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segunda-feira, 7 de julho de 2025

DE VOLTA ÀS VIAGENS NO TEMPO — 35ª PARTE

TUDO QUE RESPIRA TAMBÉM CONSPIRA.

Embora nasça das experiências humanas e influencie a maneira como percebemos a realidade, a arte inspira mudanças culturais e antecipa avanços científicos. Parafraseando Oscar Wilde, "a vida imita a arte", mas a recíproca também é verdadeira.

 

No livro Da Terra à Lua (1865), Júlio Verne descreveu em detalhes a proeza que a Apollo 11 realizaria dali a 104 anos, errando por poucas milhas o local de lançamento do Saturno V. O filme Star Trek (1964) previu celulares e impressoras 3D, e o profético desenho animado Os Jetsons (1962) antecipou de videochamadas e aspiradores de pó inteligentes a carros voadores e mochilas a jato.


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Lula venceu o pleito de 2022 graças a uma minoria de eleitores (1,8% do total de votos válidos) que queria mandar Bolsonaro para o diabo que o carregue. Agora, com a popularidade em patamares abissais, em paz armada com o Congresso e na bica de uma campanha que promete ser dura de roer, o macróbio não pode se dar ao luxo de rifar o voto dos "isentões". 

A guinada à esquerda e a ressurreição do slogan "nós contra eles" que animou a patuleia nas redes e levou a militância às ruas pode afugentar a minoria conservadora do eleitorado, que, por absoluta falta de opção, guindou o ex-presidiário ao Planalto pela terceira vez, e o fato de o capetão ter sido expulso de campo não significa que a extrema-direita não tenha alternativas tão imprestáveis quanto ele e dispostas a trocar seu apoio pela promessa de anistiá-lo em caso de vitória. 

Triste Brasil.

 

Filmes como De Volta para o Futuro (1985), Se Eu Não Tivesse Te Conhecido (2018) e Questão de Tempo (2013) nos levam a especular não se, mas quando o fruto mais cobiçado da árvore da relatividade será colhido. São inúmeros os obstáculos a superar, mas não custa lembrar que, no final dos anos 1990, o Concorde fazia em menos de três horas o que a esquadra de Cabral levou 44 dias para fazer. 

 

Tudo somado e subtraído, viajar no tempo pode ser... uma questão de tempo. E a chave pode estar nas hipotéticas cordas cósmicas — fios invisíveis ao olho nu, mas com massa equivalente à de milhares de estrelas e formatos variados, de tubos que se estendem ao infinito a laços fechados sobre si mesmos. 


teoria das cordas sugere que as partículas fundamentais do universo são cordas vibrantes que surgiram durante as transições cósmicas ocorridas nas primeiras fases do universo. Movendo-se a velocidades próximas à da luz, essas cordas cósmicas poderiam criar um loop no espaço-tempo que abriria uma passagem para o passado ou o futuro. No entanto, estudos recentes indicam que elas podem ser menos densas do que se pensava — e ainda mais difíceis de identificar. Uma alternativa seria observar o fenômeno de microlente gravitacional em estrelas individuais: ao passar diante de uma estrela, uma corda cósmica dobraria temporariamente seu brilho, criando pistas para sua identificação e ajudando a desvendar como viajar no tempo sem criar paradoxos.

 

Novas pesquisas sobre os loops temporais sugerem que as leis da mecânica quântica impõem uma autoconsistência capaz de anular incongruências como o famoso "paradoxo do avô", e estudos recentes indicam que a entropia dentro de um loop temporal pode se resetar ao estado original, permitindo que o tempo se inverta dentro do ciclo. Mas os buracos negros continuam sendo os candidatos mais promissores para a distorção temporal. Regiões próximas a esses corpos celestes podem criar efeitos de dilatação temporal extremos, e um viajante espacial que orbitasse um buraco negro supermassivo experimentaria o tempo de forma diferente de alguém longe dessa influência gravitacional. 


Isso pode parecer roteiro de filme de ficção científica, mas Einstein ensinou que o impossível só é impossível até que alguém duvide e prove o contrário; Carl Sagan, que ausência de evidência não é evidência de ausência; e Arthur C. Clarke, que desafiar limites é o único caminho para superá-los. Se a ficção já previu tantas revoluções, pode ser apenas uma questão de tempo até que uma descoberta que nos leve não só mais longe, mas também para trás e para frente no tempo.


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quinta-feira, 3 de julho de 2025

DE VOLTA ÀS VIAGENS NO TEMPO — 34ª PARTE

SOMOS APENAS UMA ESTIRPE AVANÇADA DE MACACOS EM UM PLANETA MENOR DE UMA ESTRELA MUITO COMUM, MAS TEMOS NOCÃO DO UNIVERSO, MAS TER NOÇÃO DISSO NOS TORNA ESPECIAIS.

