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terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

AINDA SOBRE BATERIAS, REDE ELÉTRICA E QUE TAIS — CHUVAS DE VERÃO

BASTA PRESTAR ATENÇÃO AO QUE AS PESSOAS FAZEM PARA NÃO SER ENGANDO PELO QUE ELAS DIZEM.

Vimos na postagem anterior que o terceiro pino dos plugues de três pontos, quando conectado a uma tomada aterrada, ajuda a prevenir danos causados por “fugas de corrente” e distúrbios da rede elétrica comuns durante temporais com raios. Em tese, quanto mais circuitos eletrônicos um aparelho tiver, maior será o risco de ele ser danificado, daí a importância de desconectar os cabos de alimentação das tomadas (puxando-os sempre pelos plugues) ou desligar a chave geral da caixa de força.  

Tempestades de verão costumam vir acompanhadas de descargas elétricas e ventos fortes. Além de alagamentos, quedas de árvore sobre os fios da rede elétrica e outros aborrecimentos, eles podem causar interrupções no fornecimento de energia e sobretensões com potencial para torrar (literalmente) a fiação dos imóveis e os aparelhos a ela conectados. Como os filtros de linha não filtram coisa nenhuma e  os estabilizadores de boa qualidade não garantem proteção satisfatória contra picos de tensão, eu recomendo o uso de um bom nobreak UPS

As fontes de alimentação dos PC são "bivolt", ou seja, capazes de operar entre 90 V e 240 V e, consequentemente, de suportar sobretensões de até 100% e subtensões de mais de 20% (quando ligadas a uma tomada de 127 V, evidentemente). Assim, a única vantagem do filtro de linha é facilitar a substituição do fusível (ou do próprio filtro), já que substituir os varistores internos da fonte dá bem mais trabalho.

Também chamados de relâmpagos ou coriscos, os raios resultam da perda de capacidade do ar de isolar cargas elétricas opostas que se acumulam no interior de nuvens como cumulonimbus. Uma única descarga pode atingir 1 bilhão de volts, 200 mil ampères e temperatura cinco vezes superior à da superfície do Sol. Já os trovões são fenômenos acústicos resultantes do aquecimento do ar pela corrente elétrica do raio, e podem chegar a 120 decibéis (o som mais alto que pode ser produzido não vai além de 194dB).

Costumamos dizer que os raios “caem”, mas eles também podem “subir” do solo em direção à nuvem, ocorrer dentro da nuvem ou passar de uma nuvem para outra. A quantidade de energia produzida por uma tempestade elétrica chega a superar a de uma bomba atômica — a diferença é que a bomba libera tudo de uma só vez, ao passo que a tempestade leva de muitos minutos a algumas horas.

Ao atingir a rede elétrica (direta ou indiretamente), o raio provoca sobretensões — elevações da tensão máxima permitida pela rede em 10% ou mais, por tempo igual ou superior a três ciclos (embora durem milésimos de segundo, elas podem facilmente elevar a tensão a 500V). Para proteger a instalação elétrica dos imóveis e os aparelhos a ela conectados, os quadros de força dispõem de fusíveis (que, como o nome sugere, se fundem) ou disjuntores (que se desarmam). Mas é recomendável desligar a chave geral em caso de tempestades severas, pois o desconforto temporário será menos impactante do que os aborrecimentos que a borrasca pode causar.

Na eventualidade de um apagão, o nobreak fornece energia por tempo suficiente para o usuário salvar seu trabalho, encerrar o Windows e desligar o computador — note que o religamento só deve ser feito depois que o fornecimento de energia for restabelecido e estabilizado

Apagões intermitentes, nos quais "a luz acaba, volta e torna a acabar sucessivas vezes", potencializam o risco de danos. Aliás, é justamente quando a energia retorna que ocorrem as quedas de fase (situação em que as lâmpadas acendem, mas ficam fraquinhas) e as sobretensões.

Continua...

quinta-feira, 21 de outubro de 2021

AINDA SOBRE COMO PROTEGER ELETROELETRÔNICOS DE DISTÚRBIOS DA REDE ELÉTRICA

QUANDO DISSE "SÓ SEI QUE NADA SEI", SÓCRATES NÃO ESTAVA AFIRMANDO UMA CERTEZA, MAS SIM TRANSPARECENDO TODAS AS SUAS DÚVIDAS.

Tempestades de verão — assim chamadas por serem frequentes na estação mais quente do ano — causam alagamentos, prejudicam o trânsito e, quando acompanhadas de raios e rajadas de vento, produzem distúrbios na rede elétrica, seja porque os raios a atingem diretamente, seja porque o vento derruba árvores sobre o respectivo cabeamento.

Raios (ou relâmpagos, ou coriscos) não decorrem da “colisão” entre nuvens, mas de perda da capacidade do ar de isolar as cargas elétricas opostas que se acumulam no interior dos cúmulos nimbos (que são formados por gotículas de água, granizo e partículas de gelo e podem ter mais de 20 km de altura e outros tantos de extensão). As descargas ocorrem tanto dentro das nuvens quanto de uma para outra ou delas para o solo e vice-versa, sendo as descendentes as mais comuns, embora as maiores são as que passam de uma nuvem para outra (elas podem chegar a dezenas de quilômetros de extensão).

O raio é formado por várias descargas com voltagem de 100.000.000 V a 1.000.000.000 V, amperagem de 20.000 A a 200.000 A e temperatura cinco vezes maior que a da superfície do Sol. Já o trovão decorre do aquecimento do ar pela corrente elétrica produzida pelo raio, e seu ribombar pode alcançar 120 decibéis.

