domingo, 8 de setembro de 2024

SOPA DE CEBOLA À FRANCESA

NÃO EXISTE AMOR MAIS VERDADEIRO QUE AQUELE ENTRE UMA PESSOA E UMA PIZZA.


O "inverno meteorológico" terminou em 31 de agosto, mas o "astronômico" vai até dia 22, quando começa a primavera. Após registrarem -1,7°C em Engenheiro Marsilac (zona sul da capital paulista) na madrugada da terça-feira retrasada, os termômetros voltaram a subir, mas as noites e as madrugadas continuam frias, e uma sopa quentinha vem a calhar. 


Para servir 4 pessoas, você vai precisar de:

 
— 4 xícaras (chá) de caldo de carne (preferencialmente caseiro); 
— 4 fatias de queijo suíço ou o alpino;
— 4 fatias de pão francês cortados em cubos de 2,5 cm; 
— 2 xícaras (chá) de cebola branca cortada e o mesmo tanto de cebola roxa (cortadas em fatias);
— 1 colheres (chá) de azeite extravirgem;
— 1/4 colher (chá) de chá de açúcar;
— 1/4 colher (chá) de pimenta-do-reino moída na hora; 
— 1/4 de xícara (chá) de vinho branco;
— 1 colher (café) de tomilho fresco picado e outra de sal refinado.
 
O preparo é simples:

Aqueça o azeite em fogo alto e salteie as cebolas por 5 minutos (ou até elas ficarem macias), junte o açúcar, a pimenta e o sal e deixe cozinhar por 20 minutos em fogo médio, mexendo de tempos em tempos (para evitar que a mistura queime e/ou grude no fundo da panela)

Aumente o fogo, salteie as cebolas por 5 minutos ou até elas ficarem escuras  tome cuidado para não deixar queimar —, despeje o vinho, cozinhe por 1 minuto, junte o caldo de carne e o tomilho, deixe ferver, tampe a panela e cozinhe em fogo baixo por cerca de 2 horas. 

Nesse entretempo, coloque as fatias de pães numa assadeira e leve ao forno (preaquecido a 180˚C) por 1 minuto, vire-as e deixe tostar do outro lado por mais 1 minuto. 

Distribua a sopa por 4 tigelas refratárias, coloque-as numa assadeira grande, ponha uma fatia de pão tostado e outra de queijo em cada tigela, leve ao forno para gratinar o queijo e sirva quente.

Bon appétit. 

sábado, 7 de setembro de 2024

ELEIÇÕES 2024 — POLARIZAÇÃO, BAIXARIA E CEGUEIRA MENTAL DÃO O TOM


 
Faltando menos de um mês para as eleições municipais, Ricardo Nunes, Guilherme Boulos e Pablo Marçal estão tecnicamente empatados, Tábata Amaral aparece em 4º lugar e José Luiz Datena carrega a lanterninha. 
Pelo que se pôde inferir dos debates e do anacrônico "horário eleitoral gratuito" — gratuito para os partidos e candidatos, já que quem paga a conta somos nós — nenhum deles tem condições de administrar nem carrinho de pipoca, quanto mais a maior metrópole da América Latina. A proposta de Tábata é a "menos pior", mas, a julgar pelas pesquisas, a moça precisa de um milagre para chegar ao segundo turno. 
 
No Brasil, presidente, governadores, prefeitos e senadores são eleitos com base no sistema majoritário, e deputados (federais e estaduais) e vereadores, pelas regras do sistema proporcional. Como eu comentei esses dois sistemas em outra postagem, vou resumir a ópera relembrando somente que, em municípios com mais de 200 mil eleitores inscritos, se nenhum candidato a prefeito obtiver 50% + 1 dos votos válidos no primeiro turno, os dois mais votados disputarão uma segunda eleição 
— conhecida como "segundo turno" — que é decidida por maioria simples, ou seja, vence o candidato mais votado.

ObservaçãoNos últimos 24 anos, o segundo turno das eleições paulistanas foi disputado por um candidato da esquerda contra um da direita. Mesmo em 2016, quando Dória venceu no primeiro turno, Haddad ficou em segundo lugar. Seguido esse padrão, um embate final entre dois candidatos da direita — no caso, Marçal e Nunes — é no mínimo improvável. Nesse cenário, Boulos deve representar a esquerda. Resta saber quem será seu oponente. Datena parece não ter a menor chance, e Tábata tem menos de um mês para se consolidar na disputa.
 
