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quinta-feira, 16 de outubro de 2025

O TEMPO PERGUNTOU AO TEMPO QUANTO TEMPO O TEMPO TEM…

VULNERANT OMNES, ULTIMA NECAT.

A ciência sabe muito, mas não sabe tudo. Sabe, por exemplo, que o cérebro é uma máquina de reconhecimento de padrões extremamente sofisticada, mas não sabe explicar as experiências de quase morte nem o déjà vu — essa estranha sensação de já termos vivenciado uma situação pela qual nunca passamos. 


A mitologia aborda a natureza do tempo com uma linguagem poética — a palavra "cronológico" vem de Chronos, o deus grego que devorava os próprios filhos. Já a ciência a aborda com rigor, mas ainda não sabe se o tempo passa para nós ou se nós passamos por ele, ou mesmo se ele é real ou apenas uma convenção criada para colocar alguma ordem no caos.


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


Segundo o Datafolha, 58% dos brasileiros têm vergonha dos ministros do STF. E não é para menos: nem uma republiqueta de bananas como a nossa merece que togados supremos se metam no fla-flu em que se converteu a escolha do substituto de Luís Roberto Barroso.

Lula recebeu informalmente, no Alvorada, os ministros Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes, Flávio Dino e Cristiano Zanin. O micróbio não esconde sua preferência pelo advogado-geral Jorge Messias, mas os visitantes prefeririam que ele indicasse o senador Rodrigo Pacheco.

As atribuições do Supremo são específicas, e seu poder emana da independência prevista na Constituição. Essa independência não deveria frequentar palácios nem participar de conchavos, sob pena de a Corte virar bancada política.

Qualquer criança de cinco anos fica autorizada a concluir que há no plenário do Supremo uma espécie de “Centrão de toga”, e isso não ajuda a atenuar a vergonha captada pela pesquisa do Datafolha.


Segundo a Teoria da Relatividade, espaço e tempo formam uma estrutura unificada — o espaço-tempo — na qual o tempo desacelera à medida que a velocidade do observador aumenta (princípio da dilatação temporal). Como nada dotado de massa pode atingir a velocidade da luz (simbolizada por "c"), uma hipotética espaçonave viajando a 99,99999999999% dessa velocidade levaria 4,22 anos para chegar a Proxima Centauri, mas a viagem não levaria menos de um minuto no referencial dos astronautas.


Observação: A 99,99999999999% de “c”, o fator de Lorentz é extremamente alto (γ ≈ 707.000), fazendo com que o relógio dos astronautas corra 707.000 vezes mais devagar em relação aos da Terra. Além disso, da perspectiva da nave, a distância até Proxima Centauri se contrai para apenas alguns milhões de quilômetros, mas ambas as perspectivas estão corretas em seus próprios referenciais — ou seja, não há contradição, apenas diferentes medições do mesmo evento, já que cada observador vê o relógio do outro como mais lento (covariância de Lorentz).


Os efeitos da dilatação temporal são imperceptíveis no nosso cotidiano. Num carro a 180 km/h, por exemplo, 30 segundos são 29,99999999999952 segundos. Mas os relógios atômicos dos satélites que orbitam a Terra a 14 mil km/h e 20 mil km de altitude adiantam 38 milissegundos/dia — se essa diferença não fosse compensada, a precisão dos sistemas GPS seria comprometida.


De acordo com o princípio da causalidade (não confundir com casualidade), o ontem molda o hoje, e o hoje molda o amanhã. Por outro lado, se estamos sempre reinventando o futuro em função da maneira como pensamos no presente e imaginamos o mundo de hoje, então o futuro não é mais o que era minutos atrás — e o mesmo se dá com o passado. 


Se o hoje é o amanhã de ontem e o ontem de amanhã, o presente é sempre o que é real; o passado é o que não é mais real — embora seja necessário, pois ninguém pode fazer com que o que foi feito não tenha sido feito —, e o futuro o que ainda não é real — ou seja, apenas possível. A pergunta que se coloca é: o que seria esse estranho tempo que nunca chega? 


A resposta é: não existe uma resposta, embora possamos conceber esse futuro imutável usando um rio e um trem como metáforas para representar o tempo. No caso do rio, as águas do tempo fluem à nossa volta sem que possamos paralisá-las. Assim, o futuro está sempre à nossa frente e o passado, sempre atrás. Já no caso do trem, o tempo corre sempre na mesma direção e à mesma velocidade, do antes para o depois — e nós seguimos presos aos trilhos.