ObservaçãoA quantidade de energia descarregada por uma tempestade chega a ser superior à de uma bomba atômica; a diferença é que a bomba libera tudo de uma só vez, ao passo que a tempestade o faz durante um período que pode ir de vários minutos a algumas horas.

Quando atingem a rede elétrica (direta ou indiretamente), os raios provocam aumentos de tensão com potencial para torrar (literalmente) a instalação dos imóveis e danificar eletrodomésticos e eletroeletrônicos no raio (sem trocadilho) de muitos quarteirões. Daí a importância do aterramento e do uso da tomada de três pontos — que se tornaram obrigatórias no Brasil, mas, curiosamente, num formato incompatível com qualquer dos modelos utilizados mundo afora.

Chamamos subtensão transitória a uma redução inferior a 10% da tensão nominal da rede e com duração igual ou inferior a 4 ciclos. Ela pode ocorrer tanto por culpa da concessionária de energia quanto por problemas na instalação elétrica do imóvel. Lâmpadas que “enfraquecem” no momento em que o compressor da geladeira entra em funcionamento, por exemplo, denunciam falta de aterramento ou fiação de bitola inadequada à demanda energética. Já as subtensões não transitórias (superiores a quatro ciclos e com duração de alguns minutos a muitas horas) costumam ter as mesmas causas e apresentar os mesmas — se você notar um enfraquecimento "persistente" das lâmpadas (sobretudo em horários de pico), consulte um eletricista; caso ele não identifique problemas na fiação do imóvel, acione a concessionária de energia.

Entende-se por sobretensão a elevação em 10% ou mais, por tempo igual ou superior a três ciclos, da tensão máxima permitida pela rede. Ao contrário do que ocorre nas subtensões, neste caso a luminescência das lâmpadas aumenta de intensidade. Se a instalação e o quadro de força estiverem dentro dos padrões, o problema deve ser externo, e cabe à concessionária de energia solucioná-lo. Mas não deixe de checar periodicamente o estado dos fusíveis (ou dos disjuntores, conforme o caso) e verificar a fixação dos cabos de energia no quadro de força (o afrouxamento dos parafusos é um problema bastante comum). Quanto a sobretensões que ocorrem durante tempestades elétricas, não há muito a fazer senão desligar a chave-geral ou desconectar das tomadas os aparelhos mais sensíveis.

Um aterramento comme il faut deve ser procedido durante a construção do imóvel, mediante a introdução de um conjunto de hastes metálicas no solo e ligação das ditas-cujas ao polo terra das tomadas (aquele que recebe o terceiro pino). Instalações elétricas antigos nem sempre são aterradas, e ligar o polo terra da tomada de três pontos a um cano metálico da rede hidráulica ou ao próprio neutro da rede elétrica — que é aterrado na estação geradora de energia — é gambiarra e, portanto, esse procedimento não é recomendável.

Disjuntores fusíveis desarmam ou se fundem por efeito de uma sobretensão para proteger a fiação do imóvel e os aparelhos a ela conectados. Computadores, modems, roteadores, decodificadores de TV por assinatura, secretárias eletrônicas e telefones sem fio são mais "sensíveis" do que lavadoras de roupa, refrigeradores e que tais. Em tese, quanto mais circuitos eletrônicos o aparelho tiver, maior será o risco de danos, daí ser importante desligar a chave-geral da caixa de força ou desconectar os cabos de força das tomadas (puxando-os pelos plugues, nunca pelos cabos).

Se a tempestade provocar um apagão, só religue os aparelhos quando a energia for restabelecida e estabilizada. Apagões intermitentes, nos quais a luz acaba, volta e torna a acabar sucessivas vezes, potencializam o risco de danos, pois é justamente quando a energia retorna que ocorrem quedas de fase (situação em que as lâmpadas acendem, mas ficam fraquinhas) e sobretensões (estas são mais frequentes e duram alguns milésimos de segundo, mas podem atingir facilmente a marca dos 500V).

Como nem sempre estamos em casa durante o temporal, é importante dispormos de um estabilizador de tensão ou, melhor ainda, de um nobreak. Convém evitar os Filtros de linha, que custam mais barato, mas não filtram coisa nenhuma, pois não passam de extensões providas de um led ou fusível que funciona como varistor e interrompe a passagem de energia quando a sobrecarga já atingiu os aparelhos que o tal "filtro" deveria proteger. Convém também evitar sempre que possível ligar dois ou mais aparelhos na mesma tomada.

As fontes de alimentação dos PC são do tipo "bivolt", ou seja, são capazes de operar entre 90 V e 240 V e, consequentemente, de suportar sobretensões de até 100% e subtensões de mais de 20% (quando ligadas a uma tomada de 127 V, evidentemente). Assim, a única vantagem do filtro de linha é facilitar a substituição do fusível (ou do próprio filtro), pois a troca dos varistores internos da fonte costuma dar mais trabalho.

Continua...

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

DE VOLTA AOS NO-BREAKS — SEGUNDA PARTE


O TEMPO É UMA FACE NA ÁGUA.

A energia elétrica, como quase tudo mais no Brasil, não prima pela boa qualidade. Em São Paulo — a maior e mais rica cidade do país — a AES Eletropaulo (que agora atende por ENEL) ficou entre as piores concessionárias de energia em 2015, segundo ranking elaborado pela agência reguladora ANEEL. Daí ser fundamental protegermos nossos eletroeletrônicos dos distúrbios da rede elétrica.