Situações desesperadoras exigem medidas desesperadas, mas abster-se de votar, votar em branco, anular o voto ou recorrer ao "voto útil" no primeiro turno é estupidez, mas a nefasta polarização vem produzindo pleitos plebiscitários, e um eleitorado despreparado, mal-informado e eivado de apedeutas e idiotas de carteirinha tende a votar não no candidato com quem mais se identifica, mas naquele que supostamente tem mais chances de derrotar o candidato "deles", o que acaba falseando o resultado final do pleito.
 
Magalhães Pinto ensinou que "política é como as nuvens; a gente olha e elas estão de um jeito, olha de novo e elas já mudaram" e Ciro Gomes, que "eleição é filme, pesquisa é frame". Se admitirmos
 que a opinião de alguns milhares de entrevistados representa fielmente o que pensam 9,32 milhões paulistanos aptos a votar, o resultado das pesquisas constitui um "instantâneo" do humor do eleitorado no momento da abordagem. O bom senso recomenda analisar os números com a devida cautela, mas explicar isso a quem sofre de cegueira mental é como dar remédio a um defunto.
 
Uma das características da democracia brasileira é produzir "salvadores da Pátria". Vimos isso em 1989 com Collor, em 2002 e 2006 com Lula e em 2018 com Bolsonaro. Talvez a história se repita em 2026, tendo como protagonista o "coach motivacional" que teve a candidatura ao Planalto barrada pelo TSE, conseguiu se eleger deputado federal, foi impedido de assumir e agora mira a prefeitura paulistana com um olho e a Presidência com o outro. 

A exemplo de Bolsonaro em 2018, Marçal se vende como candidato "antissistema", mas já acena uma aproximação com o sistêmico União Brasil, que um dos principais partidos do Centrão. Se for eleito, cairá no colo do UB, exatamente como o "mito" caiu no colo do Centrão — e lhe deu o orçamento secreto em troca do engavetamento de 150 pedidos de impeachment. 
 
Campanha eleitoral movida a ódio não é novidade por estas bandas, mas terminou mal todas as vezes que a raiva foi industrializada com propósitos políticos: Jânio renunciou, Collor foi impichado, Bolsonaro perdeu a reeleição, está inelegível, vive sob a sombra de uma sentença criminal esperando para acontecer enquanto posa de cabo-eleitoral de luxo. 
A diferença entre ele e Marçal é que as redes sociais dão a este um alcance maior que o daquele

Com a repetição do fenômeno de forma mais turbinada na seara municipal paulistana, resta torcer para que o eleitor despache a aberração antes que ela se consolide como um fenômeno eleitoral. A despeito de estar claro que se trata de um produto estragado, quem tem que comprá-lo ou não é o eleitor.

sexta-feira, 6 de setembro de 2024

FATOS, MITOS, BOATOS E TEORIAS DA CONSPIRAÇÃO (FINAL)

PARA QUEM NÃO TEM NADA, METADE É O DOBRO.


Nos anos 1970, a pretexto de "limpar registros desfavoráveis" sobre a seita e seu fundador, membros da Igreja da Cientologia roubaram arquivos confidenciais do governo americano e de embaixadas e consulados estrangeiros

Conhecida como Operação Branca de Neve, essa ação foi considerada teoria da conspiração até vir a lume o envolvimento de mais de 5 mil "agentes secretos" — entre membros da igreja, funcionários públicos corruptos ou chantageados e investigadores particulares.

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

No debate do último domingo, Marçal deixou claro que seu objetivo era irritar os adversários e desviar a atenção das acusações que ele sabia que viriam. Funcionou: o momento em que ele quase levou um pescoção repercutiu muito mais que a questão das fraudes bancárias em Goiás. 

Na noite seguinte, aboletado no centro do Roda Viva da TV Cultura, o "influencer" parecia outro. Até tentar ensinar a jornalista Malu Gaspar a fazer jornalismo e levar uma invertida. A partir de então o espírito de porco da noite anterior tomou o centro da roda, com um entrevistado ora passivo-agressivo, ora só agressivo, que foi ficando mais arrogante enquanto fazia cortes (foram 11) para suas redes sociais, propunha soluções  mirabolantes para espalhar prosperidade e — pasmem! — cantava "Diário de um Detento", dos Racionais MCs, para reforçar a narrativa de "filho da periferia".  De quebra, culpou os adversários pelo baixo nível dos debates e reclamou de ser "atacado de forma deselegante". 

