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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Maracutaias e humor...

O tema desta postagem foge ao nosso convencional, mas é possível que, variando um pouco, a gente consiga arrancar alguns comentários dos gatos pingados que ainda nos honram com suas visitas J
Maracutaia na política não é nenhuma novidade: dizem que o nepotismo desembarcou em “Terra Brasilis” quando a esquadra de Cabral aportou na Bahia, e o escriba Pero Vaz de Caminha, na sua famosa carta, pediu ao Rei D. Manoel que interviesse em favor de um sobrinho (ou afilhado, não me lembro bem) que estava desempregado.
Não sei como estaríamos hoje se o Brasil tivesse sido colonizado pelos ingleses. Pelos espanhóis, a julgar pela situação dos nossos vizinhos, não é difícil imaginar. Demais disso, política e lisura são, tradicionalmente, conceitos mutuamente excludentes, e embora não sirva de consolo, não é só por aqui que “suas excelências” se locupletam com propinas milionárias e patrocinam orgias memoráveis com o suado dinheiro dos impostos. Isso acontece também no chamado Primeiro Mundo, como se viu recentemente na Europa – e resultou na queda do todo poderoso primeiro ministro italiano Silvio Berlusconi.
Com cabelos implantados e rosto liso à custa de cirurgias plásticas, “IL CAVALIERI” não aparenta os 75 anos que tem. E o mesmo se aplica a seu apetite sexual: embora não se saiba exatamente o que se passa em seus “bunga-bungas”, fotos de uma dessas bacanais mostram septuagenários se divertindo com “jovens desinibidas” que parecem não ter idade suficiente para tirar carteira de motorista. Em setembro do ano passado, um casal preso sob acusação de chantagem admitiu que fornecia “elemento humano” para essas orgias, mas o ex-premiê afirmou que deu dinheiro a eles simplesmente para ajudar uma família em situação de extremas dificuldades. Quanta generosidade!
Tudo bem que ser mulherengo e devasso é uma coisa, ser corrupto é outra, mas só a Velhinha de Taubaté acreditaria que alguém começa a vida profissional como crooner em bares e navios e, trabalhando honestamente, constrói um império que vai da mídia aos seguros e amealha uma fortuna calculada pela revista FORBES em US$ 9 bilhões.

Observação: Para quem não sabe ou não se lembra, a Velhinha de Taubaté é um personagem caricato criado por Luis Fernando Veríssimo durante a gestão do ex-presidente Figueiredo (1979-1985). Famosa por ser a última pessoa no Brasil que acreditava no governo, ela “faleceu” em novembro de 2005, aos 90 anos, decepcionada o quadro político brasileiro, em especial com o seu ídolo, Antonio Palocci.

Conclusão dos fatos: a gestão Berlusconi colocou a Itália à beira da bancarrota e quase arrastou com ela boa parte da Europa. Guindado ao poder desde 1994 e tendo ocupado por três vezes o cargo de primeiro-ministro, mesmo acusado de corrupção e de ligações com a Máfia, ele só foi apeado do poder em novembro de 2011. O resto é história recente.
E viva o povo brasileiro!

Passemos agora ao nosso humor de sexta-feira:


Bom f.d.s. a todos.

terça-feira, 27 de julho de 2021

DRIBLES NA TIRANIA

 

Nem a Velhinha de Taubaté acreditaria quando Bolsonaro diz que pode desistir de tentar a reeleição se não houver voto impresso. Mas essa ideia não saiu da cabeça de nenhum oposicionista signatário dos inúmeros pedidos de impeachment ora postos em sossego sob o derrière do presidente da Câmara. Quem levantou a lebre foi o próprio presidente — que não pode reclamar, portanto, se o assunto vier a tomar conta das mentes e das bocas, Brasil afora, e ele começar a ouvir daqui em diante: "Mas não é que pode ser uma boa?"

Não foi a intenção dele nem tampouco tratou-se de um descuido. A hipótese foi aventada quando o capitão jogou a toalha ao admitir a impossibilidade de o Congresso aprovar a reintrodução do voto impresso no sistema eleitoral. Mas quais seriam as razões do presidente?

Uma possibilidade é a tentativa de fazer a récua de muares que o capitão chama de militância a embarcar numa espécie de “queremismo” revisitado inspirado em Getúlio Vargas para tentar conter o derretimento da densidade eleitoral é uma. Outra, se a primeira não der certo e as condições de competitividade descerem a ladeira e tornarem a derrota inevitável, é antecipar-se ao desastre saindo do jogo como se o fizesse por vontade e não por imposição das circunstâncias adversas.

