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domingo, 11 de abril de 2021

TUDO COMO DANTES NO QUARTEL DE ABRANTES

 

Impossível enxergar a olho nu vestígios de sanidade na forma como Jair Bolsonaro lida com a pandemia. Ele briga com os fatos mais ou menos como o sujeito que salta do décimo andar e, ao passar pelo oitavo, proclama aliviado: “Até aqui, tudo bem.”

No dia em que o Brasil registrou pela primeira vez mais de 4 mil mortes por covid em 24 horas, o capitão criticou novamente medidas de isolamento social adotadas por estados e municípios para evitar ou atenuar o colapso das UTIs. Presidente que prega o retorno a uma hipotética “normalidade” sem fornecer vacinas na quantidade necessária para atingir a imunidade coletiva condena sua Presidência à anormalidade.

Bolsonaro acha que se imunizou politicamente ao entregar a coordenação política do governo para o centrão. Engano. A tribo de Arthur Lira e Valdemar Costa Neto revela-se capaz de tudo, exceto de cometer suicídio político. A lealdade dos aliados tende a diminuir na proporção direta do aumento do número de cadáveres. A Fiocruz, fundação vinculada ao Ministério da Saúde, alertou que a pandemia deve permanecer em “níveis críticos” durante o mês de abril, “prolongando a crise sanitária e o colapso nos serviços e sistemas de saúde nos Estados e capitais brasileiras”. De acordo com o Boletim Extraordinário do Observatório Covid-19, elaborado pela Fiocruz, houve um aumento na taxa de letalidade da covid. Subiu de 3,3% para 4,2%.

O Brasil pós-redemocratização elegeu cinco presidentes pelo voto direto: Collor, FHC, Lula, Dilma e Bolsonaro. O primeiro e a penúltima foram enviados para casa antes de concluir o mandato. Uma taxa de mortalidade de 40% — praticamente dez vezes maior do que o índice de letalidade do vírus. Há nas gavetas do deputado Arthur Lira, o réu que preside a Câmara, sete dezenas de pedidos de impeachment contra Bolsonaro. Por muito menos, o então presidente da Câmara Eduardo Cunha, mentor de Lira, colocou para andar o pedido de deposição de Dilma.

Falando com um grupo de devotos na porta do Alvorada, Bolsonaro recusou-se a comentar os 4.211 corpos do dia. Preferiu espinafrar a estratégia do isolamento social. “Tem uma pesquisa aí que diz que quem tem uma vida saudável é 8 vezes menos propenso a ter problema com a covid” afirmou ele, sem citar a fonte da pesquisa, em vídeo divulgado por canal bolsonarista no YouTube. “Mas quando você prende o cara em casa, o que ele faz em casa? Duvido que ele não aumentou um pouquinho de peso. Duvido. Até eu cresci um pouquinho a barriga”, completou, arrancando gargalhadas dos apoiadores. “Me chamavam de torturador, racista, homofóbico. Agora é o quê? Aquele que mata muita gente? Genocida! Imagina se o Haddad estivesse no meu lugar?! (...) Do que eu não sou culpado aqui no Brasil? (risos)”, afirmou o presidente. “O pessoal [em outros países] quer destruir o vírus. O pessoal, aqui, quer destruir o presidente. Se vai morrer mais gente, não interessa [pra eles], não”, concluiu.

Diante da escalada no número de casos de coronavírus, no Brasil, todos os estados e o Distrito Federal passam por algum tipo de restrição. O isolamento social é consolidado internacionalmente como uma das principais ferramentas de combate à Covid. Em março, o sucessor de Pazuello no comando da Saúde defendeu uma orientação para a população usar máscaras e adotar o isolamento ao assumir a pasta. A postura foi elogiada por parlamentares, inclusive integrantes da oposição, por não seguir o presidente.

Observação: Queiroga é cardiologista, não general. Mas, a exemplo do antecessor, o doutor também se submete às generalidades que compõem as superstições de Bolsonaro sobre o “tratamento precoce” do coronavírus. Nesta quarta-feira, foi batizado com Cloroquina numa pajelança anticientífica realizada na cidade catarinense de Chapecó. Ao aceitar o convite do chefe para integrar a comitiva presidencial num tour cloroquínico, o subordinado comportou-se como um médico que viaja num avião sabendo que toda a sua bagagem de conhecimentos científicos viaja em outra aeronave. A iniciativa pode ser um tributo que o doutor decidiu pagar à falta de lógica, para evitar que o presidente o expurgue do governo, como fez com o ortopedista Henrique Mandetta e o oncologista Nelson Teich. A dúvida que paira no ar é a seguinte: o que é pior, um general sem formação médica que bate continência para as prescrições de um capitão ou um médico que se rende ao receituário de um presidente sem comprovação científica?