Inspirado na profecia de Nelson Rodrigues — de que "os idiotas vão tomar conta do mundo; não pela capacidade, mas pela quantidade" —, Marçal afirmou que produz idiotices em série porque o eleitor, por idiota, deseja esse tipo de mercadoria, porém a inanição de sua pauta de propostas leva a crer que idiota é quem vota num sujeito como ele.

Campanha eleitoral movida a ódio não é novidade no Brasil, mas a coisa terminou mal todas as vezes que a raiva foi industrializada com propósitos políticos: Jânio renunciou, Collor foi impichado e Bolsonaro perdeu a reeleição, está inelegível e vive sob a sombra de uma sentença criminal esperando para acontecer — e isso depois de torrar bilhões em verbas orçamentárias secretas na compra do engavetamento de mais de quase 150 pedidos de impeachment.

Houve tempos em que a mídia controlava as massas. Com a Internet, as massas passaram a controlar a mídia, e o idiota da aldeia, que só tinha direito à palavra no boteco, passou a ter o mesmo direito de um ganhador do Premio Nobel. 

Depois que as redes sociais deram asas à idiotice, a melhor vacina contra a desqualificação política seira a qualificação do voto. Mas isso parece cada vez mais um sonho irrealizável.


Também foi considerada conspiratória a denúncia de que a NSA plantava escutas ilegais, coletava dados de celulares e monitorava ou uso que os americanos faziam da Internet. O ataque ao World Trade Center serviu de "desculpa" para aumentar essa vigilância — a agência esgrimiu a necessidade de sacrificar algumas liberdades individuais em prol da segurança nacional —, mas uma matéria publicada pelo The Washington Post em 2014 revelou que quase 90% dos dados coletados eram de internautas sem qualquer conexão com terrorismo.

Em 1998, o U.S. Departament of State revelou que, no auge da Guerra Fria, o então Dalai Lama e a outros líderes tibetanos receberam milhões de dólares da CIA para atuar em prol do enfraquecimento do comunismo na China e na URSS, e que a agencia manteve locais secretos de treinamento militar para monges tibetanos no Colorado (USA). 

Observação: Dalai Lama é o título dado ao líder espiritual do povo tibetano e transferido de uma pessoa para outra através de um processo chamado tulku (ou "reencarnação de Avalokiteshvara"). Quando um Dalai Lama morre, Lamas sêniores buscam seu sucessor. Se uma criança testada demonstra características espirituais notáveis e/ou reconhece objetos pessoais que pertenceram ao Dalai Lama anterior, ela é submetida a um treinamento religioso (que pode durar anos) e, após ser oficialmente entronizada, assume o papel de líder espiritual e político do Tibete.
 
Em abril de 1919, enquanto negociava o Tratado de Versalhes para encerrar a Primeira Guerra Mundial, o presidente americano Woodrow Wilson contraiu gripe espanhola e sofreu um derrame que o deixou parcialmente incapaz. Como seu médico pessoal se recusou a assinar o atestado de incapacidade, o vice Thomas R. Marshall não foi promovido a titular; como o real estado de saúde do paciente foi mantido em segredo, a primeira-dama Edith Wilson se autoproclamou "guardiã" do marido e atuou como "presidente de fato" até o término de seu mandato, em março de 1921 (lembrando que a 25ª Emenda, que trata da sucessão presidencial em casos de incapacidade, só foi ratificada em 1967). 
 
Em 1993, 
a pretexto de estudar ionosfera da Terra, as Forças Armadas dos EU criaram o Projeto HAARP. Os conspirólogos alegaram tratar-se de uma arma secreta de controle do clima que seria capaz de desativar satélites inimigos, desestabilizar nações e manipular a mente das pessoas. As autoridades envolvidas no projeto refutarem qualquer propósito sinistro, mas as teorias conspiratórias persistem até hoje, havendo inclusive culpe o projeto enchentes no Rio Grande do Sul.