A conjuntura lá na frente pode não ser a de hoje — o que não significa necessariamente que será melhor; na conta das probabilidades, tende a ser ainda pior, sobretudo se a comparação for com o cenário de 2018 e mesmo com a situação antes de a pandemia conferir a Bolsonaro a medalha de ouro num hipotético pódio de maus governantes. Hoje ele já não pode cometer barbaridades tais como nomear o filho embaixador nos Estados Unidos, insultar a mulher do presidente francês, fazer troça da China, recusar-se a comprar essa ou aquela vacina, dar aval a pregações pelo fechamento do STF, bradar coisas do tipo "agora chega" ou "acabou, porra!" e por aí vai. Surpreendente é que um dia tenha podido, mas não pode mais.

Steven Levitsky e Daniel Ziblatt ensinam em Como as Democracias Morrem que os dois pilares de sustentação das “grades de proteção” dos estados de plenos direitos são a tolerância e a reserva institucional (noção de limites no exercício do poder). A tolerância é diária e constantemente agredida pelo sectarismo extremo dos adeptos da crença de que adversários devem ser aniquilados. A reserva institucional é afrontada pela ausência de comedimento de Bolsonaro na cadeira presidencial.

Quando o país simpatiza com a figura de um governante, tende a tolerar a testagem de limites. Lula, por exemplo. Quis acabar com a autonomia das agências reguladoras, tentou controlar a imprensa, reclamou das amarras dos órgãos de fiscalização (do meio ambiente, inclusive), desdenhou da oposição, calou enquanto petistas qualificavam o STF como “tribunal de exceção” e introduziu na vida nacional a maldita dinâmica do “nós contra eles” — plantando a semente que Bolsonaro cultivou na base do maquinário tão pesado quanto obsoleto e se deu mal. Por falta de organicidade partidária, de identificação popular, excessivo e descontrolado ressentimento, uso primário dos instrumentos de distração, vocação à crueldade, personalidade desagregadora e déficit no quesito olfato político. Lula, o picareta dos picaretas, é o contrário disso tudo e, por amado, foi tratado com indulgência.

Também diferentemente do petista, Bolsonaro, eleito por exclusão, já tomou posse altamente rejeitado. Além de não ter trabalhado para mudar essa condição, só fez aprofundar e ampliar a desaprovação. A presença dele na Presidência tem sido um transtorno, é fato. Mas é verdade também que às ações malfazejas têm correspondido reações benfazejas. Questões que estavam adormecidas começaram a ser enfrentadas.

A exorbitante presença de militares no governo resultou no apoio praticamente unânime à emenda que restringe a presença das fardas em cargos de natureza civil. O uso abusivo da Lei de Segurança Nacional pôs para andar a reformulação desse entulho autoritário.

A insistência de Bolsonaro no voto impresso — até outro dia defendido por gente equivocada, mas de boa-fé — consolidou a aprovação ao sistema eletrônico. E até o poder monocrático do presidente da Câmara, sem data-limite para o exame de pedidos de impeachment, já é objeto de um projeto de resolução em tramitação na Casa.

É assim que sociedades de firmes convicções democráticas aplicam dribles em governantes de fortes tendências autoritárias.

Com Dora Kramer

terça-feira, 5 de abril de 2022

INTERFERÊNCIA, EU?

Depois de tudo que Bolsonaro falou na reunião ministerial de 22 de abril de 2020, nem a Velhinha de Taubaté acreditaria quando ele diz que não interferiu “politicamente” na Polícia Federal. Não interferiu uma, mas diversas vezes — na maioria delas para proteger sua prole (quatro dos seus cinco filhos são alvo de investigações, a exemplo do pai, que responde a pelo menos meia dúzia de inquéritos). Mas a PF parece ser mais crédula do que a finada velhinha: a conclusão da investigação foi a de que o presidente não cometeu crime por interferências na instituição.

O Brasil se tornou um país surpreendente porque nada mais surpreende de verdade. A conclusão estapafúrdia da PF nem se compara à teratológica decisão suprema que avalizou o delírio fachiniano segundo o qual a 13ª Vara Federal de Curitiba não era competente para julgar Lula e, por 8 votos a 3, anulou tanto as condenações quanto as provas referentes a quatro processos — dois dos quais tiveram sentenças condenatórias ratificadas pelo TRF-4 e pelo STJ.