Essas duas imagens do tempo parecem contraditórias: de um lado, as coisas aparentam se mover em direção ao passado; de outro, em direção ao futuro. Seria o tempo como o rio em que nos encontramos imersos ou como o trem que vemos passar? Seria o futuro o que nos precede ou o que se segue ao nosso tempo? 

A resposta pode ser uma das chaves do mistério do tempo. Einstein definiu o Universo como um bloco quadridimensional estático contendo todo o espaço e o tempo simultaneamente, sem um "agora" especial, e uma notável confraria de físicos admite a possibilidade de negar a existência do tempo sem afrontar a causalidade — já que o tempo é apenas uma ilusão emergente, uma percepção derivada de mudanças na posição e nos estados das partículas. Nesse cenário, o livre-arbítrio parece apenas mais uma ilusão de perspectiva — uma história que lemos acreditando escrevê-la.

As metáforas do rio (tempo fluindo por nós) e do trem (nós atravessando o tempo) capturam perfeitamente o paradoxo central, já que ambas parecem verdadeiras e, ao mesmo tempo, contraditórias. A visão einsteiniana do "universo em bloco" (block universe) resolve parcialmente essa questão: se todo o espaço-tempo já existe simultaneamente, então tanto o "fluxo" quanto a "travessia" são ilusões da consciência, e nós, meros leitores movendo os olhos por um livro já escrito.

A perspectiva de o futuro não ser mais o que era minutos atrás" em função de como pensamos o presente toca em algo profundo: a física clássica sugere Determinismo (dado o estado presente, o futuro é único), mas a mecânica quântica introduz indeterminação genuína. Talvez o futuro seja simultaneamente "já escrito" em termos relativísticos e "ainda aberto" em termos quânticos.


Segundo os presentistas somente o momento atual existe — o passado são cinzas de um fogo que se apagou; e o futuro, uma névoa inexistente. Para os eternalistas, por sua vez, tanto sua infância quanto o momento atual existem, e seu último suspiro já está gravado na estrutura do espaço-tempo, como uma página de livro esperando para ser lida. 


O Presentismo enfrenta um dilema fatal: se apenas o “agora” existe, de qual “agora” estamos falando? O dos astronautas que viajam a 99,99999999999% da velocidade da luz — para quem passou menos de um minuto — ou para quem ficou na Terra — onde se passaram 4,22 anos?


A relatividade destrói a noção de um “presente universal”, já que não admite a existência de um ”'agora” cósmico sincronizado. Mas o Eternalismo também parece absurdo: se nossa morte futura "já existe", por que ainda não a sentimos? Por que nossa consciência insiste teimosamente em fluir apenas para frente, como prisioneira de uma trajetória já traçada?


A resposta pode estar no Possibilismo — segundo o qual apenas o presente e o passado existem; o futuro é potencialidade pura, ramificações quânticas ainda não colapsadas. Mas talvez o tempo simplesmente não “passe”; nossa consciência seja como um holofote atravessando uma paisagem estática de eventos, iluminando momentos que sempre estiveram lá.


Resumo da ópera: o Eternalismo sugere que somos o trem atravessando uma paisagem fixa; o Presentismo insiste que somos folhas no rio, criando o curso conforme fluímos, e a mecânica quântica sussurra uma terceira opção: somos simultaneamente o trem e o rio — observadores que colapsam possibilidades em realidades, escrevendo o livro conforme o lemos.

Pensando bem, a ciência pode não ter escolhido entre essas visões porque a própria pergunta "o que existe realmente?" pressupõe que existência tenha um significado absoluto. Mas a relatividade nos ensinou que até conceitos aparentemente óbvios, como simultâneo, são relativos ao observador.

Talvez o tempo seja como a luz, cuja natureza última escapa às nossas categorias intuitivas. Ou talvez ele simplesmente não passe. Ou talvez nossa consciência seja como um holofote que atravessa uma paisagem estática de eventos, iluminando momentos que sempre estiveram lá — e sempre estarão."

Continua…

segunda-feira, 13 de outubro de 2025

DE VOLTA ÀS VIAGENS NO TEMPO — 50ª PARTE (AINDA SOBRE OVNIS)

ONDE HÁ FUMAÇA HÁ FOGO.