Capitaneado pela CIA durante a Guerra Fria, Projeto MK Ultra usou abusou de alucinógenos, hipnose, privação sensorial e outras técnicas arrepiantes para controlar a mente das pessoas, e como as cobaias apresentavam sintomas clássicos de paranoia, suas denúncias não eram levadas a sério. Nos anos 1970, porém, Church Committee descobriu mais de 200 mil documentos arquivados erroneamente, e o projeto se tornou um dos maiores exemplos de abuso de poder por parte de uma agência governamental. Segundo os teóricos da conspiração, a CIA seguiu com as experiências espúrias mesmo depois que a maracutaia veio à lume.
 
Um esquema sem título oficial, mas que teve a veracidade comprovada, causou a morte de milhares de americanos durante a Lei Seca. Devido à proibição da produção, importação e venda de bebidas alcoólicas no território norte-americano nos anos 1920/30, produtos à base de etanol usados na fabricação de materiais de limpeza eram redestilados, engarrafados e vendidos no mercado negro. Visando inibir o consumo ilegal dessa bebida, o governo passou a adicionar metanol ao etanol, mas exagerou na dose e matou mais de 10 mil pessoas.
 
Projeto Sunshine, conduzido secretamente pelos EUA nos anos 1950, visava entender os efeitos da radiação nuclear no corpo humano. As amostras de tecidos eram obtidas de cadáveres (não raro roubados de cemitérios), e os 
ossos de crianças recém-nascidas, suscetíveis aos efeitos do estrôncio-90, eram especialmente valiosos para o estudo. Em 1995, o presidente Bill Clinton desclassificou os documentos, mas o altíssimo custo moral do projeto continua ensejado discussões sobre ética em práticas científicas.

quinta-feira, 5 de setembro de 2024

SEGURANÇA NUNCA É DEMAIS

PRIMEIRO VÊM AS RISADAS, DEPOIS AS MENTIRAS E FINALMENTE O TIROTEIO.

Links encurtados ocupam menos espaço na tela dos smartphones e consomem menos caracteres nas postagens no Xwitter. Embora não ornem com segurança, eles se
 tornaram tão comuns que a gente clica neles sem pensar duas vezes, embora seja possível checá-los com ferramentas de verificação de links curtos, como o GetLinkInfo e o UnshortenIt. 

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Voltando ao debate dos prefeitáveis na TV Gazeta, Marçal deixou claro como o sol do meio-dia que seu objetivo era irritar os adversários e desviar a atenção das acusações que ele sabia que viriam. A estratégia funcionou: o momento em que ele quase levou um pescoção repercutiu bem mais que a questão das fraudes bancárias em Goiás. Na noite seguinte, aboletado no centro do Roda Viva da TV Cultura, o candidato do PRTB parecia outro, mas só até tentar ensinar a colunista d'O Globo Malu Gaspar a fazer jornalismo. 
A partir de então, o espírito zombeteiro da noite anterior tomou o centro da roda, com um entrevistado ora passivo-agressivo, ora só agressivo, que foi ficando mais arrogante enquanto fazia cortes (foram 11) para suas redes sociais, propunha soluções soluções mirabolantes para espalhar prosperidade e — pasmem! — cantava "Diário de um Detento", dos Racionais MCs, para reforçar a narrativa de "filho da periferia". De quebra, culpou os adversários pelo baixo nível dos debates e reclamou de ser "atacado de forma deselegante". Parecendo se inspirar na profecia de Nelson Rodrigues — de que "os idiotas vão tomar conta do mundo; não pela capacidade, mas pela quantidade" —, "Pablito" declarou que produz idiotices em série porque o eleitor, por idiota, deseja esse tipo de mercadoria, porém a inanição de sua pauta de propostas leva a crer que idiota é quem vota num sujeito como ele. 
Campanha eleitora movida a ódio não é novidade no Brasil — que o digam JânioCollor e Bolsonaro. Mas a coisa terminou mal todas as vezes que a raiva foi industrializada com propósitos políticos: o cachaceiro renunciou, o Rei-Sol foi impichado e o refugo da escória da humanidade perdeu a reeleição, foi declarado inelegível e vive sob a sombra de uma sentença criminal esperando para acontecer — e isso depois de torrar bilhões em verbas orçamentárias secretas na compra do engavetamento de mais de quase 150 pedidos de impeachment.
Houve um tempo em que a mídia controlava as massas. Com a Internet, as massas passaram a controlar a mídia, o idiota da aldeia, que só tinha direito à palavra no boteco, onde enchia a cara a se expressava sem prejudicar a coletividade, passou a ter o mesmo direito de um ganhador do Premio Nobel. Depois que as redes sociais deram asas à idiotice, a melhor vacina contra a desqualificação política seira a qualificação do voto. Mas isso parece cada vez mais um sonho irrealizável.