Bolsonaro coleciona interferências em órgãos e outras áreas ligadas ao governo como os filatelistas colecionam selos. Quando questionado, reafirma sua autoridade com um “quem manda sou eu” — “e eu quero o Ramagem lá”, como afirmou a jornalistas, referindo-se à ordem para que a AGU recorresse da decisão do Supremo que vetou a nomeação de Alexandre Ramagem. Também deixou claro o poder de sua caneta em fevereiro do ano passado, quando substituiu Castello Branco por Silva e Luna, na presidência da Petrobras, suscitando comparações com os governos petistas. "Não adianta a imprensa falar que eu intervi [sic]. Estão na mesma linha da questão da Polícia Federal, que eles não acharam nada de interferência minha no tocante à PF", disse ele em uma rede social no sábado.

Em 2019, Bolsonaro defendeu publicamente que a petrolífera rompesse contratos com o escritório de advocacia de Felipe Santa Cruz — então presidente da OAB e desafeto do capitão. Naquele mesmo ano, o mandatário que “não interferiu na PF”, segundo a própria PF, avançou sobre decisões internas do órgão ao anunciar a substituição do então superintendente da PF no Rio de Janeiro, Ricardo Saadi — na época, a PF divulgou nota afirmando que Saadi seria substituído por Carlos Henrique Oliveira, mas Bolsonaro disse ter acertado previamente que o cargo seria ocupado pelo superintendente no estado do Amazonas, Alexandre Silva Saraiva.

Bolsonaro ignorou a lista tríplice do MPF por duas vezes ao indicar Augusto Aras para o comando da PGR. A condução do processo foi chamada de retrocesso e criticada por sugerir risco à autonomia do Ministério Público. Aras já abriu diversas apurações para investigar supostos ilícitos de seu suserano, mas sempre a contragosto e nunca encontrado nada que desabone o chefe, a despeito de as evidências saltarem diante de seu nariz.

Bolsonaro bancou a eleição de Arthur Lira para a presidência da Câmara para ter um aliado no comando da Casa e, de quebra, um cão de guarda para os mais de 140 pedidos de impeachment protocolados em seu desfavor. Para tanto, prometeu cargos a congressistas e acenou com a liberação de recursos de emendas parlamentares e ofereceu até a recriação de ministérios para acomodar indicados do Centrão. Chegou mesmo a admitir a intervenção: “Vamos, se Deus quiser, participar, influir na presidência da Câmara, com estes parlamentares, de modo que possamos ter um relacionamento pacífico e produtivo para o nosso Brasil”.

Bolsonaro determinou a demissão de André Brandão da presidência do Banco do Brasil. Foi convencido a recuar pelo ministro da Fazenda e pelo presidente do Banco Central, mas recuou do recuo menos de dois meses depois — afinal, quem tem a caneta pode mais, e quem pode mais chora menos. Em outro episódio envolvendo o BB, o "mito" mandou tirar do ar uma campanha publicitária do banco com atores que representavam a diversidade racial e sexual: “A linha mudou. A massa quer o quê? Respeito à família. Ninguém quer perseguir minoria nenhuma, nós não queremos que dinheiro público seja usado dessa maneira”. O Planalto chegou a determinar que estatais deveriam submeter previamente à avaliação da Secretaria de Comunicação Social campanhas de natureza mercadológica, mas depois acabou recuando.

Bolsonaro anunciou ter implodido o Inmetro com a substituição da então presidente do órgão por um militar do Exército. As exonerações na autarquia, vinculada ao Ministério da Economia, foram decididas porque o mandatário não gostou das mudanças que envolveriam tacógrafos e provocaram reclamações de motoristas e taxistas.

Em diferentes momentos, Bolsonaro requisitou a AGU para tarefas que podem ser consideradas uma extrapolação do escopo institucional do órgão. Entre outras, acionou a AGU para tomar providências sobre a reclamação de que seguidores não estariam conseguindo postar fotos na página do presidente no Facebook. Em 2020, desautorizou a AGU no episódio da posse do delegado Alexandre Ramagem no comando da PF, barrada pelo ministro Alexandre de Moraes, mandando o órgão recorrer da decisão do magistrado depois de a AGU publicar nota informando que não contestaria o ato do STF.

Bolsonaro mobilizou o Ministério da Justiça para impetrar um pedido de habeas corpus em favor do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub, intimado pelo STF  explicar os ataques feitos à Corte. A petição, assinada pelo então ministro da Justiça, André Mendonça — que foi guindado ao STF com as bênçãos do capitão, foi considerada inapropriada, já que a tarefa caberia à AGU ou a um advogado pessoal. Membros do governo disseram que enviar um documento com a assinatura de Mendonça foi uma maneira de dar um caráter político, e não técnico, à manifestação, em um momento no qual o Executivo estava em atrito com o Judiciário.

