terça-feira, 25 de março de 2025

ENTRE DEUSES E TOGADOS

ALEA JACTA EST.

Asgard, o equivalente nórdico do Monte Olimpo da mitologia grega, liga-se Midgard, o reino dos mortais, por Bifrost, a ponte do arco-íris. Lá, num um majestoso salão com 540 portas, fica Hlidskialf, o trono mágico de onde o todo-poderoso Odin observa tudo que acontece nos nove mundos.

 

Num certo planetinha azul, encravada no Planalto Central de uma republiqueta de almanaque, fica a mitológica Brasília da Fantasia. No extremo leste de seu Plano Piloto, as sedes do Executivo federal, do Legislativo e do Judiciário dividem a Praça dos Três Poderes


Até o início do século XIX, nossa republiqueta de bananas não tinha uma corte suprema. Com a vinda da família real portuguesa para o Rio de Janeiro, foi criada a Casa da Suplicação do Brasil, mas a função de suprema corte só se solidificou em 1829, com a criação do Supremo Tribunal de Justiça, que passou a se chamar Supremo Tribunal Federal em 1890, nas pegadas da Proclamação da República.

 

O STF ocupa uma área de 14.000 m2 (100 dos quais reservados para a sala do presidente da Corte). Seus 11 membros, chamados de ministros, são indicados pelo presidente da República e aprovados no Senado por maioria simples (41 dos 81 votos possíveis). O cargo não é vitalício, mas a aposentadoria só é compulsória quando o semideus togado completa 75 anos.

 

Diferentemente das imagens da deusa Têmis que decoram fóruns e tribunais mundo afora, a estátua de pedra erigida diante do STF está sentada. Como as demais, tem os olhos vendados e uma espada na mão, mas sua balança foi roubada por um deputado que, graças ao foro privilegiado, ainda não foi julgado. Em nossa corte suprema, uma decisão tanto pode demorar duas horas quanto vinte anos, a depender do ministro que a toma e de quem ela favorece — vide o caso de Collor, que foi condenado a mais de oito anos de prisão em 2023 e continua livre, leve e solto graças a sucessivos embargos procrastinatórios. É a prova provada de que, conforme o nível de renda, poder e influência, criminosos condenados não vão para a prisão ou a deixam pela porta da frente arrotando inocência.

 

Passados dois séculos, o STF rescende ao bolor dos tempos do Império, com seus paramentos, rapapés, salamaleques, linguagem empolada e votos repletos de citações em latim. Manter essa máquina gigantesca funcionando custa mais de R$ 1 bilhão por ano aos "contribuintes". Some essa exorbitância aos R$ 6 bilhões anuais gastos com o STJ e o TST, acrescente os salários e mordomias dos senadores, deputados federais, governadores, deputados estaduais, prefeitos e vereadores, e a dinheirama que vasa pelo ladrão da corrupção, e você entenderá  por que um país que arrecada quase R$ 3 trilhões por ano não tem dinheiro para investir em Saúde, Educação, Segurança etc.

 

Além do papel de corte constitucional, cabe ao STF processar parlamentares, ministros de Estado, presidentes e outros detentores de foro privilegiado, bem como julgar recursos extraordinários contra decisões de outros tribunais. Os magistrados deveriam ser técnicos, impessoais e apartidários, mas tomaram gosto pela política — e quem consegue poder político não abre mão dele facilmente — e, a exemplo de 90% dos brasileiros, sucumbiram à polarização.

 

Essa sucumbência ficou evidente em 2019, quando, por 6 votos a 5, o tribunal mudou seu entendimento sobre o cumprimento antecipado da pena após a confirmação da condenação por um juízo colegiado, pavimentando o caminho para "a volta do criminoso à cena do crime" (como disse Geraldo Alckmin em 2021, quando ainda não cogitava disputar a vice-presidência na chapa encabeçada pelo xamã petista).

 

O mesmo se deu em 2021, quando, por 8 votos a 3, o tribunal anulou as condenações impostas a Lula com base na incompetência territorial da 13ª Vara de Curitiba — mal comparando, foi como determinar a soltura de um criminoso preso em flagrante pela Guarda Civil Metropolitana sob o pretexto de que a prisão caberia à Polícia Militar. Mas daí a dizer que o STF interferiu no resultado da eleição presidencial de 2022 e que o capetão vem sendo perseguido por "Xandão" e seus pares vai uma longa distância.

 

Dá-se de barato que Bolsonaro será promovido a réu entre hoje e amanhã. Ainda que a decisão coubesse ao plenário, não haveria garantias de que Kássio Nunes Marques e André Mendonça votariam a favor daquele que cobriu seus ombros com a suprema toga. O "ministro tubaína", que o ex-presidente considerava 10% dele no STF, votou com a maioria que indeferiu os pedidos de afastamento de Moraes, Dino e Zanin do julgamento da denúncia. O voto do "ministro-pastor" não reverteu a goleada, mas evitou a unanimidade. Em última análise, Mendonça ganhou a toga por serviços prestados previamente, ao passo que Marques mostrou que esperar fidelidade a posteriori é como contar com o ovo no cu da galinha.