A ciência que estuda o tempo é chamada de cronologia em homenagem a Chronos — o deus do tempo da mitologia grega que devorava os próprios filhos —, mas ainda não se sabe se o tempo realmente existe ou se não passa de uma convenção criada para explicar fenômenos como o dia e a noite, as fases da Lua e as estações. 


Enquanto os físicos buscam decifrar esse mistério, escritores e roteiristas de ficção científica, inspirados no clássico A Máquina do Tempo, usam e abusam das viagens no tempo em produções como Interestelar, Feitiço do Tempo e De Volta para o Futuro, entre tantas outras.


Viajamos para o futuro desde o momento em que nascemos, e vislumbramos o passado quando observamos o céu noturno e vemos a luz que as estrelas emitiram há milhões ou bilhões de anos. Talvez não seja tão emocionante quanto o antigo seriado televisivo O Tunel de Tempo, mas é real. Como também é real a possibilidade de o tempo pode não ter uma direção preferencial no mundo microscópico — regido pela mecânica quântica — onde as partículas podem se mover livremente para frente ou para trás, como sustenta um estudo publicado na Scientific Reports por pesquisadores da Universidade de Surrey.


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Desde 1889, quando o primeiro de muitos golpes de Estado substituiu a monarquia parlamentarista do Império pelo presidencialismo republicano — houve um breve período de parlamentarismo após a renúncia de Jânio, mas isso é outra conversa —, 37 brasileiros ocuparam a Presidência da República, e o mais próximo de um estadista que tivemos desde a redemocratização foi Fernando Henrique. No entanto, como bem observou Lord Acton, o poder corrompe. 

Picado pela mosca azul, FHC comprou a PEC da reeleição. E como quem parte, reparte e não fica com a melhor parte, é burro ou não em arte, disputou e conquistou seu segundo mandato. No entanto, faltaram-lhe novos coelhos para tirar da velha cartola, e Lula derrotou José Serra em 2002, dado azo à tomada do poder pelos petralhas, que desgovernaram esta banânia até maio de 2016. 

Roberto Jefferson denunciou o mensalão petista em 2005, mas Lula não só foi reeleito no ano seguinte como elegeu um poste em 2010 — que deveria retribuir-lhe o favor em 2014, mas fez o diabo para se reeleger e acabou impichada. Em 2018, surfando no antipetismo, um mix de mau militar e parlamentar medíocre com vocação para golpista foi guindado ao Planalto. Em 2022, para livrar o país dessa excrescência, a minoria pensante do eleitorado se uniu à patuleia ignara para devolver a poltrona presidencial a Lula — que fora libertado da prisão, descondenado e reabilitado politicamente por togas companheiras. 

Hoje, a pouco mais de um ano das eleições, o xamã petista amarga índices de rejeição jamais registrados momento algum de sua trajetória política. Ao recorrer ao STF contra a derrubada do reajuste do IOF no Congresso, ele sinaliza aos rivais que não se deixará fritar. Mas a revogação do aumento do imposto — com votos de partidos que controlam ministérios — deixou-o bem passado, e a adição de fermento na articulação pró-Tarcísio inflou um bololô que reúne a direita patrimonialista e as viúvas de Bolsonaro. 

Com a impopularidade a pino, o macróbio vermelho faz uma guinada à esquerda e requenta o velho ramerrão do “nós contra eles”. “Acabará governando contra todos”, ironizou o presidente da Câmara durante um jantar na casa de João Doria, com mais de cinquenta empresários. 

No gogó, o ministro da Fazenda diz apostar num entendimento com o Congresso para aprovar medidas que ajudem a fechar as contas de 2025 e 2026. Na real, o que há na praça é uma campanha eleitoral prematura, não um ajuste fiscal tardio — e a única certeza disponível é que o próximo presidente, seja ele quem for, terá de gerenciar um orçamento federal inviável. 

A dúvida é se o apagão orçamentário virá antes ou depois da posse. Façam suas apostas.

 

O conceito de seta do tempo foi baseado na 2ª Lei da Termodinâmica, mais exatamente na entropia (desordem), que, num sistema fechado, sempre tende a aumentar. Mas as equações de campo de Einstein demonstraram que o tempo passa mais devagar para quem se move do que para quem está parado (princípio da dilatação temporal). Na visão do físico alemão, a distinção entre passado, presente e futuro não passa de uma ilusão teimosamente persistente, e viajar para o futuro é viável, ainda que voltar ao passado seja extremamente improvável. No entanto, essa possibilidade ganhou força com o avanço das pesquisas e experimentos no âmbito da mecânica quântica.