Suspeitas de que alienígenas visitam a Terra não vêm de hoje (vide capítulo 40). Há inúmeros relatos de avistamentos de OVNIs — acrônimo de "objetos voadores não identificados" —, mas faltam argumentos convincentes de que se trata de balões meteorológicos, drones ou projetos desenvolvidos em segredo pelos EUA, Rússia ou China. 

 

Observação: O acrônimo UFO — de "unidentified flying object" — deu lugar a UAP — de "unidentified anomalous phenomena" —, mas a explicação oficial ainda é a mesma na maioria dos casos, ou seja, que não necessariamente têm origem extraterrestre. Até recentemente, os UAPs eram classificados oficialmente como fenômenos atmosféricos mal interpretados ou alucinações coletivas fomentadas por teorias da conspiração, mas, aos poucos, o entendimento das autoridades vem mudando (mais detalhes no capítulo anterior).


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


Quando um quer, dois brigam. Quando dois querem, aí mesmo é que o pau come. Ninguém sabe qual vai ser o resultado da próxima sucessão. Mas parece claro que a Presidência da República vai ser disputada em 2026 a paus e pedras. 

Os dois lados ruminam certas dúvidas, nenhuma delas certa. Lula subiu nas penúltimas pesquisas, mas não disparou. Os rivais estão zonzos, mas não morreram. A incerteza deveria conduzir ao diálogo, não à desavença.

A eleição presidencial ainda mora longe. O desalinho das contas nacionais mora ao lado. Seja quem for o eleito, terá que lidar com um buraco de mais de 92% de despesas obrigatórias consumindo todo quase todo o dinheiro arrecadado com impostos.

Se a briga prematura de governo e oposição serve para alguma coisa é para cavar um buraco ainda maior.

 

Eventos famosos, como o Projeto Mogul — que usava balões metálicos para espionagem — foram atribuídos a programas militares secretos. A existência de naves alienígenas acidentadas jamais foi confirmada oficialmente, mas tampouco se conseguiu explicar a capacidade de pairar no ar como helicópteros e acelerar a velocidades hipersônicas desses objetos, que parecem ser muito mais avançados que qualquer coisa construída neste planeta. 

 

O célebre Caso Roswell merece destaque especial. Em 1947, o Roswell Army Air Field reconheceu que um "disco voador" havia caído na área rural da cidade de Roswell, no Novo México (EUA). Num segundo comunicado à imprensa, a nova versão dizia tratar-se de um balão meteorológico. O episódio transformou a cidade em ícone da ufologia e a Area 51, em palco de teorias conspiratórias envolvendo naves e seres alienígenas. Décadas depois, Bill Clinton determinou uma investigação federal sobre "o que estava acontecendo lá", e a CIA finalmente reconheceu a existência da base militar no deserto de Nevada, mas assegurou que ela era usada apenas em projetos secretos de vigilância aérea. 

 

Em 2010, dezenas de oficiais norte-americanos avistaram objetos não identificados pairando sobre silos de mísseis nucleares na Base Aérea de Malmstrom, em Montana. O ex-capitão Robert Salas relatou ter ficado a poucos metros de uma nave vermelha, brilhante, que flutuava acima do portão da frente da instalação. No Brasil, o caso Trindade, a Operação Prato e o ET de Varginha são exemplos emblemáticos de contatos imediatos de diversos graus.

 

Radares não têm crença, mas, afora os documentos oficiais e fotografias de UAPs — que são alvo de escrutínio constante por meio de ferramentas de análise de imagens —, as evidências com que os ufólogos trabalham são, em sua maioria, testemunhos pessoais submetidos a testes de confiabilidade pelos próprios ufólogos, que não raro conduzem a novas perguntas. Segundo o autor da tese "Objetos intangíveis: ufologia, ciência e segredo", a ufologia toma emprestados elementos das diversas disciplinas científicas, mas utiliza seus próprios métodos e questiona a ciência por ignorar relatos sobre os avistamentos que teriam potencial para fazê-la "progredir". 