 

Enquanto a 1ª Turma do STF decide se aceita ou não a denúncia contra Bolsonaro et caterva, partidos do Centrão já descartam o "mico" como possível candidato à presidência em 2026 e relutam em embarcar no pedido de urgência da votação da anistia aos condenados pelos atos golpistas de 8/1. E ainda que a proposta passasse na Câmara, o Senado certamente a barraria. Seus advogados sabem que as chances de absolvição são as mesmas de um pároco de aldeia ser ungido papa, de modo que fazem o possível para poluir a sentença com suspeitas de perseguição política. 

 

Bolsonaro chegará ao banco dos réus ainda algemado à tese da perseguição — uma fabulação que reduz tudo a uma sedutora versão de complô do sistema e da imprensa sensacionalista. Mas tudo o que salta aos olhos — indícios, documentos, mensagens, áudios e vídeos — não pode ser um conjunto de anomalias da lei das probabilidades conspirando contra um pobre inocente e seus seguidores ingênuos. Em off, ele diz a aliados que seu maior "receio" é ser surpreendido por acordos subterrâneos costurados à margem da viagem de Lula ao Japão. 

 

Com os atuais presidentes da Câmara e do Senado e seus antecessores integrando a comitiva presidencial, o projeto de anistia, apoiado com vigor pela direita bolsonarista e combatido energicamente pelos partidos de esquerda, continuará cozinhando em banho-maria. E ainda que assim não fosse, não há garantias de que eventual aprovação favoreça o ex-presidente, já que o Supremo pode considerar o projeto inconstitucional. Sem falar que ele não afetaria a inelegibilidade decorrente das prováveis condenações no STF, cujas penas podem chegar a 46 anos. 

 

Quanto ao andamento da denúncia do golpe "com a velocidade da luz", vale lembrar que no caso do tríplex do Guarujá, que resultou na prisão de Lula em abril de 2018, foram 11 meses entre o indiciamento feito pela PF e a condenação pelo então juiz Sérgio Moro. No mesmo ritmo, o destino de Bolsonaro estará selado em outubro. 


Alea jacta est

segunda-feira, 24 de março de 2025

DE VOLTA ÀS VIAGENS NO TEMPO — 11ª PARTE

É O INSTINTO DO ABUSO DO PODER QUE DESPERTA TANTA PAIXÃO PELO PODER.

Publicadas na obra Philosophiae Naturalis Principia Mathematica em 1667, as leis da dinâmica de Newton explicam por que as maçãs caem das árvores e a Terra gira em torno do Sol, e, por não distinguirem passado ou futuro, funcionam tão bem de trás para a frente quanto de frente para trás, sugerindo que, teoricamente, qualquer evento poderia ser revertido. No entanto, o cotidiano não reflete essa reversibilidade, como evidencia um vaso quebrado que não se reconstrói. 

A chave para entender por que o futuro é diferente do passado foi abordada por Ludwig Boltzmann no século XIX, quando a ciência ainda engatinhava e a teoria segundo a qual tudo é feito de minúsculas partículas (átomos) ainda estava sendo discutida. Segundo o físico austríaco, o conceito de entropia (detalhes nesta postagem) descreve a tendência do universo de se mover de um estado de baixa entropia (organizado) para alta entropia (desordenado), o que explicaria a irreversibilidade dos processos.

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

A primeira turma do STF começa a decidir amanhã se promove Bolsonaro a réu. Para tentar se livrar da prisão, o ex-presidente promoveu uma manifestação na praia de Copacabana — que reuniu menos de 2% do público previsto — e seu filho Eduardo se licenciou da Câmara Federal para denunciar nos EUA os "abusos" cometidos pelo STF. Nos bastidores, porém, o que se fala não é se o capetão será condenado, mas a quantos anos e quando ele começará a cumprir a pena. 
A exemplo do que o PT fez em 2018, quando Lula foi preso pela Lava-Jato, o "mito" tenta emplacar a narrativa de que  será um preso político. O plano é semelhante ao ataque às urnas em 2022, com a diferença de que o objetivo atual é convencer o Brasil e o mundo que seu julgamento é um jogo de cartas marcadas. 
Enquanto o filho do pai busca apoio de congressistas trumpistas para "revelar ao mundo” o que considera um estado de exceção no Brasil, aliados do clã buscam organizar visitas de integrantes de organismos internacionais e acionar o Tribunal Penal Internacional contra os supostos abusos do STF. O efeito prático é nulo, pois a corte internacional não tem poder de reverter uma decisão do judiciário tupiniquim. 
Num ambiente altamente polarizado — 51% dos brasileiros declara ser contra anistiar os presos pelo vandalismo do 8 de janeiro — a estratégia deixa os ministros numa situação pouco confortável.  
Bolsonaro sabe que dificilmente escapará de uma condenação, independentemente do número de convertidos que trotarão até a Avenida Paulista no próximo dia 6, para ver seu mito, já então convertido em réu, criticar o STF por, entre outras coisas, manter o caso na  Turma para acelerar os trâmites. 
No processo do mensalão — que envolveu 40 autoridades —, foram cerca de 5 anos entre o recebimento da denúncia e o julgamento que a corte usou praticamente todo o segundo semestre de 2012 para concluir. A defesa deve insistir que a decisão fique a cargo dos 11 ministros, mas o relator da encrenca e o atual presidente so tribunal são contra, e os ministros com mais tempo de casa ainda se recordam quão árduo foi julgar o mensalão em plenário.
 