A energia que alimenta nossas casas é de tensão alternada, ou seja, a corrente alterna entre valores positivos e negativos — por exemplo, entre 110 volts e -110 volts. A quantidade de vezes que isso acontece a cada segundo determina a frequência da rede, que no Brasil é de 60 Hz (60 alternâncias por segundo). Subtensões ocorrem quando a rede não é capaz de fornecer a tensão nominal, causando uma queda súbita, e sobretensões (ou picos de tensão), quando a tensão fornecida é superior à esperada. Ambas são prejudiciais, mas basta dispor de um estabilizador de tensão de boa qualidade para evitar maiores aborrecimentos. Vejamos isso melhor.

Como eu já disse, filtros de linha são “réguas” providas de fusíveis que se queimam durante um pico de energia, impedindo que o aumento da tensão danifique os dispositivos a eles conectados. Só que essa queima nem sempre se dá com a rapidez necessária, razão pela qual o dispositivo acaba servindo apenas para multiplicar o número de aparelhos ligados à mesma tomada, coisa que um simples também faz, e por um custo menor.

Resta-nos recorrer a estabilizador de tensão ou, melhor ainda, a um no-break. Tanto um quanto o outro filtram a energia elétrica, prevenindo danos decorrentes de distúrbios como sobretensões, subtensões, transientes e assemelhados, mas só o no-break mantém os aparelhos funcionando quando falta energia na tomada (como no caso de um apagão da rede da concessionária).

Conforme eu adiantei no post anterior, no-breaks offline (ou standby) são mais baratos, mas sua proteção deixa a desejar, pois eles apenas filtram a energia e a entregam diretamente ao equipamento protegido. Quando falta força, suas baterias entram ação, naturalmente, mas o circuito responsável pelo chaveamento demora alguns milissegundos para fazer a troca, de modo que não se deve usar esse tipo de no-break para proteger servidores, equipamentos hospitalares e outros que exerçam funções críticas. Os no-breaks online, por sua vez, alimentam os aparelhos diretamente pela bateria, isolando-os da rede elétrica e livrando-os dos efeitos danosos de variações e surtos que possam ocorrer.

Observação: Uma versão intermediária, conhecida como “interativa”, regula a tensão da rede antes de repassá-la aos equipamentos protegidos ou alimentar as baterias do próprio dispositivo. Nesse caso, o inversor fica permanentemente ligado e um circuito de monitoramento se encarrega de verificar a tensão e usar a energia do inversor em caso de queda.

Para uso doméstico, um no-break offline é melhor do que um estabilizador de tensão, que é muito melhor do que um filtro de linha. Mas investindo um pouquinho mais você leva para casa um modelo online ou, no mínimo, um offline interativo. Só tenha em mente que a escolha do modelo adequado às suas necessidades vai muito além disso, como veremos no post de amanhã. Até lá.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

DE VOLTA ÀS TEMPESTADES DE VERÃO - CONTINUAÇÃO


SER MAIS ESPERTO QUE O INIMIGO NÃO TORNA O INIMIGO MENOS PERIGOSO.

Como vimos no post anterior, o melhor a fazer quando uma tempestade elétrica se avizinha é desligar a chave geral do quadro de força (ou, no mínimo, desplugar das tomadas os aparelhos mais sensíveis). Mas nem sempre estamos em casa e, quando estamos, nem sempre tomamos essa providência a tempo, daí ser importante dispor de um no-break ou de um estabilizador de tensão de boa qualidade, que oferecem proteção responsável contra os famigerados distúrbios da rede elétrica (os também famigerados filtro de linha custam mais barato e podem ser encontrados em qualquer casa de ferragem ou hipermercado, mas não filtram coisa nenhuma e, portanto, são uma péssima péssima escolha, como veremos melhor mais adiante).

Chamamos subtensão transitória a uma queda de tensão inferior a 10% da tensão nominal da rede e com duração igual ou inferior a 4 ciclos. Esse fenômeno pode ocorrer tanto por culpa da concessionária de energia quanto da instalação elétrica do imóvel. Lâmpadas que “enfraquecem” momentaneamente sempre que o compressor da geladeira entra em funcionamento ou quando um dispositivo elétrico é ligado em cômodo da casa, por exemplo, denunciam falta de aterramento ou fiação de bitola inadequada à demanda de energia (detalhe: ferro de passar roupas, secador de cabelos e outros utensílios vorazes não servem de parâmetro para essa avaliação).

As subtensões não transitórias (superiores a quatro ciclos e com duração de alguns minutos a muitas horas) têm basicamente as mesmas causas e sintomas das transitórias; se você notar um enfraquecimento "persistente" das lâmpadas (sobretudo em horários de pico), chame um eletricista, e caso ele não identifique problemas na fiação do imóvel, acione a concessionária de energia elétrica.

sobretensão, por sua vez, consiste na elevação (em 10% ou mais), por tempo igual ou superior a três ciclos, da tensão máxima permitida pela rede. Situação oposta às anteriores, nesta o brilho das lâmpadas aumentam de intensidade. Se a instalação estiver dentro dos padrões, especialmente o quadro de força, o problema deve ser externo e compete à concessionária de energia solucioná-lo. Mas convém checar periodicamente o estado dos fusíveis (ou disjuntores) e verificar a fixação dos cabos de energia no quadro (o afrouxamento dos parafusos é um problema comum).

Observação: Quanto às sobretensões que costumam ocorrer durante temporais com relâmpagos, vimos no post anterior que não há muito a fazer além de desligar da tomada os equipamentos mais sensíveis. Cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém.