 

É fato que a NASA colocou astronautas na Lua e enviou sondas para o espaço interestelar. Mas também é fato que nenhuma tecnologia desenvolvida até agora permitiu cruzar o cosmos a velocidades próximas à da luz ou criar atalhos no espaço-tempo através dos quais seja possível percorrer milhões ou bilhões de quilômetros em questão de minutos (ao menos até onde sabemos). No entanto, já dizia o poeta que não há nada como o tempo para passar. Os físicos trabalham atualmente com modelos teóricos que incluem buracos de minhoca, dilatação temporal e até universos paralelos — ideias tão ousadas foi a possibilidade de cruzar o mar sem cair da borda do mundo durante as Grandes Navegações. Talvez ainda estejamos na era das caravelas da física temporal, mas quem sabe o que o "Concorde da cronologia" nos trará nos próximos séculos?

 

No livro Eram os Deuses Astronautas? (1968), Erich von Däniken oferece explicações intrigantes para diversos enigmas que a história não conseguiu elucidar. Segundo sua Teoria dos Antigos Astronautas, alienígenas visitam a Terra há milhares de anos, e foram tomados como "deuses" pelos antigos egípcios, gregos, maias e outros povos, como evidenciam pinturas e esculturas encontrada por arqueólogos. "Autores "sérios" como Pierre Houdin e Bob Brier atribuem ao trabalho do pesquisador suíço a pecha de “pseudociência”, mas talvez haja uma ponta de inveja nessa crítica, considerando que os livros do “pseudocientista” foram traduzidos para mais de 30 idiomas, venderam dezenas de milhões de cópias e inspiraram a popular série Alienígenas do Passado, do History Channel.

 

Cada um pode acreditar no que bem entender — da probidade da autoproclamada "alma viva mais honesta do Brasil" ao "patriotismo" do penúltimo inquilino do Palácio do Planalto; da planicidade da Terra à existência de seres reptilianos que habitam as profundezas do planeta. Eu, a exemplo de São Tomé (que só acreditou na ressureição de Cristo depois de ver e tocar em suas chagas), prefiro ver para crer. Entre narrativas religiosas que tentam explicar mistérios que as próprias religiões não entendem, e teorias baseadas em evidências levantadas pela ciência, eu prefiro estas àquelas. 

 

Entre os anos de 1948 e 1968, o Projeto Blue Book identificou 1.268 relatos de UFOs, dos quais 701 permanecem envoltos em mistério. E o mesmo se aplica a 143 dos 144 avistamentos que o Pentágono registrou nas últimas duas décadas. Um ex-diretor do AATIP — entregou ao The New York Times vídeos gravados por caças da Marinha em 2004, 2014 e 2015. Num deles, que ficou conhecido como Incidente Nimitz, um objeto oval sem asas nem propulsores visíveis executava manobras aparentemente impossíveis do ponto de vista aerodinâmico. 

 

Um relatório produzido pela ODNI catalogou 510 casos de UAPs. Dos 366 que foram investigados, 26 eram sistemas de aeronaves não tripuladas (UAS) ou drones, 163 eram balões ou "artefatos semelhantes a balões", meia dúzia foi considerada "desordem” (como pássaros, sacolas plásticas de compras flutuando no ar, e por aí vai) e 171 foram classificados como avistamentos de UAPs "não caracterizados e não atribuídos (sobretudo os que demonstram características de voo incomuns ou capacidades de desempenho que requerem análises mais aprofundadas).  

 

Em um episódio da série Unidentified com Demi Lovato, a própria apresentadora disse que foi abduzida por alienígenas. A modelo brasileira Isabeli Fontana relatou uma experiência inusitada durante a gravidez. Fábio Jr. contou à revista IstoÉ que viu duas naves pairando sobre seu carro. A ex-BBB Flávia Viana disse ter avistado um OVNI na cidade mineira de Três Pontas. O ator Rodrigo Andrade compartilhou em suas redes sociais um vídeo no qual um "objeto luminoso" acompanhou o avião em que ele viajava por cerca de 25 minutos — e que mudou de cor e de tamanho várias vezes antes de desaparecer. 

 

O jornalista e apresentador Amaury Jr contou que já avistou mais de 40 objetos esféricos e em forma de prato em sítio, no município paulista de Vinhedo. A cantora Elba Ramalho revelou ter sido "chipada" por extraterrestres enquanto dormia. Suzana Alves — mais conhecida como Tiazinha — filmou um OVNI na Marginal Pinheiros, em São Paulo, por cerca de 30 segundos. Tarcísio Meira contou que ele, a mulher e outras seis pessoas testemunharam quatro objetos voando em formação assimétrica que ficaram parados por cerca de um minuto antes de desaparecer. O cantor Xororó observou uma nave com uma luz bem forte quando dirigia por uma estrada do interior de São Paulo, e disse que teria parado e tentado um contato se sua mulher e os filhos não estivessem no carro com ele. 