 

Diversas leis da física precisariam ser violadas para uma viagem ao passado se concretizar, mas um pesquisador da Universidade de Queensland, na Austrália, sustenta que o espaço-tempo poderia se adaptar para evitar paradoxos, e que loops temporais podem existir juntamente com o livre-arbítrio e os princípios da física clássica. Assim, mesmo que voltar ao passado implique mudar o futuro, a liberdade de ação impede o surgimento de paradoxos. No entanto, o fato de as equações mostrarem que sistemas quânticos abertos não privilegiam o passado ou o futuro não significa que estamos em via de viajar no tempo como nos filmes de ficção científica

 

Resumo da ópera: a irreversibilidade da passagem do tempo fica evidente quando um copo cai e se espatifa — já que os cacos não se rejuntam espontaneamente —, mas alguns fenômenos parecem não distinguir claramente uma direção nesse fluxo temporal. Se no mundo quântico o tempo pode realmente fluir em ambas as direções sem violar a relatividade, talvez ele não seja uma linha reta, mas um labirinto de possibilidades onde cada descoberta acrescenta novas bifurcações e atalhos. 


Não faltam exemplos de cientistas que foram ridicularizados por suas ideias heterodoxas — como Copérnico, que desafiou o geocentrismo, Lister, que revolucionou a medicina com a desinfecção, e Wegener, que propôs a teoria da deriva continental — até que o tempo provasse que eles estavam certos. Einstein previu em 1915 a existência de objetos celestes com gravidade tão intensa que nem a luz poderia escapar (o termo "buraco negro" só seria cunhado 52 anos depois), e morreu achando que tudo não passava de teoria, já que foi somente em 2019 que o Event Horizon Telescope fotografou o M87*, a 55 milhões de anos-luz da Terra.

 

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sábado, 28 de junho de 2025

DE VOLTA ÀS VIAGENS NO TEMPO — 33ª PARTE — CAPÍTULO ESPECIAL: BURACOS DE MINHOCA


PERGUNTAR O QUE HAVIA ANTES DO BIG BANG É COMO PERGUNTAR O QUE HÁ AO NORTE DO POLO NORTE.

Nas histórias de Monteiro Lobato, uma pitada de "pó de pirlimpimpim" teletransporta os personagens de um lugar para outro. Nos filmes de ficção científica, uma pitada de criatividade relativística faz naves atravessarem galáxias numa fração de segundo, heróis sumirem num piscar de olhos e paradoxos temporais transbordarem de cada diálogo. 


Os roteiristas costumam retratar os buracos negros como portais para outras dimensões, embora os "verdadeiros atalhos cósmicos" sejam os buracos de minhoca — fenômenos ainda não comprovados experimentalmente que surgem devido à curvatura do espaço-tempo resultante da atração gravitacional de estrelas supermassivas e colapsam quase instantaneamente, antes mesmo que a luz tenha tempo de atravessá-los.
 
Observação: Para entender melhor esse conceito, pegue uma folha de papel A4, faça uma marca na margem superior e outra na margem inferior, dobre a folha ao meio e veja que, assim, as duas marcas podem ser trespassadas por um grampo ou alfinete. Da mesma forma, uma espaçonave que adentrasse um hipotético buraco de minhoca atravessável seria impulsionada em direção à saída com a velocidade da luz e desembocaria em outra galáxia — neste ou em outro universo, no presente ou em outro ponto da linha do tempo.


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Na noite de quarta-feira, o desgoverno Lula foi pego de surpresa pela derrubada do decreto que aumentava as alíquotas do IOF. Ato contínuo, Gleisi Hoffmann, Lindbergh Farias e Fernando Haddad recorreram ao argumento — tão ridículo quanto eles próprios — de que Lula busca apenas fazer "justiça tributária". Não colou, a não ser, talvez, para uma militância de nicho: segundo levantamento da consultoria Bites, feito a pedido d’O Globo, a tentativa de emplacar a expressão “Congresso inimigo do povo” nas redes sociais teve repercussão pífia. Por outro lado, no mesmo dia em que as duas Casas derrubaram o decreto que aumentava a carga tributária, o Senado sacramentou o projeto da Câmara que eleva o número de deputados federais de 513 para 531 a partir das próximas eleições. 
Resumo da ópera: não há anjos no céu de Brasília. O Congresso pode até ser inimigo do povo — mas Lula, que conduz o país ao caos fiscal enquanto finge se preocupar com os mais pobres, não é muito diferente.

Diferentemente dos buracos negros — que já foram fotografados —, os buracos de minhoca ainda não foram avistados. Sua existência é baseada na Relatividade Geral, embora a mecânica quântica e a Teoria das Cordas também ofereçam perspectivas. Diversos físicos renomados acreditam que, se esses "túneis cósmicos" forem tão comuns quanto os buracos negros e apresentarem entradas com raios entre 100 e 10 milhões de quilômetros, detectá-los é apenas uma questão de tempo.