Caso o endereço do site não apareça ou apareça parcialmente na tela do smartphone, tocar na barra de endereços do navegador permite visualizar o URL completo e conferir a parte final (que é exibida depois do nome do domínio). As subseções invadidas do site geralmente ficam ocultas nos diretórios do serviço e contêm elementos como /wp-content//wp-admin/ ou /wp-includes/

Observação: Algo assim logo após o nome de domínio indica que o site foi comprometido (lembrando que páginas com a extensão .php são comuns, mas, combinada com o caminho de diretório, essa extensão se torna uma evidência convincente de culpa). Se o nome do site parecer suspeito, excluir o final do URL e deixar apenas o nome do domínio levará à página verdadeira, que é diferente da falsa tanto no assunto quanto no design. 
 
O ideal é verificar todos os links antes de clicar, até porque alguns ataques independem de qualquer ação da vítima (basta acessar o site infectado). No computador, posicionar o ponteiro do mouse sobre um link (sem clicar) permite conferir o URL de destino; no smartphone, deve-se manter o dedo sobre o link para para abrir um menu pop-up com diversas opções. 

Jamais clique em links recebidos por email, SMS, WhatsApp etc. para acessar sites de bancos, administradoras de cartões de crédito, lojas virtuais, órgãos públicos etc. Em sendo necessário, digite manualmente o URL na barra de endereços do navegador.

Lembre-se: Macaco velho não pula em galho seco nem mete a mão em cumbuca.

quarta-feira, 4 de setembro de 2024

FATOS, MITOS, BOATOS E TEORIAS DA CONSPIRAÇÃO (CONTINUAÇÃO)

TUDO BEM QUERER O QUE NÃO SE PODE TER. EU DISSE ISSO A MIM MESMO TANTAS VEZES QUE JÁ ESTOU QUASE ACREDITANDO.

Se as diferenças entre mito, boato e teoria da conspiração são sutis (detalhes no capítulo anterior), causalidade e casualidade se parecem somente na grafia: "casualidade" é o princípio segundo o qual as causas sempre precedem os efeitos (como ensinou o Conselheiro Acácio, "as consequências sempre vêm depois"), enquanto "casualidade" remete a eventos que acontecem aleatoriamente, sem quaisquer padrões discerníveis ou relações causais previsíveis. 

Como o imprevisível não pode ser controlado, a casualidade tende a levar pessoas que não lidam bem com pandemias, catástrofes e assemelhados a acreditar em teorias conspiratórias em vez de encarar os fatos como eles realmente são. 

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

 

A decisão de Moraes de suspender o Xwitter foi referendada pela 1ª Turma do STF, e a de arrolar a Starlink, que também pertence a Musk, revelou-se acertada a posteriori, já que a provedora de internet descumpriu a ordem de tirar o do ar. Vale ressaltar que a parte da decisão que obrigava o Google e a Apple a "dificultar o download de apps de VPN" foi revogada, mas quem usar a rede virtual privada para burlar a proibição de acessar o X continua passível de multa (R$ 50 mil). Emana do bom senso o princípio segundo o qual não se dá uma ordem que não poderá ser cumprida, e os especialistas afirmam que multar os transgressores seria dificílimo (ou mesmo impossível).

A Starlink decidiu cumprir a decisão de bloquear o X e já suspendeu o acesso à rede, apesar de reclamar do "congelamento de ativos" determinado pelo STF. Na última semana, em meio à crise entre o bilionário e o ministro Alexandre de Moraes, o Supremo e a Anatel foram alvos de ataques cibernéticos. Na Corte, o ministro Nunes Marques será relator de duas ações sobre o tema. Uma, da OAB, contesta a multa por uso de VPN para acessar o X e outra, do Novo, é contra a suspensão da rede.