Numa pandemia, depois da insanidade costuma vir a cobrança. Como Bolsonaro não dispõe de um plano mirabolante de retorno à normalidade sem restrições, tende a se tornar um aliado tóxico. Aos pouquinhos os aliados do Planalto começam a fazer exercícios de futurologia. Muitos já avaliam que, se concluir o mandato, o capitão fará campanha em 2022 não nas redes sociais, mas ao lado de uma pilha de cadáveres. Não será fácil recrutar companhia.

Com Josias de Souza

quinta-feira, 8 de abril de 2021

VAI UM FILMINHO AÍ?

A VIDA É INGRATA NO MACIO DE SI, MAS TRANSTRAZ A ESPERANÇA MESMO DO MEIO DO FEL DO DESESPERO.

A maior pandemia viral da história do nosso país — quiçá do mundo — impôs a adoção do home office e de medidas como o “isolamento social” para retardar a propagação da Covid e evitar o colapso no sistema de saúde. 

Se as decisões foram acertadas, se surtiram os efeitos esperados, se devem ser mantidas ou suspensas em benefício da recuperação, bem, essas são perguntas cujas respostas podem variar de acordo com o nível intelectual e, por que não dizer, as convicções político-ideológicas das pessoas a quem a gente as dirigir.

Polarizações à parte, é incontestável que o uso de computadores (de mesa, portáteis e ultraportáteis) cresceu exponencialmente no último ano, tanto por conta do trabalho remoto quanto pela redução do contato pessoal com colegas, amigos e parentes (falo de pessoas responsáveis, não dos cretinos que promovem e frequentam festinhas clandestinas), como comprova o expressivo aumento da base de usuários de plataformas como o Zoom.

A videoconferência surgiu nos anos 1970, mas demorou décadas para se popularizar, já que a troca de vídeos em tempo real exigia inicialmente um aparato sofisticado, com duas ou três câmeras, microfones, um ou dois monitores, aparelhos de vídeo cassete, lousas eletrônicas, e um computador conectado à Internet. Mas, já dizia o poeta, “não há nada como o tempo para passar”.

Observação: Para que não se lembra, a conexão em banda larga só começou pipocar no Brasil após a virada do século; até então a modalidade padrão de acesso era a lenta e instável rede “dial up”, na qual placas de modem analógico incorporadas aos PCs discavam (literalmente) para um provedor de Internet. Além de instável, a conexão discada era extremamente lenta (a velocidade máxima teórica alcançada por um modem analógico é de 56,6 kbps) e cara, pois a operadora cobrava um pulso quando a ligação era completada e pulsos adicionais a cada 6 segundos, da mesma forma que nas ligações convencionais — a não ser durante as madrugadas e em feriados e finais de semana, quando eram cobrados apenas dois pulsos, independentemente do tempo de duração da chamada.

Ao longo dos últimos anos, graças, sobretudo, à melhoria da conexão e às novas tecnologias que surgiram, como smartphones ultra velozes e tablets, as famosas chamadas de vídeo se tornaram comuns até mesmo em aplicativos como WhatsApp, Skype, Facebook e Instagram, entre tantos outros. 

Em 2020, a videoconferência tornou-se indispensável na rotina das pessoas. O Google Meet, por exemplo, teve uso ampliado em 25 vezes durante a pandemia; a Microsoft registrou, em apenas um mês, aumento de 70% no número de usuários do Skype, e o Zoom, que se popularizou bastante, surpreendeu ao bater incríveis 169% de crescimento no período.

Além do home office, do happy hour virtual e das confraternizações remotas (por videoconferência) entre amigos e parentes, os sites que oferecem filmes e seriados para download também registram uma expansão substantiva em sua base de usuários. Mas é preciso ter em mente que navegar na Web, que até não muito tempo atrás um “bucólico passeio no parque”, tornou-se uma prática tão perigosa quanto um safári nas savanas africanas, dado o aumento exponencial de pragas digitais e golpes virtuais. E foi-se o tempo em que o vírus era apenas incomodativo (na pior das hipóteses, bastava reinstalar o sistema operacional para que tudo voltasse a ser como antes no Quartel de Abrantes).