Durante a gestão do ex-juiz Sergio Moro, um dos primeiros focos de tensão do então ministro da Justiça e o presidente se deveu à nomeação de Ilona Szabó como suplente do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária. Moro teve que recuar da escolha após campanha de bolsonaristas nas redes sociais. Os aloprados lembraram que, além de divergir do capitão em temas como armamento e política de drogas, Szabó havia se posicionado contra ele durante a campanha eleitoral de 2018. Bolsonaro confirmou publicamente, e em duas ocasiões, ter pressionado o ministro pela suspensão da nomeação, afirmando que ela possuía posicionamentos incompatíveis com o governo. E disse ainda que “não foi fácil conseguir a saída por causa da resistência de Moro”.

Observação: Nunca é demais lembrar que o presidente "acabou com a Lava-Jato porque não tem mais corrupção no governo" e que disse isso dias depois de seu líder no Senado ser flagrado, pela PF, com R$ 30 mil escondidos entre as nádegas!

Bolsonaro exonerou o presidente do Inpe depois que ele divulgou dados sobre o desmatamento da Amazônia que desmentiam a falaciosa posição do governo — o capitão queria que as informações fossem discutidas previamente com o Palácio do Planalto antes de serem tornadas públicas. Dois dias após a exoneração, Bolsonaro indicou em entrevista ter ordenado ao ministro da Ciência e Tecnologia a exoneração do subordinado. “Está a cargo do ministro. Eu não peço, certas coisas eu mando”, afirmou o presidente.

Os sinais de interferência do Planalto na Receita Federal, sobretudo na unidade do Rio de Janeiro, começaram no primeiro ano do governo. As pressões se referiam principalmente à troca de servidores em postos de comando do órgão. Em meio a apurações que atingem autoridades e também familiares e pessoas próximas a Bolsonaro, um subsecretário-geral do posto fluminense chegou a ser substituído pelo governo, em 2019, por se posicionar de forma contrária às intervenções. Questionado na época sobre as ingerências na Receita e na PF, o mandatário afirmou: “Fui eleito presidente para interferir mesmo, se é isso que eles querem. Se é para ser um banana ou um poste dentro da Presidência, tô fora”.

Bolsonaro continua presidente e, pior, candidatíssimo à reeleição. Como se não bastasse, tudo indica que, para nos livrarmos dele, teremos de amargar o retorno da cleptocracia lulopetista. Triste Brasil!

Texto baseado em informações publicadas pela Folha

sábado, 28 de janeiro de 2017

NÃO FOI EM VÃO


No tempo da hiperinflação, dizia-se que dois renomados economistas, um otimista e o outro, pessimista, foram convidados a opinar sobre a situação do país. O primeiro foi curto e grosso:
― O país está uma merda.
Desconcertado com a resposta, o entrevistador dirigiu-se ao pessimista:
― Diante da opinião do seu colega, o que o senhor tem a dizer?
E o pessimista:
― A merda não vai dar pra todo mundo, tem gente que vai ficar sem.


Lembrei-me dessa anedota porque a tigrada vermelha, inconformada com o fato de sua amada ex-presidanta ter sido penabundada e de o penta-réu Lula Lalau acabar numa cela da PF em Curitiba (ou noutro presídio qualquer), mantém a postura revanchista e se opõe a tudo que o governo Temer faz ou pensa em fazer.

A patuleia apedeuta protestou contra a PEC dos gastos (que acabou aprovada), é contra as reformas do ensino e da Previdência Social e tudo mais que o sucessor da anta vermelha tem feito para debelar a crise e recolocar o país nos trilhos do crescimento. Não raro, os “militantes” convocam gente da pior espécie para engrossar suas fileiras, e, em troca de um copo de tubaína, um sanduba de mortadela e uma nota de 20 merréis, essa turba vândalos fecha rodovias, depreda ônibus, bloqueia o tráfego nas principais avenidas das grandes cidades, ocupa estabelecimentos de ensino e outros prédios públicos, destrói tudo que vê pela frente, enfim, promove o caos de todas as maneiras possíveis e imagináveis.