Boltzmann sugeriu que o Universo experimentou inicialmente um estado de baixa entropia, mas não conseguiu explicar como isso teria sido possível. Segundo a teoria do Big Bang, tudo que existe hoje se formou a partir de uma partícula incrivelmente quente e densa, que se expandiu rapidamente. Esse conceito evoluiu, e teorias modernas, como a de Sean Carroll sobre "universos bebês" emergindo de um "universo-mãe", sugerem que a entropia é globalmente alta, mesmo que partes do Universo possam ter baixa entropia. De acordo com a teoria das cordas, existem múltiplos universos, cada qual regido por leis físicas próprias.
 
A premissa de que a seta do tempo que aponta do passado para o futuro não é uma certeza universal. Experimentos demonstraram que a reversibilidade do tempo pode ocorrer 
em escalas microscópicas, ainda que a interação entre partículas tenda a criar uma irreversibilidade em escalas mais complexas, nas quais a experiência do tempo irreversível se deve à tendência do Universo à desordem (aumento da entropia).
 
Inúmeras evidências sugerem que a reversibilidade do tempo é possível em sistemas quânticos. A reversão poderia ocorrer em condições extremas, como em universos paralelos, ou por manipulação de partículas subatômicas. Tanto a teoria das cordas quanto experimentos de partículas admitem viagens no tempo para o passado, desde que haja condições adequadas para reverter a entropia ou manipular as leis que regulam a passagem do tempo.
 
Entre os experimentos quânticos que exploram a reversibilidade, o entrelaçamento quântico é um dos mais fascinantes. Trata-se de 
um estado em que as partículas se tornam intrinsecamente conectadas, e o estado de uma não pode ser descrito independentemente do estado da outra, inobstante a distância que as separa. Descrito por Einstein como "ação fantasmagórica à distância", esse fenômeno parecia violar o princípio segundo o qual a velocidade da luz é o limite máximo universal.

ObservaçãoPesquisadores do Caltech demonstraram o entrelaçamento quântico entre dois diamantes macroscópicos distantes um quilômetro um do outro, conforme artigo publicado na prestigiada revista Physical Review Letters. A possibilidade de objetos macroscópicos exibirem comportamento quântico desafia nossa intuição sobre o mundo físico e atenua a linha divisória entre o mundo quântico e o clássico, mas ainda há desafios significativos a superar antes que estas aplicações se tornem realidade.
 
O Teorema de Bell (1964) foi fundamental para testar a validade da mecânica quântica. Nele, o físico irlandês desenvolveu desigualdades matemáticas que permitiram a experimentação de fenômenos que, de outra forma, seriam inacessíveis. Experimentos subsequentes, como os do físico francês Alain Aspect, demonstraram que o entrelaçamento quântico realmente ocorre, e que a informação poderia ser transmitida de maneira não-local e instantânea.
 
Em 1993, o físico americano Charles Bennett e outros cientistas propuseram uma forma de teletransporte quântico utilizando entrelaçamento. Não se trata do teletransporte que se vê nos filmes de ficção, e sim da transferência de informações de estado quântico entre partículas. Mas esse fenômeno tem implicações diretas na reversibilidade, já que a informação que "viaja" instantaneamente pode ser vista como um tipo de reversibilidade de estados quânticos.
 
Vale destacar que, em nível quântico, a reversibilidade não significa "voltar no tempo" como vemos na ficção, mas à capacidade de recuperar informações perdidas em um sistema fechado. A possibilidade de, sob determinadas condições, os sistemas quânticos poderem ser manipulados para retornar a um estado anterior levanta questões sobre como o universo funciona e até onde a reversibilidade é possível — uma linha de pesquisa que se conecta diretamente com teorias de viagens no tempo.
 
Continua... 

domingo, 23 de março de 2025

PICANHA — MITOS E VERDADES

QUEM VIVE DE ESPERANÇA MORRE EM JEJUM.

 

A volta da picanha à mesa dos brasileiros — uma das promessas de campanha de Lula — era mito: o preço da rainha dos churrascos continua tão indigesto quanto a terceira gestão do macróbio, cuja aprovação vem despencando até mesmo entre seus eleitores mais cativos. 
 
Deixando de lado as costumeiras más escolhas dos eleitores (que repetem a cada pleito o que Pandora fez uma única vez), a picanha é cercada por mitos e controvérsias, seja no que tange à qualidade — que varia de um frigorífico para outro — seja em relação ao preparo — há quem prefira assá-la inteira, quem prefira grelhá-la em pedaços, cortada em bifes, enfim... 