 
O buraco negro mais próximo — GAIA BH1 — fica a cerca de 1,5 mil anos-luz de distância da Terra. Isso significa que, movendo-se a 99% da velocidade da luz, uma nave levaria mais de 1.500 anos para chegar até ele. A dilatação temporal tornaria a viagem praticamente instantânea pelo referencial dos astronautas, mas a tecnologia de que dispomos está longe de permitir a construção de uma nave tão veloz. E ainda que assim não fosse, os intensos gradientes de maré próximos ao horizonte de eventos do buraco negro comprimiriam a nave e seus ocupantes horizontalmente e os esticariam verticalmente, num processo conhecido como espaguetificação.
 
Supondo que a espaçonave fosse indestrutível, os astronautas perceberiam o tempo passar normalmente e cruzariam o horizonte de eventos em um tempo finito — que, para um observador externo, tenderia ao infinito. Mas não notariam qualquer mudança abrupta ao atravessar essa fronteira, conforme previsto pelo princípio da equivalência de Einstein.
 
Acredita-se que os buracos de minhoca surgem e desaparecem tão rapidamente que nem a luz é capaz de atravessá-los. Para evitar que suas paredes colapsem sobre si mesmas e formem um buraco negro, seria preciso que uma forma exótica de matéria exercesse pressão negativa. Alguns efeitos quânticos — como o Efeito Casimir e o Princípio da Incerteza de Heisenberg — geram energia negativa em escalas microscópicas, mas extrapolar esse fenômeno para o nível macroscópico e acumular energia suficiente para manter a passagem aberta continua sendo um desafio teórico e tecnológico monstruoso.
 
Observação: Energia negativa e matéria exótica não são sinônimos. A energia negativa é um tipo específico de efeito quântico, enquanto o termo "matéria exótica" se refere, de forma mais ampla, a qualquer substância que provoque repulsão gravitacional. Assim, toda energia negativa é matéria exótica, mas nem toda matéria exótica depende exclusivamente de energia negativa. Já o termo "singularidade gravitacional" remete a pontos onde as leis tradicionais da física não se aplicam. No centro dos buracos negros, por exemplo, ela possui densidade infinita, distorcendo o espaço-tempo de tal forma que, para escapar, seria necessário superar a velocidade da luz — o que é impossível segundo a relatividade.


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quinta-feira, 26 de junho de 2025

O ANEL DE EINSTEIN

O ERUDITO É UM DESCOBRIDOR DE FATOS QUE JÁ EXISTEM; O SÁBIO É UM CRIADOR DE VALORES QUE ELE FAZ EXISTIR.


Em mais uma confirmação impressionante das teorias de Einstein, o Telescópio Espacial Euclides identificou um anel de luz em torno da galáxia NGC 6505Conhecido como "lente gravitacional forte", esse fenômeno ocorre quando a luz de uma galáxia distante, distorcida pela gravidade de uma galáxia massiva mais próxima, passa a seguir trajetórias curvas. A descoberta não só ilustra perfeitamente um dos conceitos centrais da relatividade geral como abre novas oportunidades para o estudo da matéria escura.

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Na noite de ontem, por 41 votos a 33, o Senado chancelou o aumento do número de deputados federais de 513 para 531 a partir das eleições de 2026. Quando a Câmara aprovou essa excrescência, falou-se que o custo — R$ 64,4 milhões — seria absorvido pelo orçamento da própria Casa. Como cada novo deputado terá direito a uma cota de R$ 38 milhões em emendas orçamentárias, 18 novas cadeiras somam R$ 684 milhões em emendas, totalizando uma despesa extra de R$ 748,6 milhões por ano. Para tornar a desfaçatez mais palatável, o relator incluiu uma emenda que proíbe qualquer aumento de despesas, incluindo verbas de gabinetes e cotas parlamentares, passagens aéreas e auxílio moradia.
Na mesma noite, o Congresso derrubou o decreto presidencial de aumento de IOF. Desde a Constituição de 1988, isso só aconteceu duas vezes — em 1992 e 1989. Em todos os outros casos de PDLs que chegaram a ser votado, o governo recuou e revisou sua proposta. 
O decreto rejeitado ontem foi a terceira "mexida" no IOF feita pelo Executivo em menos de um mês. O pacote anunciado por Haddad aliviaria o caixa no curto prazo, mas não teria efeito sobre o crescimento explosivo das despesas obrigatórias,  país corre o risco de trocar fôlego imediato por um novo desequilíbrio mais adiante.
A decisão era bola cantada: às vésperas de deixar a presidência da Câmara, Arthur Lira sinalizou o que estava por vir: "Ninguém embarca em um navio se sabe que vai naufragar." Na noite de ontem o deputado Hugo Motta, pupilo e sucessor de Lira, tratou o governo Lula como um Titanic cujo comandante tem encontro marcado com um iceberg na sucessão de 2026.
Lula 3 nunca conseguiu formar uma base de apoio parlamentar consistente. Líder do PT na Câmara, o deputado Lindbergh Farias vislumbrou na articulação um ensaio de desembarque dos partidos do centrão e legendas assemelhadas. O impeachment só não acontece porque interessa mais à oposição manter Lula sangrando até as próximas eleições. 
Com a derrubada do aumento do IOF, o Congresso submete o macróbio a um torniquete financeiro num instante em que Bolsonaro é pressionado nos bastidores a antecipar o apoio a uma candidatura alternativa para 2026. O queridinho do Centrão é Tarcísio de Freitas, do partido de Hugo Motta. Aos pouquinhos, o jogo sucessório vai ganhando uma prematura nitidez.