Dessa seleta cáfila de patetas, os que são capazes de juntar meia dúzia de palavras numa frase dedicam-se a defender o PT e os petralhas nas redes sociais ― procurando mais gente que suporte suas opiniões, quando na verdade deveriam procurar tratamento psiquiátrico ―, enquanto os analfabetos funcionais repercutem suas “pérolas de sabedoria” com tanta disposição quanto a das crianças de Hamelin seguindo o flautista.

Dias atrás, chamou minha atenção uma caricata figura feminina que, de salto alto, joias e taça de champanhe na mão, exibia uma frigideira enfiada no derrière proeminente. Obviamente, a intenção do autor dessa charge grotesca era tripudiar sobre os “coxinhas” que apoiaram o impeachment da gerentona de araque batendo panelas, e que, na subida avaliação dessa figura tão esclarecida, devem estar amargamente arrependidos. Só que a “sumidade” não leva em conta ― muito convenientemente, aliás ― que a crise econômica, política e a moral que se abancou no país não foi criada por Temer, mas gerada e parida pela lastimável administração petista, notadamente depois da reeleição de “Janete”, a anta arroganta e incompetenta.  

Por pior que seja o saldo de 2016, esse ano trouxe um alívio extraordinário ao nos livrar de Dilma ― a pior presidente de todos os tempos ― e de seu bizarro esbirro Aloisio Merdandante ― um dos políticos mais patéticos da nossa história ― e avanços importantes: uma vez consumado o impeachment, o Congresso, mesmo emparedado pela Lava-Jato, aprovou uma agenda extraordinária de reformas (que passam por temas críticos como óleo e gás, telefonia, ISS, limitação dos gastos públicos, estatais, etc.).

Claro que só mesmo a Velhinha de Taubaté acreditaria que bastava Dilma ser defenestrada da presidência da Banânia para o país voltar a crescer, como num passe de mágica. Só que a velhinha morreu, e sua opinião de crédula incorrigível já não conta mais. E, cá entre nós, se a situação é bem pouco alvissareira, imagine como seria se a gerentona de araque e sua equipe de nulidades continuasse à frente do governo, enterrando o país ainda mais fundo no lamaçal da podridão e no pântano do imobilismo

Não pense o leitor que escrevo tudo isto porque aplaudo de pé o governo Temer e a corja de “suas excelências” que gravitam no seu entorno ― onde há menos homens de bem do que galinhas com dentes. A meu ver, Michel Temer seria nossa última escolha assumir as rédeas do País, não fosse pelo fato de não termos alternativa, pelo menos à luz da Constituição Federal (esqueça aquela bobagem de golpe, que a bananeira já deu cacho).

Por outro lado, mesmo com seus ministros caindo feito moscas à razão de um por mês, e com a popularidade beirando o traço, é inegável que o peemedebista tem seus méritos, como comprovam a recuperação da Petrobras Eletrobras, que resultou na retomada da confiança (pífia, lenta, mas gradual) dos investidores; o sucesso das Olimpíadas, o retorno da inflação à meta (talvez mais por conta da recessão do que pelo sucesso das medidas implementadas pela equipe econômica, mas enfim), a redução dos juros, a estabilização do PIB (que, se não subiu, ao menos parou de cair), a relativa estabilidade do câmbio e o saldo positivo da balança comercial, dentre tantas outras realizações que estão aí para quem quiser ver e tiver olhos para enxergar.   

No âmbito da Lava-Jato, a despeito de alguns tropeços e da “fatalidade” que vitimou o ministro Teori Zavascki, avanços significativos pavimentam o caminho que levará a uma completa reestruturação do sistema político nacional (de maneira claudicante e a duras penas, mas enfim...). Entretanto, para promover uma revisão ética como manda o figurino é fundamental atrair novos quadros para a política, e nada está mais longe disso do que a pretensiosa revitalização do PT, principalmente com o molusco abjeto na presidência do partido e, pior ainda, candidato à presidência da República em 2018.
Lula presidente? Só se for Presidente Bernardes. Acorda, bando de doidivanas azoratados!
Confira minhas atualizações diárias sobre política em www.cenario-politico-tupiniquim.link.blog.br/

quarta-feira, 3 de maio de 2023

O PAÍS DA VERGONHA

 

Ao retornar da Arábia Saudita em 2019, Bolsonaro disse que "se sentiu quase irmão" do príncipe Mohammed bin Salman (aquele que ordenou a execução de um jornalista nas dependências da embaixada saudita na Turquia). Ao longo dos três anos subsequentes, autoridades brasileiras visitaram aquele pais mais de 150 vezes, e a importação de produtos sauditas bateu recorde em 2022 (US$ 5,3 bilhões). Mas nada foi tão suspeito quanto a venda da refinaria Landulpho Alves para o fundo árabe Mubadala Capital, por metade do valor de mercado, semanas após o ministro Bento Albuquerque e seus acólitos protagonizarem o primeiro capitulo da série A Muamba das Arábias. 
 