Ao postar no próprio X, referindo-se a Moraes, que "esse tirano maligno é uma vergonha para as vestes dos juízes", Musk deixa claro que a batalha de egos está longe de terminar.


Uma pesquisa realizada em 2010 demonstrou ser quase impossível mudar a opinião de alguém que tenha sido cooptado pela "realidades alternativa". Como parte do experimente, os participantes receberam correções das afirmações enganosas, mas elas serviram para reforçar suas crenças nas versões deturpadas. 

Mas não há nada como o tempo para passar, e o passar do tempo acabou provando que diversas teorias conspiratórias eram verdadeiras. Senão vejamos:

A Máfia surgiu no século XIX, mas o FBI só reconheceu sua existência da em 1957. 

O amianto foi descoberto por volta de 4.000 a.C. e largamente utilizado até os anos 1980, quando os países desenvolvidos o aboliram ou criaram regras mais rígidas. 

Uma denuncia de que o governo dos EUA contaminava a água com substâncias que causavam desequilíbrios hormonais em rãs só foi levada a sério depois que estudos realizados pela Universidade de Berkeley revelaram que a exposição à atrazina fazia com que 1 de cada 10 rã-machos mudasse de sexo. 

Tuskegee Syphilis Experiment foi criado nos anos 1930 sob o pretexto de oferecer gratuito a afro-americanos diagnosticados com sífilis, mas tratava-se na verdade de um clínico destinado a observar como a doença avançava nos negros. Da feita que o "tratamento" não foi suspenso quando a penicilina passou a ser indicada contra a bactéria Treponema pallidum, o governo americano pagou mais de US$ 10 milhões em indenizações, mas foi somente no final dos anos 1990 que o então presidente Bill Clinton apresentou desculpas formais aos 5 sobreviventes.


Com o fim da 2ª Guerra Mundial, vários países sul-americanos — entre eles a Argentina e o Brasil — serviram de refúgio para nazistas. Considerada inicialmente mais uma teoria da conspiração, a Operação Paperclip expatriou mais de 1600 cientistas, engenheiros e técnicos alemães e os empregou na NASA e em outros órgãos importantes do governo norte-americano, a pretexto de evitar que "o conhecimento caísse em mãos erradas".
 
Até meados de 1964, o apoio dos EUA aos sul-vietnamitas era meramente político e financeiro, mas isso mudou depois o USS Maddox foi torpedeado pelos norte-vietnamitas (que sempre negaram o ataque) e a Resolução do Golfo de Tonquim autorizou o presidente Lyndon Johnson a entrar formalmente na Guerra do Vietnã
 
A Operação Mockingbird se estendeu durante toda a Guerra Fria e foi considerada teoria da conspiração até 1976, quando uma investigação capitaneada pelo Senado forçou a CIA a admitir que havia cooptado ou infiltrado centenas de jornalistas em órgãos de imprensa de dezenas de países, visando moldar a opinião pública a favor dos interesses políticos da agência. 

A Cointelpro constitui outro exemplo de como é possível criar teorias conspiratórias para alcançar objetivos estratégicos. Nesse caso, o FBI se valeu de calúnias e documentos falsos, prendeu ilegalmente e até assassinou ativistas, jornalistas e líderes dos direitos civis contrários à guerra do Vietnã — entre os quais Martin Luther King — com o propósito de desestabilizar grupos de esquerda e dissidentes políticos que protestavam contra a Guerra do Vietnã.

 

Continua...

terça-feira, 3 de setembro de 2024

A SAGA DO CORREIO DE VOZ (FINAL)

QUEM PERSEGUE DUAS LEBRES DE UMA SÓ VEZ NÃO ALCANÇA UMA DELAS E DEIXA A OUTRA ESCPAR. 

Bloquear o ID do celular é útil do ponto de vista da privacidade, mas a maioria das pessoas associa (não sem razão) números privados ou desconhecidos a trotes, golpes ou coisa pior. Assim, adotar essa prática implica o risco de ter as ligações rejeitadas — daí ser mais interessante ocultar o número somente em ligações específicas (detalhes no capítulo anterior), 

Se for você quem receber a chamada ou mensagem de um número desconhecido, pense duas vezes antes de atender. Afinal, você não tem como saber com quem está lidando.