A qualidade da imagem capturada pelo Euclides revelou detalhes excepcionais, tornando-se uma das observações mais nítidas desse fenômeno já registradas. Quando o alinhamento é perfeito, a luz da galáxia de fundo forma um círculo quase completo ao redor da galáxia lente, resultando no assim chamado anel de Einstein (vide figura).

 

Embora a Teoria da Relatividade tenha revolucionado a compreensão que os cientistas tinham do universo, a descoberta que rendeu a Einstein o Prêmio Nobel de Física foi o efeito fotoelétrico — talvez porque a relatividade ainda era considerada muito controverso no início dos anos 1920. Ao contrário do que se costuma ouvir, ele não foi um estudante medíocre. Essa desinformação advém do fato de que a nota máxima nas escolas suíças era 6, e a mínima, 1. 


Observação: Einstein teve atritos com alguns professores por ser autodidata — aos 12 anos, já dominava a geometria euclidiana, e aos 15, cálculo diferencial e integral. Se não passou no exame de admissão do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique na primeira tentativa, foi por ser dois anos mais jovem que os outros candidatos e ter enfrentado dificuldades com idiomas e ciências humanas, mas ele sempre foi brilhante em matemática e física


Einstein previu a existência de ondas gravitacionais —geradas por eventos cósmicos cataclísmicos, como colisões entre buracos negros ou estrelas de nêutrons — em 1916, mas foi somente um século depois que um par de interferômetro localizados na superfície da Terra as detectou pela primeira vez. A existência dos buracos negros, inicialmente considerada absurda e sem suporte observacional, foi comprovada experimentalmente em 2019, quando o Event Horizon Telescope fotografou pela primeira vez um desses corpos celestes. Já pontes Einstein-Rosen (também conhecidas como buracos de minhoca) seguem no campo das especulações, mas os cientistas acreditam que, se elas possuírem entradas com raios entre 100 e 10 milhões de quilômetros e forem tão comuns quanto as estrelas, detectá-las é apenas uma questão de tempo. 


Para dizer que alguma coisa tem velocidade, é preciso dizer em relação a quê. A bordo de um avião com as janelas fechadas, a impressão que se tem é de estar parado. Do ponto de vista de quem está na aeronave, é o chão que está se movendo para trás a 900 km/h. Em outras palavras, percebemos nitidamente a aceleração e a desaceleração, mas não temos percepção de movimento quando nos movemos a uma velocidade constante. 


Segundo a relatividade especial (ou restrita, porque vale apenas para situações de velocidade constante, em que não há influência da gravidade nem qualquer outra forma de aceleração), quanto mais rápido alguém se desloca, mais devagar o tempo passa na percepção desse alguém (fenômeno conhecido como dilatação temporal). Ou seja, o espaço e o tempo se distorcem para que a velocidade da luz seja absoluta. Como s luz viaja à velocidade máxima do Universo e se desloca exclusivamente no espaço, da perspectiva dos fótons o tempo está parado (ou não existe).


Einstein descobriu que massa pode se transformar em energia e vice-versa, e que a quantidade de energia (E) contida em uma porção de matéria é igual à massa dessa matéria (m) multiplicada pelo quadrado da velocidade da luz (). O problema é que acelerar algo a uma velocidade próxima da luz exige uma quantidade absurda de energia — quanto mais rápido um corpo se move, mais sua massa aumenta e maior a quantidade de energia necessária para sua velocidade aumentar ainda mais. Na velocidade da luz, a massa tende ao infinito, exigindo uma quantidade igualmente infinita de energia para continuar a acelerar.

 

Se vivemos num "mundo newtoniano", onde os relógios marcam um certo horário, é porque nada ao nosso redor se move com rapidez suficiente para exibir efeitos relativísticos. A sonda espacial mais veloz lançada pela NASA até hoje alcançou 692 mil quilômetros por hora — uma velocidade impressionante, é verdade, mas que corresponde a míseros 0,064% da velocidade da luz.

 

Num gráfico cartesiano, um corpo a uma velocidade constante é representado por uma linha horizontal. Conforme esse corpo acelera, a linha se torna ascendente. Einstein percebeu que o tecido do espaço-tempo também se curva, e que, como em nosso hipotético gráfico, as curvas equivalem representam as acelerações, e aceleração e gravidade são curvas no grande gráfico da realidade. Parafraseando o físico John A. Wheeler, "O espaço-tempo diz à matéria como se mover e a matéria diz ao espaço-tempo como se curvar".