Em entrevista à Jovem Pan, Bolsonaro se justificou: Eles têm dinheiro, pô". São joias caras, sim, caríssimas, até pela relação de amizade que eu tive com o mundo árabe". Em depoimento à PF, ele disse que só soube da apreensão das joias 14 meses depois do ocorrido, que buscou informações para evitar um suposto vexame diplomático caso os presentes fossem a leilão, e que tentou reaver o pacote destinado à esposa (aquele avaliado em R$ 16,5 milhões), mas "via ofício, não na mão grande".

Observação: Nessa trama (da qual até a Velhinha de Taubaté duvidaria), Bolsonaro passou quatro anos na Presidência totalmente alheio ao que acontecia à sua volta (nada muito diferente da falácia de velho Lula sobre o mensalão). Se alguém pressionou agentes federais visando liberar os tais bens presos na alfândega, foi sem seu conhecimento. Levou um ano até que ele fosse informado do que estava acontecendo.
 
Bolsonaro tentou vender uma imagem de simplicidade usando esferográficas Bic e relógios de plástico de R$ 30, deixando-se fotografar de chinelo de dedo, comendo pão com leite condensado e com as calças sujas de farofa. Durante sua abjeta passagem pelo Planalto, ele recebeu 19.470 presentes, mas nenhum deles fedeu tanto a propina quanto a muamba saudita. Segundo o jurista Walter Maierovitch, o ex-presidente confessou que cometeu peculato ao reconhecer publicamente que incorporou a seu acervo pessoal o estojo de joias que recebeu do governo saudita. 
 
A pena para este tipo de delito pode chegar a 12 anos de cadeia, mas não se pode perder de vista o fato de que vivemos numa republiqueta de bananas, onde sobram leis e falta vergonha na cara, onde todos são iguais perante a lei, mas alguns são mais iguais que os outros, onde o chefe do Executivo de turno foi guindado ao Planalto (pela 3ª vez) a despeito de ter colecionado 26 processos e de ter sido condenado em dois deles, em 3 instâncias, a mais de 25 anos de reclusão.

Farejando as possíveis consequências do escândalo das joias, a cúpula do PL já se articula para salvar a pele de Michelle — cuja relação com o marido, segundo se comenta, não anda bem das pernas. Quanto ao "mito", o depoimento à PF está sob sigilo, mas alguns trechos que vazaram para a imprensa dão conta de que sua explicações foram ridículas. "Só um bolsominion muito tapado, muito imbecilizado, para acreditar que ele não sabia o que é que tinha naquele estojo e que ele pegou só para não criar um incidente diplomático. Ele sabia. Ele sabia de tudo", escreveu Altamiro Borges na revista eletrônica Crusoé.
 
Ao voltar dos EUA, Bolsonaro encontrou um ambiente muito diferente do que imaginava. Ele ainda conta com uma base significativa de apoiadores, mas seu futuro político é incerto e o poder abomina o vácuo. A extrema-direita precisa de um candidato, que pode ser Tarcísio, Zema, e até Mourão (Vade Retro!).

Atualização

Uma ação da PF autorizada pelo "ministro canalha" do STF resultou na prisão preventiva do tenente-coronel Mauro Cid Barbosa, esbirro de Bolsonaro. A suposta falsificação do certificado de vacinação do ex-presidente viabilizaria sua entrada nos EUA, e Micheque e filha Laura teriam sido vacinados em 2021. Segundo a colunista Malu Gaspar, o esquema de falsificação dos cartões de vacinação começou em Goiás, depois que um médico bolsonarista do município de Cabeceiras preencheu cartões de vacinação para o capetão, a primeira-dama, a filha do casal e o lambe-botas Mauro Cid

O fritador de hambúrgueres e quase embaixador em Washington foi imunizado em agosto de 2021, um mês depois de o arremedo de o arremedo de ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, vacinar seu irmão mais velho, o senador das rachadinhas Flávio Bolsonaro. Já o pitbull do clã furou a fila, mas negou tê-lo feito: "A única coisa que devo ter furado deve ter sido a mãe de quem divulga mais uma fake news de nível global e diária! A escória não vive sem mentir e manipular! Não tomei vacina alguma!". 