 

Observação: Não sei se esses depoimentos são confiáveis, mas sei que passei por uma experiência semelhante à do sertanejo nos anos 1960, quando passava férias no sítio dos meus avós, numa bucólica cidadezinha do interior paulista. Um primo que estava comigo também viu a luz, que continuou sobre nós enquanto fugíamos em desabalada carreira, e então se tornou um pontinho no céu e desapareceu. Voltei ao sítio outras vezes em outros anos, mas nunca vi nada parecido. Reencontrei esse primo uma dezena de vezes nos últimos 60 anos, mas, curiosamente, nunca falamos no assunto.   

 

Durante um conversa descontraída com alguns colegas do Los Alamos National Laboratory, em 1950, o físico italiano Enrico Fermi levantou a seguinte questão: "Onde está todo mundo?" Um quarto de século depois, em seu único livro de ficção — Contact —, o astrofísico Carl Sagan escreveu "The universe is a pretty big place. If it's just us, seems like an awful waste of space" (O universo é um lugar muito grande. Se somos só nós, parece um terrível desperdício de espaço). E com efeito. 

 

Em condições ideais (noite sem lua, com atmosfera limpa e seca e sem poluição luminosa), conseguimos avistar de 2.500 a 3.000 estrelas no céu noturno. Considerando que enxergamos apenas metade da esfera celeste de cada vez, o total de estrelas visíveis a olho nu fica entre 5.000 e 6.000, mas estima-se que existam cerca de 100 bilhões de galáxias no Universo, as menores com alguns milhões de estrelas e as maiores com centenas de bilhões. Nem todos esses dez sextilhões de "sóis" têm planetas girando a seu redor, mas boa parte deles é orbitada.

 

Depois que o primeiro exoplaneta foi avistado (há cerca de 30 anos), outros milhares foram sendo observados não só em sistemas solares semelhantes ao nosso, mas também orbitando anãs vermelhas e estrelas de nêutrons ultradensas. Em 2022, o Projeto TESS confirmou a existência de cerca de 5.000 exoplanetas — atualmente, entre confirmados e aguardando confirmação, são mais de 8.000. Somente na Via Láctea há centenas de bilhões de "mundos" sobre os quais quase nada sabemos. 


Observação: Há desde mundos pequenos e rochosos, como a Terra, e gigantes gasosos maiores que Júpiter, como os assim chamados “Júpiteres quentes” — corpos celestes com semelhanças físicas com Júpiter, mas que orbitam muito mais próximos de suas estrelas, donde sua natureza "quente". Há ainda as “superterras” — planetas rochosos maiores que a Terra —, os "mininetunos" — versões menores que o "nosso" Netuno —, planetas que orbitam duas estrelas ao mesmo tempo ou que giram em torno de restos colapsados de estrelas mortas. O Telescópio Espacial Nancy Grace Roman, cujo lançamento está previsto para 2027, descobrirá novos exoplanetas, e Missão ARIEL, prevista para 2029, analisará as atmosferas dos exoplanetas com base em suas nuvens e neblinas.

 

Se formos um pouco mais além e consideramos que algumas hipotéticas civilizações sejam mais desenvolvidas que a nossa, como negar a possibilidade de extraterrestres viajarem pelo cosmos em busca de outros mundos? O surgimento de vida (da forma como a conhecemos) é um processo complexo, que precisa superar inúmeras barreiras, sobretudo quanto tomamos a Terra como exemplo de "planeta habitável típico". Por outro lado, se outras civilizações alcançaram um estágio de desenvolvimento semelhante ao nosso, por que não conseguimos detectar sinais de rádio ou de outro tipo de tecnologia alienígena avançada, como os que somos capazes de produzir?

 

Entre o silêncio das estrelas e o burburinho das teorias, o mistério persiste. E the answer, my friend, is blowing in the wind.

 

Continua...

quinta-feira, 18 de setembro de 2025

O TEMPO, A CAUSALIDADE E A CIGANA

O TEMPO PERGUNTOU AO TEMPO QUANTO TEMPO O TEMPO TEM, E O TEMPO RESPONDEU AO TEMPO QUE NÃO TEM TEMPO PRA DIZER AO TEMPO QUE O TEMPO DO TEMPO É O TEMPO QUE O TEMPO TEM.