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Defender o indefensável não é tarefa fácil. Sem uma defesa crível, Bolsonaro et caterva tentam mover montanhas para atingir seus objetivos (não raro escusos). 
Quando cobriu os ombros subservientes de Kássio Nunes Marques com a suprema toga, o aspirante a tiranete e futuro réu dispensou os pudores, chegando mesmo a dizer que escolheu o desembargador piauiense "com quem tomou muita tubaína") para ter "10% da corte", a despeito de os títulos de "pós-doutor" em Direito Constitucional pela Universidade de Messina e a pós-graduação em contratação pública pela Universidad de La Coruña serem, respectivamente, um ciclo um ciclo de palestras e um curso de extensão de cinco dias. 
Ainda assim, em seu penúltimo voto, o ministro "10%" deixou o padrinho 100% insatisfeito ao integrar a maioria que indeferiu os pedidos de suspeição apresentados pelas defesas, visando afastar Moraes, Dino e Zanin do julgamento da denúncia. Como se viu, nem mesmo a toga que o capetão trata como "gorjeta" comprou a tese da defesa. 
Na época em que indicou o "terrivelmente evangélico" André Mendonça para o Supremo, Bolsonaro refez as contas: "Agora são dois ministros que representam 20% daquilo que gostaríamos que fosse decidido e votado", disse. Errou na matemática — duas de onze togas correspondem a 18% —, mas logrou êxito parcial: o apadrinhado rejeitou o afastamento de Zanin, mas foi terrivelmente leal padrinho ao votar pela suspeição de Moraes e Dino, evitando, assim, a unanimidade. 
Ex-ministro da Justiça e pastor evangélico, Mendonça credenciou-se à toga por serviços prestados previamente, mas Nunes Marques demonstrou que a fidelidade a posteriori é menos garantida.
 
É importante manter a capa de gordura enquanto a carne estiver assando — pode-se retirá-la antes de servir ou deixar essa decisão a critério de cada comensal. Vale lembrar que outros cortes, como o cupim e o bife ancho, possuem maiores quantidades de marmoreio (tipo de gordura que não dá para remover) e nem por isso são menos apreciados. 

Picanha se tempera com sal grosso, lecionam os palpiteiros de plantão, mas o fato de esse corte dispensar outros temperos e marinadas não significa que você não os possa usar. Se preferir ficar com o sal grosso, aplique-o pouco antes de levar a carne à churrasqueira. Usar abacaxi como amaciante pode deixar a picanha molenga e menos saborosa; se for preparar uma marinada com abacaxi, não deixe a carne em contato com o líquido por mais de 30 minutos. E lembre-se: o jeito certo de cortar carne é no sentido contrário das fibras, que na picanha ficam do lado oposto ao da capa de gordura.
 
Assim como fazem os maus políticos, o bom churrasqueiro deve dourar a picanha por fora e "esconder" seu interior vermelho e sangrento. Selar a carne ajuda a criar uma crosta saborosa e preservar sua suculência, mas é preciso esperar que o braseiro atinja a temperatura adequada para alcançar o ponto desejado de maneira uniforme. 

Por outro lado, muito tempo de grelha pode ressecar a carne, deixando-a sem sabor (o ideal é servi-la ao ponto ou malpassada). 
 
A picanha é a queridinha do churrasco brasileiro, mas pode ser assada no forno, grelhada na frigideira em bifes, e até preparada na airfryer.
 
Bom apetite. 

sábado, 22 de março de 2025

DE VOLTA ÀS SENHAS

SEGREDO ENTRE TRÊS, SÓ MATANDO DOIS.

Embora existam outras formas de autenticação mais sofisticadas e até mais seguras, as senhas continuam sendo largamente utilizadas para desbloquear a tela do celular, acessar o webmail, as redes sociais e por aí afora. 

A impressão digital é mais segura do que o reconhecimento facial, mas perde longe para um PIN de seis dígitos combinado com uma segunda camada de segurança (2FA), e memória fraca deixou de ser desculpa depois que alguém inventou o gerenciador de senhas 

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Assim que soube que o PT pediu ao STF a apreensão de seu passaporte, o deputado Eduardo Bolsonaro — apelidado de Dudu Bananinha pelo general Hamilton Mourão — homiziou-se na cueca de Donald Trump.
Bibo Pai, que no gogó é um democrata insuspeitado, trata Bobi Filho como herói da resistência, finge que a proposta de anistia visa abrir as celas dos "pobres coitados" do 8 de janeiro, mas, na prática, ele está predestinado à cadeia, e a anistia que tramita na Câmara é um projeto em benefício próprio.
A PGR foi contra o pedido de apreensão do passaporte e Moraes acabou de demolir o moinho de vento que o "herói da resistência" finge combater. Se sua fuga serve para alguma coisa, é para iluminar a hipocrisia bolsonarista. Sob a presidência da deputado bolsonarista Felipe Barros, a Comissão de Relações Exteriores da Câmara foi convertida em palco para expor a teatralidade do autoexílio do filho do pai. Em entrevista ao jornal Valor, Barros informou que conversará semanalmente com o fujão para ajustar a agenda da comissão a suas conveniências e lhe oferecer suporte institucional. 
Nesse circo, a Comissão fica no papel de bumbo da desqualificação, reservando ao brasileiro que financia o espetáculo o figurino de bobo.