A gravidade estica o espaço e dilata o tempo. É por isso que os relógios dos satélites que orbitam a Terra atrasam aproximadamente 7 microssegundos por dia devido à velocidade de 28.000 km/h, mas adiantam cerca de 45 microssegundos por dia por causa da gravidade menor a 20.000 km de altitude em relação à superfície. Esse mesmo efeito faz com que o centro da Terra, onde a gravidade é maior, seja 2,5 anos "mais jovem" que a superfície do planeta — diferença acumulada ao longo dos 4,5 bilhões de anos de existência terrestre.

 

Einstein dedicou seus últimos anos de vida à busca por uma "teoria de tudo", que acomode a relatividade geral e a mecânica quântica numa mesma equação matemática. Considerada o "Santo Graal" dos físicos, essa solução ainda não foi encontrada — mas também nesse caso pode ser apenas uma questão de tempo.


ObservaçãoA famosa foto de Einstein mostrando a língua foi tirada no dia 14 de março de 1951, no momento em que o físico deixava uma festa na Universidade de Princeton, nos Estados Unidos. O fotógrafo Arthur Sasse, da agência United Press International, pediu-le que sorrisse, mas, por cansaço ou impaciência, ele resolveu mostrar a língua. Embora não tenha gostado da foto no início, o cientista acabou encomendando cópias para distribuir a amigos e colegas, A imagem se tornou um ícone cultural e foi leiloada por quase R$ 400 mil em 2017.


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quarta-feira, 21 de maio de 2025

DE VOLTA ÀS VIAGENS NO TEMPO — 28ª PARTE

NA PRÁTICA A TEORIA É OUTRA

 

Ainda que viajar no tempo seja possível em tese, a inviabilidade tecnológica de construir naves capazes de atingir velocidades próximas à da luz impede que astronautas fruam dos benefícios da dilatação temporal. Além disso, o aumento relativístico da massa exigiria uma quantidade virtualmente infinita de energia para continuar acelerando, e a simples chegada dos viajantes ao passado daria azo a paradoxos temporais. Some-se a isso o fato de que ninguém sabe como o corpo humano reagiria a uma viagem a mais de um bilhão de quilômetros por hora.


Observação: A maior velocidade que seres humanos suportaram até hoje foi de 11,08 km/s (ou 39.897 km/h), durante a reentrada da cápsula da Apollo 10 na atmosfera terrestre — 5,7% dos 693 mil km/h que a Parker Solar Probe alcançou em dezembro passado, que correspondem 0,0643% da velocidade da luz. Por outro lado, o maior desafio fisiológico não seria a velocidade em si, mas a aceleração necessária para alcançá-la. Num avião, nossas costas são empurradas contra o encosto da poltrona durante a decolagem; depois, a sensação é de repouso, mesmo voando a mais 800 km/h. Da mesma forma, os astronautas sofreriam os efeitos da aceleração, não da velocidade constante. Ainda assim, o caminho até uma velocidade próxima à da luz poderia ser fatal. Em teoria, seria possível manter uma aceleração gradual e constante. No entanto, se isso se prolongasse por muito tempo (e o tempo necessário para acelerar até quase 300 mil km por segundo seria extremamente longo), o corpo humano certamente se ressentiria dos efeitos dessa aceleração.


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


A 1ª Turma do STF considerou inconstitucional a manobra da Câmara que interrompeu a ação penal contra o deputado Alexandre Ramagem. Alegando que a decisão foi uma "violação direta e frontal aos preceitos fundamentais da separação de Poderes" e da "imunidade parlamentar formal", o presidente da Câmara recorreu ao plenário. 

Em qualquer democracia, e a brasileira não é exceção, o Legislativo não tem direito de passar por cima da Constituição. Era do conhecimento de todos os que votaram a favor da suspensão da ação penal que as chances de tal aberração prosperar são próximas de zero

Para que o Brasil se vacine contra novas tentativas de golpe, os denunciados pelo que aconteceu em 2022 e 2023 devem ser julgados, e os culpados condenados. Promover a cizânia entre Poderes é um desserviço à democracia. 

Permanências muito longas no espaço — como a dos astronautas que retornaram à Terra em meados de março passado após quase nove meses na Estação Espacial Internacional — tendem a causar perda de densidade óssea e muscular, diminuição do tamanho do coração, sono irregular, enfraquecimento do sistema imunológico e impactos na saúde mental (para saber mais, clique aqui). Assim, além de submeter os astronautas a um programa de reabilitação que dura até 45 dias, a NASA vem buscando maneiras de minimizar os efeitos da exposição prolongada à microgravidade, radiação cósmica e outras condições ambientais adversas. 