Voltando aos filtros de linha, eles devem ser evitados por várias razões, a começar por não filtrarem coisa alguma. Apesar do nome, eles não passam de simples extensões (também conhecidas como "réguas"), mas é bom ter em mente que ligar dois ou mais aparelhos na mesma tomada da parede, dependendo de quanta energia cada um deles consome, é uma prática nada recomendável. A diferença entre esses "filtros" e as tais réguas está num pequeno fusível (ou um LED, conforme o modelo) que se rompe (ou funde) por efeito de um pico de energia, interrompendo a passagem da corrente elétrica. O problema é que essa interrupção nem sempre acontece com rapidez suficiente para impedir que a sobretensão alcance os aparelhos que o tal filtro deveria proteger, e aí está feita a caca.

Vale lembrar que as fontes de alimentação dos PCs operam entre 90 V e 240 V e suportam sobretensões de até 100% e subtensões de mais de 20% (quando ligadas a uma tomada de 110 V~127 V, evidentemente). Assim, a única vantagem do filtro de linha é facilitar a substituição do fusível (ou o próprio filtro), que nos varistores internos da fonte de alimentação do computador é uma tarefa mais complicada.

Continuamos na próxima postagem.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

TEMPESTADES DE VERÃO E OS PERIGOS QUE ELAS PODEM ACARRETAR — CONTINUAÇÃO


O SOL QUE DESPONTA TEM QUE ANOITECER.

Como vimos no post anterior, o melhor a fazer quando uma tempestade elétrica se avizinha é desligar a chave geral do quadro de força (ou, no mínimo, desplugar das tomadas os aparelhos mais sensíveis). Mas nem sempre estamos em casa, e, quando estamos, nem sempre tomamos essas providências a tempo, daí ser importante dispor de um nobreak ou de um estabilizador de tensão de boa qualidade, que oferecem proteção responsável contra os famigerados distúrbios da rede elétrica (os também famigerados filtro de linha custam mais barato e podem ser encontrados em qualquer casa de ferragem ou hipermercado, mas não filtram coisa alguma e, portanto, são uma péssima péssima escolha, como veremos melhor mais adiante).

Chamamos subtensão transitória a uma queda de tensão inferior a 10% da tensão nominal da rede e com duração igual ou inferior a 4 ciclos. Esse fenômeno pode ocorrer tanto por culpa da concessionária de energia quanto da instalação elétrica do imóvel. Lâmpadas que “enfraquecem” momentaneamente sempre o compressor da geladeira entra em funcionamento ou quando um dispositivo elétrico é ligado em cômodo da casa, por exemplo, denunciam falta de aterramento ou fiação de bitola inadequada à demanda de energia (detalhe: ferro de passar roupas, secador de cabelos e outros utensílios vorazes não servem de parâmetro para essa avaliação).

As subtensões não transitórias (superiores a quatro ciclos e com duração de alguns minutos a muitas horas) têm basicamente as mesmas causas e sintomas das transitórias; se você notar um enfraquecimento "persistente" das lâmpadas (sobretudo em horários de pico), chame um eletricista, e caso ele não identifique problemas na fiação do imóvel, acione a concessionária de energia elétrica.

sobretensão, por sua vez, consiste na elevação (em 10% ou mais), por tempo igual ou superior a três ciclos, da tensão máxima permitida pela rede. Situação oposta às anteriores, nesta o brilho das lâmpadas aumentam de intensidade. Se a instalação estiver dentro dos padrões, especialmente o quadro de força, o problema deve ser externo e compete à concessionária de energia solucioná-lo. Mas convém checar periodicamente o estado dos fusíveis (ou disjuntores) e verificar a fixação dos cabos de energia no quadro (o afrouxamento dos parafusos é um problema comum).

Observação: Quanto às sobretensões que costumam ocorrer durante temporais com relâmpagos, vimos no post anterior que não há muito a fazer além de desligar da tomada os equipamentos mais sensíveis. Cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém.

Voltando aos filtros de linha, eles devem ser evitados por várias razões, a começar por não filtrarem coisa alguma. Apesar do nome, eles não passam de simples extensões (também conhecidas como "réguas"), mas é bom ter em mente que ligar dois ou mais aparelhos na mesma tomada da parede, dependendo de quanta energia cada um deles consome, é uma prática nada recomendável. A diferença entre esses "filtros" e as tais réguas está num pequeno fusível (ou um LED, conforme o modelo) que se rompe (ou funde) por efeito de um pico de energia, interrompendo a passagem da corrente elétrica. O problema é que essa interrupção nem sempre acontece com rapidez suficiente para impedir que a sobretensão alcance os aparelhos que o tal filtro deveria proteger, e aí está feita a caca.

Vale lembrar que as fontes de alimentação dos PCs operam entre 90 V e 240 V e suportam sobretensões de até 100% e subtensões de mais de 20% (quando ligadas a uma tomada de 110 V~127 V, evidentemente). Assim, a única vantagem do filtro de linha é facilitar a substituição do fusível (ou o próprio filtro), que nos varistores internos da fonte de alimentação do computador é uma tarefa mais complicada.

Continuamos na próxima postagem.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

TEMPESTADES DE VERÃO E OS PERIGOS QUE ELAS ACARRETAM

CONSELHO DE LULA AO MÉDIUM JOÃO DE DEUS: “FALA QUE O PINTO NÃO É SEU”.