Procurar o nome de um filme no Google (ou em outro mecanismo de buscas qualquer) e clicar no primeiro link que aparece é uma prática tão comum quanto perigosa. Não raro, o internauta é redirecionado a sites potencialmente inseguros, que condicionam a liberação do conteúdo ao preenchimento de um cadastro com nome, CPF, telefone, endereço eletrônico etc. Alguns exibem uma mensagem de erro, outros fornecem o conteúdo, mas vendem os dados a empresas especializadas no envio de spam, e há os que chegam até a lançar valores a débito na telefônica informada no cadastro — sem autorização e à total revelia do usuário — a título de cobrança pelo “serviço fornecido”.

A tecnologia P2P (de Peer-to-Peer, ou ponto a ponto) tornou-se popular na década passada por permitir o compartilhamento de arquivos entre os usuários sem a necessidade de um servidor central. Ela foi projetada para compartilhar arquivos grandes de forma ágil, mas vem sendo usada desde sempre (quem não se lembra do célebre KaZaA) de maneira maliciosa, dado o anonimato que permite. 

O problema do serviço é que o usuário não tem como saber se o arquivo é ou não real, se está realmente baixando um filme ou infectando seu sistema com uma carga viral. E confiar nos comentários que outros espectadores deixaram na plataforma que exibe o filme não é a solução, já que muitos deles podem ser falsos.

Alguns sites que oferecem filmes e séries para download exigem a instalação prévia de “plug-ins” que podem conter vírus, spywares e outros programinhas maliciosos que se destinam a espionar o internauta, exibir janelas pop-up de propaganda, roubar senhas, dados bancários e números de cartões de credito, entre outras coisas.

Observação: No final do ano passado, pesquisadores da Avast deram conta de que 28 extensões disponíveis para os navegadores Google Chrome e do Microsoft Edge instalavam um malware capaz de roubar dados pessoais dos internautas. Somando o número de downloads de todos os plugins maliciosos, a empresa de segurança tcheca calculava que três milhões de pessoas foram afetadas, mundo afora, por essas maracutaias.

Muitos usuários que baixam filmes a partir de sites legítimos acabam buscando a legenda condizente em outros endereços desconhecidos, que vinculam o fornecimento do conteúdo ao preenchimento de um cadastro (e utilizam os dados informados para finalidades escusas), ou então induzem a vítima a baixar arquivos perigosos, como executáveis que, em vez da legenda desejada, brindam o incauto com programinhas maliciosos. Como diz um velho ditado, “o barato sai caro”. Serviços de streaming on-line — como Netflix, Amazon, Disney etc. — são pagos, mas bem mais seguros, além de oferecer o conteúdo dublado ou com legenda.

terça-feira, 16 de março de 2021

SOBRE A RESTAURAÇÃO DO SISTEMA

UM ORAL CAPRICHADO SEMPRE RENDE DIVIDENDOS. 

Até o lançamento do Windows Millennium Edition, ao usuário que instalasse um driver problemático ou um app malcomportado e fosse brindado com instabilidades ou travamentos que conseguisse resolver desinstalando o vilão da história, restavam duas opções: 1) tentar recolocar o bonde nos trilhos restabelecendo a última configuração válida executando o “Scanreg”; 2) formatar o HDD e reinstalar o Windows do zero.

Como era preciso recorrer ao prompt para acessar uma lista de backups do registro e escolher, por tentativa e erro, uma que funcionasse, a maioria dos usuários não conhecia ou não sabia usar esse recurso. Sensível ao problema, a Microsoft introduziu a Restauração do Sistema no WinME (que foi lançado a toque de caixa para aproveitar o apelo mercadológico da chegada do ano 2000). Além de ser mais eficiente que o Scanreg, o novo recurso era (e continua sendo) executado a partir da interface gráfica do sistema, o que facilita bastante sua utilização (mais detalhes nesta postagem).

Não vou repetir aqui o que disse em outras oportunidades (para saber o que é, como funciona e como deve ser configurado e utilizado esse expediente, basta digitar "restauração" no campo Pesquisar aqui do Blog), mas apenas reforçar que a restauração está longe de ser uma panaceia, mas pode poupar muita dor de cabeça em caso de desconfigurações acidentais do sistema ou ações de vírus e outros malwares, por exemplo. 

Para dar uma ideia de como a coisa funciona traçando um paralelo com nosso quotidiano, imagine que, ao caminhar tranquilamente pela cidade, você escorrega numa casca de banana e acorda no hospital com um galo enorme na testa. Se a vida concedesse uma "segunda oportunidade" — como faz a Restauração do Sistema —, bastaria simplesmente voltar ao momento anterior ao escorregão e, sabedor da existência da tal casca de banana, evitar o tombo e as respectivas sequelas.