Segundo Ancelmo Gois, o vereador carioca que dava expediente em Brasília foi imunizado em 2021, no posto de saúde da Câmara de Vereadores do Rio. Jair Renan contraiu covid em 2020. Na ocasião, ele disse que se tratava de uma "gripezinha" (like father, like son), e que teria tomado cloroquina durante o período em que apresentou sintomas. Como se costuma dizer, vaso ruim é difícil de quebrar.

Triste Brasil.

quinta-feira, 7 de julho de 2022

SERGIO MORO DE VOLTA ÀS ORIGENS (CONTINUAÇÃO)


Vimos que uma das primeiras derrotas de Moro como o “superministro” a quem Bolsonaro havia prometido carta-branca foi a transferência do Coaf para o Ministério da Economia, depois que o órgão identificou “movimentações financeiras atípicas” e mal explicadas na conta de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, amigo de longa data do presidente e factótum da Famiglia Bolsonaro. 


Outro foco de tensão surgiu com a nomeação de Ilona Szabó como suplente do Conselho Nacional de Política Criminal e PenitenciáriaMoro teve que recuar da escolha devido a uma campanha de bolsonaristas nas redes sociais, nas quais os aloprados lembraram que, além de divergir do capitão em temas como armamento e política de drogas, Szabó havia se posicionado contra ele durante a campanha eleitoral de 2018.

 

Os sinais de interferência do Planalto na Receita Federal, sobretudo na unidade do Rio de Janeiro, começaram no primeiro ano do governo. As pressões se referiam principalmente à troca de servidores em postos de comando do órgão. Em meio a apurações que atingem autoridades e também familiares e pessoas próximas a Bolsonaro, um subsecretário-geral do posto fluminense chegou a ser substituído pelo governo, em 2019, por se posicionar de forma contrária às intervenções. Questionado na época sobre as ingerências na Receita e na PF, o mandatário afirmou: “Fui eleito presidente para interferir mesmo, se é isso que eles querem. Se é para ser um banana ou um poste dentro da Presidência, tô fora”.

Depois de tudo que Bolsonaro disse na reunião ministerial de 22 de abril de 2020, nem a Velhinha de Taubaté acreditaria que ele não interferiu “politicamente” na PF. Não interferiu uma, mas diversas vezes. E quase sempre para proteger sua prole (quatro dos seus cinco filhos são alvo de investigações, a exemplo do pai, que responde a pelo menos meia dúzia de inquéritos). Mas a PF parece ser mais crédula do que a finada personagem de Luíz Fernando Veríssimo: como também foi dito no capítulo anterior, o órgão concluiu que o presidente não cometeu crime por interferências na instituição.

 

Bolsonaro coleciona interferências na PF e em outras áreas ligadas ao governo como filatelistas colecionam selos postais. Quando questionado, reafirma sua autoridade com um “quem manda sou eu”, deixando claro o poder de sua patética esferográfica Bic — como fez em fevereiro do ano passado ao substituir Castello Branco por Silva e Luna na presidência da Petrobras, suscitando comparações com os governos petistas. "Não adianta a imprensa falar que eu intervi [sic]. Estão na mesma linha da questão da Polícia Federal, que eles não acharam nada de interferência minha no tocante à PF", postou o presidente (ou seu ghost writer) numa de suas redes sociais. 


Em 2019Bolsonaro defendeu publicamente que a Petrobras rompesse contratos com o escritório de advocacia de Felipe Santa Cruz — então presidente da OAB e desafeto do capitão. 


No mesmo ano, "o presidente que não interferiu na PF segundo a própria PF" avançou sobre decisões internas do órgão ao anunciar a substituição do então superintendente da PF no Rio de JaneiroRicardo Saadi — na época, a PF divulgou nota afirmando que Saadi seria substituído por Carlos Henrique Oliveira, mas Bolsonaro disse ter acertado previamente que o cargo seria ocupado pelo superintendente no estado do Amazonas, Alexandre Saraiva.


Bolsonaro ignorou a lista tríplice do MPF por duas vezes ao indicar o jurista soteropolitano Augusto Aras para o comando da PGR. A condução do processo foi chamada de retrocesso e criticada por sugerir risco à autonomia do MPFAras já abriu diversas apurações para investigar supostos ilícitos de seu suserano, mas sempre a contragosto e sem jamais encontrar algo que o desabone, a despeito de as evidências estarem diante de seu nariz. 