 

O uso de senha é uma prática mais antiga do que costumamos imaginar: segundo o Antigo Testamento, o termo "xibolete" (do hebraico שבולת, que significa "espiga") funcionava como palavra passe para identificar um grupo de indivíduos. No âmbito da TI, as senhas se popularizaram depois que o MIT criou o Compatible Time-Sharing System (CTSS) e a ArpaNet adotou o login com nome de usuário e senha de acesso.

Quando o correio eletrônico surgiu, uma combinação de 4 algarismos era suficiente, mas a necessidade de uma autenticação segura cresceu com a popularização do e-commerce e do netbanking. Hoje, mesmo senhas como S#i2to&Ø6Da*&%# só oferecem proteção confiável quando combinadas com uma segunda camada de proteção.

Essa segunda camada pode ser um número de identificação pessoal (PIN), a resposta a uma "pergunta secreta", um padrão específico e pressionamento de tela, uma senha de seis dígitos gerada por um token de hardware ou por um aplicativo instalado no smartphone (que vale para um único acesso e expira em menos de 1 minuto), um padrão biométrico etc. A maioria dos webservices suporta o 2FA, mas não o habilita por padrão (a quem interessar possa, o site Two Factor Auth ensina a configurar essa função). 

Chaves de segurança físicas ou digitais, FIDO2Blockchain e outras soluções inovadoras devem se tornar padrão em breve, e autenticação via dados comportamentais promete tornar o processo de login praticamente "invisível". Até lá, continuaremos dependentes das senhas e dos gerenciadores — ruim com eles, pior sem eles, pois amizades se desfazem, namoros terminam, noivados são rompidos, casamentos acabam em divórcio, enfim, segredo entre três, só matando dois.
 
Observação: Para mais dicas sobre senhas, acesse a página da McAfee ou o serviço MAKE ME A PASSWORD; para testar a segurança de suas senhas, acesse CENTRAL DE PROTEÇÃO E SEGURANÇA DA MICROSOFT ou o site HOW SECURE IS MY PASSWORD.

Continua...

sexta-feira, 21 de março de 2025

À CAÇA DE ALIENÍGENAS

É MERGULHANDO NO ABISMO QUE RECUPERAMOS OS TESOUROS DA VIDA.

Em janeiro de 2014, uma "bola de fogo" caiu na costa nordeste de Papua-Nova Guiné. Sua velocidade, brilho e local da queda foram registrados por sensores do governo dos EUA e guardados em um banco de dados até 2019, quando o astrofísico Abraham Loeb liderou uma expedição para recuperar os fragmentos do fundo do mar. 

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Dias atrás, em mais um pronunciamento eleitoreiro extemporâneo, o presidente que prometeu devolver a picanha e a cervejinha à mesa dos mais pobres disse que quer saber onde é que teve um ladrão que passou a mão no direito do brasileiro de comer ovo. Não porque a subnitrição do povo preocupe sua excelência, mas porque a inflação dos alimentos  é a grande responsável pelo aumento da rejeição popular ao governo e à pessoa do governante.

O mistério, no entanto, dispensa investigação. O preço do ovo disparou porque o milho encareceu 30%, as galinhas entraram em greve por conta das altas temperaturas, as exportações cresceram quase 60% e, para completar, o sumiço da carne da mesa do brasileiro fez a demanda por ovos subir. Já os ovos de chocolate, que sempre custaram proporcionalmente mais do que chocolates em barra e bombons, estão custando os olhos da cara.

Mesmo sendo o sexto maior produtor mundial de cacau, o Brasil precisa importar de 20 a 25% do que processa para dar conta da demanda interna. Em 2023, as mudanças climáticas e a seca causada pelo El Niño fizeram a produção africana despencar entre 40% e 50%. O mercado, sempre atento a oportunidades, usou a alta de 189% no preço do cacau como desculpa para que o coelhinho da Páscoa atualizasse sua tabela. Assim, um ovo de chocolate de 100g pode custar mais do que 10 barras de chocolate de 80g — porque tradição tem seu preço, e não é para qualquer um.

Mas nem tudo está perdido! Como a Páscoa cai no terceiro domingo do mês que vem, ainda dá tempo de apostar em 16 sorteios da Mega Sena. Vai que… 

Descobertas como essa ajudam pesquisadores na busca de evidências de vida extraterrestre — não falo de homenzinhos verdes, como nos filmes de ficção científica, mas de dispositivos tecnológicos muito mais avançados do que os aviões, sondas e naves espaciais construídos pelos terrestres. No entanto, alguns astrônomos viram o anúncio como uma distorção da percepção pública de como a ciência realmente funciona — o astrofísico da Arizona State University Steve Desch, por exemplo, disse que as "afirmações malucas" de Loeb poluem a boa ciência com "sensacionalismo ridículo". 