O Windows cria pontos de restauração automaticamente (desde que o recurso esteja habilitado e os pressupostos que lhe permitam fazê-lo sejam satisfeitos), mas nada impede que você também os crie manualmente sempre que levar a efeito uma reconfiguração abrangente, instalar drivers de dispositivos e aplicativos, ou mesmo antes de abrir um anexo de email suspeito, por exemplo.

Na hipótese de haver problemas, basta escolher um ponto criado anteriormente, comandar a restauração do sistema e torcer para que tudo volte a ser como antes no quartel de Abrantes.

Lembre-se apenas de que você terá de reinstalar eventuais atualizações (do Windows e de apps) que tenham sido implementadas após a criação do ponto de restauração para o qual o sistema foi revertido.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

SÍNDROME DA VISÃO DE COMPUTADOR

A VIDA É CHEIA DE OBRIGAÇÕES QUE A GENTE CUMPRE POR MAIS VONTADE QUE TENHA DE AS INFRINGIR DESLAVADAMENTE.

O primeiro caso de Covid no mundo foi registrado no início de dezembro de 2019; o primeiro caso de gripezinha do capitão-cloroquina no Brasil foi confirmado em 26 de fevereiro de 2020 — há onze meses, portanto.

Há ao menos 200 vacinas em diferentes fases de desenvolvimento mundo afora e cerca de 50 na fase final de testes. Os imunizantes da Moderna, AstraZeneca, Sinopharm e Sinovac devem obter os respectivos registros nas próximas semanas.

Sem embargo, a pandemia não tem data para acabar (para gáudio dos fabricantes de máscaras e álcool em gel, que estão lavando a égua). Ser ou não infectado, apresentar ou não sintomas, sobreviver ou não ao vírus assassino é como uma loteria. No entanto, em meio a tantas incertezas, uma coisa é certa: o home office veio para ficar e, com ele, a Síndrome da Visão de Computador.

Trata-se de um problema de ressecamento ocular associado à redução da frequência com que piscamos os olhos quando operamos o PC. Os sintomas clássicos são ardência, visão distorcida, vermelhidão e fadiga ocular, que podem ser minimizados com o uso de colírios tipo “lágrimas artificiais”.

É recomendável fazer pausas de 10 minutos a cada hora de trabalho, bem como manter uma distância de aproximadamente 30cm da tela do monitor — que não deve ficar nem alta demais, nem baixa demais em relação à linha dos olhos. Sem mencionar que a configuração correta de tela pode ajudar um bocado. Veja como proceder no Windows 10:

Para ajustar o tamanho do texto, dos aplicativos e demais elementos, clique em Iniciar > Configurações > Sistema > Vídeo e, em Ajustar escala e layout, o percentual em que a visualização dos elementos na tela for mais confortável para você.

Na mesma janela, logo abaixo, clique na setinha à direita da caixa referente ao campo Resolução. Repare que apenas uma das diversas opções de resolução disponíveis está marcada como Recomendável. Isso significa que ela exibe o número exato de pixels que a tela possui fisicamente, tornando mais nítida a exibição das imagens. Se quiser, teste outras resoluções; caso não fique satisfeito, é só não as efetivar que tudo volta a ser como antes no quartel de Abrantes.

Clique no link Configurações de escala avançadas e, em Corrigir a escala para aplicativos, ative o botão que autoriza o sistema ajustar o foco automaticamente — ou, por sua conta e risco, deligue o ajuste automático e configure manualmente um valor entre 100 e 500 (lembrando que a Microsoft não recomenda alterar essa configuração).

A exemplo dos smartphones, o Windows dispõe de um modo noturno que bloqueia a luz azul, evitando que seu ritmo circadiano (ou relógio biológico) seja afetado e interrompa produção de melatonina — o hormônio que controla o sono. Então, clique em Configurações de luz noturna para ajustar a temperatura da cor e o períodos em que o recurso deve ser ativado. Sugiro deixar que o Windows ative e desative o a luz noturno nos horários que você predefinir, mas é bom saber que você pode ativar e desativar o recurso a qualquer momento clicando no botão Luz noturna que é exibido na Central de Ações (que você acessa clicando na extremidade direita da Barra de Tarefas).

Observação: Se o botão em questão não for exibido na Central de Ações, reveja configurações desse recurso clicando em Iniciar > Configurações > Sistema > Notificações e Ações. É possível escolher as ações rápidas que você poderá acessar pela Central de Ações; ativar ou desativar notificações, barras de notificação e sons de alguns ou todos os remetentes de notificações; escolher se deseja ver notificações na tela de bloqueio; ativar ou desativar dicas, truques e sugestões sobre o Windows, e por aí afora.