Tempestades de verão — assim chamadas por serem frequentas na estação mais quente do ano — causam alagamentos, prejudicando ainda mais trânsito já caótico das grandes metrópoles, e quando vêm precedidas ou acompanhadas de raios e rajadas de vento, propiciam a ocorrência de distúrbios na rede elétrica, seja porque os raios a atingem diretamente, seja porque o vendaval derruba árvores sobre o respectivo cabeamento.

Dentre as poucas coisas em que o Brasil se destaca mundialmente — além da corrupção — está a quantidade absurda de descargas elétricas. A propósito: raios (ou relâmpagos, ou coriscos) não são produzidos pela “colisão” entre nuvens, e sim pela perda da capacidade do ar de isolar as cargas elétricas opostas que se acumulam no interior delas, sobretudo nos cúmulos nimbos — nuvens formadas por gotículas de água, granizo e partículas de gelo, que alcançam facilmente 20 km de altura e outros tantos de extensão.

As descargas podem ocorrer dentro das nuvens, de uma para outra ou delas para o ar, sendo as descendentes (da nuvem para o solo) as mais comuns, embora as maiores sejam as que passam de uma nuvem para outra e podem chegar a dezenas de quilômetros de extensão. O raio é formado por várias descargas com voltagem de 100.000.000 V a 1.000.000.000 V, amperagem de 20.000 A a 200.000 A e temperatura cinco vezes maior do que a da superfície do Sol. Já o trovão é causado pelo aquecimento do ar, em decorrência da corrente elétrica do raio, e seu ribombar pode alcançar 120 decibéis.

Observação: A quantidade de energia descarregada por uma tempestade pode ser superior a de uma bomba atômica; a diferença é que a bomba libera tudo numa fração de segundo, ao passo que a tempestade o faz durante um período que pode ir de vários minutos a algumas horas.

Quando atingem a rede elétrica (direta ou indiretamente), os raios produzem aumentos de tensão capazes de torrar (literalmente) a instalação dos imóveis e danificar eletrodomésticos e eletroeletrônicos no raio (sem trocadilho) de muitos quarteirões. Daí a importância do aterramento e do uso da tomada de três pontos — que se tornaram obrigatórias no Brasil, mas, curiosamente, num formato incompatível com qualquer dos modelos utilizados mundo afora.

Um aterramento como manda o figurino é feito durante a construção do imóvel, a partir de um conjunto de hastes metálicas introduzidas no solo e ligadas ao polo terra das tomadas (aquele que recebe o terceiro pino). A instalação elétrica de imóveis mais antigos nem sempre é aterrada, e há quem sugira ligar o polo terra da tomada de três pontos a um cano metálico da rede hidráulica — ou ao próprio neutro da rede elétrica, que é aterrado na estação geradora de energia —, mas é bom ter em mente que isso não passa de gambiarra.

Disjuntores e fusíveis desarmam ou se fundem em decorrência de sobretensões na rede, protegendo a fiação do imóvel e os aparelhos elétricos e eletroeletrônicos. Todavia, computadores, modens, roteadores de Internet, decodificadores de TV por assinatura e telefones sem fio são mais "sensíveis" do que lavadoras, refrigeradores e eletrodomésticos afins — via de regra, quanto mais circuitos eletrônicos o aparelho tiver, maior será o risco de ele ser danificado —; portanto, ao primeiro sinal de temporal, desconecte tudo da tomada ou deligue a chave-geral da caixa de força.

No caso de faltar energia, religue os aparelhos depois que o fornecimento for restabelecido e estabilizado. Apagões intermitentes (aqueles em que a luz acaba, volta e torna a acabar sucessivas vezes) potencializam os riscos de danos, pois é no instante em que a energia retorna que ocorrem as famigeradas quedas de fase (situação em que as lâmpadas acendem, mas ficam fraquinhas) e eventuais sobretensões — estas últimas são mais frequentes e duram alguns milésimos de segundo, mas chegam facilmente a 500V.

Amanhã a gente continua.

sexta-feira, 22 de setembro de 2006

Onde ligar o computador

Na tomada, evidentemente, mas não diretamente a ela. Pelas razões expostas nas postagens anteriores, é imperativo utilizar algum dispositivo de proteção. Ainda assim, a eficácia desses dispositivos (filtros de linha, estabilizadores de tensão e no-breaks) é relativa e depende de uma série de fatores - na prática, o computador só estará 100% seguro quando desligado da tomada e com o cabo do modem desconectado da linha telefônica.

A proteção oferecida pelo filtro de linha é inexpressiva. Ele é um simples varistor que, em tese, protege o computador das sobretensões (um fusível ou led é estrategicamente posicionado de modo a se fundir, interrompendo a passagem da corrente). Entretanto, a fonte de alimentação do PC geralmente opera entre 90 e 240VCA, admitindo sobretensões de até 100%, e subtensões de mais de 20% – quando ligada a tomadas de 110/127VCA, evidentemente. Ainda assim, sempre é mais fácil substituir o fusível do filtro – ou o próprio filtro – do que os varistores internos da fonte.

Já o estabilizador costuma ser mais eficaz, porque pode "compensar" as variações de tensão (para mais ou para menos). Mas se ocorrer um pico de energia muito rápido ou de grande amplitude, talvez não haja tempo hábil para que a queima do fusível impeça a passagem da corrente, e você já pode imaginar o resultado... Claro que se a força força for cortada abruptamente, não haverá tempo para nada. Aí, o jeito é desligar o cabo da tomada e rezar para que tudo volte a ser como antes, quando o fornecimento for restabelecido. No mínimo, você perderá os trabalhos que estavam em andamento no momento do apagão (no todo ou em parte), mas há caos em que o computador não é capaz reiniciar ou mesmo situações em que componentes de hardware ficam permanentemente danificados - especialmente se você não toma o cuidado desligar o power e desconectar o cabo de força da tomada (recomendável).