Loeb é autor de centenas de artigos sobre buracos negros, matéria escura, as primeiras estrelas e o destino do Universo. Ele se interessou pela busca por alienígenas em 2017, quando o Oumuamua passou por nosso planeta. Seu artigo sobre a descoberta foi rejeitado pelo The Astrophysical Journal, mas acabou sendo publicado depois o Comando Espacial dos EUA anunciou que as medições da velocidade do objeto eram precisas o suficiente para inferir a origem interestelar. Em contrapartida, o físico de meteoros Peter Brown não só pôs em dúvida a precisão dos dados do Departamento de Defesa dos EUA como contestou a possibilidade de o Oumuamua ser alienígena. 
 
Durante a Conferência de Asteroides, Cometas e Meteoros, que ocorreu enquanto a expedição de Loeb em alto mar estava em andamento, Desch argumentou que, se a bola de fogo estivesse se movendo tão rápido quanto foi relatado, ela teria se queimado completamente na atmosfera. Loeb discordou e enviou as esferas para 
análise e datação rigorosas nos laboratórios das universidades de Harvard, de Berkeley e da Bruker Corporation. Em Berkeley, o próprio Loeb conduziu um experimento que revelou a presença de urânio e chumbo nas esferas, cuja idade é comparável à do nosso sistema solar.
 
Por si só, o fato de a bola de fogo ter vindo de outra vizinhança cósmica não comprova a existência de vida extraterrestre. De acordo com o astrônomo Don Brownlee — que coletou bolinhas cósmicas do fundo do mar na década de 1970 —, se o material
 não contêm níquel, ele provavelmente não é de um meteorito natural, e se nenhum oxigênio é encontrado, ele dificilmente teria passado pela atmosfera da Terra. 

Loeb confirmou a ausência de níquel, porém não falou sobre o oxigênio. Ele reconhece que pode estar equivocado, mas diz que é preciso testar as ideias experimentalmenteDesch, por usa vez, disse que objetos interestelares podem estar por aí, mas que não vê evidências de que algum deles tenha caído na Terra, e alfinetou Loeb dizendo que não se deve dar ao público a impressão de que os cientistas inventam coisas. 

Loeb e sua equipe devem voltar em breve às águas ao norte de Papua-Nova Guiné para caçar relíquias maiores da bola de fogo de 2014, bem como buscar, na costa de Portugal, restos de um segundo meteoro que pode ser de origem interestelar. Para Rob McCallum, cofundador da EYOS Expeditions e principal organizador da expedição, Loeb pode estar errado, mas só saberemos se pesquisarmos.

quinta-feira, 20 de março de 2025

DE VOLTA ÀS VIAGENS NO TEMPO — 10ª PARTE

NÃO ANTECIPE PROBLEMAS NEM SE PREOCUPE COM O QUE TALVEZ NUNCA ACONTEÇA.

Um conjunto de fórmulas matemáticas conhecido como Transformações de Lorentz descreve como o tempo e o espaço se comportam quando algo se move em velocidades próximas à da luz (lembrando que a velocidade da luz é designada pela letra "c" e equivale a cerca de 1,08 bilhão de km/h)

Se alguém viajar a 90% de "c", o relógio desse alguém parecerá avançar mais devagar, sua nave parecerá "encolher" no sentido do movimento, e dois eventos simultâneos parecerão acontecer em momentos diferentes para quem ficou na Terra. No entanto, embora nossa percepção de tempo e espaço se altere, "c" permanece constante, atuando como um limite universal e garantindo que a causalidade seja sempre respeitada.

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O candidato que prometeu pendurar as chuteiras no final do terceiro mandato jamais desceu do palanque. Agora, faltando 18 meses para as eleições, ele amarga os maiores índices de rejeição de toda sua trajetória política, e aposta num governo minoritário, sem ideias novas ou grandes planos, para buscar a qualquer custo a popularidade perdida.
Semana passada, visando estimular o consumo, Lula editou uma medida provisória que vai injetar bilhões na economia via crédito consignado para trabalhadores da iniciativa privada. Na equipe econômica, nota-se a preocupação com esse incentivo à demanda no momento em que a inflação morde o bolso do consumidor e a popularidade do (des)governante, para quem eleição se ganha com gastança.
Assim como Bolsonaro negava a eficácia das vacinas, Lula nega que o desequilíbrio das contas públicas seja o maior responsável pela inflação e, consequentemente, pela alta dos juros. Pressionado pela popularidade em baixa, ele busca encontrar programas que facilitem o consumo das famílias. Sua excelência ainda não percebeu que, quanto mais esbraveja, maior é a desconfiança do mercado financeiro.
Ao guindar Gleisi e Padilha a ministérios palacianos, Lula espera que ela contenha o ímpeto de fuga do Centrão e amarre alianças para 2026, e que ele dê brilho na vitrine da Saúde para atender à incessante busca do governo por marca forte. Gleisi precisa convencer Deus e o mundo a esquecer que ela própria classificou de "austericídio fiscal" a política de equilíbrio de contas defendida por Haddad, além de levar o Centrão a fazer de conta que não a ouviu atribuir o mau desempenho do partido, nas eleições municipais de 2024, ao uso de emendas por parte desse grupo.
Num barco desgovernado e que pode ir a pique antes da troca de comandante, o racha interno do partido presidido por Gleisi até algumas semanas atrás não lhe confere a melhor credencial no quesito atenuação de conflitos. Se ela não foi capaz de pacificar a própria casa, dificilmente conseguirá apaziguar os ânimos nas casas partidárias de vizinhos ariscos.