Também é possível calibrar as cores exibidas no monitor, caso elas não lhe pareçam fiéis à imagem original. O próprio sistema possui uma configuração padrão, mas você pode ajustá-la de modo a deixar a visualização de imagens mais agradável. Basta digitar “calibrar cores do vídeo” na caixa de pesquisa da Barra de tarefas e executar o miniaplicativo que fica no Painel de Controle.

Concluída a calibração de cores, o “Otimizador de texto Clear Type” será exibido (se preferir, acesse esse recurso diretamente digitando “cleartype” na caixa de pesquisas da Barra de Tarefas). A configuração consiste simplesmente em selecionar os textos que lhe pareçam mais nítidos.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

SOLUÇÃO DE PROBLEMAS... — PARTE IV

A GRANDE TRAGÉDIA DA CIÊNCIA: O MASSACRE DE UMA BELA HIPÓTESE POR PARTE DE UM HORRÍVEL FATO.

Sobre mensagens de erro, telas azuis, travamentos e reinicializações aleatórias do Windows, lembro ter escrito há muitos anos o haikai que você vê na ilustração ao lado. Muita coisa mudou desde então; problemas dessa natureza já não ocorrem com a mesma frequência que ocorriam nas edições 3.x/9x/ME do Windows. Mas isso não quer dizer que não possam ocorrer, mesmo no Win 10.

Imagine que um belo dia você liga o computador e nada acontece. Ou seu amigo eletrônico dá o boot mas empaca na tela de boas-vindas. Claro que isso não é bom. Mas é preciso ter em mente que sua prioridade deve ser recolocar o bonde nos trilhos. 

Então, a não ser que o incidente decorra de mau funcionamento do hardware, descobrir o culpado pelo descarrilamento pode ficar para depois. Primeiro, porque há grandes chances de você reiniciar o computador e tudo voltar a ser como antes no Quartel de Abrantes. Segundo, porque há um sem-número de possibilidades no âmbito do software, e explorá-las uma a uma é como treinar para louco.

Anedotas são versões jocosas de situações pitorescas pinçadas do quotidiano. Como este diálogo entre o usuário e o atendente do suporte técnico:

— Help desk assistência, posso ajudar?

— Sim, bem.... estou tendo um problema com o Word.

— Que tipo de problema?

— Bem, eu estava digitando e, de repente, todas as palavras sumiram.

— Defina “sumiram”.

— Desapareceram. Do nada. A tela está preta. Não aceita nada que eu digite.

 Você ainda está no Word ou já saiu?

— Como posso saber?

 Você vê o Prompt C: na tela?

— O que é esse 'promete-se'?

— Esquece. Você consegue mover o cursor pela tela?

— Não há cursor algum. Eu te disse, ele não aceita nada que eu digite.

Seu monitor tem um indicador de força?

— O que é monitor?

— É essa tela que parece com uma TV. Ele tem uma luzinha que diz quando está ligado?

— Não sei.

— Então olhe atrás do monitor e veja se cabo de força está conectado. Você consegue fazer isso?

— Acho que sim.

— Ótimo. Siga o cabo e me diga se ele está ligado na tomada.

— Tá, sim.

— Atrás do monitor, você reparou que existem dois cabos?

— Não.

— Mas eles estão lá. Preciso que você olhe e ache o outro cabo.

— Ok, achei...

— Siga-o e veja se ele está bem conectado na parte traseira do computador.

— Não posso!

— Você não consegue ver se está?

— Não.

— Nem mesmo se ajoelhar ou se debruçar sobre ele?

— Ah, não, tá muito escuro aqui!

— Escuro?

— Sim, a única luz que eu tenho vem da janela, lá do outro lado.

— Bom, acenda a luz então!

— Não posso.

— Por que não?

— Porque estamos sem energia.

Continua...

quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

SOLUÇÃO DE PROBLEMAS... — PARTE III

A CIÊNCIA TRAZ AO HOMEM A INCERTEZA DE UMA CERTEZA.

A evolução do Windows ao longo do tempo vinha sendo tratada numa sequência cuja publicação eu interrompi dias atrás para focar outros assuntos (e que pretendo retomar em breve). Diante disso, podemos deixar de lado os entretantos e partir para os finalmentes, começando por lembrar que a encarnação atual do festejado sistema da Microsoft é o Win 10 20H2, que está para as jurássicas versões 3x como um Ford Bigode de 1920 para um Mustang Shelby GT500 de última geração. Todavia, por mais que tenha sido aprimorado nas últimas 3 décadas, o Windows ainda é um programa de computador e como tal está sujeito a bugs e que tais.