O no-break conta com a vantagem adicional de alimentar o computador durante um apagão inesperado, de maneira que o usuário pode concluir seus trabalhos, fechar os programas e desligar o PC da maneira adequada. O no-break on-line – também conhecido como UPS ou Uninterruptible Power Suply – é o tipo mais indicado, porque sua estrutura básica é composta por um retificador, um inversor e um banco de baterias. O bloco retificador “corrige” a rede elétrica e carrega as baterias (a tensão, uma vez retificada, alimenta o bloco inversor cuja função é alternar a tensão novamente para a carga). Quando há energia elétrica na tomada, o banco é mantido sob carga lenta e o computador é alimentado via inversor; quando não há energia, o banco de baterias alimenta a carga também via inversor. Como a tensão é retificada e filtrada logo na entrada, e a alimentação é provida através do circuito inversor, o dispositivo consegue eliminar a maioria dos distúrbios – as baterias, na verdade, funcionam como um grande capacitor. O no-break off-line é mais barato, mas menos eficiente, porque só provê proteção responsável quando não há energia elétrica na tomada (situação em que o computador é alimentado diretamente pelas baterias).

Existem diversas opções de filtros, estabilizadores e no-breaks no mercado. O preço varia, mas convém fugir sempre dos modelos muito baratos (com preços muito abaixo da média). Se mesmo os mais caros, de fabricantes renomados, nem sempre oferecem na prática a eficiência alardeada nos prospectos e na documentação que os acompanha, não se deve esperar muita coisa de produtos desconhecidos e de origem duvidosa. Atenção: o fato de você usar um esses dispositivos de proteção não o desobriga de providenciar uma tomada de três pontos devidamente aterrada (até porque, no mais das vezes, o cabo de força do filtro é igual ao do computador, com aquele terceiro pino que tem horror a alicates de corte).

quarta-feira, 20 de outubro de 2021

DICAS PARA ECONOMIZAR ENERGIA E PROTEGER DISPOSITIVOS ELETROELETRÔNICOS

UM PILOTO SUPERIOR UTILIZA SEU JULGAMENTO SUPERIOR PARA EVITAR SITUAÇÕES QUE REQUEIRAM O USO DE SUA HABILIDADE SUPERIOR.

O ministro das causas perdidas e dos tempos estranhos trocou a suprema toga pelo supremo pijama em julho, mas sua poltrona no STF continua vaga. Davi Alcolumbre, presidente da CCJ do Senado, pretende empurrar com a barriga, até 2023, a sabatina do ex-ministro da Justiça e ex-AGU André Mendonça, indicado por Bolsonaro para o lugar de Marco Aurélio Mello.

"Tempos estranhos", costumava dizer o primo de Collor em suas longas perorações, numa evidente paráfrase ao filósofo grego Platão. Com efeito. Graças a gente como ele (falo de Mello, não de Platão), o criminoso de Garanhuns passou de presidiário de Curitiba a ex-corrupto e pré-candidato a presidente do Brasil das Maravilhas.

No Executivo, se uma moeda fosse cunhada para homenagear o atual presidente, ela teria o valor facial de R$ 3 e exibiria a efígie da Rainha de Copas de um lado e a do Chapeleiro Maluco do outro. No Congresso, a maioria dos 594 parlamentares produz leis como os açougueiros de Bismarck produziam salsichas, o que torna essa caterva tão inútil e ímproba quanto nossa hipotética moeda. 

Fosse o Brasil um país sério e o König der Scheiße que ainda despacha no Planalto já teria sido defenestrado (e internado ou preso). Como o país não passa de uma banânia, o Napoleão de Hospício segue na Presidência, promovendo motociatas e fazendo pouco caso do povo e levando ao delírio a récua de muares que batem os cascos para tudo que ele fala, afirmando que suas opções são a reeleição, a morte ou a prisão (noves fora a primeira, qualquer uma das outras estaria de bom tamanho) e que nada está tão ruim que não possa piorar.

Na última sexta-feira, o capetão disse a apoiadores que o Brasil é um dos países cuja economia menos sofreu efeitos da pandemia. Na Europa, disse ele, há inflação e falta de alimentos. Esquece-se sua alteza que seus governados disputam ossos como cães vira-latas, queimam-se ao usar espiriteiras improvisadas e os que dependem do carro para trabalhar se veem obrigados a escolher entre encher o tanque ou levar comida para casa.

O país das maravilhas descrito por Bolsonaro não encontra fundamentos na realidade. Desmente-o, por exemplo, a inflação galopante, que chegou a 10,16% em setembro — conforme informou o IBGE horas antes das afirmações feitas no cercadinho do Alvorada — e a alta dos preços, que é recorde no Brasil desde 1994. A fome também voltou a ser parte da vida de 19 milhões de pessoas no país sob Bolsonaro, segundo relatório da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional.