Como a distância média entre a Terra e a Lua é de 384.400 km, o problema não é a viagem em si — que as missões Apollo faziam em 3 dias e as sondas modernas (não tripuladas) fazem em menos de 24 horas —, mas no tempo que os astronautas teriam de permanecer lá para construir de uma base que sirva de "trampolim" para a exploração de Marte e, mais adiante, de outros planetas do Sistema Solar (a atmosfera rarefeita e a baixa gravidade facilitariam as futuras missões, uma vez que o lançamento de espaçonaves da Lua exigiria menos energia do que da Terra).  

 

A água congelada existente nas calotas polares da Lua que pode ser convertida em oxigênio e hidrogênio para combustível, e uma base lunar permitiria não só armazenar equipamentos e alimentos, mas também testar tecnologias e sistemas num ambiente de baixa gravidade antes de enviar missões tripuladas ao planeta vermelho, cuja distância média da Terra é de 225 milhões de quilômetros — que as sondas espaciais levam de 128 a 333 dias para percorrer. 

 

O programa Artemis da NASA visa retomar as viagens tripuladas à Lua e estabelecer uma presença sustentável no satélite. Outras agências, como a ESA e a CNSA, também têm investido em missões lunares, mas a agência espacial norte-americana foi a única até agora a enviar missões tripuladas à Lua, que continua sendo o corpo celeste mais distante alcançado pela homem. Já as viagens tripuladas a Marte vem sendo planejada há décadas, e a SpaceX divulgou recentemente que pretende levar humanos ao planeta até 2054.

 

Considerando a duração da viagem de ida e volta e duas semanas em Marte, os astronautas passariam mais de um ano fora da Terra. Além de contornar os efeitos da microgravidade e dos altos níveis de radiação do espaço, é preciso melhorar a eficiência de combustíveis para sustentar o empreendimento e garantir o retorno seguro da tripulação. A Rússia vem desenvolvendo um motor elétrico de plasma — que funciona a partir do empuxo gerado pela aceleração de partículas altamente ionizadas — que promete reduzir o tempo de viagem a menos de dois meses. 

 

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quarta-feira, 7 de maio de 2025

DE VOLTA ÀS VIAGENS NO TEMPO — 25ª PARTE

TEM MUITA TESTA OLEOSA POR AÍ SE ACHANDO MENTE BRILHANTE.
 

Enquanto as religiões se apegam a dogmas milenares, a ciência parte do possível para explorar o impossível e, por meio de experimentos, converte dúvidas em descobertas.


À medida que a fronteira entre o imaginado e o comprovado se expande, incertezas viram convicções, e o que era verdade ontem pode deixar de sê-lo amanhã.


Einstein demonstrou que o impossível é apenas uma questão de tempo; Carl Sagan, que a ausência de evidências não é evidência de ausência; e Arthur C. Clarke, que desafiar limites é o único caminho para superá-los. 


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Sob uma ótica estritamente política, o país virou uma espécie de centro terapêutico para tratar as neuroses de Bolsonaro.

Bolsonaro teve alta hospitalar no domingo, mas continua na UTI da política. Em casa, ele evolui da dieta líquida para a alimentação pastosa; no Congresso e no Supremo, continua mastigando o pão que o diabo amassou. 

Segundo os médicos, o paciente logo voltará à "vida normal"; politicamente, até os aliados avaliam que ele será condenado à prisão antes do final do ano.

Numa entrevista de porta de hospital, o capetão atacou Alexandre de Moraes e convocou os devotos para mais uma manifestação pró-anistia, desta vez em Brasília. Mas o ataque se torna um esporte inútil para quem não dispõe de defesa. 

Já não há ato em favor da anistia capaz de deter no Congresso o avanço do projeto de lei que abre a cela da multidão do 8 de janeiro sem retirar o ex-presidente golpista e seus cúmplices do rumo da tranca.

Curiosamente, a saúde de Bolsonaro interessa aos aliados, que o querem como cabo eleitoral, e aos rivais, que o querem saudável para que seja preso. 

Viagens no tempo são um tema recorrente na ficção desde 1895, quando H.G. Wells publicou A Máquina do Tempo. Durante décadas, a ideia foi rejeitada pelos cientistas, mas bastaram 104 anos para a Apollo 11 transformar em realidade o que Júlio Verne teorizou (profetizou?) em 1865, em Da Terra à Lua. E a história está repleta de casos semelhantes.

Apesar de toda a evolução tecnológica havida nos últimos séculos, ainda não foi possível transformar uma espaçonave em uma máquina do tempo, pois isso exigiria alcançar a velocidade da luz — que, segundo a teoria da relatividade e a física moderna, é o limite máximo permitido no Universo. A possibilidade de viajar para o futuro é aceita há décadas pela maioria dos físicos teóricos, mas nem tudo que é matematicamente possível pode ser realizado na prática.

Antes da relatividade (especial e geral), o tempo era considerado absoluto e universal. Mas Einstein demonstrou que a duração entre dois eventos depende do movimento do observador — o que é ilustrado magistralmente pelo famoso "paradoxo dos gêmeos".