Mensagens de erro, telas azuis, travamentos e outras falhas exasperantes faziam parte do dia a dia dos usuários do Win 9x/ME. Com o lançamento do Win XP, baseado no kernel (núcleo) do Win NT, as aporrinhações se tornaram menos recorrentes, mas isso não significa que não ocorram também no Win 10. Vale lembrar que todos os upgrades semestrais (de conteúdo) que a Microsoft implementou no Ten desde 2016, quando o novo “sistema como serviço” soprou sua primeira velinha, atazanaram, em maior ou menor grau, a vida de um sem-número de usuários (detalhes nesta sequência).   

Observação: Se a Microsoft fabricasse carros, disse Bill Gates em algum momento dos anos 1990, eles custariam 25 dólares e rodariam 1.000 milhas com um galão de gasolina. A General Motors saiu em defesa das montadoras e, numa resposta bem humorada — e verdadeira —, afirmou que o motor dos "MS-Car" morreria frequentemente, obrigando o motorista a descer do carro, trancar as portas, destrancá-las e tornar a dar a partida para poder seguir viagem, numa evidente analogia com os constantes travamentos do Windows (vale a pena clicar aqui e ler a íntegra da resposta).

Voltando ao cerne desta abordagem, que é a solução de problemas no ambiente Windows, relembro que tudo é reversível no âmbito do software, e que não há nada como uma reinstalação do zero para o Windows voltar à velha forma. Por outro lado, essa solução “in extremis” é demorada e trabalhosa, não tanto pela reinstalação em si, mas pelas subsequentes atualizações, personalizações e reconfigurações que fazem tudo voltar a ser como antes no Quartel de Abrantes — noves fora, naturalmente, os problemas que levaram à reinstalação do sistema.

Por essas e outras, recomenda-se chutar o pau da barraca somente após de tentar (e não conseguir) resolver o imbróglio com medidas menos invasivas. Mas isso já é assunto para o próximo capítulo.     

terça-feira, 1 de dezembro de 2020

SOLUÇÃO DE PROBLEMAS NO PC OU NO SMARTPHONE

O CONHECIMENTO PODE CRIAR PROBLEMAS, MAS NÃO É ATRAVÉS DA IGNORÂNCIA QUE IREMOS SOLUCIONÁ-LOS.

Dizem que os computadores vieram para resolver todos os problemas que a gente não tinha quando eles não existiam. Pode até ser, mas o fato é que eles existem e praticamente todo mundo os utiliza, sobretudo na encarnação ultraportátil (existem mais de 5 bilhões de linhas móveis ativas no planeta). 

Muitas tarefas ainda demandam mais poder de processamento, fartura de memória e dimensões de tela que os smartphones e tablets podem proporcionar, devendo, portanto, ser realizadas num PC convencional (de mesa ou portátil, de modo), o que nos leva a manter um pé em cada canoa.

Tanto desktops e notebooks quanto smartphones e tablets são “computadores” e utilizam memórias de diversas tecnologias. A RAM (memória física do sistema e principal ferramenta de trabalho do processador) precisa ser totalmente esvaziada de tempos em tempos, sendo a reinicialização do dispositivo uma maneira de se obter esse resultado. Mas melhor ainda é desligá-lo totalmente e tornar a ligar depois de alguns minutos.

Reiniciar um aparelho consiste basicamente em desligá-lo e tornar a ligar em seguida. O termo reinicializar não significa exatamente a mesma coisa, mas, questões semânticas à parte, interessa dizer que desligar o PC, o smartphone, o tablet ou qualquer outro equipamento eletrônico ou eletroeletrônico interrompe o fluxo de energia que alimenta seus circuitos, capacitores e demais componentes que permanecem energizados durante o funcionamento. No caso específico de dispositivos computacionais, esse provoca o "esvaziamento" das memórias voláteis.

Na reinicialização, o intervalo de tempo entre o “encerramento” do sistema e o boot subsequente é de milésimos de segundo, e sempre é suficiente para o total esgotamento das reservas de energia e, consequentemente, o esvaziamento das memórias voláteis. Portanto, em vez de reiniciar o celular ou o PC, prefira sempre que possível usar a opção desligar.

Ao contrário do PC convencional — que muita gente só lembra que existe na hora de executar uma tarefa que transcenda a capacidade dos ultraportáteis —, o smartphone acompanha o usuário o tempo todo e não raro fica ligado 24/7. Desligá-lo durante a recarga, por exemplo, “limpa” a memória RAM e reduz o tempo que a bateria leva para ser totalmente carregada.