 

O fruto mais cobiçado — e ainda inalcançado — da “árvore Relatividade” são as viagens no tempo, e um dos aspectos mais intrigantes do tempo é a diferença com que ele passa para observadores que se deslocam a velocidades distintas. Quando observarmos o relógio, vemos o ponteiro dos segundos avançar num ritmo constante, como um rio que corre para o mar, mas a velocidade desse "rio do tempo" é inversamente proporcional à nossa. 

 

Se não nos demos conta disso, é porque as velocidades que vivenciamos no dia a dia são ínfimas. Num carro a 180 km/h, por exemplo, 1 minuto corresponde a 59,999999999999904 segundos. Por outro lado, os relógios atômicos dos satélites que orbitam a Terra adiantam 0,00447 segundos por dia — devido à velocidade de 28 mil km/h e à gravidade, que é menor a  20 mil km de altitude. Sem as devidas correções, os sistemas de GPS apresentariam erros de até 10 km por dia. 


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


Sujos e mal lavados se uniram para organizar uma fila de votações onde a sem-vergonhice, encabeçada pela PEC da blindagem, foi acomodada adiante do interesse público. O texto realiza os sonhos de parlamentares encrencados condicionando prisões em flagrante e abertura de ações penais no STF ao aval da Câmara e do Senado. Se forem presos em flagrante por algum crime inafiançável, poderão ser soltos pelo próprio Congresso em 24 horas, e seus benfeitores ficarão protegidos da opinião pública, já que a votação é secreta. 

No melhor estilo uma mão suja a outra, a facção bolsonarista do Legislativo concordou com a prioridade do Centrão mediante o compromisso de que, na sequência, seja votado um pedido de urgência para uma vergonhosa PEC da anistia que inclua o ex-presidente golpista. Para fechar o ciclo de desfaçatez, o PL indicou o lesa-pátria filho do pai como líder da minoria na Câmara. Homiziado na cueca de Trump desde fevereiro, Dudu Bananinha simularia o exercício da liderança à distância, livrando-se da cassação do mandato por excesso de faltas. 

De acinte em acinte, suas insolências transformam a política num outro ramo do crime organizado. Mas é importante lembrar que a culpa é de quem repete nas urnas a cada dois anos, por ignorância, o que Pandora fez uma única vez por curiosidade. A quem tem ao menos dois neurônicos funcionais, fica a recomendação: Vote nas putas; votar nos filhos delas não funcionou.

 

Consideramos o tempo como o pano de fundo de uma sucessão de eventos que fluem numa direção preferencial. Segundo o princípio da causalidade (não confundir com “casualidade”), as causas sempre precedem as consequências. O que aconteceu ontem impõe restrições ao que acontece hoje, e o que acontece hoje influencia o que acontecerá amanhã. Ainda assim, nossa percepção da passagem do tempo depende de diversas variáveis. Para quem está a ponto de borrar as calças e ouve de quem está no banheiro o tradicional “só um minuto!”, esse minuto parecerá a antessala da eternidade.

 

À medida em que envelhecemos, nossas experiências se tornam mais previsíveis. Isso nos dá a sensação de que o tempo está passado cada vez mais depressa, a despeito de os ponteiros do relógio avançar com a mesma velocidade com que avançava na nossa infância. No entanto, mesmo que os dias e as noites se sucedem a cada doze horas, o tempo não é o mesmo em todos os lugares.

 

Numa hipotética espaçonave a 99,9999999% da velocidade da luz, a dilatação temporal reduziria milhares de anos terrestres a poucos segundos. Já a dilatação gravitacional do tempo faz com que o tempo passe mais devagar ao nível do mar do que no topo do Everest (fato comprovado por relógios atômicos posicionados a alturas diferentes, mesmo quando diferença é de apenas alguns milímetros).

 

Para entender como os ciclos de sono, alimentação e produtividade são afetados pela referência das horas, o pesquisador francês Michel Siffre passou dois meses numa caverna escura, sem relógio nem qualquer outra maneira de saber o tempo. A única fonte de luz disponível era uma lâmpada de mineração, que ele usava para cozinhar, ler e escrever em um diário pessoal. 