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


Os paulistanos estão f. e mal pagos, como ficou claro no "debate" realizado anteontem nos estúdios da TV Gazeta. Na esbórnia — que reuniu os cinco candidatos mais bem colocados nas pesquisas , o que faltou em propostas sobrou em acusações e ofensas trocadas entre a pós-adolescente desvairada, o "tchutchuca do PCC", o "amante do Bolsonaro", a versão menos desaculturada do ex-presidiário mais famoso do Brasil, o jornalista policialesco de maus bofes (que jamais levou uma candidatura até o final) e a versão mal-ajambrada do "mito" dos descerebrados golpistas.
Marçal levou a primeira advertência por usar a palavra "merda" (esperar o quê de um elemento que só fala merda?), e por pouco não levou um sopapo de Datena, que chegou a descer do púlpito para confrontá-lo. Ao longo de duas horas e fumaça — entremeadas por inserções da abjeta propaganda política obrigatória (que é gratuita para os partidos, mas paga pelos "contribuintes" para terem os ouvidos feitos de penico) — os telespectadores que não trocaram de canal se fartaram de ouvir "invasor", "mentiroso", "ladrãozinho de creche", "chatabata""condenado", "dapena", "picareta", "palhaço", "bandido", "criminoso", "sem caráter", "estelionatário", "vagabundo", e  por aí afora.
No total, foram 21 pedidos de direito de resposta, sendo oito concedidos pela organização do debate. "Boules" fez sete pedidos para responder a ofensas, "Pablito" e o "Bananinha", cinco cada um, e o "Arregão", quatro. O último bloco foi o único em que não houve ataques — não por mérito dos candidatos, mas sim por causa do formato: cada participante respondeu a um questionamento enviado por eleitores, sem oportunidade para comentários dos adversário.
Não fosse trágico, seria cômico.
 
Nos EUA, ligar para *69 ativa o serviço de retorno da última chamada e fornece detalhes sobre o número, desconhecido ou não. Se ele estiver listado em um banco de dados público, também informa o nome e o endereço do proprietário do aparelho, e, dependendo da operadora, oferece a opção de retorno de discagem. 

Já o código *57 rastreia automaticamente a última ligação recebida e envia um alerta ao provedor de serviços telefônicos (e a polícia local, se necessário) sobre possíveis atividades criminosas, mas, até onde eu sei nenhum dos dois funciona no Brasil, onde o jeito é em contato com a operadora (e não há garantias de que a solicitação seja atendida) ou recorrer a apps de terceiros e/ou webservices.
 
TrueCaller, Spokeo, BeenVerified e TrapCall são exemplos de apps/webservices que fazem pesquisas reversas de telefones com base em informações de bancos de dados públicos, plataformas de redes sociais e outras fontes online, permitem bloquear ligações de telemarketing/spam e até encontrar o número do telefone daquele colega de escola que você não vê há décadas a partir do nome. Mas vale lembrar nem todos os recursos dessas ferramentas funcionam tão bem no Brasil quanto nos EUA e em outros países de primeiro mundo.

Os sistemas móveis Android e iOS não disponibilizam ferramentas nativas para identificar ID ocultos, mas ambos permitem bloquear ligações de números específicos ou de qualquer número que não esteja na agenda do aparelho através das configurações do próprio telefone. 

No iPhone, acesse as Configurações, toque em Telefone e ative a opção Silenciar Desconhecidos; no Android, abra o app Telefone, toque no três pontinhos, selecione Configurações, toque em Bloquear números e ative a opção Bloquear números desconhecidos ou Bloquear chamadas desconhecidas (ou outra opção equivalente do seu aparelho). 

Boa sorte.

segunda-feira, 2 de setembro de 2024

FATOS, MITOS, BOATOS E TEORIAS DA CONSPIRAÇÃO

ANTES DE FINGIR QUE É INTELIGENTE É PRECISO DEIXAR DE SER BURRO.


Todo fato tem pelo menos três versões: a sua, a minha e a verdadeira. Todos temos direito a nossas próprias versões, mas não a nosso próprios fatos. Qualquer coisa além disso é mito, boato, ou teoria da conspiração. 