Problemas como lentidão, instabilidade, aquecimento, travamentos ocasionais etc. costumam ser solucionados mediante uma simples reinicialização (observadas as considerações feitas linhas atrás). Se o problema persistir, a causa deve ser outra que não a sobrecarga da memória, e aí abre-se todo um leque de possibilidades que não seria possível abordar nesta postagem. Saliento apenas que, no âmbito do software, tudo é reversível, e reverter o aparelho às configurações de fábrica faz com que tudo volte a ser como antes no Quartel de Abrantes. Mas atenção:  antes de qualquer outra coisa, providencie um backup de seus arquivos e salve-o na nuvem ou num dispositivo de armazenamento removível (pendrive, HDD USB etc.);

Em linhas gerais, redefinir aparelhos Android exige apenas tocar em Configurações > Fazer backup e redefinir e selecionar Redefinir Configurações (para reimplementar os ajustes padrão); Redefinir as Configurações de Rede (Wi-Fi, Bluetooth, etc.); ou Restaurar Padrões de Fábrica (faxina total). Note que essa nomenclatura costuma variar conforme a versão do sistema e exigir procedimentos adicionais (como excluir sua conta no Google) se a ideia for passar o telefone adiante. Em qualquer caso, consulte o manual do aparelho, o site do fabricante e/ou a ajuda do Android.

Observação: O Google Play guarda o histórico dos aplicativos que você já baixou vinculado a sua conta de e-mail, o que facilita a recuperação. Selecione Play Store, selecione Apps e jogos e, no menu do seu perfil, escolha Meus apps e jogos. Lá estarão todos os seus apps. Sugiro restaurar somente aqueles que você utiliza com frequência e ignorar os “inutilitários”. Depois que o dispositivo reiniciar, atualize o sistema e recupere seus aplicativos.

No iOS, vá em Ajustes e selecione Geral; selecione Redefinir e depois Apagar Conteúdo e Ajustes; insira sua senha e clique em “Apagar iPhone, restaurando as configurações originais do aparelho.

Continua...

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

WINDOWS 10 — APLICATIVOS PADRÃO

A LOUCURA É A CIÊNCIA DO ABSURDO.

Depois de publicar oito capítulos da novela sobre o Windows e suas sutilezas, achei que era tempo de fazer um breve intervalo para tratar de outros assuntos. Assim, veremos a seguir como reconfigurar os aplicativos padrão no Win 10. 

Vale lembrar que o Windows passou a ser comercializado como serviço em 2015; que o Win 10 ganhou seu Anniversary Update em meados de 2016, e que ele a partir de então ele passou a receber atualizações semestrais de conteúdo — a primeira entre os meses de abril e maio e a segunda, entre setembro e outubro. Note que cada update implica uma atualização de versão (a mais recente é a 20H2, que a Microsoft começou a distribuir no dia 20 do mês passado).

Atualizações de versão do Windows 10 nem sempre trazem mudanças de interface ou acrescentam novos recursos e funções que “saltam aos olhos” dos usuários. A mais recente, por exemplo, destina-se a promover correções e ajustes internos no programa, embora traga algumas inovações (que eu já comentei anteriormente). A mais "visível", digamos assim, é a substituição do navegado Edge pelo “novo” Edge Chromium, que se tornou padrão do sistema (mais detalhes nesta postagem).

Cada update de versão requer um período de adaptação, já que o usuário precisa se familiarizar com as novidades. O tempo de adaptação varia caso a caso, mas dificilmente vai além de um ou dois dias. Mas tudo tende a ser mais fácil quando se conhece o "caminho das pedras", daí eu ter resolvido dedicar algumas linhas aos programas padrão do Windows 10. Acompanhe.

Quem está habituado ao vetusto Windows Media Player pode estranhar o comportamento do reprodutor de mídias Groove, por exemplo. O mesmo se aplica a quem se acostumou com a simplicidade um tanto espartana do Paint, que certamente achará o Paint 3D um tanto complicado. E quem clica num link, esperando ver o site ser exibido na janela do Google Chrome ou do Firefox, e dá de cara com o novo Edge.

Tradicionalmente, o sistema associa os arquivos a aplicativos pré-definidos, mas essa configuração padrão nem sempre vai ao encontro de nossas preferências. Felizmente, esse é um “problema” de fácil solução, como a maioria dos leitores certamente já sabe. A questão é que, para mudar esse comportamento, não se utiliza mais a opção Sistema da tela Configurações, e sim a opção Aplicativos (até porque faz mais sentido).

