recursos da Fecomércio-RJ ―, só o escritório dirigido por Roberto Teixeira, compadre e advogado do ex-presidente, recebeu repasses de honorários que chegam a R$ 68 milhões.

Observação: Numa das alas da Penitenciária Feminina Sant’Ana ― o maior presídio de mulheres da América Latina ―, lê-se numa na parede, em caligrafia torta e gramática sofrível, a seguinte epigrama: “quem fala a verdade não precisa de advogado, quem fala meia verdade precisa de um, quem mente inteiro é bom ter dois”.

A pergunta que não quer calar é: se a saúde financeira do Instituto Lula foi devastada pela retração dos fregueses da Lava-Jato, se o Bill Clinton de galinheiro não recebe convites para palestras desde junho de 2015, se as mediações bilionárias do camelô de empreiteiras foram suspensas, de onde vem o dinheiro para bancar a gastança com rabulices? Responda quem souber.  

Mudando de pato para ganso, salta aos olhos que a militância atávica e incorrigível não veria provas contra Lula nem que elas lhe mordessem a bunda. Para essa caterva, se não existe escritura do tríplex do Guarujá registrada no nome de Lula, o apartamento não é dele, ponto final ― como se ocultação de patrimônio não fosse crime (aliás, vale a pena ler a sentença condenatória proferida pelo juiz Sérgio Moro em 12 de julho do ano passado).

O PT e seus satélites questionam a competência da 13ª Vara Federal de Curitiba e a imparcialidade de Moro e lotam as redes sociais com a argumentação requentada, usada pela defesa na instrução processual ― e até mesmo no julgamento do recurso ―, de que o processo deve ser anulado ou Lula, absolvido. Parecem ignorar ou não levar em conta que isso é matéria vencida, até porque essa balela foi sido rejeitada sistematicamente pelo juiz de Curitiba e pelos desembargadores de Porto Alegre. Resta saber o dirão os desvairados seguidores da Seita do Inferno quando a prisão de Lula for decretada, já que a ideia do PT é levar a candidatura de seu amado líder “até as últimas consequências” ― como se Lula, por ser quem é (ou quem foi), estivesse acima do bem e do mal e fora do alcance da Lei da Ficha-Limpa e do Código Penal.

A condenação do molusco no processo que trata do tríplex no Guarujá foi ratificada há exato um mês pelo TRF-4 ― e a pena aplicada por Moro, de 9 anos e meio de xadrez, aumentada pelos desembargadores para 12 anos e 1 mês. Tão logo se esgotarem os recursos (protelatórios) no âmbito daquela Corte, a prisão do eneadáctilo será decretada, o que não o impedirá de recorrer ao STJ e ao STF nem de tentar obter um habeas corpus, naturalmente, até porque o cumprimento provisório da pena após condenação na segunda instância está longe de ser um entendimento pacífico entre os ministros do Supremo, mas isso já é outra conversa.  

Lula é réu em 7 processos, e somente um deles foi julgado até agora. Pelo andar da carruagem, o juiz Moro deve decidir no mês que vem a ação que envolve a cobertura vizinha à do petista no edifício Hill House (no valor de R$ 504 mil) e o terreno comprado pela Odebrecht para sediar o Instituto Lula  (R$ 12,5 milhões). Dias atrás, Marcello Odebrecht forneceu cópias dos emails que comprovam a compra do tal terreno pelo “departamento de propina da empreiteira”, e os procuradores da Lava-Jato pediram o reconhecimento da falsidade ideológica dos recibos de aluguel referentes à cobertura vizinha à residência do petralha (que foram assinados pelo “laranja” Glauco da Costamarques, primo de José Carlos Bumlai e ex-consiglieri da Famiglia Lula da Silva).

Na última sexta-feira, a PF entregou ao juiz Moro o laudo da perícia realizada nos sistemas Drousys e MyWebDay, usados pelo Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht (nome oficial do departamento de propina da empresa). Foram analisados quase 1.912.667 milhões de arquivos, dos quais 842 foram identificados pelos peritos como adulterados e outros dois (uma foto e um arquivo PDF), apagados do sistema logo após a prisão de Marcelo Odebrecht, em junho de 2015. O laudo de 321 páginas foi assinado por seis peritos criminais da PF (leia aqui e aqui a íntegra do documento). Moro deu prazo de quinze dias para que os assistentes técnicos se manifestem sobre a perícia.

O terceiro processo envolve a reforma do famoso sítio Santa Barbara, em Atibaia (interior de São Paulo), e deve ser julgado antes das eleições. Para não encompridar ainda mais esta postagem, volto ao assunto na próxima. Até lá.

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