 

Mitos são lendas surgidas nos tempos de antanho para explicar a origem do mundo e transmitir crenças sobre o desconhecido e repassadas de geração para geração. Algumas até têm fundamento histórico, mas quem conta um conto aumenta um ponto, donde a possibilidade de elas terem sido adornadas com elementos fantásticos ou exagerados. Cito como exemplo as histórias e tradições que compõem o Velho Testamento, que foram transmitidas oralmente até serem compiladas pelos judeus por volta de 1200 a.C. 

 

Boatos são narrativas criadas a partir de informações não verificadas e espalhados de boca em boca ou por aplicativos de mensagens e postagens nas redes sociais. Alguns até são escorados em fatos reais (como diz o ditado, onde há fumaça há fogo), mas a maioria é falsa, exagerada ou alarmista, e tem como objetivo precípuo denegrir a imagem de alguém ou chocar a opinião pública. 

 

Já as teorias da conspiração (detalhes nesta sequência) visam explicar eventos ou situações de cunho politico ou social por meio de "esquemas secretos" orquestrados por grupos poderosos, que se aproveitam da desconfiança no governo e nas instituições para alimentar a paranoia das pessoas, e o fato de essas narrativas não terem comprovação sustentável não as torna menos atraentes para aqueles que preferem atribuir a culpa pelos próprios fracassos ou sofrem de cegueira mental.

 

Observação: No livro Ensaio sobre a cegueira, que rendeu a José Saramago o Nobel de Literatura em 1998, o escritor português anotou que "a cegueira é uma questão privada entre a pessoa e os olhos com que nasceu", e que "a pior cegueira é a mental", pois torna as pessoas incapazes de reconhecer o que está diante de seus olhos. Isso explica por que tanta gente acredita que Lula é a alma viva mais honesta do Brasil e outros tantos acham que Bolsonaro é um ex-presidente de mostruário perseguido injustamente pelo "Xandão" — e por que o próprio Lula insiste em dizer a Venezuela não é uma ditadura, apenas vive um 'regime desagradável".

 

Convém não confundir teorias da conspiração — que, como o nome indica, se baseiam em suposições ou interpretações subjetivas de evidências circunstanciais e carecem de provas concretas — com "conspirações" — que são tramas verificadas e comprovadas através de investigações, processos judiciais ou revelações públicas. 


Ainda que a Internet leve água ao moinho dos teóricos da conspiração, essas teorias remontam ao primórdios da humanidade e têm se mantido estáveis ao longo dos séculos, como aponta um estudo de mais de 100 mil cartas enviadas por leitores aos jornais The New York Times e The Chicago Tribune entre 1890 e 2010. 
 
Desde julho de 1969, quando a Apollo 11 alunissou e Neil Armstrong e "Buzz" Aldrin caminharam pela primeira vez na superfície lunar, que teóricos da conspiração acusam a agência espacial americana de encenar uma farsa na Area 51. Prova disso, segundo eles, e a suposta "tremulação" da bandeira que foi espetada no solo lunar, já que isso só seria possível se houvesse vento. Na verdade, uma haste metálica foi costurada na borda horizontal superior da bandeira para manter o pano estendido, e seu manuseio pelos astronautas deu a falsa impressão de "tremulação".
 
A ausência de estrelas nas fotos tiradas a partir da Lua deveu-se à configuração das câmeras, que foram ajustadas para capturar a superfície lunar iluminada pelo Sol. Já as "sombras inexplicáveis", atribuídas pelos contestadores ao uso de refletores, resultaram da combinação do solo acidentado com a perspectiva das fotos, e os supostos reflexos de "objetos estranhos" nos visores dos capacetes são consistentes com o equipamento que os astronautas estavam carregado.
 
As missões Apollo foram acompanhadas por observadores independentes que verificaram as transmissões ao vivo e os sinais de rádio vindos da Lua. Além disso, 382 kg de amostras de rochas lunares foram analisadas por cientistas de todo o mundo, e imagens de alta resolução feitas por sondas e telescópios modernos mostram claramente os locais de pouso, incluindo as marcas dos módulos lunares e equipamentos deixados para trás na superfície do satélite.
 
O físico David Grimes, da Universidade de Oxford (UK), concebeu uma equação levando em conta o número de conspiradores envolvidos (411 mil funcionários da NASA) e o tempo transcorrido desde o evento e concluiu que alguém fatalmente teria dado com a língua nos dentes depois de 3,7 anos.
 
Continua...