Aos apoiadores, o presidente diz que a situação é reflexo do lockdown, relativizando sua responsabilidade na crise que o país vivencia. Nosso país está em franca recuperação, afirma ele, como se não houvesse mais de 14 milhões de desempregados. Para os que ainda têm empregos, o salário médio mensal encolheu 8,8% em apenas um ano, passando de R$ 2.750 em 2020 para R$ 2.508 em 2021. 

remuneração do presidente da Petrobras, general Luana e Silva, é de absurdos R$ 260.400,00, e o preço da gasolina no Brasil, 71,12% maior do que na Virgínia (EUA), onde o salário-mínimo é 11 vezes maior. Segundo a FGV, o percentual de famílias endividadas chega a 72,9%. Diante desse quadro, é um escárnio a Petrobras distribuir R$ 31,6 bilhões em dividendos a seus acionistas — dividendos esses originários dos lucros fabulosos gerados pela inescrupulosa isenção de tributos, principalmente na exportação do petróleo bruto.

As crises hídrica e energética que voltam a nos assombrar eram previsíveis e poderiam ter sido evitadas — ou pelo menos minimizadas — com planejamento responsável e investimento adequados. Mas Bolsonaro preferiu irrigar os bolsos dos militares com soldos polpudos, empurrar com a barriga a reforma administrativa e assistir impassível ao aumento do fundo eleitoral aprovado pelos congressistas fisiologistas, que queriam mais de R$ 7 bilhões para se esbaldar a custas dos contribuintes.

Bolsonaro culpa o ICMS (leia-se os governadores) pela escalada do preço de combustíveis e GLP, como se a discrepância entre o real e o dólar não fosse patrocinada por seu Posto Ipiranga — que se vendeu como um competente economista liberal, mas, na prática, não passa de um pau mandado a serviço do despirocado despresidente da República.

O que tem isso a ver com informática? Nada. Ou tudo, em considerando que a solução encontrada para contornar a crise energética é aumentar o valor da vergonhosa bandeira tarifária, repassando aos consumidores o ônus da incompetência desse governo de merda. Por conta disso, compartilho com vocês uma lista dos grandes vilões do consumo energético. Se vocês utilizam alguns deles e acham que mantê-los ligados diuturnamente não aumenta a conta de energia, talvez seja a hora de reverem seus conceitos.

1 — Os carregadores de celulares não são vorazes consumidores de energia, mas passam a sê-lo quando mantidos permanentemente plugados na tomada. O consumo médio de um carregador é de 0,26W quando não está sendo usado e de 1W a 5W quando está conectado ao aparelho, mesmo depois de a bateria ter sido totalmente recarregada.

2 — Fornos de micro-ondas costumam permanecer ligados à tomada porque a maioria de nós tem preguiça de acertar o relógio. Mas mantê-los em stand-by permanente 3W/h. Faça as contas.

3 — Desktops e notebooks também integram essa seleta confraria. É certo que os smartphones os substituem com vantagem na maioria das tarefas do dia a dia, mas é igualmente certo que digitar textos longos num tecladinho virtual exibido numa telinha sensível ao toque de pequenas dimensões é uma provação. Isso sem mencionar games, edição de vídeo e outras tarefas que exigem mais poder de processamento e espaço na memória RAM que a maioria dos diligentes telefoninhos costuma oferecer. Assim, ligue o PC somente quando necessário — mantê-lo em stand-by significa acrescer sua conta de energia em cerca de 20W/h se for um modelo de mesa e 15W/h se for um portátil. Caso sua máquina demore a inicializar, utilize a hibernação em vez do desligamento convencional. Isso não só economiza energia como agiliza a reinicialização do sistema, que ressurge com todos os aplicativos e janelas do jeito como se encontravam quando o aparelho foi posto para "dormir".

4 — Telefones fixos se tornaram uma espécie em extinção, mas muita gente ainda os utiliza e não abre mão das facilidades providas pelos modelos sem fio. O problema é que eles consomem cerca de 3W/h quando conectados à tomada, enquanto um aparelho convencional, que custa bem mais barato, não impacta sua conta de luz.

5 — Televisores, DVD Players, decodificadores de TV por assinatura e consoles de videogame consomem entre 1 W/h e 3W/h se mantidos em stand-by, ao passo que aparelhos de som impactam acrescem cerca de 15 W/h à sua conta de energia. Desligados da tomada eles não só reduzem esse custo como ficam protegidos de distúrbios da rede elétrica e sobretensões provocadas por raios durante os tradicionais (e atualmente desejáveis) temporais de fim de tarde.

Falando em tempestades de verão, vale lembrar que a extensão territorial e a localização geográfica fazem do Brasil o país com a maior incidência de raios no mundo, chegando a registrar 70 milhões de descargas elétricas por ano. Em 2020 foram contabilizados mais de 120 milhões de raios, um aumento de 51% em relação a 2019, quando foram observados 62 milhões deles. Apesar de as chances de ser atingido por um raio serem desprezíveis, não se pode dizer o mesmo sobre as consequência desse fenômeno nos aparelhos eletroeletrônicos. O ideal é que cada residência disponha de um sistema de aterramento e de um DPS — equipamento que identifica uma sobretensão na rede e a transfere para o sistema de aterramento.

Observação: Os raios provocam surtos elétricos, ou seja, grandes aumentos de tensão que se propagam pela rede elétrica e podem torrar, literalmente, os frágeis componentes de aparelhos elétricos e eletroeletrônicos. Estabilizadores de tensão e nobreaks podem ajudar, mas o melhor a fazer durante um temporal com raios é desligar a chave geral do imóvel ou, no mínimo, desplugar os aparelhos da tomada puxando-os pela parte isolada (jamais pelo cabo). Convém também evitar tomar banho se o chuveiro for elétrico, usar o celular em vez do telefone fixo e manter distância de janelas e portas metálicas

Amanhã eu conto o resto.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

MAIS SOBRE AS CHUVAS DE VERÃO

QUEM QUER VER O ARCO-ÍRIS NÃO PODE RECLAMAR DA CHUVA.