Nos voos comerciais, essa dilatação do tempo é da ordem de nanossegundos, mas os relógios atômicos confirmam experimentalmente que o movimento tem, de fato, um impacto mensurável na passagem do tempo. Em grandes aceleradores de partículas, múons podem ser acelerados a velocidades próximas à da luz, e seus decaimentos ocorrem em "câmera lenta", ratificando as previsões de Einstein. Em outras palavras, viajar para o futuro — ainda que em frações ínfimas — é um fato comprovado.

Outra forma de alterar a passagem do tempo é por meio da gravidade: quanto mais intensa ela é, mais devagar o tempo flui. No nível do mar, a força gravitacional é maior do que no cume do Everest e, portanto, os relógios andam ligeiramente mais devagar. A diferença é mínima, mas já foi medida em experimentos nos quais pesquisadores posicionaram relógios atômicos extremamente precisos em diferentes altitudes. O mesmo princípio se aplica ao sistema GPS, cujos satélites precisam corrigir constantemente os efeitos da dilatação temporal para manter a precisão.

Na superfície de uma estrela de nêutrons, a força gravitacional é extrema, e o tempo flui cerca de 30% mais lentamente em relação à Terra. Já em um buraco negro, o tempo praticamente congela em relação a um observador externo.

Voltar ao passado, no entanto, é um desafio muito maior. Em 1948, o matemático e físico Kurt Gödel apresentou uma solução para as equações da relatividade geral que descrevia um universo em rotação, onde se poderia viajar ao passado — e, consequentemente, no tempo, já que espaço e tempo são indissociáveis — percorrendo um caminho fechado no espaço.

Essa ideia é considerada apenas uma curiosidade matemática, já que não há evidências de que nosso Universo esteja girando. Ainda assim, ela mostrou que a relatividade geral, por si só, não proíbe explicitamente a viagem ao passado. O problema está em encontrar um meio prático de fazer isso acontecer, a despeito dos efeitos relativísticos que impactam o tempo, o espaço e a massa — sem falar nos paradoxos temporais.

A existência dos buracos de minhoca foi teorizada por Einstein, mas ainda não foi comprovada experimentalmente. Acredita-se que eles funcionem como atalhos, encurtando a distância entre dois pontos, neste ou em outro universo, no presente ou em outro momento da linha do tempo. O problema é que a rapidez com que eles aparecem e desaparecem os torna inatravessáveis. Alguns cientistas acreditam ser possível estabilizá-los com uma infusão de energia negativa produzida por meios quânticos — como o chamado Efeito Casimir —, já que, em tese, a energia negativa os impediria de atingir densidade infinita, ou quase infinita, e se transformarem em buracos negros.

Em 1974, o físico, matemático e cosmólogo Frank Tipler calculou que um cilindro maciço e infinitamente comprido, girando em torno de si mesmo a velocidades próximas à da luz, permitiria vislumbrar o passado — puxada em torno dele, a luz descreveria trajetórias fechadas no espaço-tempo.

Em meados dos anos 1980, surgiu um dos cenários mais plausíveis para a existência de uma máquina do tempo, baseado no conceito dos buracos de minhoca — e em conformidade com a teoria da relatividade geral, que estabelece que a gravidade distorce tanto o espaço quanto o tempo. Esses atalhos no tecido do espaço-tempo poderiam — ao menos em teoria — conectar dois pontos distantes no espaço e no tempo. A proposta ganhou destaque com os trabalhos do físico Kip Thorne e colaboradores, que demonstraram a possibilidade de estabilizar um buraco de minhoca utilizando matéria exótica com energia negativa, tornando viável, em princípio, a criação de um percurso temporal fechado.

Em 1991, o escritor e astrofísico Richard Gott sugeriu que cordas cósmicas — estruturas extremamente finas e densas que teriam se formado nos primeiros instantes após o Big Bang — também poderiam criar distorções significativas no espaço-tempo. Se essas cordas se movessem a velocidades próximas à da luz e passassem uma pela outra em ângulos específicos, poderiam teoricamente gerar uma configuração que permitisse voltar no tempo. Embora altamente especulativa, essa hipótese também se apoia na relatividade geral e contribui para o campo das possíveis soluções matemáticas para as chamadas curvas fechadas de tipo tempo — trajetórias que retornam ao próprio passado.

Um buraco de minhoca foi usado por Carl Sagan no romance Contato, publicado em 1985 (o filme baseado no livro também é muito bom). Incentivados por Sagan, Thorne e seus colegas do Instituto de Tecnologia da Califórnia buscaram verificar se esses atalhos cósmicos poderiam existir sem violar as leis da física, e concluíram que eles poderiam se comportar como buracos negros em certos aspectos — só que, em vez de aprisionar a matéria, permitiriam um trajeto entre diferentes regiões do espaço-tempo.

Continua...