Bolsonaro bancou a eleição de Arthur Lira para a presidência da Câmara para ter um aliado no comando da Casa e, de quebra, um cão de guarda para seus quase 150 pedidos de impeachment. Para favorecer o aliado, o "mito" prometeu cargos a congressistas e acenou com a liberação de recursos de emendas parlamentares e ofereceu até a recriação de ministérios para acomodar indicados do Centrão — e chegou mesmo a admitir a intervenção.


Bolsonaro determinou a demissão de André Brandão da presidência do Banco do Brasil, foi convencido a recuar pelo ministro da Fazenda e pelo presidente do Banco Central, mas recuou do recuo menos de dois meses depois. Em outro episódio envolvendo o BB, ele não só mandou tirar do ar uma campanha publicitária com atores que representavam a diversidade racial e sexual, mas também determinou que campanhas de natureza mercadológica de estatais passassem a ser submetidas previamente à Secretaria de Comunicação Social (também nesse caso ele acabou recuando). Em outra oportunidade, anunciou ter implodido o Inmetro (com a substituição da então presidente do órgão por um militar do Exército) porque “não gostou” das mudanças que envolviam tacógrafos e provocaram reclamações de motoristas e taxistas. 

 

Em diferentes momentos, Bolsonaro requisitou a AGU para tarefas que podem ser consideradas como extrapolação de seu escopo institucional. Numa ocasião, mandou o órgão tomar providências sobre a reclamação de que seguidores não estariam conseguindo postar fotos na página presidencial no Facebook. Em 2020, desautorizou a AGU no episódio da posse do delegado Alexandre Ramagem no comando da PF, mandando-a recorrer da decisão do ministro Alexandre de Moraes depois que a instituição publicou nota informando que não contestaria a decisão do STF. 

 

Bolsonaro mobilizou o Ministério da Justiça para impetrar um pedido de habeas corpus em favor do ex-ministro Abraham Weintraub. A petição, assinada pelo então ministro da Justiça, André Mendonça — posteriormente alçado ao STF com as bênçãos do capitão —, foi considerada inapropriada, já que a tarefa caberia à AGU ou a um advogado pessoal (enviar um documento com a assinatura de Mendonça foi uma maneira de Bolsonaro dar um caráter político, e não técnico, à manifestação num momento em que o Judiciário estava sob ataque). 


Bolsonaro exonerou o presidente do Inpe porque ele divulgou dados que desmentiam a falaciosa posição do governo sobre o desmatamento da Amazônia — o capitão queria que as informações fossem discutidas com o Palácio do Planalto antes de serem tornadas públicas. Dois dias após a exoneração, indicou em entrevista ter ordenado ao ministro da Ciência e Tecnologia a exoneração do subordinado. “Está a cargo do ministro. Eu não peço, certas coisas eu mando”, afirmou o sultão do bananistão.

 

O Brasil se tornou um país surpreendente porque nada mais surpreende de verdade. A conclusão estapafúrdia da PF sobre a ingerência de Bolsonaro no órgão perde para duas teratológicas decisões supremas: a que avalizou por 8 votos a 3 o delírio fachiniano segundo o qual a 13ª Vara Federal de Curitiba não era competente para julgar Lula, e a que confirmou por 7 votos a 4 a decisão da 2ª Turma que reconheceu a parcialidade de Sérgio Moro na condução de quatro processos contra Lula. Vale lembrar que a defesa do petralha ingressou com cerca de 400 recursos na ação referente ao tríplex, e todos foram rejeitados — alguns, inclusive, pelo próprio STF —, e que, no caso do sítio de Atibaia, o TRF-4 confirmou a decisão da juíza substituta Gabriela Hardt. 

 

Observação: Preso numa espécie de “Dilema do Bonde”, Fachin optou por anular as condenações de Lula para evitar um “mal maior” à Lava-Jato — que seria a declaração de parcialidade de Moro. A estratégia retirou de Curitiba os processos do triplex, do sítio e dois outros envolvendo o Instituto Lula, mas que ainda estavam em fase de instrução. Quase nove meses depois, todas as ações enfrentaram reveses na Justiça e Moro foi declarado suspeito, apesar da manobra de Fachin, que anulou os atos decisórios praticados nas quatro ações penais, mas manteve válidas as quebras de sigilo, interceptações e material resultante de buscas e apreensões). Na sequência, Moro foi declarado suspeito, o MPF pediu o arquivamento do processo do tríplex (por prescrição) e a nova denúncia no caso do sítio foi rejeitada pela JF do DF.



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