Entra governo, sai governo, só mudam as moscas. Depois da estiagem atípica que resultou num aumento absurdo da conta de luz (devido à falta de planejamento do governo e ao custo da produção de energia por termoelétricas), as chuvas de verão voltaram a provocar inundações, desabamentos, quedas de árvores, interrupções no fornecimento de energia e mais um sem-número de aborrecimentos (nem vou mencionar a tragédia que se abateu sobre Petrópolis, na região serrana do RJ, porque acredito que os leitores esteja tão saturados quanto eu de ouvir falar nessa desgraça).

Céu escuro, nuvens negras, sensação de leve formigamento na pele e pelos eriçados nos braços são indícios de tempestade elétrica. Mas uma das vantagens de viver no século XXI é poder usar e abusar da tecnologia. Se você mora no Estado de São Paulo, mande um SMS com o CEP de sua residência (ou de outro local de seu interesse) para o número 40199 e a Defesa Civil lhe enviará um alerta, também por SMS, sempre que houver previsão de temporais na sua região. O serviço é gratuito e funciona direitinho.

Como dito nas postagens anteriores, o melhor a fazer na iminência de um temporal é desligar a chave geral do quadro de força, mas para isso é preciso estar em casa. Deixar a energia desligada preventivamente quando se sai pela manhã e se volta somente à noite pode prejudicar a conservação dos alimentos que dependem de refrigeração, por exemplo. Por outro lado, não custa nada tirar da tomada o cabo de energia do computador, do televisor, do decodificador da operadora de TV, do modem, do roteador, do telefone sem fio, enfim, dos aparelhos elétricos e eletroeletrônicos mais susceptíveis a sobretensões e outros distúrbios da rede elétrica.

Prejuízos causados por distúrbios elétricos são passíveis de indenização, desde que a reclamação seja formalizada no prazo de 90 dias — a concessionária terá 10 dias para examinar o bem danificado, mais 15 para decidir se o pedido é procedente e outros 20 para efetuar o ressarcimento; se a reclamação não for atendida, pode-se recorrer ao Procon ou a um Juizado Especial Cível (tribunal de pequenas causas). Note que sorvetes, congelados e outros perecíveis que se deteriorem por conta de falta de energia por um período prolongado também são indenizáveis, pois a Resolução nº 414/2010 da ANEEL estabelece que, em caso da suspensão do fornecimento, o religamento deve ser feito em até 4 horas na área urbana e 8 na rural (obviamente, isso não se aplica a desligamentos por falta de pagamento).

Como cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém, convém manter distância de grades metálicas (como as que protegem portas e janelas), deixar o banho para depois (mesmo que o chuveiro seja a gás) e usar o celular em vez do telefone fixo (a menos que o aparelho seja sem fio e funcione desligado da tomada). Se você for pego por uma borrasca em campo aberto, evite manusear objetos metálicos longos — como tripés, guarda-chuvas e assemelhado — e jamais se abrigue sob árvores isoladas (em grupo, elas não atraem raios). Em não havendo uma estrutura de alvenaria nas proximidades, agache-se e mantenha os pés juntos — os raios se espalham de forma concêntrica; se você mantiver as pernas afastadas, a diferença de potencial entre seus pés permitirá a passagem da corrente pelo seu corpo. E se o temporal o surpreender durante um banho de  mar, de piscina, de lago ou de rio, saia da água imediatamente e abrigue-se num local seguro.

ObservaçãoEngana-se quem acha que raios não caem duas vezes no mesmo lugar. A rigor, eles costumam “repetir” um local quando há condições de atração — como é caso do Cristo Redentor, no morro do Corcovado (Rio de Janeiro), que é atingido seis vezes por ano, em média.

O tempo é imprevisível (que o digam os meteorologistas). Hoje em dia, no Brasil, até São Pedro deixou de ser confiável, mas as tempestades de verão costumam desabar do meio para o final da tarde, depois que a temperatura atinge seu ápice. Então, procure agendar seus compromissos para outros horários. Se for apanhado no contrapé, abrigue-se numa padaria, farmácia, mercado ou outro estabelecimento qualquer. Na impossibilidade, fique longe de árvores, postes, quiosques e objetos metálicos grandes e expostos (como tratores, escadas, cercas de arame, etc.).

Dirigir sob chuva requer alguns cuidados adicionais, tanto na cidade quanto na estrada, pois a visibilidade diminui e as pistas ficam escorregadias, aumentando o risco de colisões, sobretudo em caso de freadas bruscas. Então, reduza a velocidade, aumente a distância do carro da frente e acenda os faróis baixos. Para evitar que a visibilidade fique ainda mais prejudicada, ligue o desembaçador traseiro e o ar-condicionado, direcionando o fluxo de ar para o para-brisa. Se seu carro não tem ar-condicionado, ligar a ventilação forçada na velocidade máxima também ajuda.

Se seu carro não tem sequer ventilação forçada... bem, Mr. Fred Flintstone, prepare-se para se molhar, pois você vai ter de deixar os vidros das portas abertos (uma fresta de pelo menos dois dedos) e limpar o para-brisa de tempos em tempos com um pano seco (jamais limpe o vidro com a mão, pois o suor e a gordura natural da pele vai agravar a situação). Se a visibilidade ficar muito comprometida, evite correr riscos desnecessários: pare o carro num local seguro e espere a chuva diminuir.

Continua...