Então, caso você deseje redefinir os programas padrão no Win 10 20H2, clique em Iniciar > Configurações > Aplicativos e, no menu lateral à esquerda da janela, selecione a opção Aplicativos padrão e aguarde até que a lista seja preenchida. 

Se você prefere usar o Google Chrome como navegador padrão, clique sobre o ícone do Edge, que vem pré-definido sob Navegador da Web. Na janelinha que se abrir, selecione o navegador de sua preferência, lembrando que ele só contará da lista de opções se você o tiver instalado no computador. 

O mesmo procedimento se aplica ao programa padrão de Email, caso você prefira usar o Outlook em vez do Email do Win 10, ou do Visualizador de Fotos, se preferir o Paint em vez de Fotos ou Paint 3D. E assim por diante.    

Observação: Note que essa liste exibe apenas as opções já instaladas; se preferir usar algum aplicativo de que você ainda não dispõe, basta ir à Loja, localizar o dito-cujo, fazer o download e então proceder à alteração. Algumas categorias podem não ter um aplicativo padrão; em sendo o caso, clique em "Escolher um padrão".

Também é possível escolher os aplicativos padrão a partir da extensão dos arquivos. Basta clicar no link Escolha os aplicativos padrão por tipo de arquivo, localizar na lista a extensão que você quer associar, clicar no ícone exibido à direita dela e selecionar a opção desejada. 

Clicando em Escolher os programas padrão por protocolo, você pode definir como o sistema vai lidar com solicitações específicas de programas gerais e dispositivos de rede como Calculadora, Twitter, Xbox, Câmera etc.

Se as mudanças causarem erros no sistema, é só clicar no botão Redefinir para que tudo volte a ser como antes no Quartel de Abrantes, ou seja, todas as personalizações que você fez serão desfeitas e substituídas pela configuração estabelecida originalmente pela Microsoft.

domingo, 16 de agosto de 2020

VIVA O POVO BRASILEIRO

Conforme eu adiantei no post de ontem, Gilmar Mendes reverteu a decisão de Félix Fischer, que havia cassado a liminar do presidente do STJ — o “caso de amor à primeira vista” do autodeclarado Messias que não miracula —, que, na qualidade de plantonista daquela Corte durante o recesso de julho, converteu em domiciliar a prisão preventiva de Fabrício Queiroz e madame.

Feitas as devidas somas e subtrações e tirada a prova dos nove, tudo continua como antes no Quartel de Abrantes. O amigo longa data de Jair Bolsonaro e ex-chefe de gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro permanece em casa, sob os cuidados extremosos da esposa — que mesmo foragida foi beneficiada pela decisão do ministro Noronha. Como diria Boris Casoy, “isso é uma vergonha”.

Fabrício — como bom fantasma-chefe dos funcionários fantasmas do gabinete de zero um na Alerj — estava sumido havia mais de ano quando foi encontrado em Atibaia, mocosado num imóvel pertencente a Fred Wassef, então consultor jurídico do Presidente e advogado de seu primogênito no caso das rachadinhas. O conspícuo jurisconsulto, que conquistou seus 15 minutos de (má) fama ao dar uma série de entrevistas sem jamais repetir a mesma versão da história, acabou desaparecendo no ar como o elefante do Grande Houdini.

Mais impressionante que o prodígio de ilusionismo de Wassef foram as selfies exibidas ad nauseam nos telejornais, mostrando Queiroz, o “enfermo”, de bermuda e chinelo de dedo, com uma garrafa de cerveja na mão e um largo sorriso nas fuças, enquanto preparava um churrasquinho no quintal da casa-escritório-esconderijo em Atibaia (vide imagem que ilustra esta postagem).

Observação: Poucos dias depois de o Brasil atingir 100 mil mortos pelo coronavírus, no último dia 8, os brasileiros mostram-se divididos em relação à responsabilidade de Jair Bolsonaro pela trágica marca. De acordo com o Datafolha, 47%, dizem acreditar que o presidente não tem culpa pelos óbitos. Para 52%, Bolsonaro é o responsável; 11% o veem como principal culpado, e 41%, como um dos culpados, mas não o principal. Desde o início da pandemia, o capitão cloroquina, que na mesma pesquisa obtém a melhor avaliação do mandato, minimiza a doença e defende a reabertura de comércios e o relaxamento do isolamento social.

Talvez Bolsonaro devesse distribuir à brava gente brasileira, juntamente com a droga da qual virou garoto-propaganda, um pote de base branca para tingir o rosto, batom para a pintar uma boca engraçada e uma bola vermelha para realçar o nariz.