Em 1910, Vladimir Ignatowski demonstrou que as Transformações de Lorentz podem ser derivadas a partir do princípio da relatividade de Galileu e da isotropia do espaço, sem a necessidade de assumir a constância da velocidade da luz. Dessa forma, velocidades superluminais que não envolvam transmissão de informações não violam a relatividade nem geram paradoxos temporais.
 
Dentro do vasto e intrincado tecido da relatividade geral, as curvas temporais fechadas emergem como uma das mais fascinantes e paradoxais implicações teóricas. Elas representam trajetórias no espaço-tempo que, em essência, conectam um ponto no passado de um observador ao futuro desse observador, criando um ciclo temporal fechado que levanta questões profundas sobre a natureza do tempo e a causalidade no universo. 


Uma das soluções mais notórias que incorpora as CTCs é a métrica de Gödel, que descreve um universo onde as curvas temporais ocorrem naturalmente devido à estrutura rotacional do espaço-tempo. Por outro lado, embora seja matematicamente consistente com a relatividade geral, essa solução requer uma constante cosmológica negativa que não é observada no nosso universo, e a presença de CTCs desafia a lógica tradicional de causalidade, pois eventos poderiam influenciar a si mesmos, gerando dilemas como o célebre "paradoxo do avô".

 

Segundo a física Sabine Hossenfelder, a presença de CTCs em soluções teóricas não implica necessariamente realização física. A hipótese da censura cósmica de Roger Penrose, por exemplo, sugere que as leis da física podem ser autocensuradas para evitar paradoxos e manter a causalidade intacta no universo observável. Ainda que ofereçam um campo fértil para a exploração teórica e filosófica, as CTCs continuam sendo uma questão especulativa no universo real — e um lembrete das surpresas com que a relatividade ainda desafiará nossos conceitos intuitivos de tempo e espaço. 


Por falar na relatividade, as Equações de Campo de Einstein descrevem como a matéria e a energia moldam o espaço-tempo, mas não determinam a geometria do universo de forma única. Essas soluções dependem das condições de contorno — informações adicionais que precisam ser inseridas para que os cálculos façam sentido físico —, e nem todas são realistas: a solução de Gödel, que permite viagens no tempo através de CTCs, é matematicamente possível mas fisicamente improvável devido a paradoxos.

 

Devido à complexidade das equações de Einstein, muitas soluções precisam ser obtidas por simulações computacionais e demandam cautela na interpretação dos resultados — a questão dos táquions, por exemplo, gera discussões interessantes sobre a natureza do espaço-tempo. De acordo com Sabineos mundos subluminal e superluminal não são separados por um limite absoluto de velocidade, mas por um "barreira de possibilidades". 

Essa ideia orna com o fluxo de Hubble, que explica como galáxias se afastam a velocidades superluminais sem violar as leis da física. Para entender melhor, imagine o Universo como uma bexiga de borracha e as galáxias como a inscrição "Feliz Aniversário". Conforme a bexiga infla, a distância entre as letras aumenta, mas não porque elas mudam de lugar, e sim porque acompanham expansão resultante da pressão do ar no interior do bexiga.
 
Continua...

quarta-feira, 19 de março de 2025

TELETRANSPORTE QUÂNTICO

HOUVE UM TEMPO EM QUE AS PESSOAS ME DECEPCIONAVAM; HOJE ELAS APENAS CONFIRMAM MINHAS TEORIAS.


Na série Jornada nas Estrelas, os tripulantes da Enterprise pronunciavam a palavra "Energia" e eram desmaterializados e remontados instantaneamente em outro local, sem qualquer vestígio do deslocamento físico. 


A ideia de viajar sem percorrer o espaço é fascinante, mas essa versão do teletransporte ainda é "coisa de ficção". Ainda, porque a ciência tem explorado conceitos surpreendentemente próximos. 