No livro Beyond Time, lançado em 1964, ele relatou que tomava o próprio pulso e contava os segundos até 120 sempre que se comunicava por rádio com a equipe de apoio, mas o tempo real cronometrado por seu staff era de quase 5 minutos. Sem os indicadores naturais (como nascer e pôr-do-sol), seu ciclo circadiano  passou de 24 para 48 horas, e o tempo psicológico foi reduzido à metade do cronológico. O experimento se estendeu por dois meses, que para ele pareceram menos de um.

 

Estudos recentes apontam que até o idioma e o sistema de escrita (da esquerda para a direita ou vice-versa) fazem diferença. Na maioria das línguas, o passado é descrito como algo que ficou para trás, e o futuro, como algo que está sempre mais adiante, mas no idioma falado pelos índios Aimarás ocorre o contrário. No inglês, as distâncias percorridas são usadas para explicar a duração dos eventos; no grego, o fluxo temporal é percebido como um volume crescente, não como distância física. 
 

Uma vez que o idioma pode se infiltrar em nossas emoções e percepção visual, aprender uma nova língua nos "sintoniza" com dimensões sensoriais até então desconhecidas. De acordo com um estudo publicado pela Nature Reviews Neuroscience, o hipotálamo dos "atrasados crônicos" funciona de modo a fazê-los subestimar o tempo necessário para chegar ao local do compromisso, uma vez que as estimativas são baseadas no tempo gasto para realizar a mesma tarefa no passado, e essas memórias nem sempre são precisas. 


O estado emocional também contribui: o negativo nos dá a sensação de que o tempo está passando mais devagar, e o positivo, a sensação oposta. No auge da pandemia da Covid, muitas pessoas queriam "acelerar o tempo" para retomarem a "vida normal". Como emoção e motivação estão interligadas, o tempo pareceu passar ainda mais devagar. Quanto maior a motivação, mais acentuada a mudança na percepção de tempo, e tanto a percepção de aceleração quanto de desaceleração temporal atuam sobre a maneira como alcançamos determinados objetivos.

 

Enquanto a sensação de aceleração tende a facilitar as conquistas, a desaceleração costuma evitar que demoremos muito em situações potencialmente prejudiciais — quanto mais o tempo "demora a passar" numa situação de medo, por exemplo, mais rapidamente agimos para nos livrarmos do perigo. Mas vale destacar que “ganhar tempo” ou “perder tempo” é um erro de perspectiva: o tempo não é uma moeda que podemos guardar ou desperdiçar, ele simplesmente passa, e tentar “economizá-lo” fazendo várias coisas simultaneamente (multitasking) nos leva a “perder” mais tempo do que se realizarmos uma atividade por vez. 

 

Observação: Traçar um paralelo entre o cérebro humano e a CPU (sigla de Central Processing Unity, que designa o processador principal do computador, embora muita gente a utilize equivocadamente para se referir ao “case” — ou gabinete — dos desktops) faz sentido, mas os computadores são “multitarefa” e nós, não. Dizem que as mulheres até conseguem, mas eu acho que isso não passa de folclore.

 

Pensamos no tempo como algo externo, mas ele é um conceito profundamente enraizado em nossa mente. Todos temos um "relógio interno" que regula o sono, a fome e a energia ao longo do dia. Ou seja, nosso relógio biológico é regulado pelo tempo, e alterá-lo — trabalhando à noite ou dormindo em horários irregulares — afeta nossa saúde e compromete nosso bem-estar.

 

Até a invenção da escrita, o tempo era medido com base em fenômenos naturais sazonais. Mais adiante, os sumérios dividiram o ano em 12 meses de 30 dias e os egípcios criaram um calendário lunar baseado na estrela Sirius. No final do século XVI, o calendário Juliano foi substituído pelo modelo Gregoriano, que atualmente é adotado pela maioria dos países. Mas não é o tempo que passa; nós é que passamos por ele como areia entre as câmaras de uma ampulheta. 

 

Atribuir um número de série a cada ano é como tentar aprisionar o tempo num calendário de parede, e sempre haverá um ministro do STF disposto a soltá-lo. Por falar nisso, consta que Bolsonaro consultou uma cartomante para saber se sua tentativa de golpe daria certo, e foi instruído a cortar o baralho, dividir em cinco montes e virar uma carta de cada. O resultado foi uma sequência de reis: KKKKK (para entender melhor, observe a figurinha que ilustra esta postagem).