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Em mais um evento de pré-campanha bancado pelos contribuintes, Lula esbravejou: "Estou querendo descobrir onde é que teve um ladrão que passou a mão, que passou a mão no direito de comer ovo do povo brasileiro". Para isso, bastaria que ele se olhasse no espelho. 
O preço dos ovos e de quase todos os demais alimentos está nas alturas por causa da gastança desenfreada do próprio governo, pela concessão de crédito farto e auxílios assistenciais que irrigam a economia artificialmente, pela desvalorização do real como consequência da falta de credibilidade do país e pela incapacidade de produção de alguns segmentos, estagnados pela falta de investimentos, decorrente dos altos juros que o Banco Central é obrigado a manter por conta da irresponsabilidade e incompetência do governo federal. 
Além da contribuição de amigos empresários como Joesley e Wesley Batista e de mensaleiros que também tiveram as condenações anuladas depois do desmonte da Lava-Jato (como José Dirceu), o novo presidente do Senado concedeu um dia de folga a cada três dias trabalhados aos servidores da Casa, além de aumentar-lhes o vale alimentação em 22%, para R$ 1,7 mil mensais e destinar 15 milhões de reais a uma ONG ligada a um assessor seu, e o novo presidente da Câmara quer aumentar o número de parlamentares federais no Congresso que é o segundo mais caro do planeta (atrás apenas do americano). Na esfera do Judiciário, além dos 60 dias de férias, finais de semana e feriados prolongados, salários e benefícios nababescos, que nos custam mais de R$ 130 bilhões por ano, temos lagostas e vinhos importados nas cortes superiores regando os jantares dos togados, e lencinhos e gravatas distribuídos aos ilustres visitantes.
Sob a terceira gestão de Lula — que se considera a "alma viva mais honesta do Brasil", mesmo tendo sido condenado e preso por corrupção e lavagem de dinheiro (lembrando que a posterior anulação das penas pelo STF, sob o pretexto de incompetência territorial da 13ª Vara Federal de Curitiba, não o inocentou) —, o rombo das estatais é recorde. Mas isso não as impede de destinar dezenas, centenas de milhões de reais em patrocínios de eventos escolhidos a dedo por Janja. Aliás, em tempos de déficit fiscal descontrolado, Lula ainda quer regar os cofres de agências de publicidade e veículos de comunicação amigos com cerca de R$ 3,5 bilhões em 2025.
E viva o povo brasileiro, que, por despreparo, incompetência e ignorância, faz a cada dois anos o que Pandora fez uma única vez por curiosidade.

O teletransporte quântico, por exemplo, que Einstein chamou certa vez de "ação fantasmagórica à distância", não envolve a transferência de matéria, mas de informações entre partículas entrelaçadas, e pode ter implicações revolucionárias para a comunicação e a computação quântica. A chave para esse processo é o entrelaçamento quântico: quando duas partículas estão entrelaçadas (ou emaranhadas, como alguns preferem dizer), a alteração no estado de uma delas provoca uma mudança imediata na outra, independentemente da distância que as separa. 

Estudos anteriores indicavam a interrupção do emaranhamento quântico em comprimentos de onda próximos aos utilizados pelo tráfego comum da internet. Usando uma interface de rede fotônica, pesquisadores da Universidade de Oxford (UK) conectaram com sucesso dois processadores quânticos separados para formar um único computador quântico totalmente conectado. Colocando os qubits em posições específicas dentro da fibra óptica, o emaranhamento não foi afetado. A informação transferida de um fóton para outro, com a velocidade da luz, sem que o fóton original se movesse fisicamente.

Ainda existem desafios significativos a superar, como a criação de infraestruturas robustas e a correção de erros quânticos, mas o futuro é promissor, sobretudo num mundo cada vez mais digital, onde redes quânticas podem revolucionar a forma como os dados são processados e transmitidos, levando a avanços significativos em áreas como pesquisa médica, modelagem climática e otimização de processos industriais. 

Por outro lado, o teletransporte de dados, objetos físicos e seres vivos envolve desafios de complexidade muito diferentes. Enquanto o teletransporte de informação se aproveita de propriedades quânticas da natureza, o transporte de matéria exigiria transformar um objeto em informação e, em seguida, a informação captada em uma reprodução em outro lugar usando uma espécie de impressora 3D. Como o processo de transformar o objeto em informação envolve sua "destruição", a cópia criada pode não ser perfeita. 


A física quântica trata de interações entre partículas, que são menores que o átomo, e a quantidade de informações necessárias para mapear e reconstruir um ser vivo é astronômica. Para teletransportar um ser humano, por exemplo, pesquisadores da Universidade de Leicester, no Reino Unido, estimaram que seria necessário acumular mais informação do que todos os computadores que existem atualmente são capazes de armazenar, bem como rearranjar todos os átomos, célula por célula, em um processo que levaria 350 mil vezes mais tempo do que o Universo conhecido tem de idade (13,8 bilhões de anos). Embora isso seja teoricamente, a tecnologia atual está longe de tornar isso realidade.
 
Falando em soluções inovadoras, uma ferramenta de inteligência artificial desenvolvida pelo Google resolveu, em apenas 48 horas, um problema que cientistas do Imperial College London levaram uma década para solucionar. 


Batizado de "co-scientist" e baseado no modelo Gemini 2.0 — criado para atuar como colaborador virtual em pesquisas científicas e biomédicas —, o sistema confirmou a hipótese dos pesquisadores sobre a resistência de algumas superbactérias a antibióticos e ainda sugeriu quatro outras soluções plausíveis, uma das quais jamais havia sido considerada pela equipe.